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Ténis: João Sousa – O melhor português de todos os tempos

cab ténis

Uma vez pode ser sorte, duas já tem de ser algo mais; João Sousa triunfou este domingo em Valência frente ao espanhol Roberto Bautista Agut e conquistou assim o seu 2.º título de carreira no circuito ATP. O português acabou, desta forma, com a malapata que vinha desde Kuala Lumpur: Sousa havia perdido cinco finais de forma consecutiva.

O mano-a-mano era favorável ao português, pelo menos no que a provas ATP diz respeito, e o vimaranense tratou de o confirmar. Sousa pareceu entrar algo nervoso no encontro, talvez devido à tal malapa de que vos falei, cometendo demasiados erros não forçados e ainda uma baixa percentagem de primeiros serviços (48%). A juntar a tudo isto, Bautista Agut ia apresentando um ténis de muito bom nível.

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João Sousa, na imagem, com a vitória em Valência, cimenta o estatuto de melhor português de sempre.
Fonte: Facebook Oficial do Valência Open

No segundo set, o espanhol voltou a entrar melhor e rapidamente se colocou a líder por 2-0. No entanto, eis que a garra e determinação de João Sousa vieram ao de cima. O português assinou 6 jogos de forma consecutiva arrecadando não só o segundo set, por 6-3, mas colocando-se ainda a vencer por 2-0 na terceira e decisiva partida. A partir daí tratava-se apenas de uma questão de tempo. O espanhol, que recebeu assistência médica no inicio da terceira partida, nunca pareceu capaz de perturbar o português.

A vitória de João Sousa é a prova de que o trabalho, a garra e a determinação, mais tarde ou mais cedo, acabam sempre por compensar. Como praticante da modalidade que fui, posso dizer-vos que ninguém tem a real noção do que é preciso trabalhar para chegar onde o vimaranense chegou.

Resta-me dizer que João Sousa vai alcançar a sua melhor posição de sempre no ranking ATP (33.º ou 32.º), mas esta vitória vale muito mais do que qualquer ranking possa representar.

Um grande obrigado ao João Sousa por tudo aquilo que tem feito pelo ténis português. É, sem margem para dúvidas o melhor português de todos os tempos.

Vamos com tudo, Benfica!

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cabeçalho benfica

Depois de duas derrotas seguidas, o Benfica regressou às vitórias. Sem praticarem uma grande exibição os pupilos de Rui Vitória ganharam ao Tondela de Rui Bento por 4 a 0.

O primeiro golo surge logo ao quarto minuto através de uma grande cabeçada de Jonas, a passe de Gaitán. Com o segundo golo a surgir oito minutos depois o jogo ficou controlado pelo Benfica. A ganhar por 2-0 o emblema vermelho e branco limitou-se a gerir o resultado e o terceiro golo surgiu ainda antes do final da primeira parte por intermédio de Gonçalo Guedes.

A pensar na partida que o Benfica terá de jogar contra o Galatasaray na próxima terça, Rui Vitória não apostou em Eliseu, que ficou na Bancada, e André Almeida no onze titular e aproveitou para gerir o cansaço da equipa retirando, antes do final da partida, os dois jogadores mais influentes dos encarnados – Jonas e Gaitán.

Gaitán é uma das figuras do Benfica Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Gaitán é uma das figuras do Benfica
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

Ao contrário das épocas passadas, este ano podemos ver um Benfica comprometido com as competições europeias. Agora sim podemos observar um treinador que acredita na dimensão europeia do Benfica, ao contrário do passado, em que JJ apostava em “equipas secundárias” para jogar as eliminatórias da Liga Europa. Quem não se lembra? Onzes com jogadores como André Gomes, que não eram aposta no campeonato, eram a aposta de JJ para as competições europeias, neste caso a Liga Europa, pois, como todos os benfiquistas sabem, a prioridade de Jesus era o campeonato.

Apesar de a prioridade ser sempre ganhar o campeonato e os outros títulos internos é imperioso realizar boas campanhas europeias. O Benfica precisa de valorizar jogadores e de encaixar os milhões que resultam de resultados positivos na liga milionária. Mesmo com um plantel mais fraco do que os plantéis que foram oferecidos a JJ (menos na última época), Rui Vitória conseguiu até este momento duas vitórias na Champions, sendo que uma delas foi diante do Atlético de Madrid, uma das equipas mais temidas da Europa.

Apesar da derrota contra o Galatasaray na última jornada da liga milionária o Benfica deixou boas indicações e mostrou um enorme espírito de sacrifício, coisa que não aconteceu perante o Sporting, no jogo da oitava jornada do campeonato Português. Assim sendo terça-feira espera-se mais um jogo complicado e decisivo para a turma de Rui Vitória, pois, se a equipa encarnada ganhar, fica praticamente apurada para a próxima fase da Liga dos Campeões, mas se perder ou empatar a sua missão fica um pouco mais complicada

Como se sabe as equipas da Turquia costumam ser difíceis de ultrapassar na sua casa, pois possuem um 12.º jogador muito forte, que cria um ambiente infernal para as equipas visitantes, mas terça o jogo será em Lisboa e agora é a vez dos benfiquistas mostrarem o que é o inferno da luz à turma do Galatasaray, agora é a vez de fazermos o conjunto visitante sofrer, tanto dentro como fora de campo.

Para isso acontecer precisamos de um apoio incessante vindo não só das claques mas também de todos os outros adeptos presentes no estádio com a finalidade de embalar a equipa para uma vitória, coisa de que o Benfica precisa mais do que nunca para sacudir esta fase menos boa, a que os “comentadores” dos programas televisivos e não só já apelidaram de crise interna. O Benfica passou por muitas “crises internas” nos últimos 6 anos. Quem não se lembra da época em que perdemos tudo? No ano seguinte demos um voto de confiança a JJ e voltámos mais fortes acabando por conquistar tudo a nível nacional apenas perdendo a final da Liga Europa para o Sevilha, nas circunstâncias que todos conhecemos. Se acreditámos em Jesus depois de termos perdido TUDO no espaço de duas semanas, temos a obrigação de acreditar também no professor Rui vitória, que, como já disse em textos anteriores, é um senhor de grande carácter.

Os 'Diabos Vermelhos' Fonte: Facebook 'Sou Benfica'
Os ‘Diabos Vermelhos’
Fonte: Facebook ‘Sou Benfica’

E acima de tudo, alegrem-se, benfiquistas, porque mesmo estando nós atrás dos nossos rivais o Hino da Champions League só toca num dos estádios da capital Portuguesa!

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

O Depor de Iglesias, Irureta e Victor Sánchez

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cab la liga espanha

A 14 de Maio de 1994, o antigo internacional sérvio Miroslav Djukic protagonizou um dos episódios mais marcantes da história do Deportivo La Coruña ao falhar uma grande penalidade frente ao Valencia CF, num Riazor a rebentar pelas costuras, que custou ao emblema galego aquela que teria sido a primeira vitória da sua história na liga espanhola.

No minuto 90 do último jogo da temporada 1993-94, o Super Depor de Arsenio Iglesias, que apenas dependia de si próprio para se sagrar campeão, viu González, o guarda-redes do Valencia CF, agarrar com segurança o penálti batido por Djukic, ao mesmo tempo que via esfumar-se de forma quase inacreditável, perante uma equipa Che para quem o jogo nada significava, um título mais do que merecido, que foi parar às mãos do FC Barcelona de Johan Cruyff. Djukic olhou para González, respirou fundo e, conforme afirmou ao programa Punto Pelota quase 20 anos mais tarde, decidiu bater forte na esperança que essa fosse a melhor solução para bater o guarda-redes do conjunto valenciano, mas tal não aconteceu. O talentoso defesa sérvio olha para esse momento como o “momento más triste de mi vida”, mas, ao contrário daquilo que acontece um pouco por esse mundo fora, Djukic nunca deixou de merecer o respeito de todos aqueles ligados ao Depor, incluindo os exigentes adeptos, que continuam a ver em Miroslav um exemplo de profissionalismo e dedicação.

Longe vão os tempos em que nas bancadas do Riazor ecoava o cântico “Y digo Deportivo, vamos a ganar este partido” e em que o futebol do Super Depor de Arsenio Iglesias maravilhava os amantes da modalidade um pouco por toda a Europa. Esse Depor no qual alinhava Miroslav Djukic contava com excelentes jogadores como Bebeto, Donato e até mesmo o lendário Fran e, apesar de não se ter sagrado campeão nessa época de má memória, conseguiu vencer a Copa del Rey um ano depois e a SuperCopa de España na época seguinte, já sob a orientação de John Toshack.

O momento mais triste da carreira de Miroslav Djukic Fonte: Sport.es
O momento mais triste da carreira de Miroslav Djukic
Fonte: Sport.es

A década de 1990 e os primeiros quatro anos da década seguinte foram os anos de ouro do Deportivo La Coruña. Na temporada 1999-00 pela mão do lendário Javier Irureta, o Super Depor chegou finalmente ao título, terminando a época com 69 pontos, mais cinco que o FC Barcelona e o Valencia CF, que se ficaram pela segunda e terceira posições respectivamente. Foi um momento inesquecível para o emblema histórico do futebol espanhol, vivido de muito perto pelo actual treinador do clube, Victor Sánchez del Amo. Victor, como era conhecido nos seus tempos de futebolista, era um médio de raro talento, que actuava preferencialmente como médio ala ou interior direito, formado nas escolas do Real Madrid.

A falta de “espaço” para se impor como titular indiscutível no clube Merengue levou Victor a outras paragens, primeiro à Cantabria ao serviço do Racing Santander e, dois anos mais tarde, em 1999, ao Depor de Javier Irureta. Victor  disputou mais de duas centenas de jogos pelo emblema galego e foi um elemento de elevada importância na majestosa equipa que venceu a liga espanhola, falhando apenas uma partida durante toda a temporada. Ao seu palmarés no Depor, Victor juntou ainda uma Copa del Rey e duas SuperCopas de España, para além de todos os outros títulos nacionais e internacionais que já tinha conquistado ao serviço do Real Madrid e da selecção espanhola de sub-21.

Apesar de ser natural de Madrid, Victor é visto por todos como um homem da casa e os adeptos do Depor vêm nele o mais capaz para retirar o histórico emblema galego do marasmo desportivo e daquasi-anarquia generalizada em que o clube mergulhou na última década, coincidentemente ou não, após a saída de Javier Irureta.

Javier Irureta, o herdeiro do estilo e humildade de Arsenio Iglesias, que mudou para sempre a história do Depor Fonte: Cuatro.com
Javier Irureta, o herdeiro do estilo e humildade de Arsenio Iglesias, que mudou para sempre a história do Depor
Fonte: Cuatro.com

Victor chegou à Corunha na temporada passada, para substituir outro Victor, de sobrenome Fernández, que curiosamente era visto como um herói não no Depor, mas no vizinho e eterno rival – Celta de Vigo. Victor Sánchez foi apresentado como técnico principal do Depor a 8 de Abril deste ano, quando muitos já achavam pouco provável que a equipa galega escapasse à despromoção. Num ápice, o antigo treinador adjunto do Olympiacos Piraeus moldou a equipa à sua imagem e quase sem que ninguém desse por ela reavivou o espírito guerreiro do clube, ao mesmo tempo que fazia regressar ao Riazor os desacreditados adeptos, que tinham perdido a fé no seu Depor.

A nova época começou com um renovado Deportivo, ainda longe daquele dos tempos de Irureta e Iglesias, mas com a marca própria e bem vincada do seu treinador. Com um futebol de ataque bem mais atrativo do que aquele que vimos do Depor nos últimos 7 ou 8 anos, baseado essencialmente num 4-4-1-1, que passa por vezes a 4-2-3-1 contra equipas de poderio mais elevado, esta nova equipa de Victor Sánchez tem dado muito boa conta de si nos 10 jogos que disputou na liga espanhola até agora. A visão de jogo de Pedro Mosquera, aliada ao posicionamento quase imaculado de Celso Borges no centro do terreno, dita a intensidade e a velocidade de jogo da equipa, que conta lá na frente com um endiabrado Lucas Pérez, um talentoso jogador galego que, de certa forma, Victor redescobriu para o futebol.

Lucas Pérez, a grande revelação do Depor esta temporada Fonte: Riazor.org
Lucas Pérez, a grande revelação do Depor esta temporada
Fonte: Riazor.org

Após passagens não muito bem sucedidas pelo futebol ucraniano e grego, Lucas regressou a época passada, por empréstimo, ao clube da sua cidade natal, mas tem sido nesta temporada que tem demonstrado todo o seu potencial. Na ronda passada, diante do Atlético Madrid, Lucas aproveitou um deslize do central uruguaio José Giménez para marcar um golo de belo efeito e dar o empate, diga-se mais do que merecido, ao Depor, que por sua parte somou, assim, o décimo quarto ponto em dez jogos da liga já realizados esta temporada.

Victor tem ainda muito trabalho pela frente, particularmente no sector defensivo do Depor, que continua a deixar muito a desejar, apesar de todas as melhorias introduzidas por pelo técnico madrileno.

Victor, conforme o descrevem alguns adeptos num website de apoio ao clube, é um homem sensato, que, embora não alheio à euforia vivida pela massa associativa nestes últimos meses, tem os pés bens assentes no chão e acredita que apenas com a máxima “Trabajo, Trabajo y más Trabajo” é possível fazer com que o Depor deixe de viver com saudade as glórias do passado e possa, em vez disso, começar a vivenciá-las no presente.

Sporting 1-0 Estoril: Longe da perfeição, mas com estofo de campeão

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Longe da perfeição, bem longe alias, mas com estofo de campeão; é assim que caracterizo a exibição de hoje do Sporting frente ao Estoril. A vitória, pela margem mínima, significa que o Sporting está agora com 5 pontos de vantagem relativamente ao Futebol Clube do Porto e manteve os 8 para o eterno rival da 2.ª circular, sendo que ambas são à condição.

Era apenas a terceira vez na última década que o Sporting Clube de Portugal entrava em campo para defender uma liderança isolada e isso fez-se sentir nos pupilos de Jorge Jesus. Numa primeira parte onde até foi a equipa do Estoril que dispôs das melhores oportunidades, o Sporting parecia acreditar que, mais tarde ou mais cedo, o golo acabaria por aparecer. Contudo, e apesar de algumas boas chances, nomeadamente por Teo Gutiérrez, o resultado acabaria por não sofrer qualquer alteração até ao regresso aos balneários.

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William Carvalho, na imagem, foi chamado à atenção por Jorge Jesus durante todo o encontro.
Fonte:  Sporting Clube de Portugal

Ao intervalo Jorge Jesus, que esteve todo o encontro bastante insatisfeito com a prestação da equipa e especificamente com, imagine-se, William Carvalho, deve ter dito das boas aos jogadores uma vez que a equipa entrou com uma atitude completamente diferente no segundo tempo. Como consequência, e num lance em que Teo sai de posição irregular, o colombiano ganha uma grande penalidade, bem assinalada, e o próprio tratou de a converter. No que a este lance diz respeito, questionado pelo Bola na Rede, o treinador do Estoril preferiu desvalorizar o lance. De resto, o Sporting ainda teve de sofrer um pouco para garantir os três pontos, realço o perigoso remate de Bruno César com a bola a passar perto da barra de Rui Patrício.

No entanto, o jogo terminou com a vitória dos verde-e-brancos que continuam isolados na liderança da liga NOS.

Termino este artigo da mesma maneira que o iniciei, há dias assim, e nestes dias, o mais importante é mesmo conseguir os três pontos e foi isso que a equipa de Jorge Jesus fez.

 

A Figura

Adeptos Leoninos – 40 mil adeptos responderam hoje à chamada de Jorge Jesus e apoiaram a equipa do início ao fim do jogo; houve ainda tempo para o famoso tema de Enrique Iglesias, Bailando.

 

O Fora-de-jogo

William Carvalho – Por mais estranho que possa parecer, o internacional português não esteve nada bem no jogo de hoje. William está ainda em processo de recuperação e bem longe daquilo que Jorge Jesus pretende dele

Fonte da foto de capa: Sporting Clube de Portugal

Mundial Rugby’2015: O Mundo aos pés dos All Blacks

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cab Rugby

E vão três! A selecção da Nova Zelândia derrotou a sua congénere australiana num grande jogo de rugby e conquistou o seu terceiro Campeonato Mundial, isolando-se no topo da lista de selecções com mais títulos mundiais. Já no jogo que determinou o terceiro e quarto lugares da prova, a África do Sul derrotou a Argentina e assumiu o terceiro posto.

Numa partida onde os Pumas foram forçados a realizar diversas alterações à sua formação inicial, em virtude de várias baixas por lesão, e onde os Springboks se viram órfãos do seu capitão Fourie du Preez, também lesionado, começaram melhor os sul africanos que, aos seis minutos de jogo, já lideravam a partida, depois de um ensaio marcado por JP Pietersen e devidamente convertido por Handrè Pollard. Este último marcaria ainda três penalidades na primeira parte, que fixavam o resultado ao intervalo em 16-0. A Argentina tinha mais posse de bola e maior domínio no terreno de jogo, mas não conseguia perfurar a muralha defensiva dos sul africanos que, uma vez mais, se apresentava muito consistente.

A segunda parte abriu com um pontapé de ressalto por Nicolás Sánchez, que despertou os Pumas, mas não por muito tempo – logo no minuto seguinte Eben Etzebeth marcou o segundo ensaio dos Springboks e dava a partida como ganha. Os argentinos ainda viriam a diminuir a superioridade da África do Sul, através de um ensaio na bola de jogo concretizado por Juan Pablo Orlandi, que de pouco serviu – a vitória Springbok já estava assegurada.

A África do Sul conquistou uma justa medalha de bronze neste mundial. Os argentinos não conseguiram igualar a sua melhor classificação de sempre num Campeonato do Mundo, mas apresentaram-se em alto nível e têm razões para voltar para casa com um sorriso no rosto.

Os Springboks, capitaneados por Victor Matfield, confirmaram o favoritismo e asseguraram o terceiro lugar Fonte: Facebook Rugby World Cup
Os Springboks, capitaneados por Victor Matfield, confirmaram o favoritismo e asseguraram o terceiro lugar
Fonte: Facebook Rugby World Cup

Na grande final defrontaram-se dois países irmãos: Nova Zelândia e Austrália, com dois títulos mundiais cada, lutaram numa final inédita por um terceiro troféu que isolaria uma das selecções no topo da hierarquia mundial.

O jogo começou com maior ascendente dos All Blacks que desde cedo assumiram um risco sempre calculado. Os Wallabies entraram algo apáticos e viram Dan Carter – quem mais! – inaugurar o marcador na conversão de uma penalidade. A vantagem neo-zelandesa duraria pouco, Bernard Foley, através de um grande pontapé, viria a repor a igualdade. As duas selecções queriam ganhar mas não davam mostras de querer grandes aventuras e, ainda que os All Blacks imprimissem mais velocidade no jogo, ganhassem mais metros, pressionassem mais…

A verdade é que, na hora de transpor essa superioridade em pontos a equipa comandada por Steve Hansen claudicava e o ensaio teimava em não aparecer. Mas, e duas penalidades assinadas por Dan Carter depois, um grande mergulho de Milner-Skudder marcava o primeiro ensaio do jogo e permitia aos All Blacks dispararem no marcador. O intervalo chegaria com um 16-3 favorável aos neo-zelandeses que dominaram totalmente a primeira parte, frente a uns australianos nervosos e reféns da sua própria táctica.

O reinício do jogo não podia correr melhor à Nova Zelândia, Ma’a Nonu quebra a linha e… Ensaio! O jogo estava cada vez mais confortável para os All Blacks que entravam na segunda parte tal e qual como haviam saído da primeira: a dominar todas as acções de jogo. Mas a reacção australiana – que tardou! – fez-se sentir através de um ensaio de David Pocock, pouco depois de uma placagem mal aplicada por um jogador neo-zelandês.

O ensaio permitiu à equipa de Michael Cheika repor as ideias e a esperança renasceu. O segundo ensaio Wallabie estava escrito nas estrelas e não tardou a aparecer: Kuridrani foi o homem do momento, após passe de Drew Mitchell. 21-17, os All Blacks viam a sua vantagem ser cada vez mais curta e qualquer erro poderia ser fatal às suas aspirações. Foi então que reapareceu Dan Carter, a executar um drop goal – e uma penalidade pouco depois – e a superioridade neo-zelandesa voltaria a ser reposta. Os minutos passavam, o final da partida estava cada vez mais próximo, o ritmo de jogo era alucinante e só uma correria estonteante de Beauden Barrett colocava um ponto final no vencedor da partida, com a consequente transformação de Dan Carter. Já não restava qualquer dúvida, a Nova Zelândia era campeã mundial!

Foto de Capa: Facebook Rugby World Cup

Jogadores que Admiro #43 – Deco

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Jogava de pantufas. Deslizava em campo. Via o que os outros não viam e encontrava um espaço que, aparentemente, não existia. As qualidades de um verdadeiro dez, daqueles que já não se fazem, estavam condensadas em apenas um craque que nos deu a sorte de um dia ter sido descartado da selecção brasileira.

Nem tudo foram rosas na chegada ao campeonato português. Chegou ao Benfica e nunca conseguiu dizer “presente”. Foi emprestado ao Alverca e ao Salgueiros, acabando por sair para o melhor Porto que vimos no séc. XXI, quiçá na sua história. Numa super-equipa liderada por José Mourinho, Deco era o pontífice e a estrela que mais brilhava nesse conjunto de talentos. Vê-lo jogar pela selecção portuguesa foi uma bênção, e sentou um dos melhores jogadores portugueses de sempre, Rui Costa.

Eu olhei sempre com admiração para os que conseguem ver mais à frente. Os visionários, em qualquer área de trabalho, merecem, na minha perspectiva, todo o tipo de atenção. Deco sempre esteve à frente. Esteve com Ronaldinho no Barcelona mas o seu espaço era só seu. A maneira como pegava na bola enganou todos dentro do campo e fez delirar os milhares que o viam nas bancadas.

Um dos muitos títulos conquistados no Porto.
Um dos muitos títulos conquistados na sua carreira
Fonte: Facebook oficial de Deco

A última lembrança mais iluminada do seu futebol que eu tenho é de um jogo mais ou menos importante – não é relevante o sítio – para o campeonato inglês. Um livre, que seria adequado para um qualquer esquerdino com mais técnica de remate, transformou-se numa das pinturas mais belas que saíram dos pincéis de Deco. O guarda-redes, como é habitual, esperou uma bola a contornar a barreira para cair no espaço que normalmente é deixado protegido pela mesma. Houdini não teria feito melhor e a ilusão acabou por terminar no fundo das redes e no ângulo que o defensor da baliza estaria a proteger com mais zelo. Deco era isto.

Não tenho acesso a datas, minutos e locais. Nem preciso. A obra de Deco permanecerá sempre como foi, sem tempo nem espaço.

Foto de Capa: Facebook Oficial de Deco

Perfeição Lopeteguiana

hic sunt dracones

Na passada terça-feira, Miguel Sousa Tavares afirmou, na sua habitual crónica no jornal A Bola, que “o grande trunfo do Sporting na sua candidatura ao título, não se chama Jorge Jesus mas sim Julen Lopetegui”. Que Miguel Sousa Tavares percebia pouco de futebol isso já seria de esperar. Agora, que fosse intelectualmente desonesto para com os habituais leitores do jornal e da sua crónica é algo que não esperava da sua pessoa. Optar por uma afirmação destas é optar pelo caminho mais fácil, pela opinião fraturante que tem tanto de inverdade como de desonestidade.

Caro Miguel Sousa Tavares, o maior trunfo do Sporting na candidatura ao título é Jorge Jesus, o melhor treinador em Portugal, na atualidade. Aquele que conhece como ninguém os adversários na liga portuguesa, aquele que potencia os jogadores e esconde as debilidades dos mesmos, aquele que foi campeão por três vezes em seis anos sendo que, em dois desses seis anos, lutou praticamente até ao final pelo título. Pelo caminho, conquistou também taças e supertaças de Portugal e voltou a colocar o Benfica nas bocas do mundo.

Aliás, esta semana surgiu também uma notícia que dizia que Lopetegui nunca foi líder isolado em Portugal. Porquê? Porque no ano passado teve o Benfica a fazer frente. Este ano tem o Sporting. Qual é o elemento comum?

Jogando com as mesmas armas, não há nenhum treinador em Portugal capaz de fazer frente a Jorge Jesus. Contudo, o jogo é jogado pelos jogadores e não pelo treinador. E é aí que o FC Porto sai a ganhar. No dragão moram as melhores individualidades. Há um enorme potencial na equipa azul-e-branca que é deixado por terra pelo pouco risco assumido nas opções do treinador.

FC Porto campeão europeu e… com 74% de vitórias na liga portuguesa Fonte: UEFA
FC Porto campeão europeu e… com 74% de vitórias na liga portuguesa
Fonte: UEFA

Eu sou o primeiro a dizer que Lopetegui não é o melhor treinador para o FC Porto. Daí a ser mau ao ponto de se tornar um trunfo do adversário… O FC Porto de 2014/15 terminou com 74% de vitórias na liga portuguesa e com uma média de 2,17 golos marcados por jogo. Pois, pasme-se… o FC Porto que foi campeão europeu também ousou ficar-se pelos 74% de vitórias na liga portuguesa e, ainda assim, conseguiu ganhá-la!

Há uma grande diferença, sabe? É que Jorge Jesus elevou imenso o nível da liga portuguesa. E embora já não disponha das mesmas armas que tinha no Benfica, Jorge Jesus vai obrigar, uma vez mais, a que os outros treinadores rocem a perfeição para serem campeões. Os outros? Perdão… Julen Lopetegui. Porque eu já descartei Rui Vitória e, para mim, em Portugal só pode existir um campeão: o FC Porto.

Julen Lopetegui terá de roçar a perfeição para ser campeão. Mas esta perfeição está longe de ser a perfeição exigível. Terá, sim, de roçar a perfeição lopeteguiana. Não é muito mas, infelizmente, o suficiente para liga portuguesa.

Com o cérebro… joga-se com o cérebro! Fonte: FC Porto
Com o cérebro… joga-se com o cérebro!
Fonte: FC Porto

Para terminar queria apenas explicar-lhe uma coisa… “Maldita posse de bola”? Não desdenhe da posse de bola. Ter a posse de bola é o primeiro passe para não sofrer golos, sabia? Porque o adversário não tem a bola. É por isso que o FC Porto tem sofrido tão poucos golos e tem batido recordes. É uma verdade de La Palisse. Se quiser reclamar de alguma coisa, reclama do facto de o FC Porto não saber o que fazer quando tem a bola. Não reclame pelo facto de ter a bola. Futebol sem bola só na educação física.

Foto de Capa: bienalbrasildolivro

Tondela 0-4 Benfica: Depois da tempestade vem o Tondela

cabeçalho benfica

Sem rei nem roque, assim parece ir o treinador do Benfica. Enorme surpresa no onze encarnado, com André Almeida e Eliseu a pagarem a “fava” do desastre do derby de domingo e a darem lugar a Clésio, jovem da equipa B, e Talisca. Surpreendente e totalmente inesperada a opção pelo moçambicano, que nem na equipa secundária tem tido minutos. Já a opção por Talisca não mais do que seguiu a lógica da autêntica mixórdia que Rui Vitória vem implementando no meio-campo encarnado

Adeptos, equipa do Benfica e Rui Vitória não podiam pedir melhor adversário para carpir as mágoas da vergonha de domingo passado. Um desfalcado e tenro Tondela foi presa facílima para um Benfica que, sem deslumbrar (nem perto disso), alcançou a primeira vitória fora da Luz no campeonato. A dupla Jonaitán voltou uma vez mais a empurrar o Benfica para a vitória e foi ela a desbloquear o marcador, ainda alguns espectadores procuravam o melhor dos muitos lugares disponíveis no Estádio de Aveiro. A sexta assistência do argentino e o oitavo golo do argentino são a evidência da importância de ambos os jogadores neste Benfica. As facilidades defensivas do Tondela iam dando bastante espaço para o Benfica se poder esticar para o ataque, embora nem sempre com a qualidade necessária no último passe. O segundo golo surgiria numa oferta de Berger, que tratou de dar uma rosca e enviar a bola para o fundo da baliza de Matt Jones após Jonas levantar a bola para a área. Antes do quarto de hora o Benfica colocava-se confortável no marcador e não podia desejar melhor início da partida. Embora apática e com qualidade de jogo sofrível, a equipa de Rui Vitória controalva a seu bel prazer o encontro, onde a maior dúvida, desde cedo, foi a de perceber por quantos golos a vitória se saldaria. Momentos antes de as equipas recolherem aos balneários, mais um passe de Jonas (está nos três primeiros golos encarnados…) isolou Gonçalo Guedes, que contornou o guarda-redes do Tondela e atirou para o terceiro.

Estádio de Aveiro muito despido de público no passeio encarnado; Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
Estádio de Aveiro muito despido de público no passeio encarnado;
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica 

Com o jogo resolvido e a afastar-se para o fim, a segunda parte foi uma mera formalidade. A equipa de Rui Bento nunca foi capaz de incomodar o sector defensivo do Benfica, embora continue a ser incompreensível a quantidade de vezes que os laterais são apanhados com bolas nas costas. Se um Tondela o faz, o que não farão equipas de outro nível… Como notas de destaque dos segundos 45 minutos ficaram apenas a estreia de Renato Sanches (substitiu Jonas) e mais um bom golo do marroquino Carcela, na terceira aparição no Campeonato.

Jogo facílimo para o Benfica, que cedo pôde começar a lamber as muitas feridas que a humilhante derrota frente ao Sporting deixou. Rui Vitória tem uma imensidão de trabalho pela frente e terça-feira há um jogo importantíssimo para o futuro do Benfica e do seu técnico. Haja Jonaitán para nos alegrar.

A Figura

Jonas: Longe, bem longe do Jonas que já vimos, o brasileiro foi um dos poucos a dar alguma magia ao jogo encarnado e esteve nos três primeiros golos do encontro. Ainda procura a melhor forma de coabitar com Raúl Jiménez.

O Fora de Jogo

Talisca: Mais um jogo aberrante do médio-avançado-qualquer-coisa do Benfica. Inúmeras bolas perdidas, erros de decisão, entradas fora de tempo… Teve de tudo um pouco. Custa a entender como vai tendo oportunidades atrás de oportunidades.

Sem Brahimi, avançam Corona e…?

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atodososdesportistas

Com a já mais que anunciada ausência do astro argelino na deslocação à Madeira, com vista ao embate diante o União local (naquele microclima bem rigoroso que impediu o Benfica de jogar 24 horas depois…), Julen Lopetegui tem menos uma dor de cabeça naquilo que é a escolha os jogadores que ocuparão as faixas laterais mais ofensivas da equipa azul-e-branca: Corona avança de caras do banco ao protagonismo, e a única dúvida prende-se no jogador que fará companhia ao mexicano no apoio a Aboubakar. Tello, Varela ou Bueno? Vamos por partes:

Tello: O espanhol, que surge no dia de hoje ligado a um possível mas difícil regresso ao Barcelona, que ainda se encontra a cumprir um castigo de contornos estranhos que impedem os culés de contratar jogadores com determinadas características (que desconheço, diga-se); em Espanha diz-se que o regresso do extremo seria visto com bons olhos pelo timoneiro Catalão.

Com as paupérrimas exibições apresentadas esta época, por mim, que vá! É o típico jogador “arrogante” em campo: joga pouco para a equipa, tem medo de ir ao choque e só joga quando a equipa joga. Nunca se destaca, nunca é um “abre-latas”, como a equipa bem precisou recentemente com o Braga e Tello foi… menos um.

É o conhecido jogador “bola para a frente e fé em Deus” (até eu, na minha condição de ateu, utilizo esta expressão com ele!). Não duvido de que possa ser um jogador muito útil em equipas que defendem com 10 e precisem de rapidez para o contra-ataque, mas não demonstra ser um jogador capaz de jogar numa equipa de ataque posicional, onde a paciência para penetrar a teia defensiva adversária e a circulação rápida é o essencial.

Desiludiu-me muito este jogador que, rotulado como estrela à chegada ao Dragão, ainda não se impôs nem conseguiu sequer ser uma escolha que dê garantias ao treinador/adeptos. Posto isto, só espero que Lopetegui não volte a cair no erro de lançar este jogador, garantindo assim uma substituição forçada num campo sempre complicado. Ainda assim, espero estar enganado e quando vejo o extremo jogar penso no 3-0 ao Sporting a época passada!

Tello tarda em aparecer Fonte: Facebook oficial de Cristian Tello
Tello tarda em aparecer
Fonte: Facebook oficial de Cristian Tello

Varela: Parecendo não entrar, de todo, nas escolhas do técnico dos Dragões, este jogo poderá trazer algumas surpresas, como vermos o português de novo a merecer uma chamada ao 11 inicial.

O extremo que, diga-se, teve o seu grande momento da época quando saltou do banco para assistir André André no golo que deu os 3 pontos frente ao Benfica, em tempos fez parte de um destaque no sítio oficial da UEFA, a par de Hulk e Falcao, sendo intitulados como “trio de Ouro”, na fabulosa época das sucessivas vitórias de Villas-Boas a Jesus (ai o 5-0…) e que culminou com 4 títulos oficiais: Supertaça Cândido de Oliveira, Campeonato, Taça de Portugal e Liga Europa.

É esse o Varela que eu não quero esquecer, o jogador “invisível” mas que tacticamente é precioso nas compensações que faz (quer interiores ou exteriores, ofensivas ou defensivas). Gostaria de ver actuar mais vezes este Varela, que em tempo era o “abre-latas” da Selecção Nacional que, com Paulo Bento, às vezes não fazia golo com Cristiano Ronaldo, Quaresma e Nani e lá tinha de vir o “patinho feio” Varela fazer o golinho da vitória. Ainda assim, e se o leitor passou os olhos no meu rescaldo sobre o jogo com o Braga do passado domingo, gostaria de que o meu timoneiro optasse pela sua contratação pessoal do ano…:

Bueno: O jogador espanhol, perfeito desconhecido do futebol Português e que o ano passado foi o humano com mais golos da liga espanhola, só atrás dos extraterrestres Ronaldo e Messi, chega ao Dragão rotulado como aposta pessoal de Lopetegui, com o qual trabalhou no Castilla (equipa b do Real Madrid) antes de rumar a outras paragens.

Com uma pré-época onde actuou em todas as posições do ataque, até à chegada de Osvaldo era visto como a grande opção caso Aboubakar não estivesse disponível. Contudo, é em terrenos mais recuados que se sente mais confortável pois é um jogador forte a explorar o espaço entrelinhas e com uma boa capacidade de finalização ao primeiro toque. Como também já disse num anterior texto de pré-época, Bueno faz-me lembrar o estilo de jogo do mítico Raul, e em Espanha existe quem me dê razão no que toca a essa opinião.

Claro que se Bueno jogar de início (o que espero, sinceramente), o Porto terá forçosamente de alterar a sua forma de jogar, mas tendo de volta Maxi – dono e senhor de todo o corredor direito – não seria de estranhar ver o espanhol a arrastar sucessivamente o defesa lateral madeirense para zonas interiores e libertar a linha para o uruguaio, entrando assim na sua zona de conforto: o tal espaço destinado ao jogador “9,5 – 10” de que costumo falar.

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Quem irá substituir o argelino?
Fonte: Facebook oficial de Brahimi

Posto isto, apostaria no seguinte 11 frente à equipa madeirense: Casillas; Maxi, Marcano, Indi e Layún; Rúben Neves, Imbula e André André; Bueno, Corona e Aboubakar. Este seria o onze, seguindo, “no papel”, o esquema táctico de Lopetegui (4-3-3). Porém, pelo que estes jogadores podem dar à equipa e tendo em vista os grandes jogos que André André fez quando jogou encostado a uma das faixas (com o ponto alto no jogo com o Chelsea), se eu fosse técnico do Dragões, seria mais arrojado e jogaria no seguinte esquema táctico: 4-2-3-1, à imagem de como acabou com o Braga, mas com intérpretes diferentes e que melhor entendem esta forma de jogar. O guarda-redes e a defesa seriam os mesmos; Rúben Neves jogaria mais posicional com Imbula numa espécie de “box-to-box” e Bueno solto na frente dos dois médios, no tal espaço entrelinhas; Corona seria o “vadio” da equipa, deambulando pelos flancos e André faria os equilíbrios necessários, quer do lado de Maxi quer do lado de Layún, como tão bem fez contra o Chelsea. No ataque, pois claro, Aboubakar.

Não sabendo o que vai na cabeça do meu treinador, só espero não ver invenções de maior, como manter Cissokho ou Tello a titulares e o mais fundamental: trazer os 3 pontos e esperar o deslize do Sporting!

Especulações de Leão (Que não quer passar por Gato)

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sporting cabeçalho generíco

Já que hoje em dia, um jornal/jornalista desportivo mais parece o mercado em bolsa, onde o que impera é a especulação de mercado, vou também eu especular, se me derem licença.

Não estou a querer-me comparar a esses profissionais, mas talvez alguns deles sejam tão jornalistas quanto eu. Incluo aqui aos comentadores desportivos, também eles e em grande parte, jornalistas.

Há uns tempos atrás, apareceu um senhor com promessas de que iria colocar tudo em pratos limpos, que todas as “falcatruas” que tinham levado o seu clube do coração para o buraco seriam reveladas através de uma extensa auditoria. A isto, juntaram-se comentários e promessas de que no futebol leonino tudo deveria ser clarificado, e que se alguém tinha feito algo de errado deveria pagar por isso.

Devo dizer que, sabendo agora o que sei, me pareceu que essas pessoas nunca pensaram que essas auditorias ou revelações alguma vez seriam feitas, ou que a montanha iria parir um rato.

Quando começaram a sair notícias de resultados preliminares das auditorias e onde eram referidos alguns nomes credíveis, eis que essas personagens , até então hibernadas – tal como os animais que hibernam, estes comeram até ficarem bem gordos e depois retiraram-se para a toca – saíram a terreiro mandar umas “bujardas” contra o actual presidente e contra o desplante de tal auditoria. Talvez para tentarem desviar atenções deles próprios ou então para ver se as atenções se viravam para outra coisa qualquer que não os resultados finais que iriam sair.

A coisa pegou, porque os tais jornalistas fizeram questão de pegar, mas pegou de forma insuficiente e então as tais personagens voltaram ao refúgio das suas tocas – onde se mantêm até hoje – talvez tentando não puxar muito as atenções para eles. José  Roquette ainda veio mandar uns “bitaites” antes do derby do fim de semana passado, mas como o resultado não foi o pretendido, voltou a calar-se e a desaparecer quase à velocidade de um rocket.

Por esta altura os jornalistas colocam em causa a auditoria recente, única e exclusivamente pelos resultados que são apresentados na mesma, e onde a conclusão óbvia é a que o trabalho dos dirigentes anteriores deixou, em muito, a desejar. O objectivo claro destas críticas e especulações é o de minimizar a credibilidade tanto das empresas auditoras como o da direcção leonina, tentando fazer crer que existe uma vendetta pessoal de Bruno de Carvalho contra aqueles que no passado lhe fizeram frente.

Durante o reinado da Aristocracia Credível, o Sporting contraiu dívidas a rondar os 330 milhões de Euros. Fonte: Record
Durante o reinado da “Aristocracia Credível”, o Sporting contraiu dívidas a rondar os 330 milhões de Euros.
Fonte: Record

 

Então agora vou começar a especular.

Sabemos todos que o futebol só vive e sobrevive porque existe corrupção. É esse o grande aliciante das empresas para participarem nesse desporto, porque também só assim se retiram lucros elevados. Podem dizer que não pode ser assim porque as grandes empresas não gostam de ver o seu nome associado a corrupção – Sim, pois claro –  mas, a verdade é que essas empresas, mal surgem notícias, põem-se logo ao fresco com essa desculpa, não deixando de ter nos seus bolsos o seu quinhão de tostões. E tudo o que ganharam compensa um arranhãozinho na imagem da mesma, ou não fosse o pessoal do futebol tão bom a esquecer estas coisas depois de uma taça ganha pelo seu clube.

Com todas a últimas notícias de corrupção e tal – FIFA’S e afins – e como tudo vale mesmo dar o dito por não dito, é fácil pensarmos que o futebol é uma mentira e onde ganha quem paga melhor. Senão porque será que incomoda tanto ao organismo que que controla o futebol colocar uma simples tecnologia como a de linha de baliza?

Vou especular também que, com tudo isto, os próprios jornalistas poderão receber qualquer coisinha para lançar noticias, ou mesmo porque vivem do futebol, e se o futebol se desmoronar também ficam sem nada para fazer e comentar.

Assim, pergunto: Mas alguém, do mundo do futebol, estará interessado que este seja um desporto transparente? Eu respondo que sim. Alguém que tenha chegado agora ao futebol, que só pense em ver o seu clube ganhar, que não esteja “entalado” em nenhum esquema e que ainda não esteja minado pelo próprio sistema. Há quem o compare a um antigo presidente do Benfica, mas para os que vêm falar de Vales e Azevedo, peço que me digam quantos títulos esse senhor ganhou durante o seu mandato, e em todas as modalidades? Ou o que fez ao andebol do clube encarnado?

Só alguém assim poderá querer tentar colocar alguma transparência nisto; mas a verdade é que vai ter que levar muita porrada no processo. Porquê? Porque parece-me que já ninguém olha para o futebol como um desporto em que ganha o melhor mas onde os interesses ditam tudo, desde resultados a quem organiza um Mundial de futebol.

Porque, nesse mundo, são todos gatos de rabo preso, e se aparecer um  leão a querer puxar um qualquer cordelinho desse novelo, pode haver muitos gatos a ficarem sem rabo.

Mas, lá está, tudo isto é meramente especulativo.

 

Foto de Capa: A Bola.pt