Depois de, no último texto, ter feito uma análise concreta, apesar de subjectiva, do que aconteceu até agora, vou aproveitar, desta vez, para tentar adivinhar como estará a liga no final da época regular.
No final da fase regular:
Most Valuable Player: Esta luta julgo que será até ao último jogo. Kevin Durant seria o MVP se a época acabasse hoje. Contudo, ainda há imensos jogos pela frente, e LeBron James começou a jogar muito melhor nos últimos jogos. Apesar de poder ser tarde demais, James esteve sempre em segundo lugar nesta corrida, mas, num ano normal em que Durant não tem de carregar os Thunder, por causa da lesão de Westbrook, seria MVP. Não consigo mesmo adivinhar quem será o MVP no final do ano.
Most Improved Player: Lance Stephenson, pessoalmente, é o jogador que mais merece este prémio. Lidera a liga em triplos-duplos; a nível de assistências, é o que tem mais na equipa; e é o segundo jogador com mais pontos e ressaltos dos Pacers. Visto que estamos a falar da equipa que está à frente da conferência, e Stephenson, até então, não foi considerado um grande jogador, o número um dos Indiana Pacers, em princípio, receberá este título.
Rookie of the Year: Se me perguntassem há duas semanas quem iria receber esta honra, sem gaguejar sequer, responderia Michael Carter-Williams. No entanto, Victor Oladipo tem subido muitíssimo de rendimento, e MCW, como é conhecido pelos fãs, tem feito o caminho inverso. Ainda há muito campeonato pela frente e muito ainda pode acontecer. Trey Burke, dos Utah Jazz, também pode vir a ter uma palavra nesta luta.
6th Man of the Year: No ano passado, os Portland Trail Blazers tiveram um dos piores bancos da história da liga, e este ano trabalharam imenso para o reforçar. E em Mo Williams fizeram uma aposta acertadíssima. O base suplente do irreverente Damian Lillard pode, claramente, receber tal título.
Defensive Player of The Year: No ano passado, este rótulo gerou alguma controvérsia, pois votaram num jogador que, julgo eu, nunca tinha estado nas cogitações ou, pelo menos, nunca tinha sido colocado como favorito. Na minha opinião, há dois favoritos: Roy Hibbert e Anthony Davis. Ambos podem ganhar e, sinceramente, tudo dependerá muito das votações, já que ambos são regulares defensivamente e ajudam os seus plantéis nas suas acções, constantemente.
Agora, de acordo com o que aconteceu até ao momento, e avaliando os plantéis das equipas de cada uma das conferências, estas são as minhas apostas para os playoffs. São apenas suposições, e pode acontecer algo que mude tudo. Não vou pôr a ordem das equipas porque, para descobrir, aí sim tinha de ter capacidades de vidente.
Ao fim de 82 jogos numa época regular, é para os playoffs que todas as instituições trabalham durante o ano todo. Fonte: t1.gstatic.com
Para a conferência Este:
Estas equipas vão, em princípio, sem se esforçarem muito.
Indiana Pacers
Miami Heat
Toronto Raptors
Chicago Bulls
Washington Wizards
Os últimos três lugares serão uma luta a cinco:
Brooklyn Nets
Charlotte Bobcats
Atlante Hawks
Detroit Pistons
Cleveland Cavaliers
Para a conferência Oeste, que é, indiscutivelmente, a conferência mais competitiva da liga é mais complicado. Contudo, aqui vão as minhas previsões:
Estas equipas vão, em princípio, sem se esforçarem muito.
Oklahoma City Thunder
San Antonio Spurs
Houston Rockets
Los Angeles Clippers
Portland Trail Blazers
Os últimos três lugares serão uma luta a quatro, quase de certeza. Porém, equipas como a dos Pelicans podem vir a ter uma palavra.
Dallas Mavericks
Golden State Warriors
Phoenix Suns (Se Goran Dragić voltar, rapidamente, da sua lesão)
Memphis Grizzlies
As maiores ausências nos playoffs serão, quase de certeza, as de Boston Celtics e Los Angeles Lakers, da conferência Este e Oeste, respectivamente.
Na passada quinta-feira viu-se um Porto com atitude e vontade de vencer durante 90 minutos. Presumo que tenha sido uma brincadeira de mau gosto…
Não estamos habituados a ver isto… Ou, antes, aquilo! Vi o jogo no café, pela televisão, mas não estava a acreditar. O Porto, na Alemanha, a impor o seu jogo? O seu futebol? A dominar? Não… Ri-me e mandei vir mais um whisky. O empregado já me conhece e deixou a garrafa. Porque desde que Paulo Fonseca entrou para comandar os Dragões que não se vê um jogo em que o Porto domine por completo contra uma equipa mais do que competente. Mas o forte marca-passo da equipa azul e branca, que não se deixou abalar por nada e que elevou o seu futebol a um nível de esforço e empenho nunca antes visto, ficou sempre ligado à terra por um pequeno fio a que chamámos “falhas defensivas”. Aquelas a que já estamos habituados. E essa foi a única razão que me impediu de acabar com o Red Label lá no café…
O Porto entrou a pressionar, mas as transições ofensivas não estavam a funcionar. Os alemães cobriam bem as alas, forçando o “deslocamento” da nossa posse de bola para o centro, onde não somos tão eficazes. Na primeira parte as melhores oportunidades surgiam quase todas através de cruzamentos antecipados ou passes em profundidade, pois quando chegávamos à linha de fundo já os defesas alemães eram senhores no seu domínio. O Frankfurt lá ia jogando, passando bem a bola nos segundo e terceiro terços do campo, sempre com movimentações rápidas, mas felizmente para nós as leituras de jogo de Fernando, Herrera e, de vez em quando, Maicon e Mangala incapacitaram os ataques mais perigosos. O golo do Eintracht surgiu de uma falha de marcação, e não de uma boa jogada.
Ghilas ganhou pontos na corrida pela titularidade Fonte: Maisfutebol
A segunda parte começou com o Porto a querer jogar difícil, com opções de passe que não eram as melhores, mas o 2-0 veio corrigir isso. O resultado era complicado, mas a prestação da equipa de Paulo Fonseca deu-me uma nova confiança ao ponto de acreditar em algo que precipitou o meu vaticínio em público: o jogo ia acabar 3-3. A entrada de Ghilas acrescentou o apoio ofensivo que a equipa precisava. Jackson Martinez não tem estado bem. Talvez precise de alinhar os seus chakras. Ele e o Mangala. Mas Ghilas permitiu que Jackson se libertasse de um lugar onde não só estava sozinho como também desorientado. O argelino estava com vontade de mostrar trabalho e marcar golos. Foi uma mexida muito bem conseguida e deixou uma ideia que talvez valha a pena reter: Jackson pode jogar muito melhor com Ghilas a segundo avançado, pois deste modo o posicionamento ofensivo nunca fica comprometido e um pode libertar espaço para o outro.
O resto da história já se conhece. O Porto empata, o Eintracht aproveita mais uma falha defensiva, e Ghilas encerra o resultado, tal e qual o que eu previ. Não foi confiança cega, apenas li o jogo e percebi que seria uma questão de tempo até o Porto marcar, pois o tal controlo emocional de que falei na semana passada esteve presente. A perder 2-0, não perdemos a confiança nem nos deixámos levar. Conseguimos o empate porque aqueles onze jogadores nunca deixaram de acreditar, e nem dois golos sofridos abalaram a confiança que, mais uma vez, não foi cega, mas apenas o resultado de uma leitura simples e directa.
Para terminar acrescento apenas que, mais do que o futuro de Paulo Fonseca, este jogo pode ter definido o futuro de Ghilas. Só espero que durante o próximo jogo não precise de mandar vir um sumo de laranja natural. Não há nada de errado com um whisky de vez em quando…
É a primeira vez que dedico o meu espaço de opinião semanal a um jogador em particular. Por conseguinte, sinto-me na obrigação de justificar a escolha que tomei. Sou partidário da ideia de que uma equipa vale pelo seu todo. Nunca gostei de elogiar o jogador A e ostracizar o jogador B, pois, ao fim ao cabo, ambos pertencem à mesma equipa. Mas, num contexto em que a generalidade do colectivo rubrica boas exibições, não vejo razão para não me focar num jogador em particular quando este se tem vindo a evidenciar. E, a meu ver, Carlos Mané insere-se nesta última descrição.
É, provavelmente, a par de Slimani, o jogador sportinguista mais badalado das últimas semanas. As brilhantes prestações do jovem português têm feito correr tinta. Com uma técnica invejável, a fazer lembrar outros extremos que já passaram por Alvalade (Quaresma, Ronaldo ou Nani, por exemplo), que alia a uma velocidade fora do comum, Mané é hoje, contra as expectativas, um dos candidatos a dono de um dos lados do ataque leonino. De facto, num plantel que tem a seu dispor Capel – outrora um indiscutível -, Carrilo, Wilson Eduardo e, mais recentemente, Héldon, o jovem não era de todo uma presença esperada no onze sportinguista.
Carlos Mané tem vindo a evidenciar-se na equipa do Sporting Fonte: Record
Contudo, engane-se quem pensa que a aparição em glória de Carlos Manuel Cardoso Mané é fruto do acaso. O português, com origens guineenses, está no Sporting Clube de Portugal desde os 7 anos de idade – um dado notável – e tem subido a pulso. Um verdadeiro self-made man, Mané fez parte, por exemplo, da equipa de juniores do Sporting que se sagrou campeã na época de 2011/2012.
Pessoalmente sou integralmente a favor da integração na equipa principal, e no onze, do novo prodígio da Academia. Apostar na “prata da casa” é o caminho a seguir para alcançar o sucesso desejado. Se por um lado é dada continuidade ao já longo legado de jogadores formados em Alcochete e catapultados para a ribalta pelo Sporting, por outro enfatiza-se uma política de baixo despesismo, fulcral num momento em que, lembre-se, o Sporting ainda passa por um período de restruturação financeira.
Penso que não restam dúvidas: Carlos Mané é o mais recente benjamim proveniente da Academia. Leonardo Jardim tem no jovem mais uma aposta ganha. Recorde-se que, por exemplo, o jovem internacional português foi basilar nas últimas duas vitórias leoninas: marcou contra o Olhanense o único golo da partida e consumou a remontada em Vila do Conde, com um golo que fica na retina. Com efeito, tudo leva a crer que Mané tem todas as potencialidades para se tornar um jogador de referência no panorama nacional, quiça até internacional. Para o bem do Sporting Clube de Portugal e da Selecção Nacional esperemos que assim suceda.
As provas europeias chegam agora às suas fases decisivas e Portugal coloca as suas esperanças nos três resistentes. Na Taça CERS, o Turquel, que partia para a segunda mão dos quartos-de-final com uma vantagem de 5-3, foi derrotado pelo líder do campeonato italiano, Forte del Marmi, por 14-3 e acabou por ser eliminado. Já a Oliveirense falhou a qualificação para os quartos-de-final da Liga Europeia ao perder o jogo decisivo frente ao Réus por 8-5. Apesar de estarem eliminados, Oliveirense e Turquel lutaram até ao fim, fizeram grandes exibições e honraram Portugal.
A armada portuguesa é agora constituída por Benfica, FC Porto e Valongo, que vão lutar pela vitória frente ao trio espanhol na Liga Europeia, num duelo ibérico que promete. Até onde podem ir? O que podemos esperar de cada um?
O Réus é o próximo adversário do Benfica. Fonte: reusdeportiu.cat
O Benfica é quem tem maiores responsabilidades e quem gera maiores expectativas. A sua reputação assim o dita. O título de campeão europeu que carrega traz essa grande responsabilidade. Conquistar a competição outra vez não é algo descabido, pois as águias reforçaram-se para tal feito e as suas exibições dão esperança aos benfiquistas. O próximo adversário, o Réus, será provavelmente o teste europeu mais complicado até agora para este Benfica e a equipa lisboeta terá de ser séria se quiser passar este obstáculo. Além disso, o clube espanhol é conhecido pelas poucas condições que oferece às equipas adversárias e aos órgãos de comunicação estrangeiros, bem como pelas polémicas arbitragens a seu favor quando joga em casa. Mesmo assim, o Benfica tem tudo para passar.
O Porto medirá forças com o Liceo Fonte: hockeyclubliceo.com
O Porto disputará a eliminatória com o Liceo da Corunha. Para mim, a segunda formação mais forte do contingente espanhol e, como sempre, um dos favoritos. Bi-campeão europeu antes de o Benfica conquistar o troféu, o Liceo da Corunha quer agora ter de novo o título na sua mão. Independentemente da goleada que sofreu contra o Barcelona, o Porto já mostrou que é capaz de se bater com qualquer equipa e até venceu os culé em casa na segunda jornada da fase de grupos depois de uma grande exibição. Serão dois jogos difíceis e equilibrados em que a vitória pode pender para os dois lados.
Conseguirá o Valongo superar o Barcelona? Fonte: FCBarcelona.com
O Valongo tem o desafio mais complicado, mas é quem tem menos pressão. O líder do campeonato não podia pedir melhor regresso à Liga Europeia e, depois de uma boa fase de grupos, irá jogar com o Barcelona. Os catalães são, para muitos, a melhor equipa do Mundo. Será um obstáculo difícil de ultrapassar, mas o Valongo não tem nada a perder. O Barcelona não é o bicho papão e deve ser encarado como um prémio merecido pela grande época que estes homens estão a fazer. Tudo o que vier a mais é bónus.
Em suma, o trio português tem duras batalhas pela frente, verdadeiros testes às suas capacidades, mas estes clubes já nos habituaram a mostrar que nada é impossível.
A equipa de Juniores do SL Benfica voltou a deixar marca na competição UEFA Youth League, desta vez frente ao Áustria de Viena. Por algum motivo, os encarnados estiveram em realce na fase de grupos e provaram mais uma vez o seu valor, após a vitória merecida nos oitavos-de-final por 4-1. Assim, a equipa visitante, que eliminou o FC Porto da competição, teve a vingança portuguesa.
Apesar do golo precoce da equipa austríaca e da vantagem que esta levou para a segunda parte, a equipa da casa apareceu com uma atitude dominante e, através do golo de Ricardo Carvalho, fez o 1-1. O golo do central foi o mote para os três que o sucederam; foi o acordar das águias. Desta forma, com uma vitória confortável, a equipa encarnada assegurou a sua presença nos quartos-de-final da Liga Jovem da UEFA.
O Benfica já provou ter cartas para jogar e vencer em competições internacionais. Resta agora saber se há alguma equipa capaz de o travar. Esperemos que não seja o Manchester City; queremos ver as águias a voar!
Rafael Ramos, lateral direito dos juniores Benfica
O Rafael Ramos, lateral direito dos Juniores do SL Benfica, viveu na primeira pessoa o jogo de quarta-feira. Apesar de ter estado ao serviço do Sporting CP, durante sete anos, e de ter chegado recentemente ao plantel encarnado, confia totalmente na equipa onde está actualmente integrado e no futuro que esta poderá vir a traçar na competição da UEFA Youth League.
1 – O que destacas neste jogo com o Áustria de Viena?
Destaco claramente a união da minha equipa e a capacidade de sofrimento e de superação do grupo. Soubemos estar sempre juntos perante as adversidades e, assim, conseguimos dar a volta ao resultado e ganhar!
2 – Que benefícios pessoais e profissionais ganhas com a experiência de participar numa competição desta dimensão?
Esta competição é uma autêntica montra para todos nós que temos o sonho de ser profissionais de futebol a um alto nível. Muitos de nós, os Juniores de segundo ano, já estamos no último ano da formação e, por isso, esta competição é também uma forma de nos preparar melhor para o futebol profissional, porque estamos mais próximos de cenários de jogo de grandes competições.
3 – Que leitura fazes do futebol de formação português no contexto da formação futebolística europeia?
Acho que a formação portuguesa está muito bem vista a nível europeu, porque somos sempre muito respeitados pelas equipas adversárias em todos os jogos que disputamos. Olhando para trás, a nossa equipa conseguiu eliminar várias das melhores equipas de países da Europa: o PSG (da França), o Anderlecht (da Bélgica), o Olympiacos (da Grécia) e, a mais recente, o Áustria de Viena. Até o FC Porto, que não se qualificou na fase de grupos, na minha opinião, fez uma boa campanha e tinha, a meu ver, capacidades para estar a disputar estas eliminatórias. Por outro lado, nós agora estamos nos quartos-de-final, o que significa que nos posicionamos entre as oito melhores equipas europeias. Acho que está assim provada a grande qualidade da formação do Benfica, mas também a da formação portuguesa, uma vez que alguns de nós dedicaram parte do seu tempo de formação a outros clubes, antes de chegarem ao Benfica.
4 – Sabendo que o próximo adversário é o Manchester City, como vês o futuro do Benfica na competição?
Estando perante as oito melhores equipas da Europa, o nosso trabalho não vai ser fácil. A partir daqui, os jogos vão ser cada vez mais complicados… Mas nós já demos provas da qualidade do nosso trabalho e da nossa força como equipa. Por isso, penso que podemos continuar a sonhar em chegar à final e, quem sabe, ganhar a competição, até porque já fomos capazes de bater grandes equipas no nosso percurso, como já referi anteriormente. Por isso, é aproveitar ao máximo as oportunidades que temos nesta Liga dos Campeões sub-19 e, jogo a jogo, dar tudo para continuarmos a sonhar cada vez mais alto! Especificamente falando do Manchester City, acho que é uma grande equipa. Tem um conjunto muito forte, vai ser difícil batê-los. Contudo, penso que a nossa equipa tem qualidade para disputar o jogo e ganhar, mas, para isso, vamos ter de trabalhar muito. A equipa está toda em sintonia e estamos todos muito unidos. Certamente vai ser um jogo que vai apelar à nossa capacidade de superação.
E pronto. Lá temos o Benfica nos oitavos-de-final da Liga Europa, tal como já se esperava. Efectivamente, a equipa portuguesa é superior ao PAOK de Salónica, equipa esforçada, com bons jogadores, mas que não conseguiu contrariar o maior poderio da águia.
Porém, há que dizer que o Benfica sentiu algumas dificuldades na partida desta noite, no Estádio da Luz. E isso também se pode explicar pelo facto de Jorge Jesus ter voltado a promover muitas alterações na equipa, em comparação com o jogo da passada segunda-feira, frente ao Vitória de Guimarães. Artur, tal como na Grécia, voltou a ser titular, sendo que Sílvio ocupou a faixa esquerda, assim como André Gomes regressou ao meio-campo encarnado, fazendo parceria com Rúben Amorim. Os sul-americanos Salvio e Cardozo também alinharam de início, com Jorge Jesus a pretender dar minutos e ritmo competitivo a estes atletas, depois das lesões que os apoquentaram. Djuricic foi a outra novidade no onze inicial do Benfica, realizando uma exibição em crescendo. E, de facto, acabou por ser este plantel do Benfica, repleto de soluções e de individualidades, a contribuir, e muito, para que se tornasse mais fácil eliminar o PAOK.
A primeira parte da partida não foi bem jogada, com o Benfica a apresentar-se com pouca imaginação, bastante previsível. Mesmo assim, pertenceram à equipa da casa as melhores oportunidades de golo, sendo que o PAOK também poderia ter marcado, na sequência de mais um enorme falhanço de Artur Moraes, um guarda-redes que continua a dar mostras de uma gritante falta de confiança. Na etapa complementar, a formação helénica entrou pressionante, disposta a reverter o rumo da eliminatória. Maduro desperdiçou uma excelente ocasião para o PAOK, mas, depois desse lance, o Benfica voltou a pegar no jogo e não mais permitiu veleidades ao conjunto de Salónica. Nessa altura, Jorge Jesus fez entrar Lima e Markovic, para os lugares dos já fatigados Cardozo e Salvio, respectivamente. E, lá está, mais uma vez, o plantel do Benfica, rico em alternativas e em qualidade, a permitir que o jogo virasse definitivamente para o lado encarnado. Aos 69 minutos, deu-se o lance que significaria o golpe de misericórdia para o PAOK. O ex-benfiquista Katsouranis derrubou Lima, que seguia isolado para a baliza da equipa grega. Falta indiscutível, cartão vermelho directo para Katsouranis, e o defesa-central helénico a despedir-se da Luz debaixo de muitas palmas, num fantástico momento de reconhecimento por parte dos adeptos do Benfica. Na transformação do livre directo, Gaitán voltou a provar que é um fora-de-série (ok, já não prcisávamos de mais provas), apontando um golo de grande classe, com um fantástico remate em jeito, pleno de intenção. A partir daí, o Benfica dominou a seu bel-prazer, voltando a marcar por duas vezes: primeiro, numa grande penalidade bem apontada por Lima, após mão de Maduro, e, logo de seguida, em mais um tento de Markovic, o seu segundo golo nesta semana, após bater Giakos, quando seguia isolado para a baliza.
Gaitan voltou a ser um dos melhores em campo Fonte: Maisfutebol
Resumindo, vitória talvez um pouco exagerada do Benfica, mas inequívoca. Os comandados de Jorge Jesus continuam a mostrar uma enorme solidez defensiva, sendo que aquilo que continua a sobressair, e de que maneira, é a forma como o plantel encarnado vai sendo alvo de uma grande rotação, situação essa que, até agora, ainda não originou maus resultados para os lados da Luz.
Na próxima eliminatória da Liga Europa, o Benfica irá defrontar o Tottenham, naquele que se espera que seja um enorme duelo, entre duas excelentes equipas.
A Figura Gaitán – mais um golo magistral deste jogador argentino, que está a realizar, muito provavelmente, a melhor temporada desde que chegou a Portugal. Muito disponível em termos tácticos, bom sentido colectivo, técnica refinada, e muito mais. Apontou um golo de classe, à imagem do seu jogo rendilhado.
O Fora-de-Jogo Artur Moraes – neste momento, Artur é um guarda-redes sem confiança, tristonho, que parece estar na iminência de falhar em cada lance. Mais uma vez, desta feita ainda no primeiro tempo, ia comprometendo as aspirações do Benfica com um terrível falhanço. Ofuscado por Oblak, Artur pode estar a gozar os seus últimos meses no Benfica.
A vitória em Vila do Conde deixou dois leões de baixa para o jogo com o Sporting de Braga: Adrien e Montero viram o quinto cartão amarelo e não poderão, assim, defrontar a equipa minhota em Alvalade, no próximo sábado.
Para o lugar do habitual titular Montero, a escolha parece ser óbvia. Slimani posiciona-se como o substituto natural do goleador adormecido e prepara-se para reclamar a sua segunda titularidade no campeonato português. O argelino será o homem mais avançado do tridente ofensivo leonino, e é nele que estão depositadas as maiores esperanças dos adeptos sportinguistas de fazer abanar as redes dos bracarenses (pelo lado de dentro, por favor).
Já o lugar deixado em aberto no meio campo do Sporting com a ausência de Adrien – esse que me faz chorar de cada vez que olho para a convocatória da Selecção Nacional – levanta dúvidas acerca de quem o irá ocupar. Adrien é, até hoje, o único jogador do Sporting titular em todas as partidas desta época; sábado deixará de o ser. O seu substituto não é, assim, previsível.
As opções são várias, e as consequências na forma de jogar e na estratégia utilizada pela equipa do Sporting também. Vítor ou Gerson Magrão seriam os substitutos mais naturais do luso-francês; Carlos Mané ou Wilson Eduardo os que criariam mais alterações na forma de jogar da equipa. Qualquer um dos dois últimos obrigaria André Martins a recuar no terreno e a ocupar uma posição e desempenhar um papel que não são os mais apropriados para as suas características e para o futebol que tem apresentado ao longo da época.
Vítor e Wilson são duas das opções para o meio campo leonino Fonte: Mais Futebol
Mané ou Wilson jogariam, provavelmente, como elemento mais ofensivo do meio campo, desempenhando um papel de segundo avançado, servindo como apoio constante a Slimani. A opção não seria má, caso o meio campo fosse constituído por William, Adrien e Mané/Wilson. O Sporting perderá certamente, neste jogo, muito do futebol apoiado que tem realizado ao longo da época, já que Slimani não é um jogador de “bola no pé” como Montero. O argelino pede cruzamentos e um futebol mais directo; Mané ou Wilson poderiam aparecer mais perto do ponta de lança, criando maior número na área, captando bolas que Slimani não conseguisse apanhar (Mané marcou em Vila do Conde, depois de um cruzamento que tinha como destinatário original Slimani) e ganhando segundas bolas mais facilmente. No entanto, esta opção não me parece viável num jogo sem Adrien, já que André Martins não é jogador para a posição “8” e, assim, este lugar continuaria por preencher (bem).
A aposta em Vítor ou Gerson Magrão parece-me, assim, a mais acertada para o encontro de sábado. A forma de jogar da equipa seria menos afectada e o meio campo leonino (sector da equipa onde as diferenças entre a má época passada e a boa época actual mais se fazem sentir) sofreria menos alterações. De entre estes dois jogadores, a minha aposta recairia em Vítor. O ex-Paços de Ferreira tem sido última opção no meio campo leonino, sendo, na minha opinião, inexplicavelmente pouco utilizado por Leonardo Jardim. Numa altura em que André Martins se encontra em claro decréscimo de forma, seria de esperar que Vítor tivesse mais oportunidades e minutos de jogo; no entanto, tal não acontece. Vítor pouco joga, sendo relegado para terceiro plano por um Gerson Magrão que pouco ou nada mostrou quando esteve em campo. Este afastamento de Vítor do relvado de Alvalade leva a crer que não será opção inicial para o jogo de sábado, devendo Leonardo Jardim apostar em Magrão para entrar no onze titular contra o Sporting de Braga.
Magrão pouco mostrou em Alvalade Fonte: ZeroZero
As dúvidas são muitas, mas uma certeza se impõe: independentemente da decisão de Leonardo Jardim, o escolhido terá de deixar a pele em campo, porque o jogo de sábado é para ganhar.
Na segunda mão dos dezasseis-avos da Liga Europa, depois do empate a dois no Dragão, o FC Porto deslocou-se à Alemanha, a Frankfurt, com o objectivo de inverter o ciclo negativo de resultados e dar a volta à eliminatória. Para tal, Paulo Fonseca apresentou apenas duas novidades no onze inicial: Maicon tomou o lugar de Abdoulaye (impedido de jogar na competição) e Carlos Eduardo voltou à titularidade substituindo Josué.
O jogo começou intenso, com o FC Porto mais proactivo e com Quaresma a aparecer a jogar em toda a largura da frente atacante. A equipa azul e branca procurava pressionar mais à frente, ainda que nem sempre de forma constante e organizada, e acabava por roubar com alguma facilidade a bola à equipa alemã, tentando sair a jogar rápido fruto de boas viragens do centro de jogo. Neste período evidenciou-se Jackson Martinez pela negativa: o colombiano dispôs de duas chances de ficar cara-a-cara com o keeper alemão mas duas recepções de bola deficientes após passes de Danilo impediram-no de ficar em posição de finalizar, tendo ainda definido mal um contra-ataque de três para três.
À passagem do meio da primeira parte, o jogo animou: primeiro Mangala, fruto de um livre cobrado por Quaresma, a cabecear ao lado (25’); depois, na resposta do Frankfurt, Johannes Flum a falhar (26’); e, finalmente, Herrera a aparecer junto à pequena área e a cabecear de forma muito defeituosa (28’). A partir desse momento, a equipa alemã mostrou-se mais afoita e chegou mesmo ao golo por intermédio de Aigner, perante um comportamento incompreensível da equipa portista em termos defensivos (37’). Até ao intervalo apenas nota para uma incursão de Danilo, concluída com um remate perigoso (42’) – perante o péssimo jogo de Jackson, sobrava a confirmação de que era necessária mais presença de elementos portistas junto à área alemã.
Terminados os primeiros quarenta e cinco minutos no Commerzbank Arena, tendo em conta o resultado da primeira mão, esperava-se um FC Porto mais impositivo e ‘mandão’. Ao invés, o jogo do Dragão apresentou-se pastoso, sem imaginação, sem criatividade, sem rasgo, sem verticalidade, em suma, sem Porto! Os três elementos do meio-campo nunca conseguiram dominar as operações ou impor-se e os passes errados e as falhas defensivas, próprias de uma equipa que está com os níveis de confiança nas lonas, acumularam-se.
Carlos Eduardo foi apenas um dos elementos do meio-campo que raramente agarrou o jogo Fonte: Mais Futebol
Perante uma primeira parte intensa mas longe de ter sido jogada de forma esclarecida, não era adivinhável o que estava para chegar… Joselu deu o mote com um grande remate (46’), Jackson respondeu (mal) de imediato (47’ e 48’) e Quaresma tentou também a sua sorte de meia distância – o FC Porto procurava e corria atrás do prejuízo mas sempre sem a convicção desejada. Aos 52’, na sequência de um livre do lado esquerdo do ataque alemão, com os onze elementos do Dragão a defender dentro da sua grande área (uma situação que se repete a cada jogo e que se revela, para mim, incompreensível), Meier fez o 2-0. O FC Porto parecia definitivamente eliminado mas Paulo Fonseca fez por ser feliz e foi mais célere a reagir do que em outros momentos: de imediato lançou Ghilas, retirando Herrera.
A partir daqui, o jogo ficou partido e tornou-se de loucos! O FC Porto dispôs-se numa espécie de 4-4-2 que, não raras vezes, redundava num 4-2-4, com Fernando e Carlos Eduardo no meio e quatro homens só a olhar para a frente: Varela, Quaresma, Jackson e o recém-entrado argelino. Longe de jogar bem, com um futebol incaracterístico e pouco organizado, o FC Porto acabou por se tornar mais ameaçador, fruto de mais presença na área. Ainda assim, foi necessário os centrais mostrarem como se faz: na sequência de um canto cobrado por Quaresma, Mangala impôs-se e reduziu para 2-1 (58’); a seguir foi Maicon, do meio da rua, num pontapé cheio de intenção a quase fazer o 2-2 (62’); e, finalmente, de novo o internacional francês, a cruzamento de Fernando, a empatar o jogo e a eliminatória (71’).
Com o 2-2 no placard, um outro FC Porto saberia congelar o jogo e ir à procura, com discernimento e cautelas q.b., do golo que lhe desse o passaporte para a eliminatória seguinte. Paulo Fonseca não o percebeu, nem percebeu que a equipa estava partida e sem capacidade para segurar bola e controlar a partida (Carlos Eduardo, neste capitulo, esteve realmente mal). Resultado? O 3-2 para o Frankfurt em mais um cruzamento, agora desde a esquerda, com Meier, completamente sozinho, a empurrar para a baliza de Helton, apenas cinco minutos após o Dragão ter conseguido o que tanto almejava: voltar ao jogo e ganhar alguma vida.
Nabil Ghilas – o argelino foi o herói da noite Fonte: Mais Futebol
O momento era delicado mas a equipa não desistiu: quiçá olhando para o símbolo que traz junto ao peito e sentindo a responsabilidade, sem razão mas com todo o coração, o Dragão reagiu. Fonseca trocou Varela por Licá (79’) e o ex-Estoril acabou por se revelar decisivo, já depois de outro ex-canarinho – Carlos Eduardo – ter falhado clamorosamente à boca da baliza, num cabeceamento defeituoso (84’). Sem futebol mas com crença, em mais uma bola lançada para a frente, Licá surgiu isolado e rematou para defesa de Trapp. Ghilas, encarnando Costinha, numa recarga semelhante à do ‘Ministro’ em Old Trafford vai para dez anos, empatou o jogo (3-3 aos 86’) e colocou o FC Porto a um passo dos oitavos-de-final da Liga Europa, passo esse confirmado já depois da entrada de Diego Reyes e de muito sofrimento à mistura.
Numa noite europeia que acaba por entrar para a galeria das vitórias épicas pela forma como foi obtida, a verdade é que este FC Porto voltou a estar muito longe do exigível. Perante um Frankfurt que é claramente limitado em termos técnicos e que tem evidentes lacunas no processo de transição defensiva (ainda que no Dragão tal facto tenha sido ainda mais notório), só um FC Porto verdadeiramente sofrível e sem qualidade no seu futebol, receoso e temeroso em cada acção, com uma falta de confiança assombrosa e com elementos claramente fora do jogo, é que sofreria tanto para eliminar este conjunto alemão. Desta noite, sobram, no entanto, duas boas evidências: a primeira relaciona-se com a imperiosa necessidade de dar mais minutos a Ghilas, ainda mais notório quando Jackson está no pior momento desde que chegou ao Dragão; a segunda prende-se com o facto de a equipa, honrando os milhares de adeptos que a acompanharam, mesmo com todas as suas incapacidades, nunca ter desistido – e isso também é ser Porto.
A figura: Eliaquim Mangala
A primeira preocupação de um defesa central será sempre defender bem. Neste capítulo, o francês voltou a cometer vários erros, desde passes disparatados até diversas más abordagens a lances. Porém, foi também ele que, com toda a sua fibra, soube aparecer à frente e mostrar como se faz: com dois golos, devolveu o FC Porto ao jogo e à eliminatória.
Fora-de-jogo: Jackson Martinez
O actual esquema de jogo da equipa não o favorece, joga longe dos companheiros, está quase sempre isolado e é mal servido – tudo isso é verdade. Mas, hoje, o colombiano foi mais um central do Frankfurt. Desde péssimas recepções de bola a passes falhados, de más definições de lances aparentemente fáceis até faltas escusadas, Jackson Martinez foi uma sombra de si próprio. A equipa precisava da sua veia goleadora mas Jackson, talvez confuso pelo discurso do seu treinador, não esteve em Frankfurt.
Desde que o Barcelona conseguiu transformar a sua formação numa máquina incrível de vencer títulos – e de praticar bom futebol – que toda a imprensa espanhola tem apontado o dedo ao Real Madrid por descurar os maiores talentos criados na famosa cantera madridista.
Na verdade, o último grande produto da cantera a singrar no plantel principal do Real Madrid foi o guarda-redes Iker Casillas – que, curiosamente, tem sido afastado da equipa, primeiro por Mourinho e, agora, por Ancelotti –, já lá vão mais de 15 anos.
Desde aí, muitos foram os jogadores saídos das escolas do Real Madrid que alcançaram um enorme sucesso em outros clubes. Juan Manuel Mata, Roberto Soldado, Álvaro Negredo e Javi García são apenas alguns dos nomes mais sonantes do lote de jogadores que o Real Madrid deixou, literalmente, fugir.
Como é de conhecimento geral, a política do Real Madrid presidido por Florentino Pérez nunca foi ao encontro das ambições dos miúdos da cantera. Pelo contrário, a contratação de jogadores de enorme renome e com um potencial de marketing sobrevalorizado sempre foi a ideologia marcante do presidente deste colossal clube (ou colossal empresa, conforme a perspetiva). Porém, conhecendo o nacionalismo distinto dos espanhóis, os adeptos merengues preferem uma aposta na prata da casa. E, no fundo, qual de nós não tem um gostinho especial pelos miúdos que são capazes de sentir o símbolo e o peso da camisola do nosso clube?
É neste contexto que entra a mais recente estrela da cantera: Jesé Rodriguez.
Jesé já foi comparado a Cristiano Ronaldo Fonte: Ronaldo7.net
Nascido em Las Palmas, na ilha da Gran Canária, Jesé tem 21 anos e está vinculado ao Real Madrid desde 2007. Após três épocas nos escalões de formação, Jesé integrou o Real Madrid B, na temporada de 2010/2011, e nunca mais parou de surpreender. Como prova disso estão os 22 golos marcados pelo canterano na época de 2012/2013, que lhe valeram o recorde de golos marcados numa temporada da equipa B do Real Madrid, pertencente a Emilio Butragueño de 1983/1984 até então.
O perfil técnico e tático de Jesé Rodriguez distingue-se pela polivalência: é um extremo que pode jogar em qualquer ala e também como avançado. O elevado rendimento em qualquer uma das posições já lhe valeu várias comparações com Cristiano Ronaldo. De facto, a nível técnico, o espanhol tem várias semelhanças com o atual melhor jogador do mundo – até na aptidão pelo golo. Jesé é muito rápido, é extremamente forte no um para um e tem uma capacidade de remate bem acima da média. Como se não bastasse, o espanhol lê o jogo com uma distinção e rapidez notável para a idade. A qualidade de passe e a facilidade com que toma as melhores decisões dentro do campo (principalmente no último terço do terreno) levam todos a crer que a diferença de Jesé para Di Maria, Bale ou Isco é apenas uma questão de estatuto, estatuto esse que o jogador tem feito por aumentar a olhos vistos.
Jesé tem usufruído de vários minutos em todas as competições. Contudo, é na Liga espanhola que o internacional sub-21 espanhol tem feito as delícias da imprensa. Com cinco golos em 12 jogos, o avançado/extremo é já o quinto melhor marcador do Real Madrid, e precisa apenas de 113 minutos para marcar.
Todo este alarido em torno do jogador – com muito mérito próprio, é necessário referir – fez com que a cotação de Jesé Rodriguez disparasse para os 15 milhões de euros (valor atribuído pelo prestigiado site “transfermarket”). A Marca, o jornal mais vendido de Espanha, publicou recentemente uma capa com o jogador, onde saltava à vista o título “abram alas para Jesé”. Ora, eu não poderia ter escolhido melhor descrição. Este veio para ficar.
Os cinco violinos puseram de moda o avançado-centro com chuto aterrador. O Sporting começou uma grande procura para encontrar outro Peyroteo. Encontrou um novo pé de canhão chamado: Mokuna, natural do Congo, no entanto, não tinha a arte de unir potencia e direção. O Benfica também entrou nessa corrida e encontrou um avançado-centro moçambicano chamado Mário Esteves Coluna que tinha um míssil nos seus pés. O Benfica prometia o fim do mundo com esta nova joia moçambicana. Veio e foi experimentado, no entanto, as bolas saídas dos seus pés faziam os chamados balões; Coluna não seria um novo Peyroteo, no entanto, a sua qualidade e a sua capacidade física situaram-no no meio-campo. Coluna viera para ser ele próprio; para ser Coluna.
O Benfica Bicampeão de Europa Fonte: Fórum PesClassicStats
1955 bateu à porta. O Benfica começou a transformar-se numa máquina de euforias. Coluna foi apoderando-se do meio-campo. José Águas consolidava-se como um avançado-centro fino, resolutivo e decisivo nos grandes momentos; Ângelo marcava os flancos defensivos com saber e pé hábil em todas as variantes; Costa Pereira começou a destapar a sua caixa mágica. O Benfica crescia como jamais voltou a crescer. Coluna, no meio desta estrutura, começou a agigantar-se de tal forma que na final de Berna, no ano 60, contra um Barcelona recheado de estrelas, marcou um golo que hoje teria dado a volta ao mundo tantas vezes como deu o golo marcado por Zidane na final da Taça da Europa que ganhou com o Real Madrid. A bola foi parar ao Coluna que estava situado na zona da grande área direita; perto do ângulo; a bola procurou-o voando; começou a descer; Mário Esteves Coluna levantou a perna; antes de a bola cair; acomodou o corpo e impactou com violência na bola. O esférico saiu como uma bomba em direção à baliza defendida por Ramalhets e entrou sem consentimento. Golo. Golo magistral do Coluna; golo magistral numa final da Taça da Europa. Golo histórico pela execução técnica e pela importância.
Mário Coluna é um dos jogadores do Benfica que ganhou as duas Taças da Europa e esteve presente em todas as finais dos anos 60 que o Benfica disputou. Ganhou uma dezena de campeonatos e taças várias. Mas, assumiu outras responsabilidades: substituiu na capitania da equipa o homem que levantou as duas Taças de Europa: José Águas. Recebeu e acomodou, por encargo familiar, o grande Eusébio. Coluna representava para a massa associativa do Benfica o jogador com juízo. Era o grande capitão. Foi, também, no Mundial de Inglaterra o Capitão e o peso pesado que dava consistência ao meio-campo da seleção.
Mário Coluna: o Capitão Fonte: BBC
Os anos 60 avançaram e estalara a guerra colonial. Coluna era alvo de rumores e algum azar posterior, mas, a massa associativa jamais o apontou negativamente. Era; foi um jogador respeitado e posteriormente foi um homem do futebol ligado ao seu País, mas, as portas do Benfica sempre estiveram abertas de par em par. No mundo do futebol não conheço um caso de respeito e consideração semelhante. Eusébio; Simões ou o José Augusto foram idolatrados; mas, não eram esperados com o silêncio da consideração como era esperado Mário Esteves Coluna. A casualidade levou que partisse do mundo dos vivos pouco depois da partida do seu protegido Eusébio. Certamente, a esta hora, nesse além do imaginário coletivo onde permanecerão Coluna, Eusébio, José Águas, Costa Pereira e Germano, já está construído um Estádio da Luz, realizado em sonhos, para fazer deleitar todos os espíritos.