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O primeiro dia do resto da tua vida

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Ao longo de 120 anos de história, há certos dias que são inesquecíveis para o universo azul e branco. Desde o 27 de maio de 1987, em que o calcanhar de Madjer entrou para sempre na memória portista, até 21 de maio de 2003, quando Derlei conduziu o FC Porto à conquista da Taça UEFA na cidade de Sevilha. Ainda assim, e não querendo de todo desvalorizar estas datas em que o FC Porto escreveu a sua história a nível internacional, permita-me que deixe aqui um especial apreço pelo dia 11 de maio, pela enorme importância que teve nestes últimos dois anos.
Mas vamos por partes: não é à toa que faço este endeusamento ao 11 de maio. Se bem se recorda, há 365 dias atrás, aquela noite de sábado tinha sido uma das mais felizes para o adepto portista. Com o golo de Kelvin no célebre minuto 92, o campeonato estava praticamente no bolso quando já poucos acreditavam. A partir dali, muito foi dito e escrito sobre aquele momento memorável na história dos campeonatos do nosso país. O que se seguiu a esse jogo, com todos os outros endeusamentos que foram feitos, foram gestos que a memória não apaga e sobre os quais dissertei em variadas ocasiões este ano. Um ano volvido, o dia 11 de maio tem novamente uma importância enorme para o FC Porto.
Depois de uma vitória sem grande importância frente ao SL Benfica na última jornada do campeonato, tenho que admitir que quando ouvi o último apito de Rui Costa para terminar a partida, senti-me aliviado. Aliviado porque ao ouvir aquele apito, senti de repente que tudo tinha finalmente terminado, que o tormento tinha chegado ao fim e que 9 meses depois, os portistas poderiam finalmente ter algo para festejar. Com o fim do clássico contra os encarnados, o sofrimento chegou ao fim. E por isso, este domingo de 11 de maio de 2014 é sem dúvida o mais importante dos últimos tempos no clube.

Na última terça-feira, enquanto lia as edições online dos jornais desportivos, dei conta da notícia de que Julen Lopetegui seria o próximo treinador do FC Porto. Não querendo ser hipócrita, admito que não reconheci o nome à primeira vista. Em primeiro lugar, porque apesar de ter sido um espetador daquela fantástica equipa sub-21 espanhola que venceu o último europeu em 2013, não me recordava que Lopetegui havia sido o técnico da equipa de nuestros hermanos; em segundo lugar, porque de entre todos os nomes que havia, inclusive, apontado no meu último artigo no Bola na Rede como possíveis treinadores do FC Porto, nenhum deles havia sido o técnico espanhol.

Lopetegui tem um novo desafio em mãos Fonte: Zerozero/ Catarina Morais
Lopetegui tem um novo desafio em mãos
Fonte: Zerozero/ Catarina Morais

Ao ter a confirmação na quarta-feira de que Lopetegui era mesmo “o” escolhido por Pinto da Costa, confesso que não tive qualquer reação, talvez por receio de que a história se repetisse depois do excelente presságio que havia feito aquando do anúncio de Paulo Fonseca. Ao longo dos últimos meses, em muitas ocasiões escrevi que o principal problema do FC Porto para ter tido uma época tão desastrosa não residia no treinador. Não querendo nunca retirar as culpas efetivas que Fonseca e Castro tiveram na má época portista, sempre afirmei que a má construção do plantel e os erros primários da estrutura desde o início da temporada foram causas bem mais graves para aquilo que aconteceu esta época. Por isso mesmo, nunca tive uma preferência quanto ao nome do próximo treinador portista. Desde Marco Silva a Fernando Santos, passando por Michel ou até Carlos Queiroz, foram vários os nomes que foram lançados, sem que para mim esse desfecho fosse o mais importante para conhecer o destino da história. Sem um plantel valioso em quantidade e qualidade, penso que nem o melhor treinador do mundo pode fazer uma equipa brilhar.
Por tudo isso, o nome de Lopetegui foi encarado por mim como uma escolha normal. Tendo sido ou não um treinador de sucesso nas camadas jovens espanholas, admito que não seja talvez o nome mais consensual nas hostes portistas. Ainda assim, e depois das desilusões desta época, questiono: haveria algum treinador que o fosse? A partir do início de julho, uma nova era começa no FC Porto. Depois de um ano em que as derrotas se acumularam e o mau futebol foi espetador cativo no relvado do Dragão, os adeptos portistas entrarão com toda a certeza para a nova temporada com muito menos paciência para o novo plantel e para o novo treinador. Após um ano a ver o adversário benfiquista a festejar, pensar na hipótese de voltar a ter mais uma época em branco não pode sequer passar pela cabeça da estrutura portista. Nas semanas que agora chegam, virão nomes de possíveis reforços e notícias de mais que prováveis saídas. Quando a campainha soar para o início da pré-época 2014-2015, um enorme desafio se coloca para o FC Porto: o de voltar a ser o que nunca devia ter deixado de ser, o de voltar a ganhar e, principalmente, o de voltar a ser FC Porto. Tudo porque, a partir de hoje, o dia 11 de maio é o primeiro dia do resto da sua vida.

La Liga ao rubro

No frenético e emotivo campeonato Espanhol jogou-se hoje a penúltima jornada de uma Liga que promete ser memorável.
A vitória na La Liga jogava-se em três campos, Atlético Madrid – Malaga, Elche – Barcelona e Celta de Vigo – Real Madrid, sendo que apenas o Atlético podia hoje sagrar-se campeão, caso Barcelona não conseguisse os três pontos.
Por outro lado, em outros quatro campos distintos (GranadaAlmeria, Getafe – Sevilha, Bétis – Valladolid e Español – Osasuna) jogava-se a salvação da descida, sendo que nesta jornada apenas o Bétis já tinha o destino traçado qualquer que fosse os resultados entre os intervenientes.

Assim sendo, no Vicente Calderón, e perante uma moldura humana fantástica nas bancadas, com a esperança de alcançar uma vitória e de, quiçá, conseguir carimbar o campeonato nacional já hoje, o Atlético de Madrid entrou em campo com duas baixas de peso, Diego Godín (castigado) e Diego Costa (lesionado), sendo o restante onze o habitual. Numa primeira parte fraca, o Atlético até entrou forte, com bastante intensidade, sendo que aos 12 minutos, numa jogada de contra ataque bem desenhada, Raul Garcia isola David Villa, e este atira à trave. Seguiu-se depois um período de adormecimento até aos 30 minutos, quando os colchoneros voltaram a acelerar a partida, e, aos 37 minutos, um cruzamento bem medido por Juanfran encontra a cabeça do belga Alderweireld, que, sozinho, atira ao lado.

Na segunda parte, a equipa de Simeone entrou com outra dinâmica, pressionando mais alto, mas nem por isso criando mais perigo. O tempo passava, e os adeptos desesperavam. Até que, aos 65 minutos, num lance mal abordado, primeiro pelo central belga do Atlético, Alderweireld, e depois pelo guarda redes Courtois, Samuel Garcia aproveita para inaugurar o marcador.

A partir deste momento não mais se viu o Málaga. Os colchoneros subiram no terreno; Simeone mexeu na equipa, primeiro com Adrián Lopez para o lugar de Koke, depois Sosa para o lugar de Raul Garcia, e posteriormente o brasileiro Diego, que entrou muito bem no jogo, para o lugar de Arda Turan. E só um inspirado e espectacular Willy Caballero ia impedindo o golo da equipa de Madrid, com um punhado de grandes defesas. Até que num canto, aos 72 minutos, o central Alderweireld se redime do erro e empata a partida. Daí até ao final foi sempre mais com o coração do que com a cabeça, procurando sem sucesso alvejar a baliza do argentino de Málaga. Já no período de descontos, numa excelente jogada, Adrián Lopez remata para a defesa da noite de Willy. Uma defesa que pode bem ficar na história, como ficou o famoso penálti falhado de Djukic, pelo Corunha.

O momento que poderia ter dado o título ao Atlético Fonte: Marca
O momento que poderia ter dado o título ao Atlético
Fonte: Marca

Nos outros campos, Real Madrid acaba por perder fora contra o Celta, e perde uma oportunidade de ouro para voltar a entrar nas contas, ficando assim completamente arredado do título. Barcelona não foi além do empate no terreno do Elche e deixa, portanto, as contas iguais para a última jornada, continuando a três pontos do líder Atlético e a precisar de vencer no último jogo em Camp Nou, contra os colchoneros.

Nos jogos que decidiam as descidas, Almeria e Getafe são os grandes vencedores da jornada. Ambos venceram os seus jogos e estão a salvo da descida. Almeria faz um jogo heróico, como já tinha feito na semana passada, frente ao Bétis, e com uma boa consistência defensiva consegue superar o Granada em duas grandes penalidades. O Getafe, por seu turno, vence um Sevilha em poupança para a final da Liga Europa. Em ordem inversa, Osasuna, Valladolid e Granada vão discutir até à última a permanência, sendo que na última jornada há um escaldante Valladolid – Granada, sendo que os de Valladolid, mesmo ganhando o jogo, não dependem apenas de si, precisando de que o Osasuna não vença o seu jogo.

Getafe festeja a permanência Fonte: Mundo Deportivo
Getafe festeja a permanência
Fonte: Víctor Lerena – EFE

O destaque da jornada vai para o emocionante jogo entre Bétis (já despromovido) e Valladolid, que acabou 4-3 a favor dos Sevilhanos, num jogo de emoções fortes e incerteza no marcador constante.

Quase nada se alterou

Quase nada se alterou, relativamente à penúltima jornada, no figurino final da edição 2013/2014 da Premier League, registando-se apenas duas mudanças da tabela classificativa, com o Stoke City a garantir um prestigiante nono lugar graças à vitória imposta ao West Bromwich no regresso do nigeriano Peter Odemwingie ao The Hawthorns (de onde saiu infeliz) e com o Swansea a conseguir o 12º lugar, depois de ter conquistado os três pontos no terreno do Sunderland – vitória por 3-1, num jogo em que Wilfried Bony deu uma prova da sua enorme qualidade, com um golo e uma assistência.

Ambas as equipas derrotadas (WBA e Sunderland) não foram “destronadas” dos 17º e 14º posto (respetivamente), até porque quem os tinha ao seu alcance conheceu o mesmo destino nos seus encontros, confirmando-se a despromoção do Norwich (que só goleando, de forma histórica, o Arsenal poderia sonhar em alcançar o WBA, e perdeu por 2-0) e as já esperadas derrotas do Hull City e do Aston Villa frente a equipas de maior nomeada…

… na circunstância o Everton (bateram os segundos por 2-0) e o Tottenham (derrotaram os primeiros por 3-0), que confirmaram o apuramento para a fase de qualificação da Liga Europa, após ficarem garantidos os 5º e 6º lugares. Uma conjuntura que em nada agradou aos red devils, que teriam de vencer e esperar uma derrota dos homens de White Hart Lane para evitarem a “vergonha” de não ir às competições europeias no próximo ano. Mas nem uma coisa nem outra se concretizou – o Manchester United empatou a uma bola no reduto do Southampton, que manteve um gratificante 8º posto, coroando da melhor maneira uma temporada memorável…

… algo que não pode ser dito pelos adeptos do Fulham e do Cardiff, que partiram com a despromoção garantida para este encontro e mantiveram a toada de equipas que venceram pouco no decorrer da temporada, não logrando vencer os respetivos encontros. O Fulham garantiu um ponto nos minutos finais na partida ante o Crystal Palace, que terminou com um empate a dois golos e que confirmou o excelente momento de forma vivido por Dwight Gayle, autor dos dois tentos da equipa forasteira (e que já tinha marcado outros tantos ao Liverpool, na jornada passada). O Cardiff obrigou o Chelsea a suar para vencer, estando a vencer até ao minuto 72, mas a entrada de Schurrle (rendeu Mikel) desfez qualquer dúvidas e ao minuto 76 a formação londrina já tinha fixado o resultado final em 2-1 a seu favor, condenando os galeses ao sempre indesejável 20º lugar.

Festa do título  Fonte: Bleacher Report (UK)
Festa do título
Fonte: Bleacher Report (UK)

No extremo oposto, a luta pelo título terminou como era esperado. O Manchester City sucedeu ao Manchester United e sagrou-se campeão, derrotando com autoridade o West Ham por 2-0, num encontro marcado pela inoperância da formação londrina (apenas 3 remates em todo o encontro) e pela fantástica exibição protagonizada por Samir Nasri (um golo, cinco remates e uma quantidade anormal de toques [125] e de percentagem de sucesso no passe [96%] para quem joga numa zona adiantada e longínqua do centro do terreno) que confirmou 2013/2014 como a sua época de redenção… algo que Luís Suarez quereria ter dito no final do encontro do Liverpool, com o caneco nas mãos, mas que não pôde fazer, pese embora a recuperação dos reds, em Anfield, após terem estado a perder por 1-0 ante o Newcastle.

Após conseguir o segundo título em três anos, o Manchester City parece ter consolidado o estatuto de novo gigante de Inglaterra, provando que o dinheiro pode, de facto, comprar vitórias por via da aquisição da competência – algo que nunca faltou a Manuel Pellegrini durante a época e que lhe permitiu “engenhar” a sua primeira conquista na Europa.

FC Porto 2-1 Benfica: o menor dos males

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Com um quente sol a dar as boas-vindas ao maior clássico do futebol português e praticamente um ano depois do ‘momento Kelvin’, o Benfica voltou ao Dragão para disputar um jogo do campeonato. Se do lado dos encarnados, muitas foram as alterações a pensar nas duas finais que se avizinham, da parte dos ‘dragões’ Luís Castro surpreendeu ao dar a titularidade a Mikel e a Ricardo nos lugares de Fernando e Varela, respectivamente.

O jogo começou agitado, muito por culpa de um FC Porto preocupado em chegar ao golo desde cedo. Actuando preferencialmente pelo lado direito, Ricardo começou a todo o gás: primeiro com um remate rasteiro a passar muito perto do poste da baliza do Benfica (2’); depois, abrindo o marcador com uma excelente execução à entrada da área, culminando uma jogada que começou com uma recuperação de bola de Defour e passou por um passe cheio de intenção de Danilo (4’). Perante um Benfica um pouco perdido nesta fase, o momento alto da tarde poderia ter pertencido a Jackson Martinez, quando o colombiano, de costas para a baliza, depois de um cruzamento de trivela de Quaresma, “sacou” de um ‘taco’ e fez a bola passar junto às redes de Paulo Lopes (8’).

De facto, os primeiros minutos da equipa portista foram muito fortes, carrilando jogo pelos corredores e criando variadas oportunidades. Para isso muito contribuiu o jogo apoiado da equipa, circulando de forma relativamente rápida, e a boa performance de Defour, Herrera e, sobretudo, Ricardo. Os primeiros 20 minutos foram de intenso domínio azul-e-branco, o que, apesar do inegável mérito, muito se deveu igualmente à descoordenação benfiquista e à falta de rotinas de alguns elementos.

Todavia, o jogo haveria de virar… Na primeira jogada em que os encarnados conseguiram chegar à área portista, Reyes cometeu penalty – de forma tão ingénua quanto desnecessária – sobre Salvio (26’). Enzo Perez não desperdiçou e empatou a partida. O FC Porto sentiu o golo, deixou de ser tão clarividente e, logo de seguida, Alex Sandro cometeu um enorme disparate, perdendo a bola para Salvio numa zona nevrálgica do campo, com o ‘18’ da equipa da Luz a assistir Funes Mori, que, em boa posição, falhou o alvo numa péssima finalização.

Num momento em que a partida estava mais repartida – basta Enzo Perez pegar na batuta para o jogo do Benfica melhorar consideravelmente –, Jackson foi impedido de chegar a uma bola dentro da área e Rui Costa assinalou grande penalidade – o colombiano assumiu a marcação e concretizou o castigo máximo de forma irrepreensível, colocando o FC Porto de novo na frente do marcador (39’). O jogo arrastou-se até ao intervalo, ainda com uma nota para mais um remate fortíssimo e perigoso de Ricardo, que saiu por cima da baliza defendida por Paulo Lopes.

Legenda: Com mais um golo, Jackson garantiu o estatuto de melhor marcador da Liga  Fonte: FPF
Com mais um golo, Jackson garantiu o estatuto de melhor marcador da Liga
Fonte: FPF

O reatar da partida foi bastante interessante e ‘mexido’. Depois de uma bola parada ofensiva, o central Reyes surgiu diante da baliza encarnada mas tropeçou na bola; na resposta, mais um erro defensivo da defesa portista (como tantos outros ao longo desta temporada), com Maicon e Fabiano a hesitarem e o sérvio Djuricić a enviar a bola à trave.

O Benfica aparecia em campo mais espraiado, com outra profundidade e tranquilidade no seu jogo. Mais do que isso, a partida estava agora mais partida – bem à semelhança do que gosta Jorge Jesus –, como provam os remates com algum perigo de Defour e André Gomes, em jogadas consecutivas. Mesmo com excelentes pormenores de Mikel – não tem a amplitude de jogo de Fernando, mas surgiu muito determinado, a jogar simples e com timin’ no desarme –, o meio-campo do FC Porto já não reinava como anteriormente.

Percebendo-o, Luís Castro trocou Herrera por Quintero (61’). Porém, a substituição só veio agudizar a circunstância de o FC Porto não conseguir mais controlar essa zona do terreno, perdendo ainda capacidade de choque. Jorge Jesus fazia, entretanto, Markovic entrar em campo e o jogo benfiquista era cada vez mais vertical, criando outros problemas ao reduto defensivo do FC Porto. Ainda que sem criar evidentes oportunidades de golo, é certo.

Luís Castro voltou a mexer e deu ao jogo Josué, por troca com Defour (71’). Nesse momento, o belga já não dava conta do recado na zona central e, com o ex-pacence, procurava-se outra agressividade na disputa da bola. Nem por isso a equipa melhorou e o jogo tornou-se até um pouco aborrecido, dada também a incapacidade do Benfica de criar lances de perigo. Nesta fase, aliás, apesar de nem sempre de forma estética, Maicon e Reyes foram eficazes.

O treinador portista haveria ainda de lançar Kelvin para o jogo, fazendo sair um apagado e inconsequente Quaresma (79’). O brasileiro trouxe muitos mais aplausos do que impacto no jogo, ainda que tenha estado presente na jogada em que mais se ‘cheirou’ o golo na 2ª parte: após uma incursão de Danilo pela lateral direita, Quintero, na zona da marca de grande penalidade e com a baliza à sua mercê, atirou ao lado.

Ricardo foi o melhor jogador em campo  Fonte: ZeroZero
Ricardo foi o melhor jogador em campo
Fonte: ZeroZero

O apito final de Rui Costa haveria, entretanto, de chegar e, com ele, o final de época (triste) para o FC Porto. Deste jogo, sobra o parco consolo de uma vitória justa sobre o emérito campeão – o Dragão foi (quase) sempre melhor ao longo do jogo, ainda que, com outra capacidade de gerir o jogo (e o meio-campo), escusasse de ter sofrido alguns calafrios.

De quem esteve no Dragão sobra ainda a certeza da imensa festa protagonizada pelos benfiquistas, ainda que o placard desta vez não lhes tenha sorrido. Ao contrário de há um ano, este 2-1 favorável ao FC Porto não teve contornos dramáticos, personagens ajoelhadas ou apelos às glândulas lacrimais.

A Figura:
Ricardo –
foi uma das surpresas na equipa titular e correspondeu plenamente. Marcou um golo, criou mais 2/3 lances de perigo e colocou, durante muito tempo, a cabeça de André Almeida em água. Trabalhou também muito sem bola, pressionando a defensiva benfiquista e recuperando várias bolas, demonstrando uma enorme entrega e abnegação ao longo de todo o jogo.

O Fora-de-Jogo
Alex Sandro –
é um craque e tem imenso potencial mas, ao longo destes meses, tem coleccionado exibições sofríveis. Não tendo neste jogo o pior desempenho da época, a verdade é que sentiu imensas dificuldades para lidar com a velocidade e imprevisibilidade de Salvio, perdendo uma bola que poderia ter sido fatal. A nível ofensivo, pouco se lhe viu. É um caso gritante de necessidade de férias.

E o MVP foi, no final do dia, o que mais mereceu

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Nada foi mais merecido este ano do que Kevin Durant, extremo dos Oklahoma City Thunder, receber o prémio de Most Valuable Player.

Durant foi, sem contestação possível, o melhor jogador da fase regular. Analisando a sua época, é impossível não ficar perplexo com tudo o que o jogador conseguiu.

O número 35 dos Thunder foi o melhor marcador da época regular com uma média de 32 pontos por jogo, o maior valor desde que Kobe Bryant venceu o prémio em 2005, época em que fez 35,5. Para além desta honra, Durant ultrapassou uma marca que não era vista desde Michael Jordan – marcou pelo menos 25 pontos durante 40 jogos consecutivos. Durant foi capaz de ultrapassar a marca de, discutivelmente, o melhor jogador de todos os tempos. Escusado será dizer que a partir do momento em que alguém ultrapassa Michael Jordan quase que merece ser MVP só por essa proeza.

A equipa de Oklahoma acabou a época com o segundo melhor registo de vitórias e derrotas da liga. Isto sem o base titular, Russel Westbrook, durante 45 jogos. Conhecido por ser um dos jogadores mais atléticos da liga, Westbrook foi uma baixa de peso do grupo dos Thunder. No entanto, a equipa foi liderada por Kevin Durant, que claramente colmatou a sua ausência.

A realidade é que, apesar de LeBron James ser considerado o melhor jogador do mundo, Durant foi o jogador mais valioso do ano. Não por demérito do extremo dos Miami Heat, mas por mérito do próprio Durant, que este ano aumentou significativamente tanto o seu poder ofensivo como defensivo.

Já LeBron, o principal concorrente ao troféu de MVP, ainda que tenha jogado com um Dwyane Wade sempre intermitente tanto em tempo de jogo como em qualidade apesentada, não foi capaz de levar os Miami Heat ao primeiro lugar da conferência – esta foi liderada pelos Indiana Pacers, apesar da mais que demarcada diferença de qualidade entre as duas equipas.

Depois de ter sido o jogador de frontcourt com mais votos no jogo dos All-Stars (lado Oeste), Durant continuou a carregar o seu plantel às costas, apesar de todos os seus percalços. Para além de se ter mostrado como um grande canhão ofensivo, conseguiu envolver o resto da equipa aumentando a importância de Ibaka, dando-lhe assim oportunidade de poder contribuir mais para o ataque da equipa do que em anos anteriores.

Conhecido por ter uma fisionomia muito distinta, Durant, apesar de ser magro, tem uns braços extremamente compridos, e aproveita essa vantagem para ser uma máquina perigosíssima, algo que tem vindo a ser provado desde que entrou para a liga. Como membro da selecção dos Estados Unidos, Durant já recebeu duas medalhas de ouro – em 2010 no Campeonato Mundial da FIBA, e em 2012 nos Jogos Olímpicos.

Muito poderia continuar a escrever sobre a fantástica época de Durant. No entanto, é melhor deixar as imagens facultadas pela NBA concluir este artigo:

FC Porto 2–1 Benfica: Derrota que não machuca

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Na última jornada da Liga ZON Sagres, o FC Porto recebeu, no Estádio do Dragão, um Benfica com várias alterações, fruto da final da Liga Europa, na próxima quarta-feira, e venceu por duas bolas a uma. Uma primeira parte de domínio completo do dragões e uma excelente resposta do Benfica, no segundo tempo, contam duas histórias diferentes.

Com os habituais titulares a nem viajarem para a Invicta, Jorge Jesus formou uma equipa composta por algumas peças importantes (Enzo, Salvio e André Gomes), mas essencialmente marcada por jogadores de segunda linha e vários atletas da equipa B.

Luís Castro, que não pôde contar com Mangala e Fernando, devido a lesão, colocou os jovens Reyes e Mikel entre os habituais titulares. Os dragões entraram no relvado de forma autoritária, incisiva e muito pressionante, assustando (e muito) a defesa do Benfica. O golo de Ricardo, logo aos 4 minutos, prometia um FC Porto demolidor na tentativa de humilhar – leia-se golear – o novo Campeão Nacional. Durante cerca de 20 minutos o Benfica foi empurrado contra as cordas. João Cancelo teve imensas dificuldades em lidar com os extremos dos azuis e brancos, ora com Quaresma, ora com Ricardo. A partir desse período inicial penoso das águias, o Benfica, através de Enzo e Djuricic, conseguiu retrair ligeiramente a dinâmica ofensiva do FC Porto, e chegou mesmo ao golo: Na grande área portista, Salvio foi mais rápido a chegar à bola do que Reyes e o mexicano acabou por cometer grande penalidade. Enzo não tremeu perante Fabiano. Curiosamente, a resposta dos dragões veio, também, de penálti. Num lance que deixa algumas dúvidas (minuto 39), o árbitro Rui Costa viu Jackson Martinez ser carregado em falta por André Almeida, na grande área do Benfica, e apitou para a marca dos onze metros. O avançado colombiano imitou Enzo Peréz e devolveu a vantagem ao FC Porto. Ao intervalo, a supremacia do dragões refletia-se no marcador.

Djuricic fez um jogo de grande nível Fonte: Catarina Morais (ZeroZero)
Djuricic fez um jogo de grande nível
Fonte: Catarina Morais (ZeroZero)

O segundo tempo conta uma história totalmente diferente. O Benfica voltou para o jogo com o mesmo onze mas com uma atitude renovada. Os encarnados saíram várias vezes com a bola controlada, criando inúmeros desequilíbrios pelas alas (destaque para Salvio). Logo no retomar da partida, o Benfica dispôs de uma grande ocasião de golo (a melhor de toda a segunda parte), mas Djuricic, que aproveitou um desentendimento entre Maicon e Fabiano, atirou à barra. O sérvio fez uma enormíssima segunda parte, pautando todo o jogo encarnado, e foi o grande responsável pelo melhoria do Benfica. De fato, apesar da equipa apresentada ter poucas rotinas (principalmente na defesa), o Benfica consegui sobrepor-se ao FC Porto, pecando apenas na finalização. Do lado portista, a entrada de Quintero agitou o jogo, mas, apesar de duas ocasiões de golo iminente, foi incapaz de alterar o marcador. Até ao final os 90 minutos, tempo ainda para as entradas dos jovens Bernardo Silva e Lindelof, que inscrevem assim o seu nome na lista dos jogadores de Campeões Nacionais 2013-2014.

Naquele que foi o quinto e último clássico da época, o FC Porto leva a melhor sobre o Benfica, mas fica mais uma vez evidente a falta de consistência dos azuis e brancos, que sentiram muitas dificuldades para levar de vencida um Benfica em gestão. Apesar da derrota, os homens de Jorge Jesus saem do Dragão de cabeça erguida e com o orgulho intato.

 

A Figura

Djuricic – A grande segunda parte do Benfica está inteiramente associada ao médio sérvio. Procurou a bola, serviu os colegas, criou desequilíbrios, enfim, foi o dinamizador da equipa.

O Fora-de-Jogo

Steven Vitória – A análise ao fora-de-jogo é referente aos primeiros 45 minutos, visto que, no segundo tempo, toda a equipa se apresentou a um bom nível. No entanto, o central benfiquista foi dos que mais tremeu na fase de maior fulgor portista, e o nervosismo não pode servir de desculpa.

Half-time

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Joga-se amanhã à tardinha a última jornada do campeonato 2013-14. Com o pódio resolvido, é tempo de os pupilos de Jardim darem um último espectáculo aos muitos adeptos que certamente se deslocarão a Alvalade, recompensar as bancadas por uma época de apoio inquestionável (uma recepção na casa dos 30 mil adeptos confirmará a melhor média de assistência em casa de sempre para o Clube).

Com o campeonato a terminar e o rival da Segunda Circular ainda a coleccionar “silverware”, começa-se, inevitavelmente, a pensar já na próxima temporada. As novelas mexicanas do entra e sai (não, não esse tipo de novelas) vão entretendo e vendendo jornais. Especulação em relação à potencial permanência de elementos chave do plantel está na ordem do dia.

Antes de entrar em detalhe, um ponto fulcral. Leonardo Jardim. O treinador teve um papel fulcral no desempenho desportivo da equipa e tem mais um ano de contrato. Grandes Europeus acenam com maços de notas e promessas de ribalta (falou-se no Mónaco e, mais recentemente, no Tottenham, para substituir o mal-amado Tim Sherwood). Mas acredito que Jardim, como profissional que já provou ser, liderará os verde-e-brancos por, pelo menos, mais uma temporada.

Passando à malta mai’ jovem, a Copa do Mundo (é favor ler com sotaque) está à porta, e muito do futuro de alguns leões dependerá disso. Com Paulo Bento nunca se sabe, mas a pré-convocatória de Rui Patrício, Cédric, André Martins, Adrien Silva, William Carvalho, Wilson Eduardo e ainda João Mário é um início do reconhecimento do bom trabalho realizado.

Não quero alimentar ainda mais os rumores em relação a saídas ou entradas de jogadores concretos. Quando houver confirmação oficial de qualquer movimentação de mercado, terei todo o prazer em fazê-lo. Até lá, tudo o que se lê é barulho e não me preocupa minimamente.

Falando em preocupações, há sim um factor que me atormenta. Incomoda. Arrelia, vá.

Falo da conferência de imprensa de ontem, que, admito, me deixou com um bichinho formigueiro. Já bastante se leu e escreveu sobre isso, mas não resisto a meter a minha colher no assunto.

Vamos ser pragmáticos: o clube e o treinador assumiram um compromisso por duas épocas.

Só Bruno de Carvalho e Jardim saberão que objectivos serão estabelecidos para a próxima época, mas parece-me legítimo o que disse o Presidente, que podemos lutar pelo título e fazer uma boa campanha na Champions.

Vamos ter de ir ao shopping? O orçamento chega para tudo? Depende. Se formos à procura das marcas boas que estão em promoção, ou encontrarmos marcas menos conhecidas com produtos de qualidade… E não esquecer dos produtos que temos a desabrochar na horta do quintal, pode ser o suficiente.

Jardim acha pouco? Também eu, gostava de ir buscar o Ronaldo ao Real para jogar ao lado do Montero, mas não posso.

O que não faz sentido é o presidente assumir a candidatura ao título e o treinador mostrar-se surpreso, usando a analogia de que não “se pode fazer soufflé com ingredientes para ovos mexidos” (por acaso até pode, basta juntar os ovos e o leite, mais um bocadito de farinha que se pode pedir à vizinha do rés-do-chão. Há várias receitas na net).

No fundo, o que arrelia é esta aparente desafinação entre equipa técnica e Direcção. Mais do que isso é esta desafinação não ser a meio de um ensaio. É a tocar ao vivo.

Augusto-Inácio-e-Leonardo-Jardim-e-Bruno-de-Carvalho
Os três homens fortes do Sporting preparam já a próxima temporada
Fonte: SuperSporting.net

Passando a melhores notícias, a Sporting TV vai arrancar! Com início marcado para Julho, um dos projectos bandeira da candidatura de Bruno de Carvalho à presidência do Sporting conhece a luz do dia, tendo sido aprovada a proposta apresentada pela World Channels. Fundamental, a meu ver, também por, em princípio, assegurar as transmissões dos jogos da equipa B, futebol de formação, andebol, futsal, atletismo e hóquei em patins, entre outras modalidades. O melhor de tudo? Será um canal de sinal aberto e terá transmissão 24h por dia!

Joga-se amanhã à tardinha a última jornada do campeonato 2013-14. Encaro-o como o minuto de compensação da primeira parte. Muitos já só pensam no intervalo ou na segunda parte. Mas ainda há adeptos nas bacadas, há que honrá-los até ao senhor do apito soprar três vezes. Para a próxima época? Para a segunda parte? Temos tempo para a preparar e cá estaremos para apoiar.

O Passado Também Chuta: Vicente

o passado tambem chuta

Vicente, o irmão de Matateu. Matateu, o irmão de Vicente. Duas figuras imortais do Belenenses, duas figuras estelares do futebol português e internacional. Hoje, alguns eruditos desta coisa do futebol, para situar um jogador no topo, costumam argumentar com dados de taças ganhas. Esquecem-se de que o futebol é um jogo coletivo onde os títulos, por muito que sobressaia um jogador, são obra do coletivo. O jornalismo corre atrás do goleador, atribuindo-lhe o louro do triunfador, esquecendo-se do defesa que cortou in extremis um jogada contrária que alteraria o resultado. Por isso, Vicente, sendo do Belenenses, talvez careça da lenda típica dos grandes craques, mas Vicente Lucas foi o Magriço que, no Mundial de Inglaterra, anulou o mítico Pelé sem o roçar. Era dono, para além da técnica, de um sentido posicional e do tempo do corte fora do comum.

Vicente, tal como o Magriço Hilário, cresceu na escola do futebol descalço e da bola amanhada com o disponível; no entanto, esse pontapear alegre, livre e ocasional não os privou de adquirir um sentido tático invejável. Sendo passado, são futebolistas do presente que se adaptariam sem despentear-se ao futebol atual, onde a tática e o sentido tático do jogador primam pela sua importância. Hoje, principalmente no futebol europeu, o jogador limita-se ao exato e à economia da bola, limitando o seu jogo ao útil. Poucos têm licença para inventar. Mas se a este sentido prático lhe somamos a capacidade técnica e a virtude de ler o tempo do jogo temos um mega craque. Vicente, hoje, seria um desses mega craques perseguidos e desejados pelos grandes clubes, porque, apesar dos adorados goleadores, este tipo de jogadores são as verdadeiras almas das grandes equipas.

Com Pelé Fonte: Belenensesilustrado
Vicente com Pelé
Fonte: Belenensesilustrado

Poucos irmãos foram craques contemporâneos na mesma equipa (possivelmente, só os irmãos De Boer, do Ajax). Estamos perante um caso único ou quase único. Vicente começou a jogar no seu Maputo natal no 1º Maio, sendo júnior. Uma seleção das camadas jovens do então Lourenço Marques contra uma seleção da África do Sul fez com que o seu talento alertasse os olheiros continentais. O velho e notável Lusitano de Évora pretendeu-o; no entanto, devido à sua tenra idade, a família não lhe permitiu vir para o continente. Posteriormente, o Belenenses, clube onde jogava o seu irmão, Matateu, ganhou a partida, e chegou antes dos vinte anos a Lisboa. Automaticamente apropriou-se da titularidade.

Falava de títulos, de conquistas para classificar um jogador – se isso fosse condição necessária, Vicente, com as suas duas Taças de Honra e a sua Taça de Portugal, ficaria na penumbra da História do futebol. Mas o talento não se escreve com taças, escreve-se com obra, e o Vicente, apesar de jogar no então quarto grande de Portugal, escreveu romances pelos relvados que pisou. Vicente estreou-se no campeonato nacional contra o Porto, no velho campo das Salésias; jogava, nos seus inícios, como interior-direito. O Porto perdeu 1-0, e o golo teve um selo chamado Vicente. Foi recebido com a alcunha de Matateu II. No entanto, Vicente rapidamente vincou que não era o Matateu II, vincou que era Vicente.

Análise aos jogos dos quartos-de-final deste fim-de-semana

cab futsal

Realizam-se este fim-de-semana os tão aguardados quartos-de final dos play-offs do Campeonato Nacional de Futsal. Os jogos serão disputados Sábado e Domingo, antevendo-se grandes confrontos.

A equipa detentora da Taça de Portugal, Fundão, irá jogar contra os Leões de Porto Salvo, num jogo que tem tudo para ser intenso, competitivo e disputado até ao último segundo. O Fundão vem de uma motivadíssima vitória e consequente conquista, enquanto os Leões de Porto Salvo realizaram uma belíssima temporada, acabando isolados na quarta posição.

Para mim irá ser um grande jogo, embora considere o Fundão favorito à vitória devido ao facto de jogar perante o seu público e de no passado fim-de-semana ter conquistado a sua primeira Taça de Portugal, como referi anteriormente.

O Boavista irá receber o Campeão Nacional, Sporting, num jogo que será certamente complicado para ambos. O Sporting parte como favorito, obviamente; todavia, o Boavista terá uma palavra a dizer nesta “final”. Joga em casa, ataca bem e é uma equipa bastante perigosa.

Terminou a temporada na sétima posição, mas o Sporting irá certamente impor o seu jogo e vencer com alguma naturalidade – embora saibamos que surpresas acontecem.

O Rio Ave vai receber o Braga, num jogo que promete ser agradabilíssimo para os espetadores que assistirem ao encontro no pavilhão. O Braga é uma equipa ofensiva; o Rio Ave é menos ofensivo, contudo defende bastante bem (foi a terceira melhor defesa na Fase Regular), o que faz prever um jogo combativo, principalmente no meio-campo.

O Benfica é a última equipa a entrar em campo, deslocando-se ao terreno do Belenenses.

O Benfica é claramente favorito e ficaria muitíssimo surpreendido caso os pupilos de João Freitas Pinto não vencessem. Não querendo desrespeitar os rapazes de azul, o Benfica entra neste jogo com muita pressão devido à derrota na Taça e irá certamente procurar o golo nos primeiros minutos. Atrevo-me mesmo a dizer que é muito possível que aconteça uma goleada, independentemente do valor do adversário.

O Benfica é um clube que não está habituado a perder, devido a todo o seu investimento e qualidade; por isso, nos jogos seguintes a um deslize procura sempre corrigir o resultado anterior, vencendo o jogo.

Calendário dos jogos disputados este fim-de-semana.  Fonte: Zerozero.pt
Calendário dos jogos disputados este fim-de-semana.
Fonte: ZeroZero

Concluindo, haverá certamente grandes jogos de futsal neste Play-off e veremos se não somos outra vez surpreendidos com uma derrota por parte das equipas consideradas “grandes”.

Dí Maria: o pormenor táctico de Ancelotti

O Real Madrid, clube recordista de troféus da Liga dos Campeões, com nada mais, nada menos do que 9 troféus, atingiu finalmente, doze anos depois, uma final europeia: doze anos que deixaram para trás aquela equipa de Zidane, Figo, Roberto Carlos e Raúl, que na arena de Hampdon Park fez história.

Decorridos esses doze anos, o clube espanhol vive quase uma obcessão na conquista do décimo troféu. Sob as ordens de Mourinho, que acabou por sair praticamente em litígio com o clube e sobretudo com os adeptos, o Real “morreu na praia” durante de três anos consecutivos, caindo nas meias-finais frente a Barcelona, Bayern de Munique e Borussia de Dortmund. Ancelotti chegou assim ao clube, vindo de duas épocas no PSG, onde construiu uma equipa e a conseguiu levar à conquista do campeonato francês.

Depois de um Verão quente em contratações e rumores, chegaram ao clube os jovens Jesé e Casemiro (provenientes da equipa B), além de Isco, Illarramendi, Carvajal e o galês Gareth Bale, que custou uma quantidade de dinheiro astronómica. Em sentido inverso, Özil, Kaká, Higuain e Callejón sairam. As contratações foram mais cirúrgicas, é certo, e Bale vem dar à equipa uma série de argumentos que esta não tinha; contudo é em Dí Maria que reside, na minha opinião, a maior diferença do Real de Ancelotti para o Real de Mourinho, permitindo-lhe uma variedade na componente táctica em campo que confunde e destrói os adversários.

Di María tem brilhado ao serviço dos Merengues
Fonte: soccerroomtoday.com

O Real de Mourinho era assente na coesão defensiva, com linhas de pressão não muito altas, procurando a transição ofensiva rápida e vertiginosa, sobretudo através de Ronaldo. No entanto o esquema táctico de Mourinho era bastante estanque, saindo as acelerações quase sempre através de Ronaldo, bem como a organização em transição ofensiva quase sempre feita pela lateral esquerda com Marcelo e Ronaldo. Arbeloa fechava mais como terceiro central, o que obrigava Dí Maria a fazer muitas vezes o corredor inteiro e Modric a cair na direita, perdendo amplitudo no centro. Assim, Mourinho jogava claramente num 4-3-3, transformando-se algumas vezes em transição defensiva num 4-4-2.

Com Ancelotti, a posição cirúrgica de Dí Maria no centro do terreno vem possibilitar um alargar de possibilidades tácticas num mesmo jogo que, com a qualidade individual destes jogadores, deixa qualquer equipa à mercê dos merengues. Modric assume um papel mais central e cerebral. Junto com Xabi Alonso, reparte a saída e posse de bola, não deixando esse cargo só para o espanhol. Por outro lado, com a chegada de Carvajal, também a transição defesa-ataque é repartida pelas duas laterais, sendo que é até o espanhol aquele que mais quantidade e qualidade de jogo ofensivo tem dado à equipa. Bale veio potenciar Ronaldo – permite transições muito rápidas, dá maior liberdade ao português e claramente potencia a veia goleadora do Bola de Ouro, já que leva 20 assistência na Liga.

Di María esteve em grande plano esta época
Fonte: diaadia.com.ar

Contudo, é em Dí Maria que me parece residir a “chave” táctica desta equipa. O argentino, colocado como médio mais avançado, permite a Ancelotti variar entre um 4-3-3 e um 4-4-2 com um dos extremos a fechar uma ala e permite transições em 4-2-4 com Ronaldo a aparecer no centro e Dí Maria e Bale nas alas. Aproveita na plenitude as qualidades de Dí Maria: rapidez, qualidade de passe, mobilidade táctica e capacidade de recuperação de bola.
Um Real diferente para melhor: mais adulto, mantendo a capacidade goleadora do Real de Mourinho e potenciando a capacidade e coesão defensiva da equipa, especialmente na transição, o onde é capaz de ser cirúrgico; um Real mais rápido, com mais capacidade de posse de bola e maior diversidade táctica no terreno de jogo. Este é o Real de Ancelotti.