Será difícil pedir melhor: esta terça-feira, o Futebol Clube do Porto dá-se ao luxo de regressar à competição três semanas depois, para pisar o maior palco do futebol europeu completamente tranquilo, sem pressão de maior. Uma vez mais, seria difícil pedir melhor e são poucos aqueles que, na verdade, o podem fazer.
Com o apuramento garantido, o regresso à maior e mais importante competição de clubes do mundo é feito com toda uma outra pressão. Ou, arriscaria dizer, sem pressão. À entrada para o último terço da fase de grupos, o FC Porto apenas se faz acompanhar de Real Madrid, Bayern de Munique e Borussia Dortmund nesta privilegiada posição.
Invejável, desejada por muitos, mas, acima de tudo, importante. Depois de três semanas sem jogar, com o ritmo competitivo em baixo e o regresso aos trabalhos enquanto equipa, não seria tarefa fácil entrar no primeiro minuto a lutar pelo apuramento, pelo que a posição ganha por direito pelos Dragões surge em data perfeita.
Nunca vi paragens internacionais com bons olhos. Não pela substituição dos jogos a azuis e brancos pelo vermelho da selecção que raramente me convence; não por ver Éder somar jogos atrás de jogos sem marcar um golo com a camisola das quinas; mas sim – e esse sim, é O motivo – porque quanto mais jogos realizam, melhor jogam os comandados de Lopetegui. Foi assim com os técnicos anteriores, é assim com o basco.
Posto isto, que não sobre lugar a interpretações indesejadas: o Futebol Clube do Porto vai à Champions para vencer, como sempre o fez. Tem, sim, uma outra margem de manobra e, acima de tudo – é aí, só aí, que pretendo chegar – muito menos pressão. De resto, um primeiro lugar para conquistar.
O pequeno Mark, enfiado no seu quarto em Canning Town, gesticulava, gritava, pontapeava o que encontrava pela frente, transformando o quarto num autêntico cenário apocalíptico. Não culpava ninguém senão o mundo por roubar ao seu pai o tempo e disponibilidade necessários para o levar com regularidade até à Academia de Futebol do Arsenal, onde queria formar-se como jogador de futebol entre os grandes. Ser um dos protagonistas dos jogos de Premier League de Sábado à tarde, aparecer nos resumos dos golos do fim-de-semana e ter cânticos dedicados pelos fãs de Highbury Park. Não pela fama, mas pelo reconhecimento de quão bom jogador era.
Surgiu uma solução prática dois anos depois, o West Ham, cujo centro de formação ficava mais perto de sua casa. Começou a treinar na esperança de um dia envergar uma camisola maior, embora abordasse cada treino frustrado por não estar entre um dos grandes do futebol inglês. Gesticulava e gritava com os colegas e pontapeava cada bola com a fúria própria de um pré-adolescente inconformado com o que o Mundo lhe tinha dado.
Queria chegar a um patamar alto, e sabia que tinha de fazer do West Ham um Arsenal para conseguir ser visto pelos senhores do futebol de elite. Pragmático como sempre foi, tornou-se um líder e contagiou os colegas com a sua determinação de chegar mais alto, e isso trouxe-lhe dividendos: dois anos depois, aos 15, fez a sua primeira aparição num jogo de seniores, pelas reservas do West Ham, e outro par de anos mais tarde estreou-se ao serviço da equipa principal, num encontro da Taça da Liga.
Noble tornou-se um ícone do West Ham Fonte: halley37 (Flickr)
Não desperdiçou a oportunidade e agarrou-a com unhas e dentes. Foi aparecendo esporadicamente na equipa principal, e foi parte integrante de uma época importante para o clube, marcada pelo regresso à Premier League. No final da mesma, recebeu o prémio de Young Hammer of the Year (melhor jogador jovem do West Ham durante o ano), atribuído pelos adeptos, e ainda ficou em segundo lugar na corrida ao Hammer of the Year (prémio de jogador do ano do West Ham). Tinha conquistado o coração dos adeptos, estava num clube que iria disputar a Premier League e, quando deu por si, já tinha somado várias internacionalizações pelos escalões de formação da Inglaterra.
Mark apaixonou-se pelo clube. Passou a ter o roxo e o azul bebé impregnados na pele. Agora, numa altura em que é protagonista dos jogos da Premier League, aparece nos resumos do fim-de-semana desde há 10 anos a esta parte (sempre com a camisola dos Hammers vestido), resumos em que é alvo dos cânticos dos adeptos – não pela fama mas pelo reconhecimento da garra, ilustrada na forma como gesticula e grita com os colegas e na maneira como pontapeia cada bola e disputa cada lance como se fosse um miúdo de 11 anos frustrado com o Mundo – e apercebe-se de que tudo valeu a pena: o facto de não ter singrado no Arsenal e a frustração que serviu de base à sua ascensão, que se traduz no seu estilo de jogo aguerrido e apaixonante.
No último fim-de-semana disputou apenas mais um jogo pelos Hammers. O número 299 em todas as competições, e o 204 na Premier League. Um recorde na longuíssima história do West Ham. Disputou todos os 52 minutos que esteve em campo com o seu estilo próprio. Aguerrido e impondo a si mesmo a pressão de vencer. Porque não sabe viver sem ela. Porque ele é daqueles Jogadores que trazem para o campo toda a alma que têm, e que fazem da camisola que vestem parte integrante do corpo. Mais do que tornar a vitória um objectivo de conquista urgente, torna-se o próprio clube, e não apenas mais um ser humano motivado por recompensas financeiras ou sociais.
Mark Noble é assim. A frustração do miúdo de 11 anos levou-o a tornar-se num autêntico líder de homens, e alguém que só não consegue colocar os interesses da organização que serve à frente dos seus porque esses também são os seus. Um verdadeiro exemplo de amor à camisola. Um espécime raro que serve de bálsamo à alma ferida de puristas como o redactor deste texto, que vêem nestes casos uma das coisas mais bonitas que o futebol tem para oferecer.
O que penso sobre os fundos e sobre os fundos no Sporting
Falar sobre fundos tornou-se quase tão corrente como falar da bola que bateu no poste, dos erros dos árbitros, dos golos, etc. Mas quando falamos de fundos estamos a falar do TPO (third party ownership), isto é, da partilha de passes de jogadores entre clubes, entidades financeiras, investidores, agentes, empresários e até mesmo dos próprios jogadores. O seu fim já anunciado provocará seguramente grandes mudanças no futebol em todo o mundo, particularmente na América do Sul e Europa.
Ao contrário do que parece ser a corrente de opinião no actual Sporting, não olho para os fundos e vejo o anti-cristo. Pelo menos nem mais nem menos do que vejo noutro qualquer instrumento ou parceiro financeiro de que o clube se possa socorrer. O problema, a haver, está em quem negoceia e na forma como defende os respectivos interesses. Este não se confinará apenas às negociações com fundos, mas também à generalidade de parceiros a quem o clube recorra para se financiar. Cabe a quem representa o clube nas negociações retirar as maiores vantagens, porque do outro lado da mesa não está o Pai Natal com um saco de prendas, mas apenas alguém que procura ganhar dinheiro.
O que haverá de diferente aqui se do outro lado da mesa, ao invés de representantes da Doyen ou QFIL, estiver o chairman de um banco ou entidade de crédito similar?
Especificamente sobre o Sporting, lamento que a discussão esteja a ser muitas vezes mistificada, outras vezes manipulada, em que muito contribuíram os maus resultados desportivos que ocorreram no momento em que o clube apostou mais declaradamente neste tipo de financiamento. Os resultados dos rivais provam o que todos sabemos acerca de qualquer negócio: meter dinheiro nos problemas pode vir a representar um problema maior se a aplicação deste não for bem gerido. Ao Sporting faltou sempre alguma coisa ou várias ao mesmo tempo -um bom treinador, estabilidade e saber a dirigir, qualidade do o plantel-: quando tinha um faltava outro. Os resultados do SLB e, de forma mais sustentada, do FCP comprovam que poder chegar a melhores jogadores tem um carácter diferenciador.
Depois, há fundos e fundos. O que agora sucedeu com a renegociação das percentagens detidas pelo fundo do ex-BES, o Sporting Stars Fund, é o resultado de uma circunstância muito especial: o fim do banco com quem se tinha originariamente negociado e o facto de o próprio fundo ser sobretudo um parceiro do Sporting. Na prática, ao invés de deter acções, o fundo comparticipava no risco de aquisição de jogadores – risco que, neste caso concreto e ainda sem fazer as contas, deve ter sido pago sobretudo do lado do investidor. Não fossem estas circunstâncias especiais, será que alguém em bom juízo aceitaria os pouco mais de 12 milhões só e apenas pelas percentagens detidas de passes de jogadores valorizados (como William Carvalho e Adrien, por exemplo)?
Haveria muito a discutir sobre os fundos no Sporting. Inclusive, por exemplo, se é boa política disponibilizar percentagens de passes de jogadores ainda em formação. O que me parece é que o clube não deveria abdicar de uma ferramenta como esta sem pelo menos ter uma alternativa que lhe permitisse estar mais perto dos seus concorrentes directos, sob pena de comprometer a respectiva competitividade.
Bruno de Carvalho tem sido um dos maiores críticos aos fundos Fonte: Facebook Sporting Clube de Portugal
Perceber a estratégia do Sporting
O Sporting fez deste tema bandeira da actual gestão. No entanto, já fez uma inflexão notória que tem aparentemente passado despercebida nos comentários sobre o tema: começou por pedir a regulamentação da actividade para, agora, agitando fantasmas sobre o comprometimento da verdade desportiva, querer a sua extinção.
Várias vezes tenho tentado perceber esta cruzada lançada aos fundos, e a conclusão é quase sempre a mesma: o Sporting pretende com o fim dos fundos diminuir a capacidade de investimento dos seus rivais, de forma a deixá-los, sem as respectivas verbas, mais próximos dos valores que consegue aportar ao seu futebol. Isso seria perfeito, mas quanto a mim, para poder resultar em pleno, tem dois grandes inconvenientes:
(i) As maiores receitas dos seus rivais continuarão a possibilitar, pelo menos na teoria de que jogadores mais caros são melhores, maior capacidade competitiva. Os dinheiros dos fundos servem apenas para partilhar o risco na aquisição dos passes dos atletas; as elevadas verbas necessárias para pagar os ordenados destes têm que ser encontradas nas receitas dos clubes. É possível que, com o fim dos fundos, diminuam também as receitas obtidas na realização de mais-valias. Será essa diminuição em grau suficiente para nivelar os 3 grandes?
(ii) O fim dos fundos acabará por ditar um afastamento dos 3 grandes portugueses dos melhores palcos e, consequentemente, das grandes receitas -a menos que se descubra uma forma de contornar a perda do dinheiro destas parcerias. Que impacto tal terá no ranking dos clubes na UEFA, que determina o acesso à Liga dos Campeões/Milhões? Pelo menos no futebol, a ideia de ombrearmos com “os maiores da Europa”, se já era cada vez mais quimérica, passará a ser impossível.
E aqui, na capacidade de atracção de financiamento e investidores, o problema continuará a ser, em grande medida, maior do nosso lado. Hoje a visibilidade do Sporting é inferior à dos seus rivais e isso é notório ao nível das parcerias e patrocinadores. Inverter este cenário é ainda mais ciclópico quando se sabe o atraso de muitos anos que levamos no marketing, corporate e demais áreas comerciais e de promoção da marca.
Os fundos não representam uma panaceia para todos os males (como sabemos de experiência própria), mas, sem eles e sem alternativa, clubes como os 3 grandes portugueses, Atlético de Madrid, Valência, e outros remediados europeus terão que se contentar em serem os eternos figurantes no “el passillo” aos mais ricos.
Todas as estratégias comportam riscos. Sobre a actual, partilho a desconfiança sobre estes instrumentos, mas não me auto-excluiria do seu uso sem uma alternativa, e não estou muito optimista sobre os seus resultados práticos.
Sobre a generosidade e bondade da argumentação a propósito da transparência do dinheiro e respectiva posse, parece-me que quem tem como patrocinadores a Tacho Easy ou a Herbalife se devia abster de grandes comentários. Como em geral sobre quase todo o dinheiro acrescentaria.
Sobre o efeito pernicioso dos fundos e relações nebulosas com agentes de jogadores, diria mais ou menos o mesmo. Não faltam exemplos, passados e recentes, em que o clube, para fazer valer os seus interesses, atravessou a linha que a lei e a ética impõem.
Que perigo representam os fundos?
Dizer isto não é ignorar os perigos que representa a existência dos chamados fundos. O seu peso crescente no futebol mundial é evidente:
– Mais de um milhar de jogadores na Europa são já pertença de entidades financeiras.
– Grande parte destes jogadores pertence a um reduzido número de entidades ou agentes. O risco de dependência e subjugação dos interesses dos clubes aos interesses de um trust de investidores é notório.
Mais do que a sua extinção, parece-me que a regulação desta actividade (como aliás de qualquer outra) se tornou imperativa. Mas isto não ilude que perigos semelhantes ou até mesmo mais lesivos da verdade desportiva se tenham, anteriormente, tornado realidade no futebol, muito antes da chegada dos fundos. Não mais nem menos do que em todas as outras actividades onde existem grandes quantidades de dinheiro em circulação e em que o apelo do lucro fácil é permanente.
A posição da UEFA e da FIFA
Os organismos que tutelam o futebol internacional têm alergia aos temas fracturantes e, sobretudo, não gostam de muito barulho e escrutínio. A ideia de extinguir os fundos, ou melhor dizendo, a partilha da posse dos passes dos jogadores, é sobretudo preguiçosa. O futebol não ficará mais equilibrado nem mais transparente. Esta decisão deixa cada vez menos espaço aos clubes de matriz associativa, como é o nosso, deixando o caminho livre ao futebol de clubes com um dono ou accionistas. E o dinheiro encontrará sempre novos caminhos para continuar a crescer e a se multiplicar.
Nasceu no mesmo bairro que Diego Armando Maradona. A pobreza tirou-o da escola e colocou-o como vendedor ambulante de tudo (bananas, gelo, etc.) pelas ruas de Buenos Aires. Chamava-se Hector Casimiro Yazalde. Representou o Sporting e maravilhou Portugal de norte a sul, foi um goleador poderoso. Começou pelo futebol miúdo até que o Independiente de Avelhaneda o contratou. Com 20 anos começou a arrasar no futebol argentino e fez do Independiente bicampeão argentino. A seleção chamou-o, os grandes clubes começaram a cobiçá-lo. A Argentina não teria mais remédio que o ver partir. O Sporting foi mais hábil do que clubes como o Santos, o Boca Juniores, o Lyon ou o Valencia. Chegou a Lisboa em 1971, depois de quatro anos a triunfar no Independiente de Avellaneda. Não foi fácil. Chegou, mas a primeira época não foi famosa. O ano seguinte seria outro cantar.
O Sporting tinha bons jogadores internacionais e um génio como o Dinis. Tinha o Nelsão, o Damas, e ainda jogavam o José Carlos e o Pedro Gomes. Davam-se as circunstâncias para que o Sporting chegasse ao mais alto dentro do futebol nacional. Caíam Taças de Portugal, mas o título verdadeiramente cobiçado era o Campeonato. Chegou a época de 1973/74. Yazalde transformou-se numa máquina de fazer golos; o Nelsão e o Dinis transformaram-se nos complementos necessários. O Sporting realizou uma época fantástica e finalmente ganhou o campeonato. Yazalde marcou perto de 50 golos e ganhou a Bota de Ouro. Ele amava o Sporting, e o Sporting adorava-o; era o grande ídolo de que o clube de Alvalade necessitava.
O Sporting do Yazalde Fonte: Sporting Clube de Portugal
Foi um jogador tecnicamente apurado e um rematador inverosímil. Tinha movimentos na área que surpreendiam os marcadores e, apesar de ser fisicamente normal, impunha-se e era também perigoso no jogo aéreo. O Real Madrid tentou levá-lo para Espanha, mas o Sporting negou-se. Um ano mais tarde vendeu-o caro mas a metade do preço que oferecia o Real Madrid. Esteve dois anos no Olimpique de Marselha sem grandes brilhos mas, mesmo assim, ganhou uma Taça de França.
Há quem diga que foi o melhor estrangeiro que passou pelo campeonato português. Não duvido. No entanto, se não foi o melhor está, certamente, entre os melhores. Regressou à Argentina e ainda fez várias épocas repartidas pelo Newll´s Old Boys e o Huracán. Retirou-se e ligou-se ao futebol na vertente de empresário de jogadores. A vida foi-lhe traiçoeira e uma cirrose assassina acabou com a sua vida quando tinha 51 anos. Disputou o Mundial de 1974. A Argentina era uma das grandes esperanças, mas a Holanda levou-a pela frente. Yazalde, mesmo assim, marcou dois golos nos três jogos que disputou. Era apodado como o Chirola.
O Sporting de Braga venceu o Vitória em Guimarães por duas bolas a uma e deixou os “Conquistadores” arredados da Taça de Portugal. A grande penalidade convertida por André André foi insuficiente para virar o resultado depois dos golos de Rafa e Pardo no final da primeira parte. O Vitória foi melhor ao longo de quase toda a partida, mas o Sporting de Braga soube aproveitar as oportunidades que construiu para vencer o desafio.
Perante um Estádio D. Afonso Henriques muito bem composto, a equipa de Sérgio Conceição, que ainda não tinha ganhado fora nesta temporada, foi a primeira a estar perto do golo, mas Bruno Gaspar evitou que o cabeceamento de Éder entrasse na baliza vitoriana, quando ainda não tínhamos chegado aos dois minutos. A partir deste lance, os da casa assumiram o jogo mas sem criar grandes oportunidades. A equipa de Rui Vitória canalizava muito jogo pelo flanco direito, onde Hernâni, que foi a par de Pedro Tiba o melhor jogador em campo, era um quebra-cabeças para Marcelo Goiano. Convém lembrar que Tiago Gomes e Djavan, os dois laterais esquerdos do plantel, estavam lesionados, e por isso Sérgio Conceição teve de recorrer ao ex-jogador da Académica para iniciar o encontro no lado esquerdo da defesa. Hernâni, bem apoiado por Bruno Gaspar, foi a principal arma do ataque vitoriano. Também por isso, sofreu oito faltas ao longo de todo o desafio.
O Sporting de Braga tentava aproveitar a velocidade de Pardo e Rafa para sair em contra-ataque, mas o meio-campo do Vitória esteve muito bem na primeira meia hora. A equipa da casa fez oito remates neste período mas sem conseguir bater o russo Kritciuk. No último quarto de hora da primeira parte, surgiram as melhores ocasiões de golo. Éder, para o Braga, e Bouba Saré, para o Vitória, remataram para fora. Pouco depois, Rafa e Pardo foram mais eficazes e apontaram os dois golos dos visitantes. No primeiro, ao minuto 39, Éder ganhou no jogo aéreo a André André, e o esférico sobrou para Rafa, que fez uma obra de arte. Passou a bola por cima de Josué e Bruno Gaspar e rematou cruzado, com a bola a entrar perto do ângulo superior esquerdo da baliza de Assis. Dois minutos depois, Éder aproveitou a atrapalhação de Adama Traoré e, de forma também atabalhoada, acabou por lançar o colombiano Pardo, que correu até à área e, depois de deixar B. Gaspar fora da jogada, bateu Assis. Muito importante a ação do internacional português Éder nos dois golos, ao ganhar os duelos perante os seus adversários e dando as chances de golo a Rafa e Pardo.
Os bracarenses chegaram ao intervalo a vencer de forma algo injusta, depois de os vitorianos terem sido melhores. A equipa da casa rematou mais, teve oito cantos contra nenhum dos bracarenses, que cometeram quase o dobro das faltas na primeira metade. Na disputa do meio-campo, Danilo e Pedro Tiba lutaram muito, mas a inoperância de Ruben Micael ajudou a que o Vitória tivesse ascendente.
Pedro Tiba segurou a equipa do SC Braga ao longo de todo o jogo. Esteve impecável. Fonte: Facebook do Vitória SC
Na segunda parte, Rui Vitória, insatisfeito com o rumo dos acontecimentos, colocou o ponta de lança Jonathan Álvez no lugar do lateral Traoré, dando uma maior propensão ofensiva à equipa. Alex recuou para lateral, e Bernard passou a alinhar no flanco esquerdo. O Vitória passava a jogar num sistema tático com dois avançados, ao invés do 4-2-3-1 do início do encontro. Os bracarenses fizeram muitas faltas, 29 ao longo de todo o encontro, e por isso não surpreenderam os nove cartões amarelos mostrados pela equipa de arbitragem. Aos 70 minutos, o Vitória tinha quase o triplo dos ataques e foi neste momento que chegou ao golo. Marcelo Goiano, que já tinha amarelo, derrubou Hernâni no limite da área e Duarte Gomes assinalou penálti. Marcelo Goiano foi expulso e André André reduziu a desvantagem vimaranense. Rafa alinhou momentaneamente no lado esquerdo da defesa, até ser substituído por Pedro Santos. O habitual extremo foi adaptado pelo técnico a lateral para tentar travar as perigosas investidas de Hernâni. Esta solução durou 10 minutos, pois Pedro Santos viu amarelo por derrube ao “7” do Vitória, e Sérgio Conceição decidiu não arriscar e colocou Sasso em campo, em detrimento do ponta de lança Éder. O central francês foi jogar como lateral esquerdo, sendo assim o quarto jogador do Braga a ocupar aquela posição neste jogo.
Até ao fim, o Vitória carregou em busca do golo do empate, mas Álvez e Ricardo, recém-entrado em campo, não conseguiram aproveitar as oportunidades, e o Vitória acabou eliminado da Taça de Portugal.
Para terminar, penso que Duarte Gomes teve uma atuação algo infeliz num encontro que foi difícil de gerir. A pisadela de Éder sobre Traoré aos 13 minutos e a mão de Marcelo Goiano na cara de Hernâni, à passagem da hora de jogo, foram castigadas com cartão amarelo, mas, na minha opinião, eram merecedoras de cartão vermelho direto. Ruben Micael também arriscou com uma falta a travar um contra-ataque quando já tinha um cartão amarelo. Houve ainda vários lances duvidosos nas áreas. Na primeira parte, Ruben Micael pediu penálti por derrube de Adama Traoré. Os vitorianos também pediram castigo máximo depois de André Pinto ter agarrado a camisola de Tomané perto da marca dos 11 metros. Na segunda parte, mais dois lances duvidosos: ao minuto 57, André Pinto corta um desvio de Álvez com o braço. O desvio foi à “queima roupa”, mas o central bracarense tem o braço levantado, claramente desviado do corpo. Penso que ficou mais uma grande penalidade por assinalar. No penálti convertido por André André, fica a dúvida sobre se a falta é cometida dentro ou fora da área.
O que é certo é que o Sporting de Braga deixou o seu grande rival pelo caminho na Taça de Portugal. Daqui a duas semanas, há novo confronto entre estes dois conjuntos, em Braga, para o campeonato.
A Figura
Pedro Tiba – O médio foi um pilar importantíssimo para a vitória do Sporting de Braga. Muito forte a recuperar bolas e a lançar a sua equipa no ataque, foi um poço de força ao longo de todo o jogo. Parecia que estava em todo o lado. Hernâni, do Vitória, também fez uma excelente partida.
O Fora de Jogo
Ruben Micael – O madeirense protesta muito mais do que joga. Cometeu muitas faltas e, na minha opinião, devia ter sido expulso por Duarte Gomes. Preocupou-se sempre mais com o árbitro. Se continuar assim, não deve perdurar muito tempo entre as primeiras escolhas de Sérgio Conceição. Marcelo Goiano também esteve mal. Raramente conseguiu parar Hernâni e foi expulso a 20 minutos do fim.
Na última jornada do Grupo A da Ronda de Elite da UEFA Futsal Cup, o Bola na Rede esteve novamente presente no Multiusos de Odivelas para acompanhar o mini-campeonato que dá acesso à final four da mais importante competição de clubes da Europa. O cartaz para este último dia revelava um confronto entre o Grand Pro Varna (Bulgária) e o FT Charleroi (Bélgica), e, logo depois, a partida mais esperada por todos os amantes de futsal: Sporting vs Inter FS (Espanha).
Charleroi 3-0 Grand Pro Varna: pouco mais do que honra
Num jogo que apenas servia para definir os últimos lugares do grupo A, o FT Charleroi superiorizou-se ao Gran Pro Varna e, sem surpresas, garantiu o terceiro posto. As duas equipas nada tinham a perder e jogaram de forma aberta, ainda que tal não tenha redundado num jogo entusiasmante ou, sequer, bem jogado. O resultado de 3-0 confirma os búlgaros como a equipa mais limitada do grupo – um conjunto que, em abono da verdade, teria sérias dificuldades em garantir a manutenção no escalão máximo do futsal português.
Sporting 1-0 Inter FS: uma vitória de elite
No jogo grande do dia, um Sporting de nível mundial bateu o Inter FS, perante um pavilhão a rebentar pelas costuras, e conseguiu o tão desejado apuramento para a final-four da UEFA Futsal Cup. Os leões derrotaram o campeão espanhol com um golo solitário de Diogo e repetiram o feito de 2010, ano em que derrotaram o El Pozo Múrcia. A precisar de vencer, a equipa de Nuno Dias fez uma exibição colectivamente irrepreensível e superou o conjunto de Cardinal e Ricardinho (que, a recuperar de uma lesão, acabou por não jogar).
Contratado esta época, Diogo foi o herói da partida Fotografia de Christopher Alves
Na primeira parte, as equipas não arriscaram e ao intervalo mantinha-se o nulo, depois de um encontro intenso mas sem grandes ocasiões de golo (na mais flagrante, Alex atirou ao poste). O Inter, com uma posse de bola segura, conseguiu manter o Sporting longe da sua baliza e os leões só incomodaram verdadeiramente os espanhóis em transições rápidas, sendo que, num desses lances, Cary cruzou para Cássio, com o brasileiro a chegar ligeiramente atrasado para o desvio. Do outro lado, Cristiano, de regresso ao 5 inicial depois de ter cumprido castigo, ia fazendo boas intervenções, apagando a péssima exibição que realizou na partida com o Charleroi. Com quatro minutos para jogar, o Sporting chegou às cinco faltas e ficou condicionado até ao intervalo, porém o Inter não foi capaz de o aproveitar.
A segunda parte foi totalmente diferente. O Sporting estava obrigado a vencer para seguir em frente e apresentou-se com outra postura, pressionando mais à frente e conseguindo criar bastante perigo. O início da etapa complementar foi o pior período do Inter, que teve de sofrer bastante para aguentar a intensidade leonina. Ainda assim, foi do outro lado que houve desperdício gritante quando Cardinal, isolado, não conseguiu inaugurar o marcador. O tempo ia passando e não se vislumbrava o golo do Sporting. Porém, quando faltavam cerca de seis minutos para o final, Paulinho protagonizou uma boa jogada na esquerda e Diogo – que esteve em destaque no segundo tempo –, com um pontapé sem preparação, fez a bola anichar-se na baliza espanhola. Em desvantagem, o Inter colocou Lolo a jogar como guarda-redes avançado, fazendo prever um sufoco final para a turma de Nuno Dias. Contudo, o conjunto verde e branco, com um desempenho exemplar a defender em inferioridade numérica, conseguiu festejar o apuramento para a final-four da prova. Não sem um pouco de sorte à mistura, já que no último segundo aconteceu um lance simplesmente inacreditável: a bola sobrou para um jogador espanhol que a um metro da baliza não a conseguiu encaminhar para o fundo das redes – o poste também estava com os leões e impediu o empate.
Os leões garantem, assim, um lugar na final four e podem sonhar com algo mais do que o 2º lugar conquistado em 2010/2011. A ronda final da UEFA Futsal Cup realizar-se-á em Abril de 2015, contando com as presenças de Barcelona (Espanha), Kairat (Cazaquistão) e Dina Moscovo (Rússia), não sendo ainda conhecido qual será o anfitrião (o Sporting já afirmou que vai apresentar candidatura, sendo o MEO Arena o local escolhido pela equipa de Alvalade) da etapa final da competição de futsal mais importante de clubes.
Nuno Dias é um dos principais responsáveis pelo êxito leonino no futsal Fotografia de Christopher Alves
A Figura
Nuno Dias – voltou a colocar Cristiano no 5 inicial – depois de ter cumprido castigo – e a aposta não poderia ter sido mais feliz. O guarda-redes português redimiu-se da péssima exibição que fez frente ao Charleroi e foi decisivo na vitória leonina. Por outro lado, a nível táctico, o Sporting foi sempre uma equipa muito equilibrada, coesa e coerente consigo e com as suas ideias. Nota-se que é uma equipa muitíssimo bem trabalhada e que, quando não consegue jogar de forma brilhante, é muito sólida e pragmática – a forma como soube fechar os espaços ao Inter nos momentos finais é a prova mais do que provada do belo trabalho desenvolvido pelo treinador leonino.
O Fora-de-Jogo
Paulinho – num dia histórico para o Sporting é quase inglório falar de uma figura menor. Paulinho tem características fantásticas para um ala mas quando a dimensão competitiva cresce, o nº 2 do Sporting apresenta insuficiências – a velocidade é a sua maior arma mas tal não lhe basta quando o poder de decisão não é o melhor e a conclusão dos lances é deficiente, como aconteceu hoje em dois ou três pares de lances.
Uma coisa era certa à entrada para o último Grande Prémio da temporada: seria um Mercedes a festejar o título de campeão mundial de 2014. E, tão certo quanto esse ser o único dado adquirido, foi a passagem do desespero à glória em poucos segundos. No final, foi Lewis Hamilton a subir ao mais alto lugar do pódio para festejar não só a vitória em Abu Dhabi como o seu segundo troféu na Fórmula 1.
Depois de toda uma temporada intensa, dramática, histórica, esperava-se uma última de cortar a respiração. Se Rosberg partia na frente, Hamilton podia contentar-se com o segundo lugar pois, mesmo valendo os pontos o dobro, seria suficiente para se sagrar campeão. O segredo para o conseguir? Querer mais. E assim, logo no arranque, tomou a primeira posição rumo a um título que, na primeira volta, já não lhe fugiria.
Em Abu Dhabi, à medida que o sol recolhia e dava lugar à tão característica e apaixonante iluminação do circuito da Yas Marina, houve de tudo mas acabaram por ser os problemas mecânicos no Mercedes de Rosberg a assumir maior destaque. Ainda assim, e como o próprio confessava a dada altura à equipa que a ele se desculpava, “não faria diferença nem seria suficiente ter o carro bom.”
Afinal, lá na frente Hamilton rodava tranquilamente no primeiro posto, apenas seguido de Massa que assim consumava uma excelente época para a Williams. E o ‘passeio’ de Lewis a bordo do seu Mercedes na tarde deste domingo é a imagem perfeita para descrever a fase final da temporada do piloto britânico que, desde o incidente com o seu colega de equipa em Spa, não mais perdoou: depois dos cinco triunfos consecutivos, a consumação de uma temporada de sonho com a vitória nos Emirados Árabes Unidos.
Rosberg, por sua vez, foi vítima da sua própria squadra, que colocou o desespero de lado para rapidamente passar a saborear os momentos de glória. Não podia ser de outra forma: no final, um dos pilotos sairia cabisbaixo, o outro pela porta grande. Coube ao alemão o papel menos desejado mas, também, um dos momentos mais bonitos do dia — a subida à sala pré-pódio para congratular o seu colega de equipa.
E assim, com a dobradinha da Mercedes em 2014, chega ao fim mais uma temporada de Fórmula 1. Com Hamilton lá bem no alto e Nicole Scherzinger, a sua namorada, acompanhada de toda a família e equipa e em grande destaque no circuito de Abu Dhabi. Agora, é tempo de celebrar mais uma época histórica e descansar as baterias.
Foi o que tinha de ser. Federer jogou o jogo decisivo, venceu e deu a Taça Davis à Suíça. Mas atenção, o mérito é todo de Wawrinka. Foi ele que aguentou a Suíça durante os últimos sete anos e que permitiu que este domingo Federer conseguisse cumprir um dos últimos sonhos que tinha enquanto jogador de ténis.
No primeiro dia de competição foi mesmo Stanislas Wawrinka que cumpriu o que se pedia à equipa Suíça e derrotou Jo Wilfried Tsonga por três sets a um, mas mostrando sempre estar por cima do encontro e no domínio da situação. Nesse mesmo primeiro dia foi Roger Federer quem desiludiu frente a um Gael Monfils galvanizado por estar num grande palco e que mostrou estar sempre a controlar a partida, conseguindo vencer Federer com relativa facilidade e mostrando algumas das fragilidades do ex-n.º1.
As perspectivas não eram assim animadoras, tendo em conta que Federer estaria a braços com uma lesão nas costas e se mostrou uns furos abaixo do exigido na primeira partida que disputou. No segundo dia, pecado capital do capitão francês, Arnaud Clement, que colocou Benneteau e Gasquet frente a Federer e Wawrinka, que se uniram assim após um suposto desentendimento. A dupla suíça venceu, como era de esperar, com facilidade os franceses, colocando-se assim em vantagem para o terceiro dia de prova.
E se Gasquet já no Sábado não conseguiu contrariar Federer em pares, não seria de esperar que conseguisse fazê-lo no Domingo. Novo erro do capitão francês que, ao invés de colocar Tsonga ou Monfils, colocou novamente Gasquet, que perdeu novamente frente a Federer em três set’s, com um Roger que se exibiu a um nível totalmente diferente do que se pôde ver no primeiro dia de prova.
Feitas as contas, vitória para a Suíça, uma “vitória para os rapazes” como disse Federer no fim e sonho cumprido para o campeonissímo suíço, a quem fica agora a faltar apenas uma medalha de ouro individual nos Jogos Olímpicos.
Como escrito aqui há semanas, Federer quis, chegou e venceu conquistando assim a Taça Davis, num ano em que Stanislas Wawrinka foi decisivo e numa equipa que tem vivido às costas do n.º2 suíço.
Quanto aos franceses, nova oportunidade perdida para conquistar o 10.º titulo, mas a certeza de uma equipa consistente capaz de se bater perfeitamente com qualquer selecção mundial, mas, neste fim-de-semana, pedia o destino que fosse a Suíça a triunfar e, mesmo em Lille, foram os pupilos de Severin Luthi a triunfar e a conquistar assim a edição de 2014 da Taça Davis, sucedendo ao bi-campeonato da República Checa.
Recorde-se ainda que, para chegar ao título, a Suíça ultrapassou a Sérvia de Djokovic na 1ª ronda, o Cazaquistão de Golubev na 2ª e a Itália de Andreas Seppi na meia-final, vencendo todas as eliminatórias por 3-2.
A equipa de seniores de Hóquei em Patins do Sporting CP deslocou-se ao Casablanca para disputar a oitava jornada do campeonato nacional, frente ao Paço de Arcos. Defrontavam-se, assim, duas equipas que estão a voltar às luzes da ribalta e que já somam vários títulos. Esperava-se um clássico lisboeta equilibrado, que pusesse à prova os velhos rivais; os leões procuravam os três pontos para igualar os líderes FC Porto e SL Benfica, enquanto o Paço de Arcos procurava subir na tabela classificativa.
Pudemos assistir a um primeiro tempo de nuances, com claras divisões no domínio do jogo: o Sporting entrou melhor no jogo e, durante os minutos iniciais, jogou com mais intensidade e conseguiu criar oportunidades de perigo, aproveitando o erro do adversário. A equipa da casa deu luta e, em alguns momentos, conseguiu estar por cima, sem dar descanso à defesa verde e branca. Contudo, a equipa leonina mostrou-se disposta a discutir o jogo e trouxe ritmo ao últimos minutos antes do intervalo, procurando ocupar o espaço da área de finalização. Quando tudo parecia apontar para o empate, já no último segundo, é mostrado um cartão azul ao camisola dois do Paço de Arcos; estava montada a oportunidade para o Sporting fazer o 0-1, mas Carlos Martins não foi eficaz na conversão do livre directo. Com o placard a zeros, soou o apito para intervalo. O marcador reflectia o equilíbrio entre as duas equipas.
Os leões foram melhores do que o Paço de Arcos
Com a segunda parte vieram os golos e, logo nos primeiros segundos, Ricardo Figueira inaugurou o marcador, numa altura em que o Sporting jogava em powerplay. Um minuto depois surgiu a resposta dos brancos e azuis, e do stick de Tiago Roquete nasceu a igualdade. Não podia pedir-se um recomeço mais escaldante! Com dois golos a marcar este segundo tempo, ambas as equipas abriram mais o seu jogo, o que trouxe mais emoção aos jogadores, que começaram a arriscar com maior frequência. Estávamos perante um espectáculo de hóquei. Se a primeira parte estava marcada por um jogo fortemente táctico, esta segunda somava contra-ataques sucessivos, que não permitiam ao espectador desviar o olhar. A cinco minutos e 40 segundos do final, João Pinto ampliou a vantagem; estava feito o 1-2. O ritmo de jogo continuava intenso, e a equipa da casa atirou, inclusive, duas bolas à barra; se tivessem sido mais certeiros, talvez o Sporting tivesse tido dificuldades em dar a volta ao resultado, já que o Paço de Arcos apresentava uma defesa mais forte e certamente se iriam fechar para controlar a vantagem. Todos os jogos têm uma dose de sorte e outra de eficácia, e foram os leões que continuaram a acertar na baliza adversária; a dois minutos do fim, é assinalada uma grande penalidade para a equipa visitante, e Poka assinou o hattrick.
Feitas as contas, o Sporting CP foi o merecido vencedor e, num ambiente fantástico proporcionado por adeptos fervorosos, fez a festa! A um jogo tão disputado juntou-se uma moldura humana composta; afinal, vale a pena sair de casa para apreciar a qualidade do Hóquei português.
A noite de Sábado teve cerca de vinte e dois mil espectadores no Estádio da Luz. Depressa o seu sorriso apareceu, alastrando uma onda benfiquista carregada de felicidade. A equipa de encarnado começava com o guardião Júlio na baliza (para mim, isso já chega para assegurar uma noite tranquila); a seguir vieram as oportunidades a Benito, André Almeida, Cristante, Derley e o já tão famoso e esperado Jonas. De resto, tudo igual.
O jogo começou com um Benfica fortíssimo na recuperação de bola, com vontade de cilindrar tudo o que aparecesse à frente. Foi assim que, ao terceiro minuto da primeira parte, Jonas inaugurou o marcador: de referir que foi um remate de génio, na linha daquilo que o brasileiro nos tem habituado. Mas não ficámos por aqui. Ao contrário do que tem sido habitual, o Benfica não parou depois do golo, nada disso. O meio-campo continuou a carburar e o segundo golo não demorou muito a aparecer – passe mágico de Derley para a abertura de Gaitán, que por sua vez ofereceu o esférico a Jonas, que num gesto magistral fez o segundo (os meus olhos sorriem sempre que o mágico acaricia a bola). Estávamos nos primeiros dez minutos da partida e o Benfica já liderava por 2-0. A partir do segundo golo, o Benfica foi capaz de abrandar o ritmo e o Moreirense aparentava uma melhor organização, algo que não foi suficiente para travar o terceiro golo da noite, o primeiro de Salvio (minuto vinte e dois). Nesta altura o Benfica respirava confiança, mostrando um meio-campo sólido e eficaz, com noites inspiradas de Cristante e Enzo. E eis que chegou um livre para João Pedro, do lado esquerdo do ataque do Moreirense. Livre bem batido com Cardozo (até me dá saudade só de dizer este nome) a cabecear para dentro das redes. Passava o minuto vinte seis e o Moreirense ganhava alguma esperança. O resto da história da primeira-parte desenrolou-se com um Benfica controlador, não dando espaço aos homens de Moreira de Cónegos. Este controlo foi sediado no meio-campo com um Cristante recheado de confiança e saber, pautando os ritmos de jogo: que sejas bem-vindo Maestro e que essa batuta não te caia das mãos!
Salvio e Jonas, os homens da noite Fonte: Facebook Oficial do Sport Lisboa e Benfica
A segunda parte veio com a saída de Nico Gaitán e a entrada de Ola John, assegurando o descanso do argentino para a importante noite de Quarta-feira na Rússia. O Sport Lisboa e Benfica entrou na partida com a mesma força e determinação, chegando ao golo ao minuto cinquenta e sete por intermédio de Salvio (nota artística com, mais uma vez, um passe mágico de Derley a culminar com um trabalho perfeito de Toto). A partir deste golo a equipa encarnada foi capaz de baixar o ritmo do jogo, descansando as pernas e a cabeça para o desafio da Liga dos Campeões que aí vem. Jesus deu-se ao luxo de tirar Enzo e Salvio, repousando o trio encantador de argentinos. Os minutos foram passando e o árbitro acabou por confirmar a passagem do Benfica aos oitavos-de-final desta tão bonita competição.
Como apontamentos finais, gostaria de realçar as boa exibições de Cristante e de Derley, provando que são alternativas válidas. Mais uma noite arrebatadora de Jonas, deixando a mágoa de não nos poder ajudar na Rússia bem presente. Uma noite inspirada de Salvio, já estávamos a precisar, campeão! Mais uma exibição segura de Júlio César e de Luisão (ai, capitão, tu não falhas nunca…). Em relação às notas negativas, as exibições de André Almeida, Jardel e Benito, algo aquém das expectativas. O central brasileiro teve muito trabalho com Ramón Cardozo, que acabou por ser dos melhores do Moreirense, lutando por cada bola como se fosse a última.
A Figura:
Jonas, Jonas e Jonas: o homem não pára de marcar golos (7 golos em 6 jogos) e de me encantar a alma. Esteve presente em quase todos os lances ofensivos dos encarnados, vindo atrás oferecer linhas de passe, segurando a bola de costas para a baliza, oferecendo mobilidade ao ataque benfiquista e, por fim, finalizando quando necessário (e que finalizações!)
O Fora de Jogo:
André Almeida: Poderia ter escolhido outro homem como a exibição menos conseguida, mas parece-me que o André tinha a experiência e a confiança para fazer muito melhor ontem (algo que Bentio não tinha, por exemplo). Atacou pouco e não ofereceu muitas soluções ao corredor direito. Acabou por também cometer alguns erros desnecessários.