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Frangos para congelar

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opinioesnaomarcamgolos

Já não sei de que maneira se pode olhar para este Porto e ver algo que não seja mau. Desde resultados e exibições a vendas e dispensas de jogadores, ultimamente tudo tem sido mau. Este último jogo, contra o Estoril, foi uma verdadeira chamada de atenção de bradar aos céus! A formação de Marco Silva está cada vez melhor a defender, consegue transições ofensivas mais rápidas e atrevidas, mas, felizmente para o Porto, cansa-se mais rápido. E esse último pormenor foi vital para a vitória do Porto nesta última quarta-feira.

Mas vamos por partes. Do jogo em si não tenho muito a dizer… Não esperava ver Diego Reyes a titular e isso deixou-me satisfeito. O problema é que a sua exibição revelou uma vez mais o problema que o Porto tem em deixar as jovens promessas demasiado tempo sem jogar contra os adultos. O central mexicano de 21 anos jogou quase sempre na equipa B. Esse dado chegava perfeitamente para não o colocar a titular num jogo dos quartos-de-final da Taça de Portugal, um dos objectivos assumidos por Paulo Fonseca. Mas não. O treinador principal decidiu colocá-lo de início e, com isto, deu a entender que o miúdo estava pronto para o desafio, pois se há alguém que pode dizer se os jogadores estão prontos é Paulo Fonseca. Errou. Diego Reyes cometeu vários erros graves e, num deles, ofereceu o primeiro golo ao Estoril num lance que devia ter sido cortado logo ali.

De resto vi a equipa sem agressividade, sem raça e sem aquela sede de vitórias que tanto nos caracteriza. Em termos tácticos continuamos com debilidades, e em termos técnicos estamos muito mal. Parecemos gostar de explorar as costas da defesa mas não temos jogadores suficientemente bons para ocupar esses espaços. Temos médios como Herrera, Defour e Carlos Eduardo (e inclua-se ainda o não-tão-mágico-mas-sempre-muito-amado Ricardo Quaresma) para fazer bons passes no pé e em profundidade, mas com extremos como Varela e Licá (e contra mim falo, pois no início da temporada defendi que Licá era grande contratação) é quase impossível. Nem Jackson Martinez tem estado à altura de algumas grandes jogadas! Com isto, há duas opções: ou trazemos de volta o professor Jesualdo Ferreira, que trabalhou e espremeu muito bem jogadores como Guarín, Pepe, Falcão, Fucile, Rolando ou Raul Meireles, ou começamos a apostar mais nos outros jogadores que não têm tido lugar na equipa. O que é estranho, pois Quintero, Kelvin e Ricardo parecem só ter lugar em substituições tardias, mas Diego Reyes, que ocupa a posição importante de defesa central, já tem lugar como titular. Isto, claro, colocando as soluções apenas no trabalho dos jogadores, porque, se fosse eu a mandar, neste momento a camisola de treinador tinha três letras: AVB.

Sebá chegou por empréstimo, em 2012, incluído no negócio do Walter.  Fonte: Record
Sebá chegou por empréstimo, em 2012, incluído no negócio do Walter.
Fonte: Record

Otamendi foi vendido por 12 milhões e ainda pode chegar aos 15. Uau. Grande negócio. E basta a falta de pontos de exclamação para perceber que disse isto sem qualquer ânimo… Vendemos um dos nossos melhores defesas (com algumas falhas que já nos custaram bastante, admito) por uma quantia, na minha opinião, um pouco baixa. Mas tudo bem, bola para a frente! Thibaut Vion, ponta-de-lança internacional francês, foi contratado ao Metz no início da época 2011/2012. Rescindiu na semana passada. Tozé, jogador da formação, nem vê-lo no campo com a equipa principal.

E, mais ou menos na mesma altura em que Vion rescindiu, soube-se que o Porto garantiu o empréstimo do jogador brasileiro Elvis. O empréstimo tem duração de um ano com o Porto a poder exercer o direito de opção de compra no final do mesmo. Resta apenas dizer que o passe do jogador pertence à Traffic. Essa informação não é nada de especial mas traz consigo um dado curioso: o último jogador que o Porto teve proveniente do Brasil e que agora encontra-se ligado à Traffic foi Sebá. O mesmo jogador que na temporada passada mostrou raça, velocidade, força e poder de decisão que o Porto tanto gosta de ver! A opção de compra não foi exercida, a Traffic tomou conta do jogador, e agora está no Estoril, prontíssimo a jogar a titular e a dar muito trabalho a jogadores como Fernando e Alex Sandro. Tal como aconteceu na passada quarta-feira. São bons jogadores que não chegam a ver a relva do Dragão porque alguém não lhes indica o caminho. Como disse um amigo meu, andámos a comprar frangos para congelar! E, no meio disto tudo, talvez a única boa novidade que o Porto nos deu foi o golo de Ghilas. Depois de quase nove meses sem marcar finalmente conseguiu quebrar o enguiço. E fico feliz por ele! Que faça muitos mais com a nossa camisola!

À conversa com dois benfiquistas

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nascidonafarmaciafranco

“São mais 3”.

Sentados em torno de uma mesa, assistíamos ao Estoril x FC Porto a contar para os quartos-de-final da Taça de Portugal. O fervor benfiquista ali nos tinha reunido para vermos o embate de Penafiel e quis a salutar conversa e o bom convívio que por ali ficássemos a ver o rival do norte enquanto os céus de Lisboa choravam desmedidamente. De entre os temas que confiámos àquela mesa nesse dia não faltou nunca o nosso Benfica, não fossem aqueles dois seres dois monstros vermelhos, dois homens que vivem e respiram Benfica como nunca conheci, dois verdadeiros benfiquistas. Entre os pregos que nos secavam a boca e a conversa que respirava saúde a olhos vivos, enfim chegaram as três loiras e a sede foi saciada.

Ao longo de toda a conversa conseguimos ir a dois extremos. Em virtude do acaso que ali nos juntou, falava-se da música dos UHF “Sou Benfica”. O Francisco disse que nunca cantaria essa música. Para além de uma incompatibilidade musical, aquilo que mais pesava era o ambiente em que essa música invadia o Estádio da Luz. As circunstâncias e as adversidades pelas quais o clube encarnado passava na transição do milénio, que foram desoladoras a nível nacional e europeu. O gigante de betão demasiado vazio para o espaço que tinha e para aquilo que era a instituição Sport Lisboa e Benfica.

Por outro lado, o João, uma verdadeira enciclopédia humana, falava dos ambientes da nova Luz em jogos em que o Benfica foi como tem que ser: enorme. Numa espécie de antevisão do dérbi deste fim-de-semana, o João lembrou que o Sporting não ganha na Luz desde Janeiro de 2006 (este que foi, de resto, tema de um artigo seu para o Bola na Rede e cuja leitura aconselho vivamente, pela arte de bem recordar e pela capacidade de analogamente reproduzir aquilo que é o seu génio benfiquista). Também neste capítulo, o Francisco, que com mais facilidade deixa de comer e de beber do que de ir ao Estádio da Luz, recordou triunfos europeus com o inferno ao rubro, como foi o caso do jogo com o Fenerbahçe da época passada.

Os jogadores do Benfica celebrama suada vitória frente ao Fenerbahçe Fonte: chelseabrasil.com
Os jogadores do Benfica celebram a suada vitória (do ano passado) frente ao Fenerbahçe
Fonte: chelseabrasil.com

Em vésperas de jogo contra o Sporting, que ambiente queremos na Luz? Porque somos nós que lhe damos cor, porque somos nós que desenhamos a catedral cheia e outrora a desenhámos quase vazia. O Benfica tem mais soluções, tem o factor casa, e uma força psicológica mais vincada nestes últimos anos sobre o eterno rival do que o contrário. Por outro lado, o Sporting está claramente acima das expectativas e tem essa “margem de erro” bem mais alargada do que o Benfica, o que faz com que o clube de Alvalade entre mais despreocupado para o jogo, ainda que sem William Carvalho. E, para todos os efeitos, quem tem o primeiro lugar ameaçado é o Benfica. No entanto, não tenho dúvidas de que haverá enchente no próximo domingo e de que, com o estádio a empurrar, o Benfica fará o que lhe compete.

A chuva não deu tréguas nessa noite e nós também não. Sem consciência das horas e com o Benfica a fazer-nos sempre companhia, a conversa tardou em morrer (ou melhor, em ser interrompida) e voltar para casa era compromisso último. Venham de lá mais três para estes bons benfiquistas!

Nós estamos aqui!

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cab hoquei

Não é o grito do Ronaldo mas sim de uma equipa que luta arduamente pelos seus objectivos. No último texto, tinha dito que, após a derrota pesada frente à Oliveirense, o Valongo teria de mostrar que dias maus todos temos e que cabia aos homens de verde provarem que o primeiro lugar não era fruto do acaso.

Em Valongo, ADV e Benfica disputavam mais uma importante partida nas contas para o título. Os homens da casa vinham da sua primeira derrota no campeonato, mas, ainda líderes, tinham mais um teste às suas capacidades. Os encarnados vinham de uma goleada imposta ao Porto e, em frente a um adversário directo, não queriam voltar a atrasar-se na luta pelo título. A juntar a isto, havia o facto de o Porto ter vencido o Candelária, por 4-1, e colocar pressão em ambas as equipas.

Entrou melhor o Valongo, mas seria o Benfica a marcar primeiro, por Diogo Rafael. A partir daqui, os encarnados começaram a tomar conta do jogo, face a algum nervosismo do Valongo, e chegaram a aumentar para 2-0. Só não alargaram ainda mais a vantagem porque André Girão mostrou o porquê de ser dos melhores guarda-redes do campeonato.

Até onde pode ir o Valongo? Fonte: advalongo.pt
Até onde pode ir o Valongo?
Fonte: advalongo.pt

Na segunda parte, tudo mudou e a emoção tomou conta do jogo. Um Valongo completamente mudado acordou e decidiu mostrar que, em casa, eles é que mandam e, num instante, conseguiu dar a volta ao marcador e ficar a vencer por 3-2. Pavilhão ao rubro, Valongo na frente, mas veio um balde de água fria, quando o Benfica empatou a três bolas. O jogo estava ao rubro, ambas as equipas procuravam a vitória, mas o melhor ficou para o fim. A segundos do final da partida, João Souto marcou e deu a vitória aos homens da casa. O pavilhão foi abaixo, os jogadores festejaram euforicamente, o Valongo vence. Venceu de forma emotiva, venceu porque acreditou sempre. A vitória poderia cair para os dois lados, pois ambas as equipas lutaram para tal, mas o Benfica foi penalizado por se ter desleixado, na segunda parte, e o Valongo premiado por nunca ter desistido. De destacar que, neste grande espectáculo que foi o jogo, houve um erro que o estragou. O lance do golo decisivo apareceu no seguimento de uma falta a favor do Benfica, que deveria ter sido marcada e que daria livre directo aos encarnados. Foi uma situação que mancha a partida.

Este foi um grito de afirmação do Valongo. Nunca desistindo, dando sempre a cara à luta, o Valongo venceu este teste, quando se questionava se teriam estes homens estofo para jogos assim. Este está passado, vem aí o próximo, frente ao campeão nacional, o F. C. Porto.

Slater aos 41 anos continua o Master

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cab Surf

Acabou ontem o WQS de cinco estrelas e adivinhem quem foi o grande vencedor naquela que para muitos é considerada a onda mais perigosa do Mundo: Kelly “King” Slater. O surfista norte-americano, que completa 42 anos já no dia 11 de fevereiro, ganhou o Volcom Pipe Pro 2014, a sua primeira prova do ano. Kelly “partiu a loiça” logo no round 4 ao fazer um score total de 19.77 em 20 pontos possíveis e, desta forma, o surfista que já conta com 11 títulos mundiais foi avançando facilmente até à grande final, onde encontrou mais três surfistas pela frente: Wiggoly Dantas, Mason Ho e Adriano de Sousa.

1- Kelly Slater com 15.70 (9.53 + 6.17)
2- Wiggoly Dantas com 13.77 (8.27 + 5.50)
3- Mason Ho com 11.50 (7.70 + 3.80)
4- Adriano de Souza com 10.70 (8.43 + 2.27)

Sendo assim, Slater começou o ano exactamente como acabou o ano de 2013: com uma vitória soberba em Pipeline.

Slater a festejar mais uma conquista.  Fonte: Volcompipepro.com
Slater a festejar mais uma conquista.
Fonte: Volcompipepro.com

No passado dia 2 de fevereiro, a Natureza proporcionou mais um dia de ondas grandes na Nazaré. Com cinco equipas dentro de água e milhares de pessoas a assistirem ao espetáculo, Garrett McNamara não se deixou intimidar. As ondas rondavam os 20 metros e todos esperavam um novo record mundial. O surfista britânico Andrew Cotton apanhou uma grande bomba com cerca de 24 metros, mas infelizmente caiu antes de terminar a onda. Será que houve mesmo um novo record? Há quem diga que sim e há quem diga que não. O que é facto é que Cotton não a conseguiu completar.                                                                                                              Garrett também apanhou uma onda com enorme potencial, mas a onda não chegou a rebentar.

Andrew Cotton Fonte: Surftotal.com
Andrew Cotton
Fonte: Surftotal.com

Para este fim-de-semana está prevista mais uma enormíssima tempestade. Será que vai dar mais um espetáculo na Nazaré? As condições não são perfeitas, pois o vento vai estar muito forte. Mas a Natureza é muito imprevisível, por isso até pode ser que a Nazaré reúna as condições perfeitas para a realização de mais uma surfada em ondas monstruosas e, quem sabe, um novo record mundial.

Ainda não é desta, rapazes!

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cab futsal

Mais uma vez, a talentosa Seleção portuguesa ficou pelo caminho numa grande competição, como é o Europeu, desta feita nas meias-finais. Fica a sensação de que, com um pouco mais de sorte e eficácia, puderíamos estar aqui a congratular-nos com o apuramento da equipa das quinas para a final.

Em relação ao jogo, que terminou com um parcial de 4-3 favorável à Itália, este foi bastante disputado e equilibrado. No início da primeira parte, Portugal entrou bastante aguerrido, a tentar de imediato o golo madrugador. No entanto, o tiro saiu pela culatra, pois foi a Itália a marcar cedo, logo na primeira ocasião de que dispôs. Um canto na direita, assistência para Gabriel Lima, que chutou colocado de pé direito e não deu quaisquer hipóteses a um desamparado João Benedito. Nós continuámos a toada atacante, culminada com um tiro ao poste de Ricardinho, numa espetacular incursão individual pelo flanco direito, terminando num forte remate ao poste da baliza de Mamarella, quando o relógio assinalava cinco minutos.

O cinismo Italiano é bem visível em todas as modalidades onde se encontram, defendem bem e coesamente, e, quando a oportunidade de contra-atacar surge, a equipa transalpina não hesita e cria sempre enorme perigo. Defende de forma organizada e agressiva, a comprovar pelas cinco faltas cometidas durante a primeira parte.

Terminado o aparte, Portugal haveria de marcar aos 13 minutos, quando- espantem-se – Ricardinho, em mais uma das suas jogadas individuais características, deambulou pelo meio-campo adversário, tirando um italiano do caminho, e chutando forte com o seu mágico pé esquerdo para o fundo da baliza, contando com um desvio precioso na perna de Gabriel Lima.

O grande destaque lusitano, o inevitável Ricardinho Fonte: Uefa.com
O grande destaque lusitano, o inevitável Ricardinho
Fonte: Uefa.com

 

À passagem dos 15 minutos, Jorge Braz pediu um desconto de tempo, com o objetivo de motivar a equipa lusitana, que estava por cima no encontro e queria desempatar o jogo, antes da chegada do intervalo. Curiosamente, quem regressou ao campo de jogo mais forte foi a formação italiana, que, nos minutos que se seguiram, ameaçou, de forma séria, a baliza de João Benedito por duas vezes, obrigando este a aplicar-se.

Para gáudio dos portugueses presentes no SportPalais de Antuérpia, e de todos nós que estávamos a assistir pela transmissão televisiva, eis que Portugal se adianta no marcador. A defesa italiana faz um corte de bola incompleto, que deixou a bola à mercê do pé esquerdo de Arnaldo Pereira. Ele não se fez rogado e bateu, pela segunda vez no jogo, o guarda-redes Mamarella. Golo marcado a cerca de dois minutos do fim, e, até ao intervalo, gerimos o jogo de forma competente, salvo uma oportunidade flagrante da Itália a três segundos do fim, quando Vampeta surgiu isolado, após um passe de rutura brilhante de Gabriel Lima. Na cara do João, Vampeta atirou ao lado.

Aos dois minutos de jogo na segunda parte, troca de guarda-redes: sai João Benedito, e entra o jovem André Sousa, que defende as cores da AD Fundão. Esta permuta na baliza tem sido a nossa imagem de marca ao longo de todo o Europeu, provando a confiança que Jorge Braz tem nestes dois guardiões e em Cristiano, que, hoje, não jogou mas também já fora utilizado em jogos anteriores.

A condizer com uma entrada mais forte na derradeira metade do jogo, a Itália iria marcar aos 23 minutos de jogo. Grande trabalho coletivo, a culminar num golo fácil à boca da baliza de Romano. Na retina fica mais uma assistência de Gabriel Lima, claramente o motor de jogo da formação “azzurra”. Aos 26 minutos, mais um tiro no poste, agora de Leitão. O jogador nacional hoje esteve claramente azarado, enviando duas bolas ao ferro. Nesta, finalizou uma jogada brilhante de entendimento entre o já habitual Ricardinho e Arnaldo, que fez um passe milimétrico para o jogador, que, curiosamente, atua em Itália. Mereciam claramente o golo, que, infelizmente, não surgiu.

Mas não fomos só nós a ter excessiva pontaria na hora de rematar à baliza. Aos 28 minutos, De Luca acertou na parte indesejada da baliza, após uma jogada semelhante ao primeiro golo transalpino.

André Sousa mostrava-se bastante seguro, a dar sequência ao trabalho competente de João Benedito na primeira parte, travando com segurança as investidas italianas. No entanto, a nove minutos do fim, foi impotente para travar um endiabrado Gabriel Lima, que aproveitou uma bola solta na grande área portuguesa para bater o nosso guardião, que ainda tocou na bola antes de ela entrar.

Gabriel Lima, claramente o homem do jogo  Fonte: Uefa.com
Gabriel Lima, claramente o homem do jogo
Fonte: Uefa.com

O resultado era muito penalizador para Portugal, que não se mostrava minimamente inferior ao seu rival, mas não estava a ser acutilante na hora de finalizar. Para piorar ainda mais as coisas, a cerca de cinco minutos do fim, uma perda de bola comprometedora, a meio-campo, foi aproveitada com mestria Fortino, que, a meio do meio-campo, disferiu um tiro fortíssimo, que só parou no fundo das redes de André Sousa. O guarda-redes não conseguiu travar a bola e impedir na altura o 4-2 para a Itália.

Jorge Braz pediu de imediato o desconto de tempo, com o intuito de lançar Ricardinho como o guarda-redes avançado, na tática de 5×4 . A eficácia foi imediata, pois Joel Queiroz reduziu o marcador, quando restavam pouco mais de quatro minutos para o término do jogo. Um remate forte de longa distância, com um desvio no corpo de (mais uma vez) Gabriel Lima, a trair o guarda-redes italiano.

Até ao fim do jogo, sempre a jogar com mais um homem no ataque, Portugal não foi capaz de inverter o rumo dos acontecimentos, embora tenha criado uma ocasião soberana de golo. A escassos 17 segundos do fim, Leitão enviou outra bola ao poste, após um passe soberbo de Ricardinho. Posto isso, nada a fazer, o destino português ficou traçado.

Bom, o título, mais uma vez, não passou de uma miragem para as cores portuguesas, mas ainda temos mais 40 minutos de futsal pela frente. No jogo de atribuição do terceiro lugar, iremos defrontar a toda-poderosa Espanha, que caiu aos pés da Rússia, na outra meia-final. Resta aos nossos rapazes levantar a cabeça e pensar que ainda há um jogo importante pela frente, para tentar garantir um sempre prestigiante lugar no pódio. Sei que não é aquilo que todos nós desejávamos, mas só podemos pedir aos nossos campeões que tenham o máximo de brio e que possam ainda dar uma derradeira alegria a todos os portugueses que apoiam os nossos talentos. Dia 8, o espetáculo está garantido, um apaixonante duelo ibérico a não perder!

Os “Reys” da Taça

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cab la liga espanha

Quarta-feira, em Espanha, jogaram-se as partidas relativas às meias-finais da Copa del Rey, que, tal como em Portugal, são realizadas em duas mãos.

Quis o sorteio (ou quiseram as maiores entidades do futebol espanhol) que o Real Madrid e o Barcelona se encontrassem única e exclusivamente na final. No entanto, para que esse cenário seja uma realidade é necessário ultrapassar os adversários das meias-finais. O Real Madrid recebeu no Santiago Barnabéu o poderoso Atlético de Madrid, enquanto que o Barcelona defrontou, no Camp Nou, a surpreendente Real Sociedad.

Ora, depois dos resultados da primeira mão, já todo universo futebolístico se prepara para mais uma épica final entre os dois maiores clubes espanhóis. Real Madrid e Barcelona deram um passo de gigante rumo a essa tão aguardada partida.

 

Real Madrid 3 – 0 Atlético Madrid

Casillas; Arbeloa; Pepe; Ramos; Coentrão; Modric; Alonso; Di Maria; Jése; Benzema; Ronaldo.

Courtois; Juanfran; Miranda; Godín; Insúa; Gabi; Koke; Garcia; Diego; Turan; Diego Costa.

 

O canterano Jesé Rodriguez foi uma das figuras do Real Madrid Fonte: pictures.zimbio.com
O canterano Jesé Rodriguez foi uma das figuras do Real Madrid
Fonte: pictures.zimbio.com

Os merengues entraram em campo com sede de vingança – perderam a final do ano passado, precisamente para o Altético de Madrid – e uma intensidade de jogo surpreendente. Foi tão surpreendente que nem os jogadores do Atlético de Madrid estavam à espera. Na verdade, o Real Madrid ganhou o jogo desde o primeiro minuto face à tremenda pressão que fizeram sobre o conjunto colchonero. Os pupilos de Diego Simeone nunca mostraram capacidade para superar o sufoco causado pelo rival e apenas a espaços conseguiram criar algum perigo. O Atlético de Madrid foi batalhador, é certo, mas não foi, de todo, suficiente para bater o Real Madrid. Ancelotti apresentou uma equipa que aparenta crescer de jogo para jogo, tanto a nível exibicional como a nível tático.

Com Di Maria (MVP do jogo) e o canterano Jesé Rodriguez a causarem desequilíbrios nos duelos individuais, foi com naturalidade que ao minuto 17 o internacional português Pepe, através de um remate desviado por Insúa, abriu o marcador para os homens da casa. Já na segunda parte, aos 57 minutos, Di Maria pôs à vista todas as fragilidades defensivas do Atlético Madrid e, através de um passe magistral, desmarcou Jesé Rodriguez, que ampliou o marcador para 2-0. Os merengues não mostravam grande vontade de tirar o pé do acelerador, criando várias ocasiões de golo. O Atlético, por seu turno, revelava uma apatia nada habitual esta época e viu aos 73 minutos, com algum azar à mistura, Di Maria dilatar novamente o marcador num remate à entrada da grande área que, ao ser desviado por Miranda, acabaria por trair Courtois.

No final da partida, Diego Simeone lamentou a derrota e afirmou que o Atlético Madrid “nunca encontrou o caminho”. A verdade é que apesar de viverem a poucos metros do Santiago Barnabéu, foram poucos os jogadores colchoneros que realmente “viajaram” até ao estádio do rival.

O Real Madrid parte para a segunda mão, no Vicente Calderón, praticamente com o bilhete para a final.

 

Barcelona 2 – 0 Real Sociedad

Pinto; D. Alves; Piqué; Mascherano; J. Alba; Xavi; Busquets; Fabregas; Alexis; Messi; Pedro.

Zubikarai; Zaldúa; M. González; Ansotegi; I. Martínez; J.Ángel; Zurutuza; Gaztañaga; Elustondo; Vela; Griezmann.

Busquets abriu o marcado no Camp Nou Fonte: imguol.com
Busquets abriu o marcado no Camp Nou
Fonte: imguol.com

Tal como o Real Madrid, o Barcelona fez questão de mostrar que está com vontade de jogar a final da Copa del Rey. Os blagurana atravessam uma crise de resultados e sobretudo, têm efetuado exibições muito abaixo do nível habitual.

Porém, o futebol dominante do Barcelona voltou a ser visto em Camp Nou. Com base no lendário 4-3-3 à la Barcelona, Tata Martino lançou Messi, Alexis e Pedro no tridente ofensivo e os resultados foram muito positivos. A mobilidade e rapidez dos três homens da frente não deram qualquer chance ao quinteto defensivo apresentado por Arrasate. O treinador da Real Sociedad – que está a fazer um campeonato excecional – organizou a equipa basca num 5-3-2, com três setores indissociáveis. Quando partiam para o ataque, o 5-3-2 da Real Sociedad transformava-se num 4-4-2, tentando ao máximo aproveitar as fragilidades defensivas do Barcelona.

Nos minutos iniciais o plano demonstrou ser perspicaz já que, por diversas ocasiões, os avançados da equipa basca podiam ter aberto o marcador. A ineficácia paga-se caro e esta vez não foi exceção. Perante um enorme caudal ofensivo, foi já perto do intervalo (44 minutos) que Sergio Busquets marcou, na sequência de um canto, o primeiro golo da partida. No mesmo lance, Iñigo Martinez viu o segundo amarelo por protestos e foi expulso da partida. A segunda parte começou praticamente com novo golo do Barcelona, com um lance, no mínimo, caricato: ao minuto 50, Elustondo, numa tentativa de evitar que a bola saísse pela linha de fundo, rematou contra Zubikarai, que inadvertidamente acabou por fazer auto-golo.

O resto do encontro foi um misto de defesas miraculosas de Zubikarai – melhor em campo – e oportunidades desperdiçadas pelos homens do Barcelona. Os jogadores da Real Sociedad, no decorrer do segundo tempo, procuraram não sofrer golos e salvaguardar uma réstia de esperança para a segunda mão.

O Barcelona leva assim uma importantíssima vantagem de dois golos para San Sebastian. É já no próximo dia 12 que a Real Sociedad vai tentar virar o resultado negativo, tarefa que se adivinha muito difícil – ou até impossível.

 

É fácil prever que a edição da Copa del Rey deste ano terá como finalistas os dois “reis espanhóis”. Na verdade, não tenho qualquer dúvida de que o Real Madrid e Barcelona terão, respetivamente, a oportunidade conquistar a 19ª ou 27ª Copa del Rey. Neste momento, só um milagre pode mudar o destino da final mais desejada.

 

P.s. Nota final para os 38.505 adeptos presentes no Camp Nou. Num estádio com capacidade para 105.000 pessoas, ter 38.505 numa meia-final da Copa del Rey é, de facto, péssimo. A crise e o horário do jogo pode servir de desculpa, mas os adeptos parecem estar de costas voltadas com as exibições mais recentes da equipa e inclusive com os polémicos atos de gestão por parte da direção blaugrana.

Negócios e trafulhices

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O final de Janeiro é sempre tempo de grandes movimentações no mercado. Um vai e vem de jogadores e de rumores. Uns tentam despachar os menos utilizados, outros fazem ajustes ao plantel, outros procuram aquele jogador que está em alta, antes de outros o irem buscar (suspiro por Matic).
Para o Benfica, este foi um mercado de Inverno calmo. Tirando a transferência de Matic (eu sei que é algo que não é nada de bom), e limpando a casa com activos que não valorizavam no Benfica, Jorge Jesus e companhia movimentaram-se pouco. Apenas foram vendidos jogadores a fundos ou pessoas que ninguém sabe muito bem quem são, mas, ainda assim, não saíram do clube.
Confuso? Também eu. Vamos por partes. André Gomes e Rodrigo foram vendidos a um fundo. Os seus passes fazem, agora, parte de um fundo que é dirigido por um investidor milionário de Singapura. Rodrigo valeu 30 milhões de Euros e André Gomes 15. Parecem ser grandes negócios para o Benfica, principalmente o de André Gomes, que pouco ou nada tinha sido utilizado.

André Gomes e Rodrigo
Quem realmente beneficiou com as transferências dos 2 jogadores?
Fonte: O Jogo

Mas a grande questão é quanto desse dinheiro entrou, realmente, no Benfica. Este negócio tem as mesmas características do negócio de Roberto. Um esquema de lavagem de dinheiro que envolve demasiada gente, que se está a aproveitar disto. O tal investidor de Singapura é amigo de Jorge Mendes, e, segundo a imprensa inglesa, o empresário e este tipo de fundos têm ligações a vários clubes ingleses, como o Chelsea. O Benfica anda em negócios e maroscas deste tipo porque precisa desesperadamente de vender. Sem a Champions e sem grandes vendas no Verão, o dinheiro tem de vir de algum lado. Assim, Vieira entra nestes negócios estranhos, que não passam de lavagens de dinheiro, apregoando o milagre financeiro e a valorização de jogadores.

Por falar em valorização, será que vamos ver André Gomes mais vezes no onze inicial? E será que essa aposta no jogador é por causa da sua qualidade, ou porque ele tem de jogar, já que custou 15 milhões de Euros a não sei quem? Estamos a caminho de algo parecido com a selecção, onde joga quem tem o empresário certo (e sim, é só um mesmo e vocês sabem quem é) e não quem merece? Este tipo de negócios não favorecem o clube, mas sim dirigentes e empresários. Para onde irão André Gomes e Rodrigo? Para um clube que seja adequado aos jogadores, ou para um dos clubes de Jorge Mendes? Terá assim o jovem jogador português entrada directa no Mundial?

Muitas questões para poucas respostas. O que se conclui é que Vieira envolve o Benfica em mais um esquema manhoso, onde não se sabe por onde o dinheiro andou, nem quem realmente lucrou com isto. Mas o Benfica não foi de certeza.

Seguiremos adelante?

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dosaliadosaodragao

Seguiremos adelante
Como junto a tí seguimos
Y como saludo te decimos
Hasta Siempre Comandante

A letra original da música em questão serviu de homenagem a Che Guevara, líder político que comandou a Revolução cubana. Porém, adaptando – como alguém já o fez –, a letra cai que nem uma luva quando se trata de agradecer a Lucho González. Sim, El Comandante partiu do FC Porto rumo ao Qatar e aos petrodólares que por aí abundam. No frenesim dos dias e das competições em que o FC Porto está envolvido, não houve sequer tempo para uma verdadeira despedida e para um cair na realidade.

Luís Gonzalez foi, primeiro, 8; depois, 3. Mas foi muito mais do que isso: na primeira passagem pela cidade invicta, dentro das quatro linhas, foi o garante de classe e racionalidade, de beleza e improviso, de passes açucarados (olá, Lisandro) e golos de categoria. Passeou talento, coleccionou fãs e, pulso a pulso, ganhou estatuto de ícone e chegou a capitão de equipa. Na segunda, mais velho e com menos disponibilidade física, resgatando o estatuto e legado que havia deixado no Dragão, foi (talvez) mais fundamental no balneário do que em campo. Longe de ser bem gerido fisicamente por Vítor Pereira, foi-o ainda menos por Paulo Fonseca. Nesta última fase, mais vítima do que réu, ainda e sempre encarnando em pleno o espírito do Dragão, foi sempre dos que deram a cara pela equipa, surgindo nos momentos mais complicados e, até ao fim, lutou. Mesmo quando um treinador o pôs em campo mas fora de jogo. Lucho, por tudo, merecia ter saído com outra pompa e circunstância – afinal, qual foi o estrangeiro que, em seis épocas completas de azul e branco, sempre se sagrou campeão? Um luxo apenas de Lucho. Resta-me dizer: Gracías, El Comandante. Y no olvides nunca: esta es tu casa!

Gracías! Hasta Siempre Comandante!  Fonte: lancenet.com.br
Gracías! Hasta Siempre Comandante!
Fonte: lancenet.com.br

Da novela-problema em que Paulo Fonseca, desde o início, transformou o meio-campo azul e branco, há um novo capítulo. Fernando, o ‘Polvo’. Aqui são necessários dois pontos de ordem: primeiramente, este caso é fruto de mais uma actuação, se não desastrada, pelo menos questionável, da SAD portista (tal como outras, já aqui abordadas). Chega a ser incrível como a Estrutura azul e branca não se precaviu em relação ao médio luso-brasileiro: por um lado, deixou esta situação arrastar-se até ao presente momento, em que estamos a quatro meses do final do seu contrato e não há sinal de renovação à vista; por outro, se havia indícios de que Fernando não estava interessado em continuar no FC Porto, havia então que tentar garantir o melhor encaixe financeiro possível (e Fernando sempre teve interessados em diversos pontos).

A segunda questão prende-se com o (alegado) comportamento do ‘Polvo’. Se, de facto, o ‘25’ do FC Porto rompeu o acordo verbal que tinha com Pinto da Costa, assinando, desde já, com o Manchester City, é lamentável e desrespeitoso para quem lhe abriu as portas da Europa e lhe deu a oportunidade de jogar ao mais alto nível. Perante este cenário, das duas, uma: ou Fernando renova com o FC Porto (ainda que com a possibilidade de sair já no próximo Verão como supostamente estava acordado) e recupera o seu estatuto de pedra basilar da equipa, ou o FC Porto se mantém irredutível e faz do ‘Polvo’ um exemplo para futuro, afastando-o – ainda que com grave prejuízo desportivo. Para o adepto portista, está bom de ver qual o desenlace preferível; de qualquer modo, a bola parece-me estar mais do lado de Fernando. Só ele saberá se prefere correr o risco de ficar encostado até ao final da temporada, hipotecando qualquer hipótese de estar presente no Mundial do Brasil, tão-só para garantir que tem um contrato milionário a partir do início da próxima época.

É nesta conjuntura que o meio-campo da equipa portista – que em nenhum momento desta época se mostrou tão sólido e funcional quanto era desejável – (sobre)vive. Depois da derrota na Madeira e da vitória sofrida e sem cor diante do Estoril, ficou claro que quem defendia que o problema começava a ser Lucho e a sua falta de intensidade estava errado. É certo que o argentino já não seria mais a solução de todos os problemas, mas estava ainda longe de ser o problema central. Neste capítulo, para alguém que se habituou a ver Maniche, Raúl Meireles, João Moutinho (para além do já citado Lucho) encher o campo e servir de elo de ligação entre a defesa e o ataque, é confrangedor assistir a que as soluções do hoje sejam Defour, Josué e Herrera (e mais à frente Carlos Eduardo e Quintero) – o que ficará ainda mais acentuado se o afastamento de Fernando se concretizar.

Qualquer equipa que queira ser mais do que a soma das suas individualidades necessita de um meio-campo de qualidade, a verdadeira ‘sala das máquinas’ de um colectivo forte e que se imponha. E, por isso, óbvio se torna que, com a saída de Lucho e o putativo afastamento do ‘Polvo’, as soluções surgem como insuficientes. Mais, se dentro do campo a instabilidade colectiva é notória, o que dizer em termos de balneário com o abandono desta espinha dorsal (deste trio de peso, bem ou mal, só Helton se mantém intocável)? O que dizer de um clube que deixa sair o seu capitão, que não sabe o que vai suceder com o pêndulo da equipa e que não se reforça devidamente? Na realidade, numa altura em que em o FC Porto necessitava de um incremento de qualidade, apenas chegou Quaresma (e resgatou-se Abdoulaye), deixou-se sair Lucho e Otamendi (apesar da má época, é um central de qualidade, como já o demonstrou em anos passados) e não se resolveu Fernando. Em suma, perdeu-se a oportunidade de, através do mercado de inverno, arrumar a casa e recarregar baterias.

O Estoril foi apenas mais uma das equipas a assustar o Dragão  Fonte: Maisfutebol
O Estoril foi apenas mais uma das equipas a assustar o Dragão
Fonte: Maisfutebol

Mas mais do que apontar nomes (e até sectores) em claro sub-rendimento, o que impressiona neste FC Porto – principalmente após os jogos na Madeira e no Dragão diante do Estoril – é a falta de alegria e de confiança da equipa. Tentando omitir os princípios de jogo demasiado ‘pacences’ deste FC Porto (a equipa de Fonseca não impõe respeito ao adversário, seja pela pouca ou nenhuma pressão a que sujeita o opositor no momento da perda de bola, seja pela pouca agressividade atacante com poucos homens a chegar à frente e ameaçar o adversário, seja pela pouca capacidade de posse e gestão da bola, seja até pelo recuo de todos os jogadores aquando das bolas paradas defensivas, algo que nunca vira a uma equipa do FC Porto!), é impressivo que os onze que têm entrado em campo nas últimas semanas se materializem num conjunto(?) tão apático, amorfo e confuso quanto pouco solidário e dinâmico, aparentemente nada motivado e que demonstra ínfima vontade de jogar e honrar o símbolo que representa. Enfim, uma equipa que aparenta fazer tudo em esforço e de forma atabalhoada – numa palavra, um conjunto de homens que não tem sabido ser Porto!

A forma mais imediata de se perceber se um determinado jogador está tranquilo, confiante e seguro do que está a fazer é através do seu rosto. Correndo as faces daqueles que envergam o equipamento do tri-campeão nacional, vemos homens que, não se sentindo, de todo, confortáveis, alegres e confiantes nas suas acções (muitas vezes bloqueados), não conseguem explanar em campo aquilo que sabemos que valem. Por um motivo ou por outro, a mensagem de Paulo Fonseca não tem passado – é esta a conclusão a que chego. E creio que apenas os pequenos milagres que vão ocorrendo (designadamente os recentes nos jogos da Taça, com Marítimo e Estoril), consequência de muito mais coração do que cabeça, em plena anarquia táctica, continuam a segurar (por um fio) uma equipa que – isto, sim, um verdadeiro milagre! – ainda está em todas as competições.

A cada jogo, a cada rescaldo, a cada dia, discutem-se opções e jogadores. Incluindo-me neste lote, cada vez mais me interrogo se o sub-rendimento de valorosos atletas (Danilo, Otamendi, Alex Sandro, Defour, Herrera, Quintero, Jackson, …) é, afinal, causa ou consequência de uma equipa que, vendo despedir-se o seu líder e comandante dentro de campo e cuja mensagem desde o comando técnico não passa, se apresenta sob brasas, pouco coesa e que não rende. Semana após semana.

Vira costas à corrupção!

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Em Portugal crescemos com a ideia de que é impossível mudar o status quo. A corrupção está instalada em todas as áreas da sociedade e lutar contra isso é, dizem-nos, uma perda de tempo. Temos duas opções: ou fazemos as malas e vamos procurar melhor Estado para outro lado, ou baixamos a cabeça e aceitamos o que nos dão. Porém, toda a gente, até mesmo os portugueses – tidos como inertes e apáticos – atingem o seu ponto de saturação.

No Sporting, fez esta semana um ano que se atingiu o ponto de saturação para com a situação interna. Fartos de sucessivas direções sem rumo, os Sportinguistas juntaram-se por um caminho melhor e começaram uma nova Era. Um ano depois, no passado domingo, deram um passo de gigante para, com união, combater a corrupção que vem de fora.

Mesmo como criador da ideia e um dos seus principais dinamizadores, confesso que não estava totalmente crente no seu sucesso. O meu chip eu consigo mudar – ou talvez não precise, pois não acredito na inércia –, o problema é mudar o chip dos outros. E foi a isto que me propus, com responsabilidades que começo a assumir na minha vida e que quero manter até ao seu fim: fazer 35.000 pessoas virar as costas a um jogo de futebol durante 3 minutos.

“Não vamos conseguir. É impossível”. Foi a última coisa que disse, estavam decorridos 50 segundos do Sporting – Académica, com a Curva SUL de Alvalade a ser a única de costas. Mas eu, como tanta gente neste pequeno país faz, subestimei o poder das massas. As pessoas estão fartas deste desporto podre, desta falta de justiça, de se sentirem roubadas até naquilo que devia ser um divertimento. E revoltaram-se. Um por um, 35.000 Sportinguistas viraram costas à corrupção no futebol português. Sem pedidos do speaker, sem mensagens nos ecrãs gigantes, cartazes megalómanos ou anúncios na televisão. Apenas e só união entre as pessoas.

 

Adeptos do Sporting viram costas à corrupção
Adeptos do Sporting viram costas à corrupção

 

Quando olhei, 20 segundos depois, e vi todo o estádio a abdicar do espetáculo pelo qual pagaram bilhete para se manifestarem por uma ideia que ajudei a fazer crescer, emocionei-me. Guardarei para sempre na memória as imagens do momento mais bonito que já vi em Alvalade. Na verdade, nem tenho outra opção que não recorrer à minha memória, visto que a televisão ocultou uma manifestação de dezenas de milhares de pessoas, em direto. Mas lá chegarei. Um sistema podre de cada vez.

Que cada vez mais se juntem a lutar ao nosso lado, é o meu desejo. Chamem-nos chorões, calimeros, o que quiserem. Cá estarei para chorar e para me queixar sempre que tiver razão. Porque em qualquer processo o queixoso será sempre um queixoso até se provar que tem razão. E aí, muda o status quo. Aí, vira-se as costas à corrupção.

Feijoada à brasileira

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Bem-vindos, caros degustadores. Geração da comidinha gourmet onde um prato de “bacalhau au grão” leva apenas uma postinha fininha do peixe com bigodes das gélidas águas da Noruega, com um grão por cima. Geração do fast-food (ou fast- nothing?) que é só chegar, tirar, aquecer e já está. Mas o que aconteceu à preparação? Ao carinho? Ao convívio com os amigos? Eu explico.

Feijão preto. Deixa de molho. Mete as cervejas a gelar e ouve um samba. Pergunta como foi o dia dela. Ou como será… põe tudo em pratos limpos. Porque depois vai haver muita pratada para limpar. Serve uns aperitivos. Vai ver como está o feijão. Corta as carnes. Dá mais uma olhadela. A salada! Não esquecer os verdes. Arroz para um batalhão. Ouve um Caetano Veloso, ou Gilberto Gil ou Noel Rosa, sei lá. Convive. Como se o carpe diem ditasse as leis do condado que é a tua casa.

O Brasileirão de 2014 pode nem sair do papel. A ementa? Descida de divisão da Portuguesa de Desportos. O caldo está entornado (não o caldo do nosso feijão, mas o da legislação). Que grande confusão. Adicione a letargia da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) com uma pitada de apatia do STJD (Supremo Tribunal Judicial do Desporto). Deixe ferver. Agora adicione uma turba de adeptos irritados e cansados. Para finalizar mexa bem com a FIFA. Está tudo dito. O imbróglio continua. E o órgão máximo do futebol mundial poderá intervir.

Fluminense e Portuguesa – lados opostos da moeda Fonte: Portalfluminense.com.br
Fluminense e Portuguesa – lados opostos da moeda
Fonte: Portalfluminense.com.br

Vou fazer uma confissão. Os poucos que ainda têm a paciência de ler as atrocidades que aqui são escritas, devem saber que também possuo cidadania brasileira. Pois bem, certa vez, em Roma, precisei de usar os serviços do consulado da minha segunda nação. Chegado ao local, na famosa Piazza Navona (muito bonita, visitem), dei de caras com dois conterrâneos que diziam:

– Isso virou confusão à italiana?

O outro retorquiu:

– Pelos vistos já virou foi confusão à brasileira.

É bom sentir-me em casa. Estava explicado o espírito da coisa.

Bom, conviveram? Comeram, empanturraram e alambazaram-se de amor e carinho entre os amigos? Então agora vão ver o feijão. Deve estar quase pronto. Quentinho e gostoso. Sirvam bem servido, que a comida é para ser toda dizimada. Dia de feijoada é assim: amor-com-todos, para dar e vender e convívio de Deuses; como se do próprio Baco, Deus do vinho, se tratasse.