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Ciclismo: Que seja mais um grande ano

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ciclistasÉ com orgulho que começo a escrever para esta nova aposta do Bola na Rede, a rubrica Ciclistas de Sofá. Vamos começar a falar sobre ciclismo aos domingos e com artigos diários nas grandes voltas.

Para começar, o tema não poderia deixar de ser o nosso campeão do mundo, Rui Costa. O poveiro teve um ano de sonho em 2013 e parte para 2014 com grandes expetativas e responsabilidades.

A temporada que está a começar marca a sua estreia como chefe de fila de uma equipa, e logo numa das mais conceituadas do pelotão internacional, a Lampre-Merida. Ao ser chefe de fila, este vai ser o ano em que tem mais hipóteses de sucesso no Tour, um objetivo assumido. A Volta à França deste ano vai contar com 11 etapas de alta e média montanha e, portanto, vai ser uma prova de fogo para Rui Costa e para todos os ciclistas, que vão enfrentar muitas dificuldades entre 5 e 27 de julho.

Para mim, um top 10, esta temporada, já será um resultado muito bom, e acredito em que, com o trabalho por ele feito e com uma equipa a trabalhar para ele, este resultado seja alcançado. Para um futuro muito próximo, e com o desenvolvimento que está a ter, considero que possa lutar por pódios e, quem sabe, vitórias. Pegando no lema do meu clube, com “Esforço, Dedicação e Devoção” atingiremos a glória.

Superar a temporada passada, durante a qual foi vencedor da Volta à Suiça, Campeão Nacional de contrarrelógio e vencedor de duas etapas na Volta à França, entre outros resultados de destaque, vai ser algo muito difícil, um verdadeiro desafio. Contudo, o ciclista português já mostrou que gosta de desafios e tem todas as condições para os superar. Esta temporada, tem ao seu lado uma equipa trabalhadora e com provas dadas, apesar de a maioria ser na grande prova do seu país – o Giro d’Itália –, que o pode fazer obter resultados ainda mais extraordinários, ou, como espero poder dizer no futuro, resultados normais numa época de Rui Costa.

 

Lampre-Merida
Rui e os seus companheiros, entre eles Nelson Oliveira.
Fonte: Teamlampremerida.com

 

Para Rui Costa, o ano arranca já dia 5, com a participação na Volta ao Dubai. Esta prova vai contar com alguns dos nomes mais importantes do ciclismo atual, e a equipa de Tavira, Banco Bic/Carmim, também foi convidada, provavelmente por ser a equipa mais antiga do pelotão mundial. Depois da prova no Dubai, segue-se a participação na Volta ao Algarve, muito provavelmente a única possibilidade de os portugueses verem o seu Campeão do Mundo sem ser através da TV, a não ser que lhe seja permitida a disputa dos campeonatos nacionais em junho, algo de que duvido.

Que seja uma grande época para Rui e para todos os nossos ciclistas.

Depressão Pós-Cabaye

Foi confrangedor, penoso e podia ter sido ainda mais humilhante. A nova versão do Newcastle depois da saída do médio criativo Yohan Cabaye promete dar muitas dores de cabeça ao técnico Alan Pardew. Depois de ter empatado a zero com o Norwich, o Newcastle tinha em casa, frente ao seu rival de sempre, Sunderland, a possibilidade de demonstrar que tinha argumentos para reagir à saída do jogador francês para o Paris Saint-Germain. No entanto, em pleno St James’Park, os Magpies fizeram questão de comprovar que sem Cabaye a equipa corre sérios riscos de ter uma segunda volta do campeonato muito complicada. Os 3-0 encaixados em casa (resultado idêntico ao do ano passado neste mesmo Tyne–Wear derby) até foram lisonjeiros para os comandados de Alan Pardew, que raramente souberam apresentar capacidade para criar jogadas de real perigo para a baliza de Vito Mannone.

Olhando para o esquema tático do Newcastle, percebe-se desde já que sem Cabaye deverá ser completamente inútil manter o 4-3-3 que tem caracterizado Alan Pardew. Nunca fui grande fã deste técnico inglês a quem os dirigentes do Newcastle decidiram dar um contrato de 8 anos (!), mas atribuo-lhe crédito na forma como foi descobrindo alguns bons talentos para a sua equipa. É, no entanto, incrivelmente inábil a solidificar o crescimento sustentável dos seus jogadores. Cabaye conseguiu fugir à regra, mas sem ir muito longe. Pense-se no exemplo de Papiss Cissé. Um jogador que chegou à equipa dos Magpies na plenitude das suas capacidades, tendo inclusivamente marcado 13 golos em apenas 14 jogos e que agora se eclipsou completamente da equipa, estando, nesta altura, no lugar, o emblemático Shola Ameobi (sim, esse. Ainda joga).

Pardew tem de repensar a sua estratégia sem CabayeFonte: Talksport.com/
Pardew tem de repensar a sua estratégia sem Cabaye
Fonte: Talksport.com

Este caso de Cissé poderia ser apenas um mero erro de gestão de Pardew, mas se olharmos com atenção para o potencial individual desaproveitado pelo Newcastle, rapidamente vemos que há uma clara falta de gestão na rentabilização do talento dos seus jogadores. Observando este último encontro frente ao Sunderland, conseguimos ver, desde logo, como o técnico inglês consegue quebrar o rendimento dos seus jogadores através da posição que os faz ocupar em campo. Descontando o guarda-redes, Tim Krul, os dois laterais Debuchy e Santon e o trinco Tioté, vemos que quase todos os jogadores estão em quebra exibicional pelo lugar que ocupam no terreno de jogo. De resto, do meio-campo para a frente é urgente reorganizar toda a equipa. É incompreensível que Ben Arfa jogue no tridente do meio-campo, sendo ele um jogador que muito arrisca e que usa e abusa de jogadas individuais. Ter em 4-3-3 um médio que perde muitas bolas é um suicídio e essa situação ficou bem exposta no jogo com o Sunderland. Mais incompreensível ainda é ver que Moussa Sissoko (que é um médio-centro de raiz) está a jogar descaído numa das alas enquanto tudo isto acontece. Desperdiçar o talento de dois jogadores que até poderiam ser compatíveis com este esquema é revelador das enormes limitações de Alan Pardew, que tarda em perceber que, para que ambos funcionem, apenas bastaria trocar a posição de um com a do outro.

Para além destas limitações, ficou bem visível que, se a insistência de Pardew for para a frente e o 4-3-3 se mantiver, Anita não é jogador para substituir Cabaye. É um jogador muito inferior, com uma tremenda falta de capacidade para ajudar o outro médio a organizar e a definir jogadas e é excessivamente faltoso (tendo, inclusivamente, cometido uma grande penalidade no jogo).

Não sei o que passará pela cabeça dos dirigentes do Newcastle por esta altura, mas parece-me que sem Cabaye e com a insistência no 4-3-3 os resultados poderão ser catastróficos. E as opções, neste momento, são muito simples: ou o Newcastle abdica do teimoso Pardew ou Pardew repensa a situação e abdica do seu 4-3-3 predileto.

Shikabala: qual o peso do 10?

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Escolhi díficil. O fácil é de todos

O Sporting reforçou-se, contrariamente àquilo que se previa, no mercado de inverno com dois jogadores que ambicionarão entrar nos planos de Leonardo Jardim a curto prazo. Restam 14 partidas até final do campeonato e, já descontando a de amanhã, que nenhum deles irá jogar, tanto Héldon como Shikabala terão 13 jogos para justificar a aposta de Bruno de Carvalho.

O ex-Marítimo é um jogador ambientado ao nosso campeonato, extremo com faro pelo golo (já leva 9 este ano na Liga) e competirá numa das posições em que mais se mexe no Sporting. Carrillo, Capel e Wilson Eduardo têm sido os mais utilizados mas nenhum ganhou na primeira metade da época estatuto de indiscutível. Vejo-o, ao cabo-verdiano, como uma solução de encaixe fácil no 4x3x3 preferencialmente utilizado e de presumível preponderância dado a boa forma que tinha vindo a exibir.

Mas, em relação a Shikabala, o que esperar? Quem o conhece diz tratar-se de um jogador de requinte técnico, capaz de actuar nas alas mas também como médio-ofensivo, aquilo a que vulgarmente se chama o “número 10”. Partindo do pressuposto que com a chegada de Héldon e sem qualquer saída os jogadores habilitados às duas alas serão o Carrillo, Capel, Héldon, Wilson Eduardo e Mané, onde se irá encaixar o reforço egípcio vindo do Zamalek? Teoricamente, competirá com André Martins pelo lugar no vértice mais ofensivo do meio-campo leonino. Mas, pelo que tem sido dito, será um jogador com características bem distintas do médio português. Coloca-se a Jardim, então, o dilema que tem passado um pouco por todo o mundo do futebol: o 10 clássico ainda tem espaço num 11 competitivo e estável?

André Martins é o mais parecido a um 10 que existia em Alvalade  Fonte: anortedealvalade.blogspot.com
André Martins era o mais parecido com um 10 que existia em Alvalade
Fonte: anortedealvalade.blogspot.com

André Martins, embora seja um médio de características mais ofensivas do que defensivas, não corresponde àquilo a que se chama o nº 10 tradicional. A verdade é que, mesmo sem chegar tão bem à frente, por exemplo, na hora de finalizar, tem sido uma importante peça, até pela facilidade com que encaixa com Adrien e William Carvalho. Qualquer um dos três trata bem a bola, sai na construção e tem capacidade de pressão quando sem bola. Com Shikabala, teoricamente, Adrien e William teriam maiores responsabilidades defensivas e o meio-campo perderia a capacidade de pressão alta que dificulta a saída de jogo nos primeiros 30 metros do terreno aos adversários. Mas, com o egípcio, a criatividade e capacidade de desequilíbrio poderiam fazer com que Leonardo Jardim fosse menos vezes forçado a utilizar o 4x4x2, que tem resultado bem mas através do qual mais se arrisca.

De qualquer das formas, quer ganhe lugar no 11 ou não, Shikabala representa diferentes tipos  de soluções para o jogo leonino. Trata-se de um elemento que possui armas distintas daquelas que já existem no plantel e, independentemente do desenrolar da história, é uma aposta justificada por parte de quem efectuou a sua contratação.

Amanhã, ainda sem os reforços, o Sporting terá a oportunidade de voltar à liderança – a par com o Benfica – se vencer o jogo frente à Académica. Em casa, diante do seu público, tem sido uma equipa consistente e, em partidas de maior pressão como a que se espera amanhã, não tem acusado o nervosismo que um plantel jovem poderia sentir. Mesmo com a noção de que o jogo de amanhã é o mais importante, não se poderá ignorar o facto de William Carvalho e Montero estarem proibidos de ver amarelo se querem ir ao Estádio da Luz. À atenção de quem a merece, amanhã joga-se bem mais do que um único jogo. Afinal, em caso de vitória, o Porto ficará a 4 pontos… e ainda tem de ir a Alvalade.

Gil Vicente 1-1 Benfica: O galo de Oblak, Jesus e Cardozo

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Foi um Benfica moralizado com o tropeção do Porto nos Barreiros aquele que entrou no lamaçal de Barcelos. Num relvado próprio para râguebi e não para futebol, durante a primeira parte o que faltou em futebol sobrou em faltas, apitos de um dos piores árbitros portugueses e lama pelo ar. Para o registo ficam apenas dois lances de perigo por parte do Benfica: o primeiro de Rodrigo, assistido por Lima (soberba visão de jogo de Nico Gaitán), que, num campo em mínimas condições, teria feito golo; o segundo num excelente pontapé de meia distância de Siqueira, a rasar a trave da baliza gilista. Chegava o intervalo com um 0-0 que se justificava perante tamanha inércia das duas equipas.

No segundo tempo surgiu um Benfica com mais vontade, dinâmica e velocidade. Depois de deixar passar em claro uma grande penalidade evidente cometida sobre Rodrigo, Bruno Paixão expulsou Siqueira aos 58 minutos. Quando o Benfica parecia mais perto do que nunca de conseguir furar a muralha do Gil Vicente, duro golpe para as contas de Jorge Jesus, que se preparava aí para lançar Cardozo. Recuou, manteve o Tacuara no banco e acabou por ser mesmo através de um penálti sem margem para dúvidas, cometido sobre Gaitán, que Lima inaugurou o marcador. Pedia-se um Benfica solidário e ciente da importância deste resultado nas futuras contas do campeonato.

Os gilistas não se deixaram intimidar e aos 73 minutos festejavam o empate Fonte: Mais Futebol
Os gilistas não se deixaram intimidar e aos 73 minutos festejavam o empate
Fonte: Mais Futebol

Com mais um homem em campo, o Gil tentava atacar de forma envergonhada. Luís Martins assustou num livre lateral: canto e, num pontapé de ressaca, Vítor Gonçalves contou com a preguiça de Oblak (miúdo, deixa as defesas com estilo para outro tipo de jogos…) para chegar ao empate. Estava feito o 1-1 e o Benfica reduzido a 10 teria de ir buscar forças às pernas já desgastadas pelo lamaçal barcelense. Faltavam 20 minutos para o fim quando Cardozo foi mesmo lançado, três meses depois da última aparição, que ainda deverá tirar sono aos sportinguistas. E foi mesmo o paraguaio a ter nos pés uma enorme oportunidade de golo, quando à boca da baliza rematou para uma defesa por instinto de Adriano. O Benfica carregava e desesperava por um golo importantíssimo que lhe valesse os 3 pontos, mas sempre com muito coração e pouca razão. Já nos descontos, Djuricic, em pés de veludo na lama, ganhou um penálti duvidoso e Cardozo quis coroar o regresso da lesão com um golo. E quão importante seria. Marcou mal, muito mal, e falhou. De uma possível vantagem de 2 pontos para o Sporting e 6 para o Porto, vamos acabar por entrar para o derby muito pressionados pela provável igualdade pontual com o Sporting.

Bem sei que o Jesus se costuma dar bem com o clube de Alvalade, mas também sei como está talhado para falhar nos momentos decisivos, como hoje. Se posso desculpar Cardozo pela fome de bola e do golo, tenho de culpar o treinador por não ser minimamente inteligente ao perceber o enorme risco corrido ao entregar tal responsabilidade a quem regressou hoje de uma ausência de 3 meses. Daqui para a frente as coisas são fáceis de prever: vencer o Sporting para a semana e guardar essa vantagem até ao Sporting–Porto, que está para breve. Queria só lembrar que, com um treinador competente e condenado ao sucesso, teríamos por esta altura DEZ (!) pontos de vantagem sobre o Porto. Pensem nisso.

Marítimo 1-0 FC Porto: o resultado da incompetência

Pronúncia do Norte

Depois de uma vitória muito sofrida contra o Marítimo para a Taça da Liga, no Dragão, no último fim-de-semana, o FC Porto foi aos Barreiros para jogar contra o mesmo adversário, desta vez num jogo a contar para o campeonato nacional. Um golo de Derley, na conversão de uma grande penalidade, foi o suficiente para dar a vitória aos insulares.

O Marítimo entrou muito forte na partida e durante o primeiro quarto de hora conseguiu aparecer quase exclusivamente no meio-campo portista, impedindo o adversário de sair a jogar. Foi precisamente nesse período que conseguiu chegar ao golo: Danilo Pereira driblou dois opositores, entrou na área e foi infantilmente pontapeado no pé pelo seu homónimo de azul e branco. O árbitro não teve dúvidas ao assinalar uma grande penalidade a favor do Marítimo, calmamente aproveitada por Derley, que fez o seu nono golo na Liga e igualou o seu ex-colega Héldon na terceira posição da lista dos melhores marcadores da competição.

Mesmo depois do golo, o Marítimo continuou a pressionar muito o adversário, não dando tempo e espaço ao meio-campo do FC Porto – hoje composto por Defour, Josué e Carlos Eduardo – para criar qualquer jogada de envolvimento ofensivo. Na verdade, o FC Porto só conseguiu soltar-se da apatia a dez minutos do final do primeiro tempo, quando os maritimistas recuaram um pouco as suas linhas. O intervalo chegou e Paulo Fonseca tinha muitas falhas para corrigir, uma vez que o FC Porto só havia chegado por uma vez com perigo à baliza do Marítimo, num remate forte e sem ângulo de Ricardo Quaresma.

Na segunda parte, o FC Porto procurou ser mais agressivo na procura do golo e o Marítimo optou por manter a defesa coesa e organizada para segurar a vantagem, buscando, sempre que possível, o contra-ataque. O problema é que, sem Fernando e Lucho como vozes de comando no miolo e num relvado em que o esférico rolava com mais dificuldade do que deveria, o FC Porto nunca foi capaz de fazer circular a bola de forma fluida e precisa e raramente criou ocasiões de perigo para a baliza do regressado Salin. Maicon e Mangala, sempre impetuosos, iam fazendo faltas desnecessárias; Defour nunca foi capaz de pegar no jogo e mostrou mais uma vez uma tremenda dificuldade em arriscar no passe, tendo tido uma das performances mais cinzentas da época; Carlos Eduardo esteve muito menos interventivo e decisivo do que em desafios anteriores; Varela e Jackson estiveram, pura e simplesmente, em dia não; Danilo e Josué também estiveram longe do bom desempenho de um passado recente. Em suma, os únicos que conseguiram estar ao seu nível foram o capitão Hélton – que cumpriu sempre que foi chamado a intervir –, Alex Sandro – que não concedeu facilidades defensivas e procurou integrar-se nas poucas iniciativas ofensivas dos dragões – e Quaresma – o mais perigoso do ataque portista, ainda que tenha abusado do individualismo quando a equipa mais precisava dele, já na parte final.

Quaresma foi dos que mais lutou para inverter a situação.  Fonte: Mais Futebol
Quaresma foi dos que mais lutou para inverter a situação.
Fonte: Mais Futebol

Embora o Marítimo se tenha retraído no segundo tempo, como, aliás, era previsível e compreensível, o FC Porto, por demérito próprio e por mérito da organização colectiva do adversário, teve muito poucas chances de marcar. O remate à meia volta de Varela foi o único que verdadeiramente terá assustado a formação de Pedro Martins. Paulo Fonseca ainda tentou mexer na partida – tirando o desastrado Defour para lançar Quintero à passagem da hora de jogo; fazendo Ghilas render Varela cerca de 10 minutos depois e arriscando a saída de Maicon para permitir a Licá actuar os 10 minutos finais da partida. No entanto, apesar da maior acutilância da equipa motivada pelas mexidas e de procurar encostar o Marítimo às cordas nos minutos finais, o FC Porto jamais revelou competência suficiente para criar lances com “cabeça, tronco e membros”. Os passes falhados foram mais do que muitos, as movimentações inacreditáveis multiplicaram-se, a apatia generalizada voltou a reinar, os erros individuais feriram a equipa e a desordem colectiva matou-a.

Numa das piores exibições da época, o FC Porto consumou a sua terceira derrota da temporada para o campeonato, voltou a apresentar inúmeras fragilidades e deu, mais uma vez, provas da inconsistência que nunca deixou de exibir desde o início da temporada. Este resultado, justo e vergonhoso, poderá permitir aos principais rivais do FC Porto na luta pelo título aumentar a distância pontual para os dragões. Se vencerem os respectivos compromissos, já têm uma certeza: nenhum deles sairá do derby da Luz no terceiro lugar. Este é o resultado da incompetência.

A segunda vez de João Barbosa

cab desportos motorizados

João Barbosa está longe de ser o piloto português com mais nome em Portugal, e isto pode comprovar-se pelo facto de não ter uma página em português no primeiro local onde se procura informação quando se quer começar a investigar alguma coisa. Sim, estou a falar na Wikipédia, onde apenas existem, para este piloto, páginas em inglês, espanhol, francês, alemão e finlandês. Como tal, vou começar o artigo a fazer uma pequena apresentação do piloto.

João Barbosa nasceu no Porto, a 11 de março de 1975. Em 1995, foi correr para Itália, depois de ser campeão nacional da Formula Ford de 1994. Depois de dois anos com bons resultados nesse país, e de um teste com a Minardi, em 1996, mudou-se para os Estados Unidos, onde se mantém atualmente com grande sucesso.

Mas este artigo é para abordar a segunda vitória de João Barbosa em Daytona, e é isto que vou fazer a partir de agora. Na prova de resistência (24 horas) norte americana, o portuense fez equipa com o francês Sébastien Bourdais – destaco o facto de se chamar Sébastien, como outras figuras de destaque do automobilismo – e com o brasileiro Christian Fittipaldi, que estiveram ao volante de um Corvette da equipa Action Express.

João Barbosa e o carro que levou à vitória.  Autosport.pt
João Barbosa e o carro que levou à vitória.
Fonte: Autosport.pt

Apesar de ser uma prova de resistência, a emoção durou até ao fim, com a vitória a ser obtida apenas com 1,5 segundos de vantagem sobre o segundo classificado da prova. Foi João Barbosa que cortou a meta e quem teve de controlar os ataques de Wayne Taylor, que aproveitou a entrada do safety car para recuperar a diferença de tempo que tinha para o carro do português.

Houve ainda mais dois portugueses em prova. Pedro Lamy conduziu um Aston Martin Vantage GTE da equipa oficial, terminando em oitavo na classe GTLM (GT Le Mans), enquanto Filipe Albuquerque ficou em quinto na categoria GTD (GT Daytona). Albuquerque esteve ao volante de um Audi R8 LMs.

Esta foi mais uma grande vitória do portuense, que repete o triunfo de 2010, algo que o confirma como um dos melhores pilotos de resistência do mundo.

O Passado Também Chuta: A tragédia do Torino de Valentino Mazzola

o passado tambem chuta

Sandro Mazzola tinha apenas meia dúzia de anos quando o seu pai e os restantes membros da equipa do Torino faleceram num trágico acidente de avião. Voltavam a casa depois de um jogo com o Benfica. Francisco Ferreira, defesa-central, capitão e considerado um dos melhores centrais que passaram pelo Benfica, juntamente com Germano e Humberto Coelho, num jogo de seleções, fez uma excelente amizade com Valentino Mazzola. Entre os dois, organizaram um jogo entre as suas equipas, em Lisboa. Anunciou-se como homenagem ao popularmente conhecido por Chico Ferreira. O Benfica ganhou 4-3 ao grande Torino. O velho campo do Benfica encheu-se para disfrutar com a presença daquela que era considerada a melhor equipa de futebol. Para deleitar-se com o melhor jogador da altura: Valentino Mazzola. Sandro Mazzola, seu filho, quando começou a correr atrás de uma bola, encontrava-se com o comentário “jamais será como o pai.” A certa altura, sentiu desânimo e abandonou temporariamente o futebol. Posteriormente, voltou e também foi célebre, alinhando no Inter de Milão de Helénio Herrera.

Valentino Mazzola era um jogador do meio-campo; um armador, como se dizia. No entanto, percorria todo o campo. Ao lado da técnica, tinha uma capacidade física invejável. Como os grandes. Como Di Stéfano, a quem o compararam para explicar o seu talento, já que se carece de imagens que possam defini-lo completamente, também era um grande finalizador. Num dos campeonatos, dos cinco que ganhou, de Itália, foi também o máximo goleador. Valentino apanhou a década de 1940. Padeceu na 2ª Guerra Mundial e, depois de os Aliados derrotarem o nazi-fascismo de Hitler e Mussolini, voltou aos campeonatos e continuou a forjar a grande lenda do Torino. Itália aspirava a ganhar o Campeonato Mundial de 1950, que se disputaria no Brasil, mas a tragédia apagou todos os sonhos de alegria que desejava ansiosamente Itália, depois de viver uma Guerra Mundial e de suportar a vil ditadura de Mussolini. Valentino Mazzola faleceu à idade de 30 anos e, com ele, toda a equipa e praticamente o clube. A seleção italiana assentava-se no Torino. O enterro da equipa e acompanhantes reuniu quantidades ingentes de italianos. Em homenagem, inclusivamente, uma equipa brasileira uniformou-se com as cores do Torino.

Valentino Mazzola Fonte: http://www.quicalcio.com
Valentino Mazzola
Fonte: http://www.quicalcio.com

O Torino, além de ser o orgulho futebolístico de Itália, era a equipa que representava a essência dos nativos de Turim. A Juventus, que, na altura, carecia da dimensão que tem presentemente, representava a gente que chegava a Turim procedente, principalmente, do Sul de Itália. A cidade ficou órfã.

Curiosamente, a melhor equipa da década de 1940 e uma das melhores, se não a melhor, da década de 1950, o Manchester United, tiveram o mesmo fim trágico. No entanto, o Manchester repôs-se enquanto o Torino ficou praticamente sempre na sombra, na névoa que levou o seu avião a embater e semear a morte. Diz Sandro Mazzola que tem, praticamente, uma amnésia das recordações do seu pai. Unicamente, ficou com uma ideia que, mais tarde, compreendeu: “não entendia o porquê de, quando passeava pela mão do seu pai, as pessoas paravam e o cumprimentavam.”

Alerta Tacuara

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Cardozo parece estar enfim recuperado – quase três meses e 13 jogos separaram o paraguaio dos relvados. Lesionou-se frente ao Sporting, a 9 de Novembro, em jogo a contar para a Taça de Portugal. Titular indiscutível no Benfica, o “Tacuara” não sai do clube da Luz por nada (se depois do episódio da Taça de Portugal do ano passado não saiu, então Cardozo está de pedra e cal no clube encarnado). E, agora, um dos avançados mais temidos do nosso campeonato está de volta. Será só voltar a ocupar a posição?

Desde que Cardozo deixou de alinhar na equipa do Benfica, algumas alterações se verificaram no onze e na dinâmica do grupo. Comecemos por Rodrigo. Não podemos dizer que o jovem avançado “apareceu” agora, mas teve agora uma luxuosa oportunidade de afirmar a sua qualidade, com um excelente momento de forma que teve início quando o paraguaio deixou de entrar nas contas de Jesus. Rodrigo despertou os olhos da Europa com as suas fantásticas exibições, com a sua veia goleadora, com raça e com luta. Foi uma estrelinha que tardou a chegar, mas que finalmente encontrou o brasileiro naturalizado espanhol. Uma estrelinha que Rodrigo merecia encontrar. Outra alteração significativa aconteceu na baliza. O responsável pelas redes da “gaveta” do Benfica, quando Cardozo deixou de jogar, era um e, agora, no momento de voltar, é outro. Oblak é, agora, o “patrão” da baliza encarnada e tem um registo intocável – o esloveno não sofreu ainda um único golo de águia ao peito. Mas que quero eu dizer com isto? Que Cardozo não vai mais tirar o lugar a Rodrigo? Que a dupla Rodrigo-Lima é mais eficaz do que qualquer outra dupla em que se inclua o paraguaio? Que será Lima a ceder o seu lugar a Cardozo? E Oblak, que relação tem com os avançados?

O Tacuara está de volta, em vésperas de embate com o Sporting – o leão que se cuide Fonte: Público
O Tacuara está de volta, em vésperas de embate com o Sporting – o leão que se cuide
Fonte: Público

Aquilo que pretendo vincar é, na verdade, bastante genérico. Sou do Sport Lisboa e Benfica de coração e se há vitórias que quero ganhar são as do meu clube. Como escrevi aqui, na semana passada, acima do Benfica não está nem pode estar nenhum jogador, nenhum treinador, nenhum dirigente – não é por eles que vamos à bola. O Benfica somos nós: uns cumprem na bancada, outros cumprem no relvado, mas nenhum está acima do outro. O que quero dizer com isto é que Cardozo tem lugar no Benfica se o seu contributo for maior do que o de Rodrigo ou Lima, e o mesmo acontece com estes últimos. Cardozo tem lugar no Benfica se compreender melhor o sistema táctico ou se se enquadrar melhor nele, se for uma arma mais perigosa, se desequilibrar mais as estratégias adversárias, se agarrar dois centrais com mais eficácia. No entanto, o contrário também pode acontecer, porque os milhões não devem falar dentro de campo. E sim, caro leitor, eu acho que Cardozo tem lugar no Benfica. Não por ser o “Tacuara”, mas por ser quem me deixa mais perto das glórias do meu clube. Não fosse esse o meu pensamento e, ainda hoje, queria ter o Rui Costa de águia ao peito.

Balls in the net

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Confesso que é com algum desprazer que escrevo o artigo de hoje. Ainda à boleia da palhaçada (prometo que vou tentar pensar num termo melhor) que se passou na fase de grupos da Taça da Liga, o espaço Bola na Rede tornou-se numa espécie de recreio de escola primária de aldeia remota.

Após um merecido facelift ao design do site (parabéns a quem de direito), engane-se o utilizador que, inocentemente, poderá pensar que alguns artigos publicados recentemente foram colocados na categoria errada. Muito se escreve sobre o Sporting na página do FC Porto, demasiado mesmo. Porquê, não sei. Sei duas coisas…:

Sei que, sendo alguém convidado para escrever uma rubrica sobre o seu clube e esse alguém não ser capaz de arranjar nada para dizer sobre o mesmo, das duas uma: ou algo de muito sério se passa com o clube ou então algo de ainda mais grave se passa com o redactor.

Sei que insultar pessoas que perdem tempo (sim, “perdem” neste caso é o verbo mais correcto) a ler e a comentar aquilo que escrevemos é provavelmente a coisa mais atrasada mental a fazer por alguém que, vá-se lá saber porquê, de repente tem um espaço para expressar a sua opinião, e não é capaz de ler e engolir opiniões diferentes das suas – porque desde que angariemos muitos “likes” podemos ser todos o próximo Luís Freitas Lobo.

As minhas desculpas, em nome do Bola na Rede, ao Henrique Buescu e outros que foram menos bem tratados.

Passando à frente.

Esta semana está interessante no que diz respeito ao mercado. Confirma-se a activação da opção de compra de Fredy Montero, até 2018, por um valor a rondar os dois milhões de euros. Shikabala, Dramé e Matias Perez vêm reforçar os plantéis A e B, os dois primeiros a custo zero e Perez por empréstimo. Falando nos dois primeiros, são atletas reconhecidos como extremamente talentosos mas ambos tiveram problemas disciplinares no passado. Matias Perez, de apenas 20 anos e 1,93m de altura, deu nas vistas campeonato sul-americano de sub-20 e estava a ser seguido por muitos clubes, entre os quais Benfica e Porto. Os três novos Leões têm agora a oportunidade de mostrarem aquilo que valem neste Sporting de cara lavada.

Também esta semana, sopraram-se velinhas de parabéns a Augusto Inácio e Paulinho. Enormes Sportinguistas, enormes profissionais. Os meus enormes Parabéns.

E só uma nota final que merece ficar esclarecida. Eu não sou imparcial. Nunca fui. Nunca o afirmei ser. Nunca quis dar a entender que o fosse. Se eu fosse imparcial e de facto me apresentasse como tal, não só estaria a ser eticamente correcto como também responsável pelas as minhas opiniões. Se eu me apresentasse como imparcial e depois publicamente “cuspisse” nesse próprio termo através das minhas opiniões, então poderia ser correctamente apelidado de hipócrita. E se, de facto, fosse um hipócrita, e alguém me chamasse hipócrita, chamar-me hipócrita não seria um insulto, seria uma observação. Uma das boas, por sinal.

O histórico dérbi de Itália

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No contexto futebolístico, a palavra dérbi remete-nos, desde logo, para um embate entre duas equipas que pertencem à mesma cidade ou região. Exemplos disso são os nossos bem conhecidos Benfica vs Sporting ou Vitória de Guimarães vs Braga, que estão associados a Lisboa e ao Minho, respectivamente.

Contudo, em Itália, o dérbi extravasa os limites de uma cidade ou região para se estender a todo o território nacional. Juventus e Inter de Milão protagonizam o aclamado e histórico dérbi de Itália. Já no próximo Domingo, dia 2 de Fevereiro, os dois clubes irão defrontar-se pela 216ª vez na sua história, num embate marcado para Turim e que faz parte do elenco da 22ª jornada da Serie A.

O primeiro capítulo desta já longa história de dérbi de Itália foi escrita há mais de 100 anos. A data de 12 de Novembro de 1909 ficará marcada, para sempre, como o pontapé de saída nos duelos entre bianconeri e nerazzurri. O termo “Dérbi de Itália”, contudo, só viria a saltar para a boca dos apaixonados do futebol muitos anos mais tarde, mais concretamente em 1967, quando o jornalista italiano Gianni Brera ousou denominar de dérbi este encontro entre Juve e Inter.

Foi no período entre a I e a II Guerra Mundial que o dérbi Italiano ganhou uma expressão que fez dele um dos duelos mais apetecíveis do futebol europeu. Recorde-se que Itália sagrou-se campeã do Mundo precisamante nesta era, mais concrectamente em 1930 e 1934. Dois obreiros desses títulos mundiais foram os capitães de Juve e Inter naquela altura. Giuseppe Meazza equipava pela formação de Milão, ao passo que Giampero Combi capitaneava a equipa de Turim. Dois históricos, dois homens fundamentais para o futebol transalpino e para as equipas onde jogaram, fazendo com que o dérbi ganhasse esta conotação de maior duelo futebolístico daquele país.

Guiseppe Meazza (à direita), num dos muitos dérbis de Itália que jogou / Fonte: Wikipédia
Guiseppe Meazza (à direita), num dos muitos dérbis de Itália que jogou
Fonte: Wikipédia

Passados todos estes anos, a estatística sorri à Juventus, que venceu 94 dos 215 jogos realizados. O Inter soma 67 vitórias, ao passo que o número de empates é de 54. Dos 575 golos marcados neste dérbi, 306 foram obtidos pela equipa de Turim, ao passo que os milaneses “apenas” somaram 269. É também a Juve que domina no que a goleadas diz respeito, já que, em 1961, logrou vencer o seu rival de sempre por uns expressivos 9-1.

As últimas épocas têm confirmado este ascendente bianconero, apesar de o último jogo entre estas duas formações ter ditado um empate a uma bola. Mauro Iccardi, para o Inter, e Arturo Vidal, para a Juventus, foram os autores dos dois últimos golos do dérbi de Itália, que volta já este Domingo.

 

Vidal a ganhar um lance a Alvarez e Taider, no último dérbi de Itália / Fonte: http://www.cbc.ca/sports
Vidal a ganhar um lance a Alvarez e Taider, no último dérbi de Itália
Fonte: cbc.ca/sports

A jogar em casa e com surpreendentes 23 pontos de vantagem sobre o Inter, a bicampeã Juventus parece ser claramente favorita para esta partida que se avizinha. O domínio claro do campeonato por parte da formação de Antonio Conte tem contrastado com o péssimo registo da equipa de Walter Mazzarri, que, ainda há uma semana, empatou, em casa, perante o lanterna vermelha Catania.

Mas o dérbi de Itália é muito mais do que uma simples partida de futebol. É, acima de tudo, um encontro onde o peso histórico joga e onde todos os intervenientes sonham fazer parte como um dos protagonistas. De Meazza a Zanetti, de Combi a Buffon, a história escreve-se, ano a ano, sempre com capítulos diferentes, mas sempre com a mesma vontade de triunfar por parte dos dois emblemas. Que seja um grande jogo de futebol, no dérbi do país europeu com mais títulos mundiais.