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O Bom, o Mau e os Cães

cab futebol feminino

O campeonato nacional feminino de futebol vai sensivelmente a dois terços da fase regular. Esta é aquela infame altura em que, por muito que ninguém queira fazer quaisquer comentários ou previsões, há coisas que começam a evidenciar-se. Como não temo quaisquer represálias por me enganar, avanço aqui com algumas opiniões/conclusões/previsões sobre aquilo que tenho acompanhado do campeonato nacional feminino desta temporada:

A supremacia do A-dos-Francos

Só muito dificilmente é que as atletas das Caldas da Rainha não se sagrarão campeãs femininas na presente época. Com uma estrutura impecavelmente montada, a equipa recém-promovida, treinada por Paulo Sousa, não tem dado hipóteses no seu assalto ao título. Os números falam por si. Onze vitórias em 12 jogos, defesa menos batida do campeonato, com apenas oito golos sofridos, segundo melhor ataque, com 36 golos marcados (o Ouriense tem 37). Assim fica difícil. É que poderia dar-se o caso de o A-dos-Francos apenas demonstrar consistência em termos de resultados, e mostrar sinais de cansaço físico ou incapacidade de gerir a liderança. Mas não. Líderes praticamente desde o início, esta equipa tem provado a tudo e todos que está aqui para vencer, não obstante a sua condição de recém-promovida. À passagem da 12º jornada, um encontro no mínimo especial – A-dos-Francos contra 1º Dezembro. O presente líder contra o antigo gigante, agora moribundo. Aceitam-se apostas? Vitória por 4 a 0 da equipa da casa, depois de uma primeira meia hora algo equilibrada, mas que depressa se tornou numa goleada. Tirar esta equipa do poleiro torna-se cada vez mais uma tarefa hercúlea; desconfio sinceramente de que ninguém a vai conseguir concretizar. E convenhamos que, a confirmar-se esta teoria, pelo que se viu até agora, o A-dos-Francos é um justíssimo campeão.

A-dos-Francos segue imparável – nova goleada, frente ao lanterna vermelha 1º Dezembro Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/
A-dos-Francos segue imparável – nova goleada, frente ao lanterna vermelha 1º Dezembro
Fonte: http://futebolfemininoportugal.com/

1º Dezembro com um pé fora da 1º Divisão

“Mas, espera lá, esta não era aquela equipa que tinha sido campeã por 11 épocas consecutivas?”, pode pensar o leitor mais distraído. Era, pois. Mas o tempo verbal é mesmo esse – era. Uma verdadeira sombra daquilo que em tempos foi. Com 12 jornadas passadas, a equipa de Sintra ainda não conseguiu vencer um único encontro. Apostar que um antigo titã do futebol feminino vai descer de divisão pode parecer arriscado, em especial quando ainda tem 16 jogos pela frente (seis da fase regular, mais 10 da fase de manutenção, assumindo que fica nessa fase). No entanto, volto a repetir – 12 jogos e zero vitórias é mau de mais. Aqui, convém relembrar que esta equipa do 1º Dezembro não é a mesma que a de épocas transactas. Como afirma o Presidente do clube, as dificuldades financeiras e a saída de muitas jogadoras para outras equipas condicionaram – e de que forma – a prestação do antigo gigante feminino nesta temporada. No entanto, e ainda que tudo seja possível, a haver um candidato à despromoção, o 1º de Dezembro é, nesta altura, o top contender.

Após 11 anos enquanto campeão, o 1º de Dezembro arrisca-se a descer de divisão Fonte: www.futebolfemininoportugal.com
Após 11 anos enquanto campeão, o 1º de Dezembro arrisca-se a descer de divisão
Fonte: www.futebolfemininoportugal.com

Clube Albergaria, the King Slayer

A única equipa que até à data conseguiu derrotar o A-dos-Francos recebeu o Atlético Ouriense e… voltou a fazer das suas. Vitória por 3 a 1 frente ao segundo classificado, que não conseguiu desta forma aproveitar a escorregadela do líder. As atletas do Albergaria estão a 11 pontos do A-dos-Francos, é certo, mas, se continuarem a impor derrotas aos primeiros classificados, podem muito bem vir a surpreender na fase de apuramento de campeão. Isto, é claro, se lá chegarem, tarefa que se adivinha bastante difícil…

Fase de apuramento de campeão – sete cães a um osso

Vá, não são sete cães nem é apenas um osso – era só uma força de expressão. No máximo, seriam quatro cães a três ossos. Passo a explicar: apenas quatro equipas vão disputar a fase de apuramento de campeão. E, se o A-dos-Francos parece já ter bilhete reservado, o mesmo não se pode dizer de qualquer outra equipa. Clube Albergaria e Vilaverdense têm neste momento 22 pontos cada, e seguem respectivamente no 4º e 5º lugar da tabela classificativa. Com 24 e 23 pontos, ainda que com um jogo em atraso, estão o Atlético Ouriense e o Futebol Benfica, na 2º e 3º posição. Não é preciso ser um predestinado matemático para chegar à seguinte conclusão – as últimas seis jornadas vão ser uma autêntica disputa por um lugar ao sol. Que é, como quem diz, um lugar que permite jogar a fase de apuramento de campeão. E atenção – ainda que um pouco mais atrás, Boavista e Valadares Gaia ainda podem ter uma palavra a dizer nesta luta pelos lugares cimeiros. Nenhuma destas quatro equipas quer ser o patinho feio que fica fora da corrida, aquele que morre na praia. A competição vai ser renhida, isso é garantido. Se, depois, qualquer uma destas equipas ainda tiver fôlego para tentar destronar o A-dos-Francos, isso é outra conversa.

Vilaverdense soma a quinta vitória consecutiva ao bater o Cesarense por 4 a 1, e afirma-se como uma das equipas a abater na luta pelos lugares cimeiros da tabela Fotografia: Luís Ribeiro
Vilaverdense soma a quinta vitória consecutiva ao bater o Cesarense por 4 a 1, e afirma-se como uma das equipas a abater na luta pelos lugares cimeiros da tabela
Fotografia: Luís Ribeiro

O Futebol não é matemática, sempre ouvi dizer. E, no campeonato nacional feminino, essa máxima não poderia estar mais presente. Vejamos como correm as últimas seis jornadas da fase regular. Porque se há coisas que começam a ser evidentes, outras são quase impossíveis de prever.

Andebol: O regresso do grande Sporting

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cab andebol

Este título podia destinar-se ao futebol leonino, mas não. Hoje vou falar sobre o andebol do Sporting, que tem vivido tempos conturbados, pelo menos no que toca a ser campeão nacional. Os leões, de resto, não são campeões desde 2000/2001, e os cinco títulos seguidos do Porto fizeram com que os dragões ultrapassassem o Sporting no que a títulos toca nesta modalidade, 18-17.

Depois de vários anos em que se via que a equipa tinha qualidade, mas em que faltava experiência e intensidade, o andebol leonino parece ter atingido os níveis de maturidade necessários para lutar pelo título. Depois de ser terceiro classificado nos últimos três anos, a equipa mostra capacidades para lutar de igual com Porto e Benfica, pelo menos numa prova de regularidade, pois em provas a eliminar não tem havido este problema, como mostram as duas últimas Taças de Portugal, ou a Supertaça conquistada no início deste ano.

Plantel 2013/2014 do Sporting.  Tirado do facebook do clube
Plantel 2013/2014 do Sporting.
Tirado do Facebook do clube

Quarta-feira foi dia de derby, em que Benfica e Sporting defrontaram-se pelo 1º lugar, pois caso o Sporting vencesse ia roubar a liderança às águias, e foi precisamente isso que aconteceu. Depois de três derrotas nos últimos três jogos na Luz, os leões venceram por 30-25, mostrando toda a sua qualidade perante um Benfica muito motivado, pois vinha de uma vitória no Dragão Caixa, algo muito difícil de acontecer, seja em que modalidade for.

Ontem realizou-se a 16ª jornada e o Sporting recebeu o Águas Santas, que apesar de ser 5º classificado, estava apenas a 3 pontos do Sporting. Os leões venceram 31-24 a formação da Maia, mantendo assim a liderança com 43 pontos Com menos um ponto seguem o Benfica e ABC que venceram o Avanca e o Fafe respectivamente. O Porto também venceu no Faial e segue a três pontos, mas com menos um jogo.

A evolução dos leões é clara e todos – mesmo os mais desatentos da modalidade – podem ver, se compararem jogos desta equipa com jogos de temporadas passadas. É também de realçar que o orçamento foi diminuído, tal como em todas as modalidades do Sporting.

Mas não é só nas competições internas que o andebol leonino anda a dar cartas. Depois do brilhante feito do Porto no início do ano, o Sporting conseguiu o feito inédito de uma equipa portuguesa se qualificar para a Fase de Grupos da Taça EHF. Vai ser mais um grande desafio para os verde-brancos, mas que vai servir para os jogadores continuarem a evoluir. Por outro lado, devido ao curto plantel, esta fase de grupos vai acarretar à equipa uma grande sobrecarga de jogos, o que pode prejudicar o campeonato, tal como está a acontecer com o Porto.

É portanto de esperar que o andebol leonino continue o seu desenvolvimento e que continue a dar alegrias aos sportinguistas.

Dez anos de presidência em 4m24s

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benficaabenfica

Atingiu-se o ponto mais baixo do Vierismo. Entre os compadrios, os negócios estranhos, os ex-funcionários do FC Porto na estrutura do clube e os Cortezes desta vida em campo, a coisa sempre foi andando. Com a conivência e o desleixo dos 83%, claro. Porque os restantes já vêm alertando para esta pouca vergonha há muito tempo atrás. Adiante. No “Benfica 10 horas” (programa do canal do clube) da passada quinta-feira, ligou para lá um sujeito de seu nome Fernando Santos. Num discurso incrivelmente semelhante ao do Pedro Guerra – qual é a função deste escroque no Benfica, mesmo? – começou a lançar para o ar uma série de baboseiras e elogios ao trabalho do Grande Líder. Já não bastava haver um Pedro Guerra, tínhamos ainda de levar com mais lambe-botistas satisfeitos com este estado de coisas? Não, puro engano. O Fernando Santos e o Pedro Guerra não são mais do que a mesma pessoa.

Admito, porém, que os largos traços estéticos do escroque em causa possam levantar dúvidas sobre esse facto. Mas é mesmo isso. Não satisfeito com o excessivo tempo de antena que tem na Benfica TV, onde tão bem exibe a sua subserviência e vazio intelectual, utilizou os nomes do meio – o que o torna ainda mais patético – para se fazer passar por outra pessoa e continuar o seu puxa-saco Vierista. Importa ainda destacar que o senhor Fernando Santos foi o último ouvinte do referido programa. São tudo puras coincidências, com certeza. Qual a credibilidade da Benfica TV depois disto? Quantas e quantas vezes não terão já sido feitas coisas semelhantes? Como as palavras nunca chegarão para classificar este escabroso episódio, aqui fica, antes que a censura tome conta dele:

Poderia dizer que esta situação me mete nojo, mas não seria suficiente. Nem os dicionários se prepararam para a possibilidade da existência e do mediatismo dos Pedros Guerras. Que Benfica é este? É por estes caminhos obscuros, por estes tachos e com estas atitudes desta gentalha que desgoverna o clube que queremos ir? Se nada for feito, se sócios e adeptos continuarem a compactuar com esta lama que gravita em torno do Benfica, onde é que vamos parar? É puro contra-senso falar do Querido Líder e dos Pedros Guerras que invadem o Benfica diariamente num espaço chamado “Benfica à Benfica”.

Mas 83% escolheram este caminho, resta lutar contra isso. A carneirada Vierista guardará este episódio bem longe dessa valiosa coisa que é a memória, com certeza. De resto, isso vem sendo um episódio recorrente da memória selectiva de quem elege e admira gente desta estirpe. Salve-se o betão, “as contas em dia, que nem parecem de um clube português” e as casas do Benfica “de-di-ca-díssimas”. Tendo isso, temos tudo e estaremos cada vez mais perto  de deixar o Benfica apenas para quem o viu antes de 1994. Porque isto é tudo menos Benfica.

Jackpot ou Nada

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verdebrancorisca
É sem dúvida espantoso ver uma equipa em primeiro lugar, com o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato, com tantos jogadores oriundos da formação dentro das quatro linhas, com a sua “espinha dorsal” formada por filhos da casa.

São nove os jogadores formados no Sporting que fazem parte, neste momento, da equipa principal leonina: Rui Patrício, Eric Dier, Cédric Soares, Rúben Semedo, André Martins, William Carvalho, Adrien Silva, Wilson Eduardo e Carlos Mané – seis deles completamente fundamentais na manobra da equipa de Leonardo Jardim (Patrício, Cédric, André Martins, William, Adrien e Wilson). São nove no plantel, mas podiam ser mais, não fosse a opção do técnico leonino de manter um plantel curto, com o apoio da equipa B, por sua vez composta por quase 100% de jogadores formados no clube (ao contrário do que acontece com outros emblemas). Isto é realmente um motivo de extremo orgulho para todos os sportinguistas, e deveria ser, igualmente, para todos os portugueses amantes do “desporto rei”.

Eric, Wilson, André Martins, Rui Patrício, Cédric, Adrien e William / Fonte: Blog “O Adjunto d’ Alvalade”)
Eric, Wilson, André Martins, Rui Patrício, Cédric, Adrien e William / Fonte: Blog “O Adjunto d’ Alvalade”)

Tem-se assistido, por conseguinte, a uma clara aposta na formação ao longo das últimas décadas leoninas. Porém, é raro ver os bons jogadores manterem-se muito tempo de leão ao peito. Na minha opinião, isto é algo que tem de mudar urgentemente. Assista-se ao caso, por exemplo, do Barcelona, do Borussia Dortmund, ou do Arsenal: clubes que detêm bastantes jogadores da formação no seu plantel, e que se passeiam pela Europa do futebol com o rótulo de “grandes do futebol mundial”. Possuem plantéis fortíssimos que juntam gerações de jogadores formados no clube, exactamente porque evitam vendê-los (apenas saem pelas cláusulas de rescisão), para assim criar máquinas de jogar à bola. Imaginem se tivéssemos feito isto nos últimos anos… que plantel teríamos? Rui Patrício, Cédric, Eric Dier, Ilori, Miguel Veloso, William Carvalho, João Moutinho, Adrien, André Martins, João Mário, Nani, Bruma, Wilson Eduardo, Quaresma, Varela e Cristiano Ronaldo juntos? Estaríamos claramente a lutar pelo troféu da Liga dos Campeões, e já teríamos sido campeões por diversas vezes nos últimos anos. Infelizmente nada disto tem acontecido.
Por um lado compreendo as razões pelas quais os jogadores não se têm mantido em Alvalade: precisamos obviamente do dinheiro. Porém, dar jogadores (Varela) e vender jogadores ao preço da chuva (Quaresma, Moutinho, Ronaldo, Bruma) não me parece ser uma boa solução. A melhor solução é colocar cláusulas com alguma margem entre o valor real e o valor potencial do atleta e aguentá-los até alguém bater o valor da rescisão. O caminho tem de ser esse, se queremos ter, daqui a uns anos, uma “super-equipa” capaz de se bater por troféus nacionais e europeus, tal como José Alvalade um dia sonhou.

Cristiano Ronaldo e Quaresma nos tempos do Sporting / Fonte: Site A Football Report
Cristiano Ronaldo e Quaresma nos tempos do Sporting / Fonte: Site A Football Report

Bruno de Carvalho já tomou atitudes no que a este processo diz respeito, ao colocar cláusulas bastante chorudas (30/ 45/ 60 milhões de euros) em todas as pérolas da formação leonina. Metade do caminho está completado; falta agora aguentá-los, não vender um jogador como Ronaldo (com toda a qualidade e potencial que já na altura tinha) por 15 milhões de euros, Quaresma por 6 milhões, ou um Moutinho por 11 milhões, e ver o Porto e Benfica a enfiar barretes como Anderson por 30 milhões, Seitaridis por 10, Coentrão por 30, Melgarejo por 5, Roberto por 8,6, e, ficava aqui o dia todo a referir alguns casos. Não podemos vender por “dar cá aquela palha”! Investimos na criação de atletas espectaculares e não temos o retorno? Não pode acontecer mais.

Querem levar os nossos putos? Batam as cláusulas. Até lá vamos receber o retorno da sua formação, em forma de golos, alegrias e títulos.

Rio Ave 1-3 FC Porto: Exibição Q.B.

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O Rio Ave é uma daquelas equipas que me põem sempre nervoso. No ano passado, o Rio Ave foi, a par do Paços de Ferreira, a equipa revelação da Liga Portuguesa. De cada vez que o Porto recebe ou visita o Rio Ave, as contas não são fáceis para o Porto. Para além de perder pontos, faz exibições que não representam a qualidade da equipa do Porto. Para além disso, neste momento o Porto não está na máxima força…

Em Vila do Conde, o Porto entrou bem na partida. Dominou, teve a bola e teve o comando do jogo. No banco, faltava Quintero. O menino prodígio colombiano ficou de fora por opção de Paulo Fonseca. No entanto, a verdadeira surpresa estava no onze inicial: Carlos Eduardo. O médio brasileiro foi o grande impulsionador da equipa do Porto. Com grande qualidade de passe, boas movimentações e uma grande entrega, o médio mostrou serviço com a camisola azul e branca. Sem dúvida um caso de um jogador a mostrar que tem lugar no onze inicial.

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Carlos Eduardo pode ser uma opção para o onze / Fonte: JN

Começa a tornar-se um hábito para o Porto sofrer pelo menos um golo. Embora tenha entrado bem (com o golo de Maicon logo a abrir a partida), acabou por sofrer um golo de Edimar, naquela que foi a melhor jogada do Rio Ave durante o jogo todo. A partir daí, o Porto voltou a impor o seu jogo, confinando o Rio Ave à sua grande área. A resistência vila-condense durou até Jackson Martinez dar um ar da sua graça.

O colombiano continua a facturar e leva já 11 golos no campeonato (menos dois do que Montero, do Sporting). Começa a surgir, no Porto, a tendência para “quando é preciso um golo, Jackson marca”, uma tendência demasiado vincada no jogo da equipa. A cada jogo que passa, nota-se, cada vez mais, o início de uma “Jackson-dependência”. De facto, quando Jackson não marca a equipa emperra sem soluções. Até porque no banco está Ghilas, que ainda tem de provar que é uma alternativa a Jackson. O argelino, no pouco tempo que teve de jogo, não mostrou grandes indícios de ser matador.

Paulo Fonseca continua a não tomar decisões, a meu ver, certas. O treinador portista mexeu tarde e as substituições não foram as mais acertadas. A troca de Lucho por Herrera, devido ao desgaste do argentino, até se entende. Porém, a troca de Kelvin por Licá é algo que me deixa grandes dúvidas. Numa altura em que o jogo está 2-1 para o Porto, com o domínio da posse de bola e o controlo do jogo, é fundamental que o meio-campo não vacile. Kelvin é um bom jogador: rápido, com um bom toque de bola, capaz de mexer num jogo. No jogo com o Rio Ave, o Porto acabou por perder com a entrada do extremo.

No final, uma vitória sólida do Porto. Ainda não está na forma máxima mas as vitórias, após um mau resultado como o de Madrid, são fundamentais para uma evolução positiva. O Porto não está excelente, está médio. O nível médio é suficiente para manter a corrida a três, mas será preciso mais para conquistar o campeonato.

Jogadores que Admiro #7 – Javier Zanetti

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Zanetti é talvez o jogador que mais admiro no futebol, a par de Paul Scholes. E porquê? Porque, com 40 anos (feitos a 10 de Agosto), ainda corre como “miúdos” de 20. É um líder-nato e joga cada partida como se fosse a última da sua carreira.

É um versátil jogador que actua preferencialmente a lateral direito. Mas já o vi jogar a central, médio defensivo, médio centro e até a interior, quando o Inter jogava numa espécie de losango, onde Zanetti e Cambiasso ocupavam as posições mais interiores do meio-campo. É um prazer ver este “menino” jogar. Faz lembrar quando estávamos na escola e tocava para sair: corríamos todos em direcção ao campo, as equipas já estavam feitas do dia anterior e só queríamos divertir-nos… É isso que Javier faz: diverte-se a jogar futebol e diverte o público que o vê!

Penso que falar em palmarés é totalmente dispensável, embora deva dizer que o ponto alto da sua carreira foi a vitória na Champions contra o Bayern de Munique, por 2-0, em que capitaneou a equipa (na altura de Mourinho, só podia…) numa grande vitória. Vê-lo segurar a taça foi algo emocionante, erguê-la com um orgulho do outro mundo, qual criança quando recebe algo que sempre quis. Se existiram momentos no futebol que fizeram vir as lágrimas aos olhos do telespectador, esse foi um deles…

Zanetti pertence a uma “geração de ouro” da selecção argentina. Jogou com Batistuta, Crespo, Ayala, Aimar e Véron, assim como joga actualmente com Messi, Agüero, Tévez, Cambiasso e Dí Maria. São duas gerações totalmente distintas que só têm um elo de ligação: Zanetti. De referir também que é um jogador respeitado por tudo e por todos – ninguém pode apontar o dedo a qualquer atitude do jogador, é um Senhor do futebol.

Embora não seja tecnicamente o jogador mais evoluído da sua equipa, é tacticamente um dos melhores do mundo (a experiência também pesa). Adequa-se perfeitamente a qualquer sistema de jogo: desde o 1-4-(1+2+1)-2 – ou 1-4-4-2 losango – , passando pelo género de 1-4-3-3 de Mourinho e terminando no actual sistema habitual do Inter, 1-3-5-2. Nunca vemos o seu lado descompensado, assim como podemos observar que a maioria dos golos das outras equipas nasce em zonas onde Zanetti não está. Coincidência? Pois…

Se defensivamente é perfeito, a atacar também não fica atrás. Não tem medo de ter a bola nos pés e gosta de assumir o jogo em momentos chave. Convém dizer que não é um Roberto Carlos a nível técnico, nem sequer um Marcelo, mas tem a “técnica q.b.” para as suas funções. É o típico lateral que ganha a linha e cruza a bola direitinha para os colegas. Daqueles pés só sai poesia. E se tiver de bater? Bate. Se tiver de levar um vermelho para parar um contra ataque, em prol da equipa, leva…

Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com
Zanetti na conquista da Liga dos Campeões / Fonte: http://blogs.reuters.com

Com a idade, embora continue a ser uma autêntica “motinha” nos flancos, começou a “proteger-se” e já não se aventura a subir tantas vezes no terreno, isto é, procura ser mais um jogador de equilíbrios e compensações tácticas. Num dos poucos jogos que vi o Inter fazer no pós-Mourinho e antes da lesão de Zanetti, pude observar que quase sempre Álvaro Pereira subia no terreno e Zanetti baixava e juntava aos três centrais (fazendo assim uma linha de 4 defesas quando assumidamente jogam com 3), permitindo à equipa uma maior consistência defensiva e uma segurança muito maiores em caso de contra-ataque.

Não existem palavras que realmente possam descrever a magia de Zanetti, uma magia que não é a de Aimar, Messi, Rui Costa, Figo ou Ronaldo… É mais uma magia do estilo Paul Scholes, Giggs, Beckenbauer, Roy Keane ou Ambrosini. São os chamados de “carregadores de piano”, que permitem depois a alguém que tenha mãos o possa tocar em condições, passe-se a analogia futebol-musica!

Numa palavra descrever Javier? Classe. Acrescento: muita classe!

Um dia poderei, orgulhosamente, dizer aos meus filhos e netos que vi jogar uma panóplia de enormes futebolistas, mas, se me perguntarem quais aqueles que mais me emocionaram ao ver jogar, responderei: Ronaldo “Fenómeno”, Paul Scholes e… Zanetti. É uma estranha paixão esta que nutro pelo futebol dele e não consigo transmitir por palavras aquilo que é olhar para a história deste senhor e ver o que passou. Ainda agora regressou de período de 6 meses de lesão devido a uma rotura do tendão de Aquiles, e quando todos pensavam que seria o momento de retirada, ele renovou e já voltou aos relvados por pelo menos mais uma época! Se isto não é amor ao futebol, o que é? Põe em risco o próprio bem-estar físico (uma rotura aos 40 anos não é igual a uma aos 25) porque não consegue dizer “basta!”, prefere continuar a fazer aquilo que lhe dá real prazer: 22 jogadores, 3 árbitros e 50 mil espectadores: a arte do futebol!

Convém também lembrar que Mourinho disse que Zanetti é um dos seus “eternos jogadores”, tal como Drogba, Lampard ou Ricardo Carvalho.

Espero que ainda o vejamos jogar por muitos anos e que seja o jogador profissional mais velho do planeta!
Em jeito de final, e de forma muito pessoal, obrigado, Javier Zanetti, por teres sido um dos responsáveis por eu me tornar um “football’aholic”!

Villas-Boas e o White Hart Pain

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No espaço de um mês André Villas-Boas viu o seu estado de graça acabar no Tottenham Hotspurs. O treinador português estava já na segunda época ao leme dos Spurs e a verdade é que até aqui tinha feito um trabalho muito bem conseguido. Garantiu o 5º lugar e manteve-se na luta pela Liga dos Campeões até ao final da época, com o Arsenal e o Chelsea.

O ano de estreia tinha passado e a exigência dos adeptos aumentou; estes só poderiam esperar o melhor da equipa. Apesar de a grande estrela, Gareth Bale, ter abandonado Londres, AVB movimentou-se muito bem no mercado, contratando Paulinho, Chadli, Roberto Soldado, Capoue, Chiricheş, Lamela e Eriksen. A equipa ficava com um plantel fortíssimo e cabia a Villas-Boas pôr o Tottenham a jogar um futebol de elevada qualidade.

André Villas-Boas, ex-treinador do Tottenham / Fonte: telegraph.co.uk
André Villas-Boas, ex-treinador do Tottenham / Fonte: telegraph.co.uk

O início da época foi prometedor e no final de Outubro os Spurs só contabilizavam duas derrotas e um empate, ganhando todos os restantes jogos. A primeira derrota foi contra o Arsenal e o primeiro empate contra o Chelsea, ambos concorrentes diretos na luta pelos lugares cimeiros, e em jogos de elevada dificuldade. A outra derrota, frente ao West Ham, em casa, por 0-3, foi um “abrir de olhos” para a massa associativa e demonstrou as fragilidades da equipa.

Iniciava-se o mês de Novembro e Villas-Boas parecia estar numa posição tranquila, mantendo uma distância segura para o Arsenal (em 1º lugar da liga), com a qualificação para a próxima fase da Liga Europa quase assegurada. Contudo, este mês traria o início a um sofrimento a que os media Ingleses chamaram “White Hart Pain”, numa alusão ao estádio do clube (White Hart Lane). Com um empate com o Everton, uma derrota em casa com o Newcastle e uma derrocada em Manchester, frente ao City, por 6-0, os adeptos ficavam apreensivos.

O futebol jogado pelo Tottenham não era apelativo, e valia à equipa a sua capacidade defensiva. Os Spurs começaram a sentir a falta de Bale, que era um autêntico desbloqueador de jogos. Alguns jogadores, como Lamela, não tiveram uma adaptação rápida, e outros, como Eriksen, lesionaram-se. Também na frente, Soldado não tem tido a performance a que habituou os adeptos Ché, em Espanha.

Gareth Bale, antiga estrela dos Spurs / Fonte: footballslive.blogspot.com
Gareth Bale, antiga estrela dos Spurs / Fonte: footballslive.blogspot.com

Em Dezembro as coisas não melhoraram muito; os resultados foram mais favoráveis, mas o futebol continuou a ser sofrido. Denotava-se uma dependência de jogadores individualistas que conseguissem, de um momento para o outro, resolver jogos. As duas vitórias (frente ao Sunderland e Fulham) não foram o suficiente para deixar AVB numa posição segura, e a derrota de ontem, em casa, frente ao Liverpool, por 5-0, foi a estocada final no treinador.

De uma equipa que investiu mais de 100 milhões de euros em transferências espera-se muito mais. Em Inglaterra, os adeptos são extremamente compreensivos com os seus managers, mas exigem futebol atrativo e com muitos golos, algo que Villas-Boas não conseguiu dar a este Tottenham. Trata-se de um treinador muito novo, com dificuldade em manter o plantel unido e capaz de assimilar todas as suas ideias num curto espaço de tempo.

O Daily Mail dava mesmo conta de que o treinador português sobreviveu à reunião de ontem com a Direção, mas a verdade é que Villas-Boas não aguentou e o facto de ter perdido o controlo do plantel (tal como aconteceu no Chelsea) não lhe permitiu recuperar a equipa animicamente. O treinador português não aguentou mais uma derrocada frente a um rival e hoje confirmou-se o seu despedimento. Já se fala mesmo num regresso do treinador ao Dragão.

Justiça para o Boavista

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cab nba

Não, não vou escrever sobre futebol. Neste texto vou expressar a minha opinião sobre aqueles jogadores que estão em clubes que não os merecem actualmente. Não estou a dizer que uma determinada instituição não seja digna, nada disso. Simplesmente, de acordo com o seu momento de forma, certos jogadores mereciam estar num plantel que competisse pelo título.

O propósito deste artigo é expressar a pena que me dá ver determinados jogadores em plantéis que têm jogado um tipo de basquetebol mediano, em comparação com o talento destes atletas.

Começando pela conferência Oeste, há dois jogadores que me deixam muito ansioso sempre que jogam. No entanto, as equipas onde actuam raramente têm um resultado positivo. Ambos os jogadores têm um potencial imenso, são capazes de juntar inúmeros ressaltos, marcar dezenas de pontos, bloquear lançamentos, fazer assistências. Enfim, poucas são as facetas onde ambos não se podem afirmar como fenomenais. Sim, bem sei que um é significativamente superior ao outro.

Com a chegada de Rudy Gay, DeMarcus Cousins pode ver a sua importância ser diminuída. Porém, o líder da equipa em pontos, ressaltos, roubos e blocos tem feito uma época absolutamente fantástica. Infelizmente, o seu talento não é comparável com o do resto do plantel. Os Sacramento Kings são uma das piores equipas da conferência, e entristece-me imenso ver Cousins fazer jogos gigantes mas que passam despercebidos.

Por outro lado, uns Estados mais acima, em Minnesota, joga um dos meus jogadores preferidos. Kevin Love é, provavelmente, o melhor extremo-poste da NBA. Ele é o tipo de jogador que faz com que uma defesa trema de medo sempre que o vê num cinco inicial. Capaz de juntar ressalto atrás de ressalto, Love é dos jogadores mais inteligentes da liga. Usa o seu tamanho para poder entrar no garrafão, mas também usa a sua enormíssima qualidade para se ajudar a si (e aos seus colegas) a angariar pontos. Ex-campeão de triplos nos All-Stars, Love é uma arma mortífera que merecia mais do que os Timberwolves. O recente jogo dos Wolves contra os San Antonio Spurs prova a qualidade dele. Contra uma das melhores equipas da Liga, não só a nível ofensivo e defensivo, mas também pela sua enormíssima coesão táctica, Love aniquilou a defesa por completo. Porém, a equipa do estado do Texas provou a superioridade. Kevin faz também um elevado número de assistências por jogo, logo após os seus ressaltos, fazendo com que a equipa de Minnesota seja das mais implacáveis no contra-ataque.

Neste momento Kevin Love é um dos jogadores mais completos da NBA e é o melhor extremo-poste da liga. http://www.ign.com
Neste momento Kevin Love é um dos jogadores mais completos da NBA e é o melhor extremo-poste da liga.
Fonte: ign.com

Do outro lado do país, encontramos um atleta de que provavelmente não estarão à espera. O outro jogador que não merece a equipa em que está é Rajon Rondo. Há muito que a estrela lesionada é esperada pelos seus colegas da equipa de Boston. Rondo, no entanto, muito dificilmente almeja o seu regresso à competição. Os Celtics estão num ano claramente de renovação e Rondo, mesmo lesionado, não merece estar nos bancos a assistir à miséria que tem sido a temporada feita pelo plantel. Devo afirmar que Rondo é provavelmente dos bases mais puros e mais interessantes de ver jogar. Não possui um grande arsenal de lançamentos, pelo menos que tenha visto, mas é o general ofensivo e defensivo da equipa. Atenção, não estou a dizer que Rondo lança mal, simplesmente não necessita de o fazer. Para base, ele é dos jogadores que tem uma folha de estatísticas mais completas. Apanha ressaltos, rouba bolas e assiste como ninguém. Como tal, mesmo sem jogar, um atleta do calibre de Rajon Rondo não merece, de todo, a equipa por quem ele está a treinar e fazer de tudo para voltar.

O próximo atleta entristece-me pela situação em que está. Não pela equipa, mas pelo seu talento, que está a ser desperdiçado. Joakim Noah é o poste e, actualmente, a maior estrela dos Bulls. Com um estilo de jogo muito pouco ortodoxo, Noah é um dos melhores postes da conferência Este. Os Bulls começaram esta época como uma equipa que podia chegar longe nos playoffs. No entanto, com a lesão de Derrick Rose, a equipa de Chicago está completamente perdida. O talentoso e trabalhador poste tenta de tudo para aumentar a moral da formação de Illinois, mas dá para entender que isso não chega.

Por fim, acho extremamente injusto para um grande nome do basquetebol ter o seu nome associado a uma instituição que só o mancha. Estou a falar da equipa dos Charlotte Bobcats e de Michael Jordan. Mundialmente conhecido, Jordan é o nome mais mediático da história da NBA e dos melhores jogadores que já passaram pelo desporto. Porém, a equipa que insiste em ser das piores ano após ano está a tentar afundar a reputação da ex-estrela dos Bulls e dos Wizards. A aquisição dos Bobcats continua a levantar inúmeras questões.

Enfim, de muitos mais casos podia falar, tais como Carmelo Anthony, Kyrie Irving, John Wall e até do próprio Marc Gasol, mas os nomes acima falados são os mais flagrantes.

Este Benfica continua infectado

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Terceiro Anel

Analisando este Benfica sob o prisma da Medicina, podemos dizer que o clube da Luz ainda permanece infectado, apesar da vitória no Algarve na partida deste domingo. E o vírus que causou esta infecção continua resistente, fazendo com que quase todos os jogos do Benfica sejam pouco consistentes e estejam repletos de falhanços.

Mas voltando um pouco atrás no filme, torna-se necessário afirmar que o Benfica tinha total obrigação de vencer o Olhanense. E isto porque estamos a falar de um Olhanense que tem um plantel bastante fraco, que pratica um futebol quase sem ligação, e que joga em casa emprestada! E por isso mesmo, e porque ainda existe alguma lógica neste sublime desporto, a equipa algarvia tem lutado com todas as suas forças para não cair na zona de descida, situação essa que não tem conseguido, porque, de facto, e com todo o respeito, será complicado para esta formação evitar o triste desfecho de uma descida de divisão. Portanto, tínhamos à partida para este desafio um Olhanense sem nada a perder, defrontando em casa um Benfica que não podia perder pontos, sob pena de ver o Sporting ainda mais confortável na liderança.

E se dúvidas houvesse quanto ao momento menos feliz do Benfica, naquilo que diz respeito aos jogos da Liga Zon Sagres, bastava olhar para as despidas bancadas do Estádio do Algarve. Posto isto, os encarnados lançaram-se ao jogo com Enzo Pérez castigado e com Markovic a juntar-se (mais uma vez) ao rol de lesionados. Ivan Cavaleiro regressou à titularidade, em detrimento de Sulejmani, a quem se proclamava um lugar no onze inicial. E a verdade é que, tal como se esperava, o Benfica assumiu desde cedo o controlo do jogo. Jogava a um ritmo lento, sem grande intensidade, mas isso parecia ser o suficiente para derrotar um débil Olhanense. Até que, pasme-se, houve uma falha defensiva no Benfica! Aos sete minutos de jogo, Silvio adormeceu e perdeu a bola, acabando o lance no fundo da baliza de Artur, após recarga de Femi a uma primeira defesa do guarda-redes brasileiro, dos comandados de Jorge Jesus. Sem saber muito bem como, o Olhanense estava na frente do marcador, pedindo-se então muito mais determinação à equipa do Benfica.

A verdade é que os encarnados reagiram, e quase sempre através de Gaitán, na ala esquerda, iam sendo criados desequilíbrios. E após um desses raides do jogador argentino, Lima acabou por empatar o jogo para o Benfica. O jogo estava empatado; tudo parecia, enfim, encaminhado de vez para que o Benfica desse a volta. Porém, e imagine-se lá, voltaria a haver novo deslize defensivo! Regula rematou de longe, com força e colocação, mas Artur lançou-se à bola tarde demais, voltando assim a comprometer. E assim, o David voltava a desfeitear o Golias, desesperando a massa adepta benfiquista, ainda a passar pelo período traumático pós-Arouca. Mas ainda antes do intervalo, Matic tirou um coelho da cartola, ao voltar a empatar o jogo, depois de um remate fulminante de fora da área.

Benfica venceu, mas não convenceu  Fonte: www.maisfutebol.iol.pt
Benfica venceu, mas não convenceu
Fonte: Maisfutebol

Com o marcador empatado a duas bolas, o alarme soava, e de que maneira! Podia estar ali mais um escândalo à beira de acontecer, o que a suceder poderia ter implicações dramáticas em todo o conjunto encarnado. Para a segunda parte, Raul José lançou Sulejmani, saindo Ivan Cavaleiro. E a verdade é que esta alteração teve de imediato resultados práticos, já que logo no reatamento da partida o internacional sérvio ex-Ajax colocou o Benfica em vantagem, após um excelente trabalho individual. E, de facto, Sulejmani acabou por transmitir uma nova vida ao ataque benfiquista, com rápidas incursões pela ala esquerda. A partir daí, o Benfica foi controlando a partida, mas jogando sempre a um ritmo muito baixo, por vezes quase de treino, nunca deixando totalmente calmos os seus adeptos – e muito provavelmente Jorge Jesus, a cumprir o seu último jogo de castigo. Destaque ainda para a lesão de Artur Moraes, que saiu a contas com uma luxação no ombro direito. Oblak entrou para o seu lugar, mas só viria verdadeiramente a passar por um calafrio já nos minutos finais do desafio.

Depois de 100 minutos de futebol (sim, tivemos 10 minutos de compensação), o Benfica acabou por vencer por 3-2 um aflito Olhanense, mas voltou a mostrar muita insegurança, demonstrando a todos que tem uma defesa de papel, um futebol com pouco ou nenhum dinamismo, e elementos completamente apáticos (Ola John entrou na segunda parte, mas esteve completamente tolhido de movimentos). E assim temos um Benfica na luta pelo título, a dois pontos do Sporting, mas claramente sob o tratamento de antibióticos, que tardam a surtir o efeito desejado para combater tão terrível vírus.

Um imprevisto

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A12
Há coisas que, pelo simples facto de existirem, são agradáveis. Alegram-nos a semana, transformam-nos um dia aparentemente perdido num dia para mais tarde recordar, fazem-nos pensar que do nada se pode fazer muito e que não é preciso muito para parecer que somos donos de tudo. Por mais que nos queiramos convencer de que o motivo de tal saborosa sensação não passa de mera ilusão ou exagero da realidade, o passar do tempo mostra-nos que melhor do que lutar contra a razão da nossa felicidade é aceitá-la e dela usufruir.

E, porque és tanto mais feliz quanto menos o esperares ser, a surpresa confere toda uma nova dimensão ao que realmente se está a passar. Não estavas à espera que tal acontecesse. Estavas ferido da tua última batalha. Anteriormente, sempre que tentavas alcançar o patamar que merecias, aquele que é teu por direito, não atingias nunca o teu objectivo. Eras humilhado, derrotado, brincavam contigo enquanto davas tudo o que tinhas. Em campo, abatiam-te. Fora dele, troçavam de ti.

Quem mais te apoiava foi percebendo que, enquanto continuasses no mesmo rumo, a tua demanda nunca teria fim. Pelo menos o fim desejado, já que te encontravas no trilho para um outro fim: o teu. Estavas prestes a acabar, deixando tudo o que esperavam de ti a meio. E tinhas tão mais para dar, só precisavas que aparecesse quem to fizesse ver, quem te abrisse os olhos e te levasse a crer que nem tudo o que tinha duas pernas e respirava era bom para ti e que nem todos aqueles que falam e te podem ensinar algo servem para te levar onde sempre desejaste estar.

E aí, tudo mudou. Quando menos esperavas, apareceu quem te comandasse ao topo. Conhecendo-te do exterior há muito, soube retirar do teu interior o melhor que lá tinhas. Potencializando as tuas qualidades, expulsando os teus “fantasmas”, que pairavam sobre ti e dentro de ti há demasiados anos, e adquirindo novas peças para te tornar a máquina bem oleada que há muito querias ser, os teus novos líderes colocaram-te num patamar capaz de te fazer a ti e a quem gosta de ti felizes.

E o melhor de tudo é que isto aconteceu de uma forma inesperada. Claro que o objectivo final seria esse, mas não já. Ninguém, nem o teu líder, nem o mais optimista dos teus apoiantes, esperava que atingisses esse nível tão cedo. E isso só torna a realidade mais agradável, mais apetecível. Mantendo a calma e a serenidade, estás a construir algo sustentado em bases bem fortes e consistentes e de aparente fiabilidade. Sem nunca apressar processos nem assumir estatutos, possuis hoje mais do que eternos candidatos a tudo e mais alguma coisa que saltam etapas como quem salta à corda na primária (ganha o que saltar mais e quando algum cair, logo se vê em que estado ficou).

Hoje, quando já atingiste o lugar que pretendes há umas semanas, manténs-te calmo e sereno. Ninguém espera nada de ti, trabalhas para não dever nada a ninguém. Continuas a insistir, e bem, que o lugar que atingiste não passa de uma ilusão, sendo algo meramente provisório. Defendes que o teu objectivo não passa por permanecer nesse patamar, que te contentas com um final uns quantos furos abaixo do actual e que, se isso acontecer, tudo continuará a correr como planeado.

Tens razão. Se daqui a uns meses acabares pior do que te encontras, tudo correu de acordo com aquilo que previste e aquilo a que te propuseste. A felicidade vivida neste momento será, porém, completamente real e todo o percurso terá valido a pena. Porque tu nunca te propuseste a estar onde estás, mas por quanto mais tempo lá puderes ficar, melhor para ti e para quem anda atrás de ti será.

Para quem ainda não percebeu ou não quer perceber, o Sporting Clube de Portugal está, neste momento, em primeiro lugar da Liga Zon Sagres. No entanto, não é candidato ao título nacional esta época, já que não foi esse o objectivo a que o clube se propôs no início do ano. Parem de tentar colocar pressão onde ela não existe, deixem de tentar atribuir responsabilidades a quem não as tem. O que se está a passar este ano é um “simples” imprevisto conquistado com muito trabalho e dedicação. Um óptimo imprevisto. E, esperamos nós, sportinguistas, um imprevisto duradouro.