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Com vista para o Marquês

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dosaliadosaodragao

Mais do que um elementar princípio de fair-play, dar os parabéns ao Benfica e aos seus adeptos pela conquista do Campeonato é um exercício de justiça e de verdade. Porque, mesmo descontando a enorme incapacidade que o seu principal rival – FC Porto – demonstrou, o mérito dos encarnados foi sendo provado e comprovado jornada após jornada, desafio trás desafio, com uma equipa a carburar e com talentos a evidenciarem-se. Não poderia, talvez, ser de outra maneira, dado estarmos diante do melhor plantel dos últimos 30 anos.

De todo em todo, olhar o Campeonato que o Benfica fez e a forma como o conquistou pode ser um exercício traiçoeiro. Ora, de facto, a perspectiva do copo meio cheio ou do copo meio vazio está aqui bem evidente: o Benfica vitorioso deste ano não fez (nem, provavelmente, irá fazer) melhor do que o Benfica amargurado e deprimido da época passada. O mesmo Benfica que é hoje elogiado aos quatro ventos, com um treinador superlativo e com uma presidência firme e assertiva, irá, no máximo, amealhar 79 pontos (se vencer Vitória de Setúbal e, finalmente, no Dragão), apenas mais 2 do que o Benfica destruído por Kelvin, mais 10 do que o Benfica versão 2011/2012 e menos 5 do que o FC Porto campeão de Villas-Boas. Mais, 84, 75 e 78 foram, respectivamente, os pontos contabilizados pelo FC Porto no final das últimas três edições do campeonato – ou seja, numa época ‘normal’, o FC Porto estaria, a esta hora, a lutar taco-a-taco pelo ceptro com a equipa que é, hoje, vista como “a última Coca-Cola do deserto”.

Muito longe de querer retirar o mérito à conquista do conjunto de Jorge Jesus, a verdadeira novidade desta época foi a falta de comparência do FC Porto. Foram os equívocos na construção do plantel, foi o tremendo erro de casting em que se tornou Paulo Fonseca, foi, enfim, a banalidade na qualidade de jogo do Dragão que tornou o campeonato, a partir de um dado momento, num calmo e tranquilo passeio para o Benfica. Mas uma viagem que fora absolutamente bem estruturada e planeada, com a rota e a velocidade certas e com as paragens imprescindíveis – tal e qual como o actual modo de jogar do Benfica de Jorge Jesus.

Em 2013/2014, os papéis inverteram-se e é Salvio e o Benfica que festejam  Fonte: Sapo
Em 2013/2014, os papéis inverteram-se e é Salvio e o Benfica que festejam
Fonte: Sapo

Ainda e sempre Jorge Jesus. O mesmo que viu os seus fiéis seguidores em 2010 tornarem-se, depois, em impositivos detractores e agora, de novo, em indefectíveis fãs. Tudo ao sabor da corrente dos resultados com o patrocínio das capas dos maiores jornais e nas colunas de opinião vaidosamente assinadas por tantos. Na espuma das ondas, porém, algo indesmentível – foi graças a Jesus (e a um brutal investimento financeiro) que o ciclo do futebol português mudou. Aquilo que era uma hegemonia do FC Porto tornou-se, de há cinco anos a esta parte e com a excepção da época de André Villas-Boas, numa luta intensa (quase sempre) a dois entre Dragões e Águias. Para mal de alguns, creio que foi apenas esse ciclo que terminou. Todo e qualquer outro que se pretenda propagandear dependerá sempre de uma sequência: de campeonatos, de Taças, de Supertaças…

Da última noite de Domingo sobra um imenso fundo vermelho. De conquista, de explosão, de felicidade, de comunhão entre uma equipa e os seus adeptos – tal e qual como o futebol deve ser, sempre. Observar o Marquês de Pombal e contabilizar as dezenas de milhares de benfiquistas que, efusivos, comemoravam a conquista do campeonato (e, tenho para mim, a desejosa vingança do remate de Kelvin) não foi um suplício, um desgosto ou, como se diz tão comummente, um acumular de ‘azia’. Para o FC Porto, olhar para aquela imponente noite vermelha só pode ser um acto de contrição. Mas, muito mais do que isso, deve ser o maior e renovado desafio, a suprema motivação, o cerrar de fileiras, o apelo ao coração, à competência, à garra e à paixão. A cada very light encarnado deve recordar-se esta Liga e os inauditos 15 pontos de distância, a derrota na Luz para a Taça e corar de vergonha, sentir o impulso e relembrar que há uma nova guerra dos tronos à espreita …

A imensa festa benfiquista no Marquês de Pombal, em Lisboa  Fonte: A Bola
A imensa festa benfiquista no Marquês de Pombal, em Lisboa
Fonte: A Bola

Com uma nova mentalidade – a mesma que fez o FC Porto vencer tudo depois das duas últimas vezes em que terminou um campeonato em 3º –, com um novo treinador carismático, competente e cheio de fibra, com um plantel construído de forma estruturada e que saiba voltar a honrar as cores azuis e brancas, em suma, colocando no lugar do descomprometimento a exigência que a tanto e tanto sucesso levou o Dragão na última década – aquela de que nem todos podem ter orgulho –, o FC Porto, logo logo, estará na luta.

Ainda manda quem pode e por isso (e para isso) vão, se preciso for, ao baú e redescubram Viena, Tóquio ou Sevilha – mostrem aos meninos colombianos, brasileiros, mexicanos e de todas as outras nacionalidades possíveis e imaginárias que aterrarão no Sá Carneiro e seguirão para o Dragão que jogar no Porto terá sempre de ser um privilégio. Exibam-lhes o BI deste clube e dêem-lhes a beber o ‘Ser Porto’ – falo de “luz, realidade e sonho que na luta amadurece”. Se, ainda assim, não chegar, forrem o balneário do Dragão com posters e imagens da cor que o Marquês testemunhou. Então, terá mesmo de ser suficiente.

 

Terramoto Vermelho

internacional cabeçalho

Um terramoto vermelho está a assolar a Europa. Parece que este ano o vermelho decidiu emancipar-se e elevar-se ao topo. E se assim continuar, as principais praças europeias vão encher-se de vermelho, à semelhança do que aconteceu no Marquês. Do que é que estou a falar? Do topo da tabela de algumas ligas europeias, com algumas lideranças improváveis. Falo-vos da liga portuguesa com o Benfica, da Bundesliga com o Bayern, da La Liga com o Atlético e da Premier League com o Liverpool. Dois destes já pintaram as ruas de vermelho. Será que a capital espanhola e a cidade portuária inglesa também vão fumegar vermelho?

Benfica
Os benfiquistas estão a viver uma época de sonho. Depois de terem afastado as amarguras do passado, ergueram-se e voltam a estar próximos de marcar presença em todas as finais. O campeonato já está. Pode não ter sido conseguido com a nota artística praticada o ano passado, mas a estratégia de Jesus resultou e a verdade é que pintou o Marquês de Pombal de vermelho (uma imagem que não se via há quatro anos). Quanto às restantes competições, o Benfica está em todas as frentes, umas mais possíveis do que outras, mas com possibilidades de se vingar da época transacta. Vamos esperar e ver se os pupilos de Jorge Jesus vão lutar por todos os títulos ou se vão deixar que a festa do campeonato lhes suba à cabeça e que deixem cair tudo por terra.

Bayern
O Bayern voltou a conquistar o campeonato, num ano em que se esperava uma maior capacidade de luta por parte do Borussia de Dortmund. No entanto, Lewandowski e companhia não conseguiram acompanhar nem parar a equipa de Pep Guardiola, que seguiu sempre isolada na frente do campeonato. A festa já se fez, mas os bávaros querem mais. Querem ser bicampeões europeus. Terão estofo para isso? Pep Guardiola já mostrou, por mais do que uma vez, ter a receita para vencer a Liga dos Campeões, e o Real Madrid é uma equipa bem conhecida do técnico espanhol. Esperemos para ver se o vermelho voltará a sair às ruas alemãs.

Liverpool, Benfica, Atlético de Madrid e Bayern de Munique  Fontes: www.thisisanfield.com / www.serbenfiquista.com / www.ilovelookinggood.com / www.follwr.com
Liverpool, Benfica, Atlético de Madrid e Bayern de Munique
Fontes: www.thisisanfield.com / www.serbenfiquista.com / www.ilovelookinggood.com / www.follwr.com

Liverpool
O histórico clube inglês parece estar de volta e com fortes argumentos para conquistar a presente edição da Premier League. Brendan Rodgers revolucionou o futebol do Liverpool e pode levar o clube a conquistar a taça que mais persegue e que não vence há 24 anos. O Liverpool segue com cinco pontos de avanço sobre o Chelsea e seis sobre o Manchester City (que conta com um jogo a menos). Caso venha a vencer, a festa vermelha promete ser épica, uma vez que o Liverpool conta com uma legião de fãs bem fiel e extremamente presente. De realçar que caso o Liverpool vença será o primeiro título da Premier League conquistado pelo médio de classe mundial Steven Gerrard.

Atlético de Madrid
Esta é provavelmente a maior surpresa da época. Na liga espanhola entre Real Madrid e Barcelona não se mete a colher; bem se enganaram. Ninguém esperava que o Atlético Madrid estivesse por esta altura a discutir o título do campeonato espanhol. Muito menos depois de perder Falcão. Mas o Atlético sempre nos habituou a grandes atacantes e desta vez não foi excepção e desencantou Diego Costa. O ponta de lança é a cara principal da revolução da equipa da capital espanhola. Espero que tudo corra pelo melhor e que a festa vermelha se faça, na esperança de acabar com a dicotomia irritante de Barcelona/Real Madrid que torna o palmarés da liga espanhola, provavelmente, o palmarés mais aborrecido da última década. Que Madrid se pinte de vermelho!

A pergunta final impõe-se: será este terramoto vermelho apenas um terramoto, ou vai, na próxima época, o “abanão” trazer-nos ainda muitos tsunamis por parte das mesmas equipas que vestem vermelho?

Mick Fanning, o verdadeiro campeão

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cab Surf

Mais uma etapa acabada e o campeão está de volta. Exatamente! O atual campeão mundial, Mick Fanning, foi o grande vencedor da terceira etapa do WCT. Depois de ter vencido Matt Wilkinson, Owen Wright e Julian Wilson durante toda a etapa, o campeão do mundo encontrou pela final outro australiano, Taj Burrow.

As condições estavam épicas, e, com ondas perfeitas a rondar o metro e meio de altura, Mick Fanning e Taj Burrow proporcionaram uns espetaculares 30 minutos de surf na grande final. Mick Fanning começou da melhor maneira o heat, com um 8.83. Taj, pelo contrário, respondeu da pior maneira, com um 3.83. Fanning voltou a ripostar, com um 8.00, e nessa altura Taj teve uma reação explosiva. Apanhou uma das melhores ondas do set e conseguiu fazer uma das melhores notas de toda a competição, um 9.63 em 10 pontos possíveis. Deste modo, Mick Fanning tocou o sino e sagrou-se campeão de Bells Beach.

Micj Fanning toca o sino. Fonte: fotospublicas.com
Mick Fanning toca o sino.
Fonte: fotospublicas.com

Um aparte que quero acrescentar neste texto foi a excelente prestação de Jordy Smith no round cinco. Apesar de ser o meu surfista preferido, Jordy merece ser reconhecido pela sua onda magistral. Faltava pouco mais de um minuto para o fim do heat que reunia Jordy Smith, com licra vermelha, e Julian Wilson, de amarelo. Smith encontrava-se em segundo lugar. Deste modo, precisava de uma onda que lhe fosse pontuada com um 9.97. Recordo que o máximo que se pode fazer numa onda são 10 pontos. Com manobras bem explosivas e radicais e um aereo reverse no fim da onda, e a faltar um minuto para o fim da bateria, toda a praia ficou incrédula e esperançosa para que a nota fosse um 9.97 ou mais, claro. Infelizmente, a onda valeu-lhe apenas um 9.93, ficando a quatro centésimas de passar aos quartos de final.

Jordy Smith a rasgar forte Fonte: aspworldtour.com
Jordy Smith a rasgar forte
Fonte: aspworldtour.com

Alguns jurados pontuaram com 10 pontos, mas outros não, e a nota final é a média das notas dos jurados. Será que que houve justiça? A meu ver, aquela onda era um perfeito 10, mas eu também sou apenas mais um mero espectador daquele que, para mim, é o melhor desporto do mundo. Ainda assim, queria frisar que são atitudes destas que diferenciam os bons dos melhores.

Eu estive lá…e tu?

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Terceiro Anel

E pronto! As minhas preces foram ouvidas, e, assim sendo, o Sport Lisboa e Benfica sagrou-se campeão nacional pela 33ª vez no seu historial. De Norte a Sul de Portugal, nas ilhas, em toda a nação onde se fala português ou onde o contingente luso é grande, gritou-se bem alto pelo nome do maior de Portugal!

Sim, eu sei que sou useiro e vezeiro nestas dissertações sobre a grandeza do Benfica, mas não me peçam para fugir a isso nesta altura do ano em que o meu ego benfiquista já atingiu as dimensões da Austrália. E ainda para mais depois de ter estado presente naquelas celebrações de dimensões bíblicas, no Marquês de Pombal. Meus amigos, aquilo foi transcendente! Cheguei a sentir-me como um miúdo de cinco anos que se perde dos pais na Costa de Caparica, numa qualquer tarde de Agosto. Não se via asfalto, só se viam seres humanos, completamente transbordantes de alegria, esquecendo muitas dessas pessoas as agruras que têm durante todo o ano, em termos pessoais ou profissionais. Dei por mim emocionado, embevecido, olhando para o céu, para os lados, para a estátua, para todo o jogo de luzes, para toda a parafernália de coisas preparadas para os festejos. E só pensava em como aquilo não podia ser real! Mal terminou o Benfica vs Olhanense, foram aos milhares e milhares de pessoas que acorreram àquele salão de festas lisboeta, que depressa se transformou num imenso mar vermelho.

Não escondo. Durante toda a noite mais pareci uma criança na Disneyland, completamente irrequieto, sem me conseguir conter. Mas voltaria a fazer exactamente o mesmo! Olhava para um lado e via casais felicíssimos; olhava para outro lado e via idosos imparáveis, totalmente sorridentes; olhava mais em diante, e deparava-me com pais a mostrarem aos seus filhotes como o Benfica consegue unir tanta e tanta gente; olhava  mais acolá e via gente que, sem se conhecer de lado nenhum, interagia como se já conhecessem há décadas.

Estátua do Marquês equipada com o manto sagrado, dois “alpinistas” a trepar o ex-libris alfacinha, restaurantes e barracas de venda de cerveja a facturarem como nunca, crise nacional esquecida, DJ a passar uma série de músicas para alegrar toda aquela massa humana, um enorme burburinho, cada vez maior à medida que o tempo passava, enquanto se aguardava pela chegada da comitiva benfiquista.

Isto é uma montagem, não é? Simplesmente incrível! Fonte: Antena Lusa
Isto é uma montagem, não é? Simplesmente incrível!
Fonte: Antena Lusa

E depois… o  tal momento que não me sai da cabeça. O tal clímax que proporcionaria algumas das imagens mais espantosas que já vi em toda a minha vida.  Ia eu todo contente da vida, em busca de mais uma cervejinha, quando do nada vejo o autocarro panorâmico com a equipa que eu mais amo. A compra da bebida alcoólica foi completamente esquecida! Só me importava estar junto dos meus ídolos, dos homens que me fizeram vibrar, rir, chorar, gritar, saltar, desesperar, ao longo de todos estes últimos meses. O veículo engalanado para a festa ia andando, e o céu iluminava-se com fogo de artificio, enquanto todo o espaço em volta do Marquês de Pombal ficou debaixo de uma monumental névoa, fruto de um espectáculo de tochas digno de uma qualquer manifestação nas ruas de Atenas. Aquilo era incrível, inexplicável, soberbo, inquietante! Ninguém parava, o ambiente era infernal! Jogadores como Siqueira, Garay, Markovic, Sulejmani, entre outros, completamente estarrecidos com toda aquela apoteose. E eu, ao constatar isso, fiquei deslumbrado, orgulhoso, ciente de como o Sport Lisboa e Benfica é importante para tantas, mas mesmo para tantas pessoas.

Festa encerrada, venha a Liga Europa! A Juventus é uma equipa fortíssima, mas não imbatível! E este Benfica também já mostrou ser capaz de derrubar obstáculos bem complicados, pelo que eu me apresento com confiança para estas meias-finais. De certeza que o plantel trabalhou com total afinco desde segunda-feira, independentemente das naturais ressacas que tenham apoquentado os jogadores, depois da noite dominical de folia. O que eu sei é que, se fosse treinador do Sport Lisboa e Benfica, nos tempos de palestra, teria abdicado de muita conversa e teria, isso sim, investido na visualização de imagens. E que imagens seriam essas? Pois bem, imagens que se reportam à festa do título nas ruas de Bragança, de Viseu, de Coimbra, de Évora, do Funchal, de Paris, de Bruxelas, do Luxemburgo, de Luanda, do Mindelo, de onde quiserem. Pelo menos eu, se fosse jogador do Benfica, e se não estivesse tão identificado com o clube, pensaria de certeza: “bem, eu não sou empregado de um simples clube, sou empregado de uma instituição que mexe com o íntimo de milhões de pessoas”.

Obrigado, Sport Lisboa e Benfica. Agradeço, do fundo do meu coração, a todos os que compõem a estrutura do clube, por me terem dado esta enorme felicidade.

E depois, a sensação mais fantástica: deitar-me todas as noites sabendo que Eusébio da Silva Ferreira e Mário Coluna, onde quer que estejam, estão felizes e orgulhosos, por tudo aquilo que o clube do seu coração tem feito.

Real Madrid 1-0 Bayern: Benzema mostrou o caminho para Lisboa

O Real Madrid deu um passo importante rumo à final da Liga dos Campeões ao vencer esta noite no Santiago Bernabéu o Bayern de Munique por 1-0 na primeira mão das meias-finais.

Carlo Ancelotti apostou em Fábio Coentrão para o lado esquerdo da defesa, lançando Isco no meio-campo juntamente com Xabi Alonso e Modric. No ataque, destaque para o regresso de Cristiano Ronaldo ao onze e para a ausência de Gareth Bale da equipa titular. Do lado bávaro, Guardiola voltou a colocar Rafinha no lado direito da defesa, jogando com Lahm no meio-campo e deixando Mandzukic na frente do ataque apoiado por Ribéry e Robben. De realçar, por isso, na equipa do Bayern para as ausências de Muller e Gotze do onze inicial.

Os primeiros minutos do jogo mostraram um Bayern de Munique mais forte, incisivo e com mais posse de bola no meio-campo dos merengues. O Real Madrid foi uma equipa expectante no meio-campo, ao formar um quarteto no meio campo onde Dí Maria e Isco procuravam impedir as subidas dos laterais Rafinha e Alaba. A estratégia defensiva do Real veio a dar frutos aos 18′, pois, no primeiro lance de perigo da equipa espanhola, Fábio Coentrão fez uma assistência primorosa para Benzema, que não teve problemas em bater Neuer. O golo veio trazer uma nova dinâmica à equipa de Carlo Ancelotti, que passou a ser mais pressionante e incisiva no ataque, sendo que até ao final do primeiro tempo couberam ao Real Madrid as duas melhores oportunidades de toda a partida, por Cristiano Ronaldo e Dí Maria.

Modric rubricou uma exibição assombrosa  Fonte: UEFA
Modric rubricou uma exibição assombrosa
Fonte: UEFA

Na segunda parte, o ritmo de jogo abrandou e só em raras ocasiões Real Madrid e Bayern iam criando perigo para as balizas de Neuer e Casillas, respetivamente. No segundo tempo, destaque para a saída de Cristiano Ronaldo, que regressou de lesão, para a entrada de Gareth Bale, que teve algumas arrancadas nos últimos 15 minutos que puseram em sentido a defesa alemã. Até ao apito final de Howard Webb, destaque para um forte remate de Mario Götze para uma belíssima defesa de Iker Casillas.

Com um jogo disputado, onde o Bayern teve a bola mas o Real criou mais perigo, o golo de Benzema dá aos madrilenos uma importante vantagem para o jogo da segunda mão, a disputar-se na próxima terça-feira na Allianz Arena, em Munique.

A Figura
Modric – O médio croata encheu completamente o relvado do Bernabéu, anulando o jogo interior dos bávaros e sendo sempre o dinamizador do ataque merengue.

O Fora-de-Jogo
Mandzukic – O avançado croata esteve sempre longe do jogo e nunca conseguiu fugir à marcação de Pepe e Sergio Ramos.

Tiro no Escuro

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Começou oficialmente o Brasileirão de 2014. As emoções estão ao rubro numa das Ligas mais competitivas do mundo; se não a mais. Vejamos: 17 clubes campeões nacionais. Só na última década foram 6 (!) campeões diferentes. É muita competitividade. Por isso, é sempre um risco dar palpites sobre os possíveis vencedores, as surpresas e as certas deceções.

O jornal Record lançou como grande favorito para este ano o Cruzeiro. Em parte, concordo, porque é o campeão em título. Mas o Fluminense também o era e o ano passado só não desceu de divisão por milagre. Um milagre chamado secretaria, que fez com que a Portuguesa de Desportos descesse. O Flamengo também era o campeão de 2009 e logo a seguir fez uma época pífia. Nada é certo no Brasileirão, onde o campeonato é longo. Há muitos pontos para ganhar… mas também bastantes para perder. As quedas livres são constantes e nunca se está seguro no primeiro lugar.

Apontando um dedo neste mapa para um emblema, talvez se descubra o próximo vencedor  Fonte: blogdocazumba.com.br
Apontando um dedo para um emblema neste mapa, talvez se descubra o próximo vencedor
Fonte: blogdocazumba.com.br

Esta promete ser – como sempre – uma Liga renhida. Disputadíssima até final. Em todas as questões: título, Libertadores, Copa do Brasil e fuga à despromoção. Se pensarmos que históricos como Fluminense e Corinthians já estiveram na Série C (!), equivalente à Terceira Divisão, bem podemos pensar no quão difícil e exigente é manter-se no topo do futebol em Terras de Vera Cruz.

Por isso digo e repito: façam essa aposta convosco próprios. Tentem adivinhar o campeão deste ano. E até podem nem perceber nada de futebol brasileiro. Talvez até ajude, porque eu escrevo sobre ele e nunca acertei num campeão quando apostei. Mas uma coisa é certa: tentar adivinhar o próximo Rei do Brasil é como o Euromilhões – é mais fácil marcar um número de telefone ao acaso e sair uma pessoa que nós conheçamos do que vencer o prémio. O mesmo se passa com a Série A brasileira. A não ser que conheçam um bom adivinhão, ou então possuam um qualquer objeto supersticioso que ajude…

Pensar em Timings

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dragaoaopeito

Depois de uma época absurda (sim, já acabou) começa a ser importante planear aquela que será a época 2014/2015. Certamente com um treinador novo e com um elevado número de entradas e saídas no clube, acredito que o profissionalismo e a inteligência daqueles que sempre levaram o Porto aos patamares mais altos do futebol estão a garantir que em Setembro tudo começa pelo melhor, avaliando o impacto que o Mundial poderá ter no Verão.

Timing do Treinador

Luís Castro está de passagem. Não duvido disso, assim como ninguém acredita que esta possa ser a escolha de Pinto da Costa e Antero Henrique para levar o Futebol Clube do Porto novamente às conquistas. Não questiono a sua qualidade e muito menos a sua paixão por este clube (sua casa já há alguns anos) e a vontade de ser campeão, mas, como já referi noutro artigo, Luís Castro (para o bem ou para o mal) nunca vai deixar de ser o treinador da B que veio para a A.

Opções para treinador principal são muitas. Eu gostaria de ver um português que acima de tudo tivesse um passado no clube. O seu palmarés não tinha que ser grande, poderia até ter zero titulos, mas o mais importante é mesmo que conheça a casa e que possa incutir motivação e raça num plantel que este ano só em dois ou três jogos as conseguiu apresentar. Sergio Conceição, Pedro Emanuel, Nuno Espírito Santo e Domingos Paciência: todos nomes que poderiam facilmente assumir o comando técnico azul e branco. Arriscar em icónicos treinadores estrangeiros ou tentar surpreender com contratações polémicas são duas cartas que devem ser postas fora do baralho. O Porto precisa de crescer de dentro para fora; tem sido assim nos últimos anos e espero que continue a sê-lo.

Luís Castro não fará parte dos planos para a próxima época  Fonte: Porto Canal
Luís Castro não fará parte dos planos para a próxima época
Fonte: Porto Canal

A contratação de um novo treinador deveria ser realizada uma semana após a última jornada deste campeonato, com rapidez e eficiência, de forma a que não ecoem boatos e notícias nos media. A mais-valia de ser pré-Mundial permitiria a um novo treinador ter a capacidade de preparar a sua equipa (com todas as limitações de não ter alguns jogadores presentes nesta competição), assim como ter oportunidade de avaliar jogadores presentes no Brasil.

Timing para Jogadores

Na teoria parece fácil descrever como seria o timing perfeito para a compra e venda de jogadores: comprar antes do Mundial e vender depois do Mundial. Contudo, e como a teoria raramente é posta em prática, é preciso ter em atenção alguns aspectos como a valorização e desvalorização de jogadores (presentes no Mundial), e, claro, a questão dos jogadores não-convocados.

Sendo realista, os actuais jogadores do Porto passíveis de serem convocados para o Mundial são os seguintes: Diego Reyes, Herrera, Mangala, Defour, Quintero, Jackson Martinez, Ghilas, Fernando, Varela, Quaresma e Josué. Destes, Mangala, Fernando e Jackson Martinez são os mais cobiçados internacionalmente e as mais prováveis saídas do plantel e certamente serão aqueles que poderão sofrer uma valorização enorme no Campeonato do Mundo. Defour poderá valorizar-se bastante se a Bélgica for a surpresa de que tanto se fala, e mesmo Reyes e Herrera poderão ter boas prestações numa fraca selecção mexicana. Desta forma, a sua possível venda deveria apenas ser feita só após o Mundial, mesmo correndo o risco de todos eles terem uma prestação menos feliz no Brasil.

O FC Porto pode aproveitar a presença de alguns dos seus activos no Mundial para fazer um bom encaixe  Fonte: ZeroZero
O FC Porto pode aproveitar a presença de alguns dos seus activos no Mundial para fazer um bom encaixe
Fonte: ZeroZero

Dentro de todo o vasto número de jogadores que não têm qualquer hipótese de ir ao Mundial, os dispensáveis deverão ser vendidos antes do Mundial, facilitando assim o trabalho do novo treinador que chegue ao clube para saber com quem conta.

Quanto às entradas, certamente o meio-campo será reforçado, assim como as alas (Quaresma é o único indispensável actualmente), e as contratações deverão ser efectuadas antes do Mundial de modo a evitar valorizações de jogadores que lá estejam presentes, parece lógico. Neste ponto, quero referir ainda que me parece provável a entrada de jogadores portugueses com alguma experiência (como, por exemplo, Bruno Alves ou Manuel Fernandes), que podem vir a fazer diferença num plantel que se prevê renovado. A nível pessoal, considero que a contratação de Rafa poderia ser um grande investimento (não tanto monetário, mas a nível desportivo) para este novo Porto: mais português e mais económico.

Rafa poderá dar o salto para um novo Porto  Fonte: A Bola
Rafa poderá dar o salto para um novo Porto
Fonte: A Bola

O Porto vai mudar. Não acredito numa volta de 180º mas parece-me que algo radical tem de ser feito para que a época 2014/15 faça esquecer a mediocridade que foi o Porto em grande parte dos jogos este ano. Novo treinador e novos jogadores é o que se espera, mas também o melhor aproveitamento daqueles que cá estão. Ir perdendo um campeonato a cada três ganhos não parece assim tão mau, mas há que evitar que a tendência mude…

E as finais aqui tão perto

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cab andebolDepois de ganhar a final da Taça de Portugal em andebol ao ABC de Braga, por uns expressivos 34-29, o Sporting continua a dar cartas e mostra que actualmente é dele a hegemonia no andebol nacional.

O Sporting tem tudo: um sete forte, uma baliza segura, e a confiança de que uma equipa a este nível precisa. Sério candidato ao titulo nacional, também a nível europeu este Sporting tem demonstrado o que vale. Mais um passo de gigante rumo à FINAL 4 da Taça EHF foi dado pelo Sporting este Domingo em Mafra. Ao enfrentar os húngaros do Pick Szeged, num jogo que seria uma verdadeira “tripla no totobola”, o Sporting conseguiu uma preciosa vantagem, em casa, de dois golos (29-27).

As transições defesa-ataque são, sem dúvida, o ponto mais forte desta equipa. No entanto, nem só de maravilhas vive este Sporting, e isso viu-se em Mafra nos primeiros minutos da partida. Jogadores ansiosos e com medo do adversário, que já este ano tinha eliminado o Benfica numa fase anterior da prova, entraram calmos na partida e sofreram nos instantes iniciais, tanto que a diferença de golos chegou a situar-se em quatro a favor dos húngaros (5-1).

Frederico Santos, o treinador que tem levado o Sporting à glória Fonte: Sporting.pt
Frederico Santos, o treinador que tem levado o Sporting à glória
Fonte: Sporting.pt

Com o passar dos minutos a ansiedade inicial foi se esbatendo e o Sporting acabou por dar a volta ao resultado. Vimos nos húngaros um bloco defensivo muito forte a fazer suar e muito os jogadores do Sporting. Frederico Santos, treinador dos leões, tem razões para acreditar no poderio desta equipa sustentada pelo poder de contra-ataque e de colocação de bolas no pivô. As marcações cerradas dos húngaros foram o principal obstáculo dos leões; a falta de capacidade de locomoção dentro do campo provocada por estas marcações fizeram o jogo tornar-se bastante complicado para os leões, mas bastante agradável para os espectadores. Face a estas dificuldades o Sporting apostou em trocas de bola rápidas, o que veio a dar resultados na segunda parte do encontro.

Quanto a jogadores que se destacaram, Pedro Portela e Pedro Soalha foram os grandes marcadores desta partida: juntos apontaram 15 dos 29 golos do Sporting. Do lado dos húngaros especial atenção a Balogh, que conseguiu marcar oito golos nesta partida.

Aos árbitros franceses, Stevann Pichon e Laurent Reveret, nada a apontar. O Sporting está a 60 minutos de uma final four histórica numa época, até agora, perfeita.

Atlético Madrid 0-0 Chelsea: muro blue trava colchoneros

O Vicente Calderón foi o palco da primeira grande noite de meias-finais da Liga dos Campeões: Atlético de Madrid e Chelsea, os dois underdogs na corrida pela grande final de Lisboa, protagonizaram um jogo intenso que acabou por redundar num nulo, deixando tudo em aberto para a segunda metade da eliminatória, a disputar em Inglaterra.

Tal como se previa, a partida traduziu um duelo táctico interessantíssimo entre dois dos maiores treinadores da actualidade – Diego Simeone e José Mourinho. Do lado dos anfitriões, o habitual 4-2-3-1, com Gabi e Mário Suárez no duplo pivot à frente da defesa de sempre e Koke, Diego e Raúl Garcia no apoio ao poderoso Diego Costa. Do lado dos forasteiros, um 4-5-1 com um meio-campo reforçado – forte fisicamente e muito batalhador -, composto por Obi Mikel, David Luiz e Lampard no centro e Ramires e Willian sobre as alas; Torres, de regresso a casa, foi destinado ao isolamento na frente de ataque.

A história do jogo conta-se rápido: o Chelsea fez de tudo para evitar sofrer golos, abdicou do ataque e montou uma estratégia que passava por dar a bola aos colchoneros, baixar as linhas ao máximo e impedir o adversário de chegar à baliza com perigo; o Atlético foi tentando encontrar o caminho do golo – fundamentalmente através de remates de meia distância e cruzamentos para a área -, mas nunca foi capaz de derrubar a bem organizada muralha blue, que hoje até jogava de preto. Resultado: 27-5 em remates e 68% de posse de bola para nuestros hermanos. Contrariando o ditado, a água mole fartou-se de bater em pedra dura, mas não chegou a furar.

O compromisso de ambas as equipas foi evidente na disputa de todos os lances  Fonte: UEFA
O compromisso de ambas as equipas foi evidente na disputa de todos os lances
Fonte: UEFA

Ainda sem registo de ocasiões de golo e com as equipas a estudarem-se mutuamente, uma lesão de Petr Cech obrigou Mourinho a proceder à primeira alteração na partida: o experiente Mark Schwarzer substituiu o malogrado guardião checo na baliza do Chelsea. Raul Garcia, de cabeça, e Diego, de fora da área, eram quem mais procurava a vantagem, mas a melhor ocasião de perigo no primeiro tempo saiu dos pés de Mário Suárez – um remate forte, colocado e carregado de efeito à entrada da grande área obrigou o guarda-redes australiano a aplicar-se para evitar o primeiro.

O Atlético, sempre com o capitão Gabi e Mário Suárez a servirem de plataforma giratória no meio-campo, ia tendo em Diego o seu playmaker. Quase todos os ataques eram definidos pelo brasileiro, que recuava para emprestar à equipa a visão de jogo, a capacidade de passe e a colocação do seu remate que lhe são conhecidas. Koke, surgindo entre linhas sobre a esquerda, e Raúl Garcia, partindo quase sempre da direita para o meio no sentido de densificar a presença na área, iam procurando auxiliar um Diego Costa muito bem marcado. A missão de dar largura à equipa cabia aos laterais, Filipe Luís e Juanfran, constantemente subidos e muito interventivos na manobra ofensiva.

Todavia, o Chelsea, claramente apostado em defender e com Torres como único homem na frente, nunca permitiu grandes veleidades e fez-se valer do rigor posicional e da capacidade atlética para travar os ataques madrileños. Mikel era um autêntico terceiro central; David Luiz e Lampard, sempre muito retraídos, só a espaços se aventuravam no meio-campo adversário e serviam essencialmente de tampão no centro do terreno; Ramires e Willian estiveram sempre mais preocupados em proteger as investidas dos laterais adversários do que em atacar. De resto, nas poucas ocasiões em que procuravam lançar-se no contra-ataque eram abafados pela eficiente pressão dos homens da casa. A única vez em que ambos tiveram espaço para criar um lance de ataque rápido – o mais perigoso dos britânicos em toda a primeira metade -, culminou com um cruzamento-remate disparatado do ex-benfiquista Ramires.

Diego Costa, sempre vigiado e sem espaço nas costas da defesa, foi bem anulado  Fonte: UEFA
Diego Costa, sempre vigiado e sem espaço nas costas da defesa, foi bem anulado
Fonte: UEFA

O intervalo chegou e o regresso dos balneários não alterou a toada. O Atlético mudou ligeiramente o desenho (transformando o 4-2-3-1 inicial no 4-4-2 habitual) – Koke manteve-se na esquerda, Diego passou para a direita e Raúl Garcia aparecia cada vez mais como segundo avançado, na tentativa de se fazer valer do seu bom jogo aéreo para corresponder aos cruzamentos que iam sendo frequentemente lançados para a área do Chelsea. A verdade é que esses mesmos cruzamentos iam sendo facilmente cortados pelas torres inglesas. À meia hora de jogo, a primeira mexida de Simeone: Arda Turan entrou para o lugar de Diego. Alguns minutos depois, Terry magoou-se e deu lugar a Schurrle: o alemão passou a jogar na direita, puxando Ramires para o meio (onde estava David Luiz) e David Luiz para o eixo da defesa (onde estava Terry). A partir daí, com o jogo ligeiramente mais partido em virtude do desgaste dos atletas, o Chelsea ainda tentou esboçar algum atrevimento, mas o Atlético continuou por cima até ao apito final. Sosa (79’) e Villa (86’) ainda entrariam em campo, assim como Demba Ba (90’), mas o placard insistiu em não mudar até ao apito final do árbitro.

Usando os conceitos típicos do futebolês, pode sintetizar-se tudo isto dizendo que o Atleti dominou o jogo e que o Chelsea nunca deixou de o ter controlado. As equipas anularam-se e a passagem à derradeira final foi adiada para o encontro de Stamford Bridge, que promete ser electrizante. O Chelsea não vai poder contar com Matic (impedido de jogar nas competições europeias), Lampard e Mikel (suspensos depois dos amarelos que viram hoje), mas, mesmo com um meio-campo desfalcado, os blues vão, com certeza, arriscar mais do que hoje. O desfecho é imprevisível e antevê-se mais uma bela noite de xadrez sobre o relvado.

Manter e Melhorar

Verde e Branco à Risca

Assegurámos no último Sábado o principal objectivo para esta época: a qualificação directa para a fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA.

Com um plantel composto, maioritariamente, por jovens jogadores oriundos da formação e um ou outro jogador contratado por valores bastante baixos, o treinador Leonardo Jardim conseguiu construir uma equipa forte e unida, que superou todas as expectativas para a época que agora termina. Acontece que esta época foi, infelizmente, marcada pela ausência de competições europeias no Estádio José Alvalade, logo o desgaste resultante de várias competições para disputar numa só época não existiu para o Leão. Na próxima época, iremos jogar duas vezes por semana e, possivelmente, com adversários de enorme craveira na Europa do futebol. Teremos, obrigatoriamente, de fazer entrar mais e melhor no nosso plantel.

Comecemos pelos guarda-Redes: no meu entender, se queremos construir uma equipa que a curto/médio prazo lute por grandes classificações europeias, só podemos deixar sair os nossos grandes valores pelas cláusulas de rescisão, ou seja, Rui Patrício é para ficar. Trata-se do melhor guardião português, e de um dos melhores da Europa: imprescindível, portanto. Marcelo Boeck é um óptimo suplente e um elemento crucial no balneário leonino, logo, seria importante ficar, jogando Rui Patrício na Liga e Champions e Marcelo na Taça de Portugal e Taça da Liga. Para qualquer eventualidade, teremos sempre um terceiro guarda-redes de qualidade na equipa B pronto a ser convocado.

No que toca ao sector defensivo, teremos com certeza algumas saídas: Welder e Píris serão devolvidos aos seus clubes após um ano de empréstimo em Alvalade. Welder nunca mostrou credenciais, e Píris, embora competente, não me parece que justifique uma compra. Ficaremos com a lateral direita entregue a um Cédric Soares em óptima forma e a Ricardo Esgaio, que foi uma das figuras da Liga de Honra 2013/2014. Com a lateral direita, a meu ver, bem composta, passemos ao centro da defesa, onde se impõe a permanência de três bons centrais (evoluíram bastante esta época) como Rojo, Maurício e Dier. Não podemos vender estes três activos, e teremos de acrescentar um outro central para compor um quarteto forte no centro da defesa: Rúben Semedo precisa de um empréstimo a um clube primodivisionário para amadurecer e ganhar ritmo competitivo a alto nível, e Nuno Reis não me parece ter a confiança do staff leonino pois, com 23 anos de idade, ainda não teve uma única oportunidade de mostrar o seu valor na equipa principal. Exige-se, por conseguinte, a contratação de um bom defesa-central que bem poderá estar na Liga Portuguesa: Paulo Oliveira seria uma boa opção. A lateral-esquerda do sector mais recuado poderá, também, constituir um problema, visto que apenas ficaremos com um fabuloso Jefferson, sem um suplente à altura. Mica Pinto e King talvez possam ser soluções secundárias, mas seria bastante mais segura a contratação de uma alternativa a preços acessíveis. Falou-se em tempos do interesse do Sporting em Rúben Ferreira, do Marítimo; porém, não o considero a melhor opção para o nosso clube.

Com Rojo e Maurício, a baliza de Rui Patrício ficará protegida  Fonte: Sapo.pt
Com Rojo e Maurício, a baliza de Rui Patrício ficará protegida
Fonte: Sapo.pt

No que toca ao meio-campo, o verdadeiro motor do plantel, Gérson Magrão e Vítor provavelmente irão ver as portas abertas para a saída do clube, visto não terem mostrado argumentos para integrar o plantel. William Carvalho (a sua permanência será o melhor reforço possível e imaginário), Adrien, André Martins, Shikabala (que fará verdadeiramente a sua primeira época), Wallyson Mallmann (parece-me ser aposta clara de Jardim) e Carlos Mané (que já provou ser bastante competente no centro do terreno) terão com certeza a companhia do regressado João Mário. O regresso de Fito Rinaudo também me agradaria, seria uma boa injecção de experiência no plantel; porém, parece-me que o Catania, provavelmente, quererá ficar com o argentino em definitivo. Posto isto, temos um meio-campo curto, e teremos de acrescentar ao plantel dois jogadores para o centro do terreno, essencialmente um trinco de qualidade. Zezinho e Fokobo não me parecem ser aposta para Leonardo Jardim, e Filipe Chaby terá de rodar, tal como Rúben Semedo, numa equipa da Primeira Liga portuguesa. Ali Ghazal, do Nacional da Madeira, seria um reforço interessante para o Sporting, assim como o português Manuel Fernandes (em final de contrato com o Besiktas), embora os valores auferidos na Turquia provavelmente sejam impeditivos para o Leão.

Avançando no terreno para o sector mais avançado, existe abundância e qualidade; porém, a meu ver, existe também alguma falta de magia. Falta alguém que de um momento para o outro pegue na bola e resolva um jogo. Será Iuri Medeiros, finalmente, uma aposta na equipa principal? Este miúdo poderia, claramente, trazer a magia que falta ao ataque leonino (tanto a extremo como atrás do ponta-de-lança). O problema é que Capel, Héldon, Mané, Wilson Eduardo e Carrillo já são cinco extremos (só jogam dois), e, sinceramente, não gostaria de que nenhum deles abandonasse o plantel, nem acho que nenhum deles mereça ser posto de parte nesta altura. Tendo em conta estas circunstâncias, haverá lugar para uma aposta no miúdo Iuri? Ou será mais seguro, de momento, um empréstimo a uma boa equipa da nossa Liga? Será necessária a contratação de mais um extremo, porventura melhor do que os cinco que já temos? A questão dos extremos será uma das mais delicadas que Leonardo Jardim terá em mãos.

 

Serão os cinco extremos do Sporting suficientes?  Fonte: Maisfutebol
Serão os cinco extremos do Sporting suficientes?
Fonte: Maisfutebol

Quanto aos pontas-de-lança, parece-me que estamos bem servidos. Slimani e Montero mostraram ser grandes jogadores de futebol: Slimani é uma fera de área, resolve um jogo de cabeça quando tudo já parece perdido; e Montero tens uns pés fantásticos e, apesar do jejum de golos, é um grande profissional, joga e faz jogar. O regresso do bom jogador Valentin Viola dará mais uma opção ao nosso treinador, e a estes três avançados poderá juntar-se Betinho, Cissé ou Dramé, sendo os outros dois emprestados a equipas inseridas em ligas competitivas.

Resumindo e concluindo: com a saída de Welder, Píris, Magrão e Vítor e a entrada de um lateral-esquerdo, um defesa-central, um trinco, provavelmente um médio-centro e um extremo – e com a permanência de Leonardo Jardim -, o Sporting terá com certeza condições para, com um plantel de cerca de 25/26 jogadores, atacar os objectivos da próxima época: ser campeão nacional, ganhar a Taça de Portugal, ganhar a Taça da Liga e passar a fase de grupos da Liga dos Campeões.

O mais importante reforço será manter os nossos principais activos, manter a espinha dorsal da equipa. Conseguindo tal proeza, o caminho estará a meio para assistirmos a uma época memorável no reino do Leão.