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Primeiro lugar decide-se na última jornada

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A classificação do Campeonato Nacional de Futsal permaneceu da mesma maneira devido às vitórias de Benfica e Sporting. O Benfica venceu o Olivais por 5-0, e o Sporting a Académica por 15-2.

A equipa líder do campeonato não vacilou diante do Olivais e mantém-se, assim, no primeiro lugar da classificação. O Benfica não encontrou grandes dificuldades para derrotar o atual 11º classificado.

Apresentou-se como nos tem habituado: seguro, organizado, a praticar um bom futsal e forte na finalização. De realçar a boa exibição de Joel Queiroz, que apontou dois golos.

Joel Queiroz, uma das figuras da equipa encarnada, no encontro diante do Olivais Fonte: Slbenfica.pt
Joel Queiroz, uma das figuras da equipa encarnada, no encontro diante do Olivais
Fonte: Slbenfica.pt

Com este resultado e faltando apenas um jogo, a equipa encarnada muito dificilmente não conquistará a Fase Regular.

Em Coimbra, o Sporting cilindrou a equipa da casa por uns expressivos 15-2. Foi um jogo de sentido único, em que o Sporting mostrou todo o seu poderio ofensivo. A Académica nada conseguiu fazer para se impor, a não ser os escassos dois golos que marcou. A equipa de Coimbra ocupa neste momento o penúltimo lugar, e a descida de divisão é neste momento irreversível.

Divanei foi a grande figura do encontro, ao apontar três golos Fonte: Zerozero.pt
Divanei foi a grande figura do encontro, ao apontar três golos
Fonte: ZeroZero

O Sporting partiu para este jogo com a certeza de que não poderia perder qualquer ponto caso quisesse ainda conquistar a Fase Regular. Com este resultado, a equipa mantém o segundo lugar.

A equipa leonina é, neste momento, aquela com mais golos marcados (153) e a que tem menos golos sofridos (50). Estes números simbolizam a boa época que os leões estão a realizar, mas são meros números. O Benfica tem 109 marcados e 52 sofridos, estando também a realizar uma belíssima temporada, ocupando o primeiro lugar, superiorizando-se ao rival Sporting.

A Fase Regular está muito perto do fim, e há apenas duas incertezas: qual será o vencedor da mesma e qual será a oitava equipa apurada para os playoffs.

Na minha opinião, o Benfica será, sem qualquer dúvida, o vencedor da Fase Regular (o último jogo encarnado disputa-se no Pavilhão da Luz, diante da Académica).

Relativamente à oitava equipa apurada para os playoffs, penso que será o Belenenses. A equipa azul joga em casa, contra um adversário muito difícil, o Fundão, mas o seu adversário direto (Modicus) joga frente ao Sporting, em casa do mesmo. Visto isto, mesmo que o Belém perca assegurará o tão desejado lugar nos Play-offs. Para ocorrer uma mudança no oitavo e nono classificados, é necessário que o Belenenses perca ou empate e aconteça algo surpreendente: o Sporting perder. Relembro que este ano a equipa verde e branca somente perdeu com o seu rival Benfica.

Classificação da Fase Regular do Campeonato Nacional de Futsal Fonte: Zerozero.pt
Classificação da Fase Regular do Campeonato Nacional de Futsal
Fonte: ZeroZero

Concluindo, considero que esta está a ser uma Fase Regular muito intensa e antevejo uns playoffs muitíssimo competitivos.

Efemérides: o primeiro adversário do Brasil

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– Já algum de vocês jogou com o Brasil?
É este o grito que a claque do Exeter, modesto clube inglês do quarto escalão, entoa em todas as partidas. Mas por que razão o fazem? Vamos viajar no tempo para entender.

Brasil, há 100 anos.

Estamos a 21 de julho de 1914. A uma semana exata do rebentamento do primeiro conflito à escala global. Brasil e Inglaterra – talvez já prevendo que ambos iriam ser aliados na Guerra – decidiram estreitar laços. O modus operandi? Futebol. Nada melhor do que a velha máxima de “pão, vinho e circo”, que os nossos antepassados romanos tão bem conceberam, antes de uma batalha sangrenta.

O Brasil jogava com o Exeter, no Rio de Janeiro. Mas algo de estranho se passava. Os favoritos eram os ingleses, inventores que foram do desporto rei. A seleção canarinha funcionava como um obediente aluno. Mas o aprendiz venceu o mestre. A partida terminou com uma vitória brasileira por 2-0.

Só que, depois disso, ambos largaram as mãos que os unia e tiveram um destino diferente. O Brasil escusa-se a apresentações. Cinco vezes campeão Mundial. Já o clube britânico enfrentou uma travessia de que nunca mais se conseguiu livrar. É que o Exeter passaria as décadas seguintes a penar pelas divisões inferiores do futebol em terras de Sua Majestade.

Mas a viagem da equipa do sul de Inglaterra teve as suas explicações. Primeiro, o Tottenham recusou o convite. Depois foi o Exeter a substituir os “spurs”. Jogaram nove jogos em 15 dias, na Argentina, em ambientes completamente inóspitos. Depois, no Brasil, as terras mostravam-se mais hospitaleiras. Uns dias em S. Paulo para relaxar e mais umas quantas jornadas no Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa tinha Copacabana, em alta e chiquérrima, para oferecer.

Depois do embate, o guarda-redes dos visitantes, Dick Pym, apaixonou-se por terras de Vera Cruz. O inglês levou consigo um papagaio de recordação e, quando o alegre bicho faleceu, Pym enterrou-o debaixo do relvado do St. James Park, o estádio do Exeter.

fotografia do primeiro jogo da seleção  brasileira, em 1914  Fonte: www.itv.com
fotografia do primeiro jogo da seleção brasileira, em 1914Fonte: www.itv.com

Inglaterra, atualmente.

O pequeno clube britânico também celebra o Dia do Brasil: um encontro jogado uma vez na época, onde os fãs aparecem com camisas, bandeiras, galhardetes, cachecóis e outros artefactos da seleção do escrete. As bandeiras do país são hasteadas e ainda há escola de samba para quem tem ritmo no pé.

Apesar disso, o clube inglês passa por dificuldades. A equipa luta contra a descida de divisão e está em desvantagem financeira em relação aos concorrentes. Nos “Grecians”, apelido pelo qual são conhecidos os membros do Exeter, o salário médio é de 700 libras por semana (cerca de 850 euros), contra mil libras-esterlinas dos outros emblemas. A queda para a quinta divisão representaria um corte severo no orçamento.

Mas como agora, findas duas guerras mundiais e vindo o tempo de paz, tudo parece mais calmo, nada como voltar a estreitar laços. O Exeter planeia viajar para o Brasil em julho (data dos 100 anos do primeiro encontro).

Por outro lado, o Exeter, de momento, não tem relações com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De qualquer forma, a viagem para o Rio de Janeiro, 100 anos após a primeira, é aguardada com ansiedade no clube. Sem dinheiro, o Exeter vai empreender uma série de ações para reforçar o cofre. Na loja oficial, na sede dos “Grecians”, estão à venda camisas com a foto da equipa em 1914, em referência ao duelo com o Brasil. Uma réplica da camisola do Exeter em 1914, um filme e um livro sobre o feito parecem ser os ingredientes perfeitos para espalhar a mensagem da mística epopeia britânica vivida em terras que, outrora, foram colónias portuguesas.

Um dia enfrentando-se como iguais, em termos de retrospetiva podemos ver que o Exeter e a seleção do Brasil tiveram destinos opostos. Mas o desporto é isto mesmo. Juntar o rico e o pobre. Em campo todos são iguais. E agora a história pode unir novamente ao escrete aqueles que tiveram a honra de ser os primeiros adversários de sempre. Porque para haver um vencedor, também tem de haver vencidos.

NCAA March Madness: o Rescaldo (Parte I)

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Mais um ano, mais um alucinante mês de Março no basquetebol universitário. Para ser mais preciso, são vinte e um dias dias entre 18 de Março e 7 de Abril em que se disputam sessenta e três jogos para coroar o novo campeão universitário na modalidade. Todos os jogos são uma final: quem perde vai para casa, quem ganha avança para a ronda seguinte.

Como se não bastasse a emoção de termos as melhores sessenta e oito equipas de entre as trezentas que competem no basquetebol universitário a jogarem jogos de eliminação entre elas até ficar apenas um vencedor, este ano o bilionário Warren Buffett prometeu oferecer um bilião de dólares a quem conseguisse preencher uma bracket perfeita, adivinhando o vencedor de todos os sessenta e três jogos. Por muito improvável que fosse isso acontecer, este ano esse sonho acabou rapidamente, pois logo após o final da segunda ronda, ou seja, do quarto dia de competição, já não havia brackets perfeitas.

Na primeira ronda, disputada nos dias 18 e 19 de Março, realizaram-se quatro jogos e não houve qualquer surpresa digna de registo, ficando essas guardadas para a segunda ronda, disputada a 20 e 21 de Março. A segunda ronda consistiu em trinta e dois jogos disputados em dois dias – dezasseis jogos por dia. Nesta ronda tivemos a passagem de alguns dos favoritos a ganhar a competição, como Florida, Syracuse, Michigan State, Michigan, Arizona, Kansas, Wichita State, Virginia, Iowa State ou Louisville, mas também tivemos alguns underdogs a surpreender e à procura de se tornar a Cinderella team do torneio deste ano – Harvard, que eliminou Cincinnati; North Dakota State, que passou por Oklahoma; e o mais surpreendente de todos, Mercer, que venceu o sempre candidato Duke. Mercer merece lugar de destaque, pois além de estar cotada como a décima quarta melhor equipa da sua zona e de Duke ser a terceira, Duke é treinada pelo Coach K, nada menos que Mike Krzyzeswski, campeão universitário por quatro vezes e campeão olímpico com a selecção dos Estados Unidos em 2008 e 2012. Krzyzeswski teve o gesto de ir ao balneário de Mecer no final do jogo congratular os jogadores e a equipa técnica por uma excelente vitória. Como se isso não bastasse, umas das estrelas maiores do basquetebol universitário é também a estrela de Duke – o small forward Jabari Parker, que se decidir entrar para o draft da NBA do ano que vem poderá provavelmente ser a escolha número um desse mesmo draft.

Além destas equipas, passaram também à terceira ronda Dayton, Wisconsin, Pittsburgh, Oregon, Connecticut, Saint Louis, Texas, Villanova, San Diego State, Baylor, Stanford, Creighton, Tennessee, Gonzaga, Memphis, North Carolina, Austin, Kentucky e UCLA.

Dayton a "Cinderella team" deste ano Fonte: Frank Franklin/AP
Dayton a “Cinderella team” deste ano
Fonte: Frank Franklin/AP

O destaque em termos de exibição destas duas primeiras rondas vai para Adreian Payne, o center de Michigan State que dominou Delaware com os seus 41 pontos e 8 ressaltos na vitória da sua equipa por 93-78. A maior desilusão tem de ser Jabari Parker, apesar dos seus 14 pontos e 7 ressaltos, uma vez que viu a sua equipa cair perante Mercer, algo inexplicável para um jogador sobre quem já se disse ser a maior promessa deste desporto desde o aparecimento do grande LeBron James.

A terceira ronda foi disputada a 22 e 23 de Março e consistiu em dezasseis jogos divididos igualmente por estes dois dias, ou seja, oito jogos por dia. No primeiro dia tivemos a passagem de alguns dos favoritos à vitória máxima, como Florida, Michigan State, Louisville ou Michigan, que com maior ou menor dificuldade ultrapassaram os seus adversários e avançaram na competição. Wisconsin e San Diego State, apesar de não serem considerados favoritos, têm boas equipas e avançaram também para a ronda seguinte, sendo que o melhor jogo do dia foi o disputado entre Wisconsin e Oregon. Como sempre, houve algumas surpresas: Connecticut, que era o número sete no Este, venceu facilmente Villanova, que estava avaliada como a segunda melhor equipa desta região; e a maior delas todas, Dayton, que já tinha causado sensação ao eliminar Ohio State na segunda ronda e que deixou para trás um dos favoritos à vitória final, Syracuse. Note-se que Syracuse é treinada por Jim Boeheim, que ganhou a competição em 2003 com Carmelo Anthony como estrela principal e que agora tinha em Tyler Ennis um dos melhores point guards do torneio. Apesar dos seus 19 pontos, 4 ressaltos e 3 assistências, Ennis não conseguiu evitar a eliminação da sua equipa.

O segundo dia da terceira ronda começou logo com a eliminação surpresa de um dos favoritos, Kansas, por Stanford. A equipa treinada por Bill Self (campeão com Kansas em 2008) não podia contar com o fantástico center Joel Embiid, que continua lesionado, mas tinha ainda o small forward canadiano Andrew Wiggins, uma das maiores estrelas do basquetebol universitário e também ele possível escolha número um do draft da NBA do próximo ano. Tal como Jabari Parker, de Duke, saiu do torneio pela porta pequena, com uns míseros 4 pontos e 4 ressaltos. São as duas maiores desilusões do torneio, dado que eram os jogadores de quem mais se esperava e nenhum deles esteve à altura do seu talento. Num jogo fabuloso, os Kentucky Wildcats de John Calipari, campeão da NCAA em 2012 com Anthony Davis, venceram Wichita State por 78-76, liderados pelo promissor power forward Julius Randle (13 pontos e 10 ressaltos – duplo duplo), apesar dos 31 pontos e 7 ressaltos do forward de Wichita, Cleanthony Early. Não se pode dizer que este resultado foi um choque, mas Wichita State estava avaliado como a equipa número um do Midwest depois de ter ficado invicto na época regular (31-0), enquanto Kentucky estava apenas em oitavo, apesar de ter começado o ano apelidado de equipa mais talentosa da nação.

Wiggins e Parker, 2 maiores promessas que foram as 2 maiores desilusoes da prova Fonte: Truschool Sports
Wiggins e Parker, 2 maiores promessas que foram as 2 maiores desilusoes da prova
Fonte: Truschool Sports

Jogão entre Iowa State e North Carolina, duas das melhores equipas do Este, num frente a frente memorável que foi apenas resolvido com um buzzer beater do shooting guard DeAndre Kane (24 pontos, 10 ressaltos e 7 assistências) a um segundo do fim, dando a vitória a Iowa por 85-83 num jogo impróprio para cardíacos. March Madness no seu melhor. No resto dos jogos, Tennessee venceu facilmente Mercer; UCLA bateu Austin; Virginia passou por Memphis; Arizona deixou Gonzaga de fora e Baylor acabou com o sonho da equipa de Creighton, eliminando assim o small forward Doug Mcdermott, que acabou o jogo com 15 pontos e a sua carreira universitária como o quinto melhor marcador de sempre da NCAA, com 3150 pontos, apenas ultrapassado por nomes como Alphonso Ford, Lionel Simmons, Freeman Williams e Peter “Pistol Pete” Maravich.

O destaque da jornada vai para a exibição do point guard de Connecticut, Shabazz Napier, que com os seus 25 pontos, 5 ressaltos, 3 assistências e 2 roubos de bola ajudou a sua equipa a ultrapassar os favoritos de Villanova. A maior desilusão, tal como já tinha referido, foi uma das estrelas do jogo a nivel universitário, Andrew Wiggins, de quem se esperava muito mais do que 4 pontos na eliminação da sua equipa, os super-favoritos Kansas Jayhawks, perante Stanford.

 

(Segunda Parte do Texto AQUI)

A seca vimaranense

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O Vitória de Guimarães conquistou apenas dois pontos nos últimos oito jogos. A equipa da terra do nosso conquistador Dom Afonso Henriques perdeu o comboio para a Liga Europa e agora vê-se obrigada a olhar para baixo, porque a manutenção ainda não está garantida.

Depois da vitória na última edição da Taça de Portugal, a equipa de Rui Vitória não teve um começo de época muito auspicioso; a equipa jogava de uma forma muito intermitente, e também intermitente era a conquista de pontos – apenas em duas ocasiões conseguiu vencer por duas vezes consecutivas, escasso para quem ambiciona lugares europeus.

Como detentor da segunda prova maior do futebol português, a Taça de Portugal, esperava-se mais do Vitória esta época; após vencer o Fátima na 3ª eliminatória por 0-3, os vimaranenses encontraram o Porto na ronda seguinte e foram impotentes perante a equipa orientada por Paulo Fonseca, na altura.

A casa do Vitória, Estádio Dom Afonso Henriques.  Fonte: vitoriasempre.net
A casa do Vitória, Estádio Dom Afonso Henriques.
Fonte: vitoriasempre.net

Os adeptos sempre muito veementes criticaram as atuações da equipa e a prestação do treinador, não só pela eliminação da Taça de Portugal como, na semana seguinte, pela eliminação da Taça da Liga. Estávamos em novembro e, como se não bastassem estas duas eliminações, o Vitória acabaria por somar no jogo seguinte uma nova derrota para o campeonato, e já estava a quatro pontos dos lugares europeus.

Após isso, apareceram dez pontos em quatro jogos; a chama voltava a acender e o Guimarães já era quinto classificado. A partir daí foi o abismo completo: nos 13 jogos que se seguiram até à presente jornada, a equipa vimaranense apenas obteve oito pontos. Um registo paupérrimo para quem ambicionava a segunda presença consecutiva em competições europeias.

O presidente do clube, Júlio Mendes, não está contente e o próximo embate na liga diante do agora adversário direto, na luta pela manutenção, Arouca pode ditar o fim da linha para o jovem e promissor técnico Rui Vitória. Apesar de a vantagem sobre os lugares de descida ser relativamente boa, de oito pontos – faltam disputar apenas nove -, a continuar nesta senda derrotista o Vitória pode ainda passar por calafrios nesta Liga Zon Sagres. Isto hipoteticamente, visto que, em caso de empate diante dos arouquenses, fica garantida a manutenção.

Na vitória sobre o Arouca na 1º volta do campeonato.  Fonte: vitoriasc.pt
Na vitória sobre o Arouca na 1º volta do campeonato.
Fonte: vitoriasc.pt

O calendário é difícil (Arouca, Académica, Braga), mas a equipa vimaranense tem uma distância considerável; contudo, contas são contas e a calculadora indica que o Guimarães ainda não está a salvo e a recente senda vitoriosa das equipas que estão nos últimos lugares da tabela pode fazer a equipa de Rui Vitória passar por dificuldades.

A Páscoa trará decisões ou interrogações? O próximo fim-de-semana é decisivo, mas, para o Guimarães, a próxima quinta-feira é que é decisiva, isto porque o jogo frente ao Arouca está marcado para esse mesmo dia.

Na quinta veremos quem leva a melhor: se o Guimarães, que já não vence há oito jogos, se o Arouca, que nos mesmos últimos oito jogos conquistou sete pontos.

O campeonato está interessante e vai dar que falar até ao fim!

Grandes clubes, grandes contratações

Com a época prestes a terminar, começam a surgir os habituais rumores. Este ano não é excepção, e algumas transferências acabaram já mesmo por ser reveladas, como é o caso de Adrián Ramos para o Borussia Dortmund, e a ainda mais mediática transferência a custo zero de Lewandowski por parte do Bayer München.

Olhando para as equipas de topo, e fazendo uma breve análise ao seu plantel, posso concluir o seguinte relativamente a cada uma delas:
Bayern München – O clube orientado por Pep Guardiola tem feito uma época extraordinária. Já venceu a Bundesliga, está nas meias finais da Champions League e ainda na final da Taça da Alemanha, sendo, para mim, o principal candidato à vitória em ambas as competições. Com um plantel do outro mundo, para muitos o melhor do mundo, os adeptos não se preocupam com a baliza, já que contam com Manuel Neuer e Starke, que se revela sempre seguro quando chamado à acção. Dante é claramente o pilar da defesa, com Boateng, Badstuber e van Buyten a alternarem entre si na dupla com o brasileiro, mas sem a mesma qualidade. Atendendo ao facto de o gigante belga estar em final de contrato, e tendo também em conta os seus 36 anos, esta é uma posição que poderia ser reforçada. Isto pode acontecer mesmo com um reforço vindo de dentro do plantel. Javi Martínez joga tão bem nessa posição como médio mais recuado e, ocupando uma posição ainda mais defensiva, abre outra vaga no meio campo.

Quanto às laterais, esta é mais uma posição segura. Rafinha na direita e Alaba na esquerda garantem segurança, e como alternativas há um Phillip Lahm, que faz bem os dois flancos, mesmo jogando actualmente como pivot no meio campo, e ainda Diego Contento, que cumpre quando é chamado a jogo na lateral esquerda. Há ainda dois talentos emergentes na equipa B; falo de Benno Schmitz e de Vladimir Rankovic.

A posição mais central do terreno já é ocupada por jogadores que jogam como ninguém. Schweinsteiger, Kroos, Thiago, Lahm e Javi Martínez oferecem garantias e, mesmo assim, para o ano terão mais um companheiro na posição. Trata-se de Sebastian Rode, actual jogador do Eintracht Frankfurt. Rode é internacional pelas selecções jovens alemãs, tem 23 anos e, apesar de se encontrar lesionado desde Fevereiro, actuou em 28 partidas, marcando um golo.

No ataque demolidor da Baviera há Ribéry, Robben, Shaqiri, Müller e Götze, como criativos e polivalentes, trocando de posições várias vezes no jogo, ocupando as posições nas alas e no centro do terreno, tanto a ponta de lança como no seu apoio. Os jogadores mais fixos deste ataque absolutamente letal são Mandzukic e Claudio Pizarro. No entanto, com a já confirmada vinda de Lewandowski, Mandzukic perde espaço e há já rumores de uma possível transferência para a Premier League, mais concretamente para um gigante de Londres. Arsenal, Chelsea e mesmo o Tottenham desesperam por um avançado. Quanto a Pizarro, este deve mesmo abandonar a equipa, já que conta com 35 anos e o seu contrato acaba em Junho de 2014.

Lewandowski irá reencontrar Mario Götze, que já havia sido seu companheiro no Borussia Dortmund Fonte: Getty Images
Lewandowski irá reencontrar Mario Götze, que já havia sido seu companheiro no Borussia Dortmund
Fonte: Getty Images

Borussia Dortmund – Depois das machadadas de Kagawa, Lucas Barrios, Nuri Sahin (tendo este retornado à equipa por empréstimo do Real Madrid) e Götze, o actual vice-campeão europeu deve agora procurar um substituto para Lewandowski e, muito provavelmente, para Reus. Já começaram. Adrián Ramos, colombiano de 28 anos, irá certamente ser feliz em Dortmund, depois de cinco épocas fantásticas ao serviço do Hertha. Esta época, o jogador já marcou 17 golos em 35 aparições, fazendo dele um dos melhores marcadores da Bundesliga.

O Borussia já garantiu também os serviços de Ji Dong-Won, mas, ainda assim, não penso que esta mexida compense o vazio deixado pelo polaco. Penso que não é um nome suficiente grande para ocupar esta vaga. O substituto pode vir de Inglaterra, mais concretamente do Manchester City. Já se falou várias vezes em Dzeko, mas Jovetic é também um jogador fenomenal e que encaixaria na perfeição no sistema de jogo de Klopp. Continuando a falar de jogadores de leste, Mandzukic é outro a ter em conta, já que, como disse, começam a surgir rumores de que quer deixar o Bayern München. Tinha no Borussia Dortmund um grande clube para prosseguir carreira.

Sem deixar a Alemanha aparece outro nome, sendo este uma aposta mais de futuro, mas ainda assim creio que segura. Falo de Drmic, jogador de apenas 21 anos do FC Nürnberg. O suíço já marcou por 16 ocasiões (0.53% do total de golos da equipa) e já despertou a cobiça de tubarões mundiais, como Arsenal, AC Milan e PSG. Outro nome de que se fala, ainda que seja quase impossível, é o de Ibrahimovic. Desde que o sueco perguntou a Klopp quando é que o levaria para Dortmund que se fala na vontade de ver Zlatan vestido de amarelo e preto.

 

Dzeko já foi feliz numa equipa alemã Fonte: Getty Images
Dzeko já foi feliz numa equipa alemã
Fonte: Getty Images

Descendo no terreno, as alas podem ser mais um problema para Klopp. Reus pode estar de saída e Błaszczykowski vai perdendo alguma velocidade. Aubameyang foi uma boa aposta na presente época, e Grosskreutz é sempre aquele jogador com o qual o treinador pode contar para ocupar várias posições do terreno, mas nenhuma com uma qualidade acima da média; é uma espécie de Rúben Amorim alemão. Fala-se em Draxler, apesar da enorme rivalidade entre o Borussia Dortmund e o Schalke 04, e ainda no regresso de Kagawa. Depois da recente multa da FIFA ao Barcelona, abortando então a mudança de Alen Halilović para a Catalunha, voltou o rumor de que o Borussia Dortmund o contrataria para a próxima época, continuando assim o já antigo namoro entre as duas partes.

Para médio ofensivo, Mkhitaryan parece-me ser o homem certo, ainda para mais com o reforço de Inverno Milos Jojic para seu suplente. Atrás de si podem jogar Gündogan, Sven Bender, Sebastian Kehl, e surge com cada vez mais força o boato de que Nuri Sahin será contratado em definitivo pelo Borussia ao Real Madrid, no fim da temporada.

No centro da defesa, o Borussia conta com jogadores fenomenais, como Hummels, Subotic e Sokratis, mas que parecem ser feitos de cristal. Passam demasiado tempo lesionados, e isso pode ter sido um factor determinante para os resultados menos felizes da equipa esta temporada. Hummels é sempre um jogador apetecido por grandes clubes europeus, e, mesmo que não deixe o clube, sou da opinião de que deveria ser contratado um outro central de créditos firmados. Nas laterais há Łukasz Piszczek e Schmelzer, que, normalmente, ocupam as posições de defesa direito e defesa esquerdo, respectivamente. No entanto, tal como os centrais, são jogadores que passam muito tempo lesionados, e aí Durm ou o inevitável Grosskreutz são chamados a jogo.

Na baliza está o experiente Weidenfeller, mas, mesmo atendendo à enormíssima qualidade do alemão, penso que seja hora de começar a preparar a sua sucessão e pensar num guarda-redes jovem, mas de qualidade. A minha aposta seria mais uma vez numa transferência abortada pelo Barcelona, Marc-André ter Stegen. O atleta do Borussia M’gladbach tem apenas 21 anos, mas tem já uma experiência notável na Bundesliga, o que poderá fazer dele não só o sucessor de Weidenfeller no Borussia, mas também o sucessor de Manuel Neuer na baliza da selecção alemã.

Até lá, muita tinta irá correr nos jornais. Rumores, boatos, mentiras, verdades e declarações polémicas prometem fazer deste um Verão quente no que toca a mudanças, ainda mais estando em ano de Mundial, no Brasil.

Formação: mas há dúvidas de quem é o melhor?

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Desde a época de 1973/74 até hoje o Sporting só foi campeão nacional de seniores por cinco vezes. Entre essa mesma data e a temporada de 2003/04, os leões festejaram o título de juniores por quatro vezes. Tanto num caso como no outro, é manifestamente pouco. Mas não se pode analisar o primeiro caso nos mesmos moldes com que se interpreta o segundo. No que diz respeito aos seniores, a falta de títulos deve-se a vários fenómenos – as décadas de corrupção portista, os anos de direcções incompetentes, a falta de qualidade de alguns plantéis, etc. – com que todos os Sportinguistas estão familiarizados. Já a realidade das camadas jovens deve ser olhada sob um outro prisma.

Este ano, apesar de ainda não haver campeões em nenhum escalão, o Benfica tem-se superiorizado ao Sporting tanto em juniores como em juvenis e iniciados. Na última sexta-feira, o clube da Luz despachou o Real Madrid (4-0) na recém-criada UEFA Youth League, tendo depois perdido na final com o Barcelona (0-3). Os leões, por seu turno, ocupam o 3º lugar do Campeonato Nacional de Juniores, atrás do Braga e a cinco pontos dos encarnados. Nos juvenis, a 2ª fase da Zona Sul terminou com o Benfica em primeiro (27 pontos) e o Sporting em segundo (20); no que toca aos iniciados, a mesma fase da competição viu as águias terminarem com três pontos de avanço face aos leões (27 pontos contra 24).

Será isto motivo para alarme? Na minha opinião, não. Por uma razão muito simples: tal como a designação indica, o principal objectivo da formação não é ganhar títulos, mas sim descobrir, educar, trabalhar e polir os craques do futuro. Fazendo aqui um paralelismo com outros sectores da sociedade, sempre me irritaram os analistas para quem os números significam tudo. Essas pessoas são capazes de dizer, por exemplo, que os tempos difíceis de Portugal já fazem parte do passado, quando todos os dias a realidade se encarrega de os desmentir. No caso do futebol de formação é idêntico: face aos bons resultados destas temporadas, muitos adeptos do clube da Luz – e até o próprio treinador principal, com a humildade que o caracteriza – têm vindo a reclamar o estatuto de “melhor formação de Portugal”. Porém, acontece que estes benfiquistas cometem a proeza de errar duplamente: segundo o seu argumento meramente “matemático”, a melhor formação de Portugal é o Porto (56 campeonatos, somando juniores, juvenis, iniciados e infantis, contra 49 do Benfica e 41 do Sporting); se, por outro lado, o epíteto de “melhor formação do país” couber ao clube que mais craques deu ao futebol português e mundial, como defendo, aí nem é preciso dizer quem lidera isolado.

João Mário será um dos próximos valores a despontar no Sporting, já a partir da próxima época  Fonte: Zerozero
João Mário será um dos próximos valores a despontar no Sporting, já a partir da próxima época
Fonte: Zerozero

Nesse período entre 1973 e 2004, o Sporting conquistou os tais quatro campeonatos de juniores, por oposição aos oito do Benfica e aos 12 do Porto. Aliás, até o Boavista festejou o mesmo número de vezes que o clube de Alvalade. Quer isto dizer que a formação do Sporting é inferior às dos rivais e é equiparável à do Boavista? Só alguém mal-intencionado poderá afirmar tal coisa. Durante esses pouco mais de 30 anos, os leões lançaram para a ribalta do futebol mundial nomes como Futre, Figo, Simão, Quaresma, Cristiano Ronaldo, Nani e Moutinho. O Benfica, por seu turno, produziu Rui Costa, Paulo Sousa e João Pereira, enquanto o Porto terá em Fernando Couto e Bruno Alves porventura os únicos atletas dignos de registo. Até o Boavista forneceu alguns nomes que nada ficam a dever aos de Benfica e Porto – casos de João Pinto, Petit, Nuno Gomes, Bosingwa e Raul Meireles. Quererá isto dizer que os axadrezados têm uma formação superior às dos dragões e águias? Claro que não. Mas deveria ser suficiente para os adeptos e responsáveis do Benfica pensarem duas vezes antes de se autoproclamarem os novos “reis das camadas jovens”.

A superioridade do Sporting neste capítulo está patente, aliás, no facto de muitos pais e mães benfiquistas preferirem confiar os filhos ao clube de Alvalade do que ao emblema do seu coração. Mesmo sendo adeptos de um clube rival, sabem que no Sporting a aposta nos jovens é séria, sistemática e frutuosa. É também por isso que quando, há uns meses, o Benfica passou a ser o clube mais representado nas selecções jovens, esse facto foi notícia de jornal. É uma realidade estranha, e todos o sabem. Não gosto de pegar num caso específico para depois o extrapolar, mas aqui fá-lo-ei porque penso que é elucidativo: para quem não sabe ou não se lembra, João Moutinho era invariavelmente suplente de João Coimbra nas selecções jovens. Hoje, o ex-Benfica está no Estoril e raramente joga; o ex-Sporting tem lugar cativo no onze da Selecção Nacional. Claro que o Sporting se deve manter alerta e não se deixar ultrapassar, ainda que não acredite que isso vá acontecer tão cedo.

Há pouco referi que uma das tarefas dos clubes formadores é educarem os seus atletas. Nesse sentido, o nome de João Moutinho serve de mote para abordar um assunto que me preocupa bem mais do que a classificação das equipas jovens do Sporting: a questão da formação pessoal. Bem sei que os futebolistas são profissionais e que, nesse sentido, procuram as melhores opções para as suas carreiras. Também não ignoro que os leões são o clube que forma mais e melhores atletas, havendo por isso uma maior probabilidade de alguns deles virem a jogar no Benfica ou no Porto. Mas tem de se incutir em todos aqueles “miúdos” que representar esses clubes é pior do que roubar uma carteira a uma velhinha. São os nossos rivais, portanto jogar por algum deles é trair e defraudar o clube que fez deles jogadores. O Sporting não pode continuar a formar atletas para a concorrência. Bruno de Carvalho parece já ter tomado medidas nesse sentido, como é exemplo a cláusula que impede Bruma de ingressar no Benfica e no Porto até 2018.

O Sporting é o único clube do Mundo que formou dois Bolas de Ouro: Luís Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008 e 2013)
O Sporting é um dos únicos clubes do Mundo que formaram dois Bolas de Ouro: Luís Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008 e 2013)

Ainda a respeito dos títulos, claro que estaria a mentir se dissesse que tanto me faz se o Sporting ganha ou não campeonatos nas camadas jovens. É óbvio que prefiro ganhar, mas esse objectivo não é nem de perto nem de longe o mais importante. A este propósito, Carlos Mané afirma, na penúltima edição do Jornal Sporting, que “a equipa B não serve para ganhar campeonatos, mas sim para formar jogadores”. Mais do que a ânsia de incutir um espírito ultra-competitivo em adolescentes, é este modo de ver as coisas que deve imperar em Alvalade. Relativamente ao clube da Luz, tenho para mim que ou Luís Filipe Vieira está implicitamente a dar razão a Bruno de Carvalho no que diz respeito ao desinvestimento que o Benfica terá de fazer (vendo-se obrigado a apostar mais nas camadas jovens), ou os tão propalados “60 ou 70%” de jogadores da formação no plantel principal dos encarnados em 2020 nunca serão mais do que um devaneio.

Termino com uma observação: há dois anos entrevistei Aurélio Pereira, responsável máximo do Departamento de Prospecção do Sporting. Em conversa, esta figura emblemática do futebol nacional disse-me que tinha recebido um homólogo seu do Barcelona poucos dias antes, tendo o catalão afirmado que a única diferença entre as formações do Sporting e do Barcelona é que os culés têm a capacidade financeira para segurar as suas pérolas e, assim, poder construir equipas fenomenais. Dito isto, pouco mais haverá a acrescentar. O problema é que, tal como acontece na discussão sobre quem é o melhor futebolista português de todos os tempos, também no que diz respeito à melhor formação do país só em Portugal é que parece haver margem para dúvidas. Se, lá fora, a ideia de que Cristiano Ronaldo é não só o melhor jogador português de sempre mas também um dos melhores executantes que o futebol mundial já viu parece ter cada vez mais adeptos, por cá há quem ainda insista que Eusébio é superior. Da mesma forma, basta um ano de bom nível do Benfica para todo o trabalho da formação do Sporting ser colocado em causa, inclusive por alguns Sportinguistas. Pela minha parte, se estiver errado, cá estarei daqui a uns tempos para o reconhecer. Mas há que olhar para a realidade, e ela recorda-nos que a formação do Sporting continua a fornecer à equipa principal inúmeros jogadores – só este ano, Patrício, Cédric, Dier, William Carvalho, André Martins, Adrien, Mané e Wilson Eduardo desempenharam um papel importantíssimo. Já o Benfica tem em Sílvio e Ivan Cavaleiro crónicos suplentes, os únicos exemplos de atletas das camadas jovens – isto num clube em que nenhum jogador português marca um golo para o campeonato desde 27 de Outubro de 2012. Quando a diferença em termos de qualidade e aproveitamento na formação é tão gritante, só apetece dizer: há realmente dúvidas sobre quem é o melhor?

P.S.: escolhi analisar as épocas apenas até 2004 porque esse período coincide com os anos de menor fulgor do Sporting em termos de títulos nas camadas jovens. Ainda assim, a quantidade de grandes jogadores saídos da formação do clube é impressionante. De 2004 para cá, em nove campeonatos possíveis, o Sporting ganhou seis. Mais um facto que não favorece os argumentos benfiquistas…

Um erro de principiante

Apesar de ainda poder vencer o campeonato e a taça, o Barcelona está a realizar uma época decepcionante. Os catalães apresentaram um nível exibicional muito fraco durante quase toda a temporada e, nesta altura, já se percebeu que a contratação de Tata Martino foi um erro. Ainda assim, o argentino – que deve sair no final da época – não é o único culpado do fracasso. Messi, de quem se espera que carregue a equipa, não foi tão decisivo como habitualmente. O plantel tem algumas limitações (principalmente a nível defensivo) e foi bastante afectado por lesões, o que dificultou a tarefa ao treinador. Há vários jogadores na fase descendente da carreira e sem substitutos à altura. Neste sentido, não se percebe a venda de Thiago, sucessor natural de Xavi, ao Bayern de Munique. Um erro que pode custar caro e que atinge contornos mais graves se pensarmos que os catalães correm o risco de não poder contratar jogadores durante um ano (por irregularidades na inscrição de futebolistas menores).

Não há como negar. Apesar de ainda ser um jogador de grande qualidade, Xavi já não apresenta o mesmo rendimento de outrora. O médio tem vindo a perder influência no conjunto catalão (uma situação natural, tendo em conta que já tem 34 anos) e, neste momento, está longe de justificar a titularidade indiscutível. Se Thiago estivesse no plantel, poderia existir uma rotação saudável, que seria benéfica para ambos. Xavi estaria menos desgastado – e, provavelmente, a jogar a um nível superior – e o actual jogador do Bayern ia conquistando o seu espaço na equipa.

Thiago já não mora em Camp Nou e até já derrotou os catalães esta época Fonte: Getty Images
Thiago já não mora em Camp Nou e até já derrotou os catalães esta época
Fonte: Getty Images

Como Thiago, há poucos. O hispano-brasileiro, que pode actuar em qualquer posição do meio campo com a mesma qualidade, é um predestinado. Tem uma técnica assombrosa e uma bola que saia dos seus pés vai direitinha ao destino. Há bastante tempo que era apontado como o futuro patrão do Barça e, de facto, tinha todas as condições para assumir esse papel. No entanto, os catalães libertaram-no a troco de 25 milhões de euros. Para além de terem ficado sem um dos maiores talentos saídos da formação nos últimos anos, hipotecaram a renovação da equipa – sem perda de qualidade – no curto prazo.

Xavi é um enorme jogador, mas não dura para sempre. Olhando para o plantel à disposição de Tata Martino, não se consegue identificar um jogador que possa desempenhar as mesmas funções. Fàbregas, que poderia ser uma solução, é actualmente uma sombra daquilo que já foi (um dos melhores médios do mundo) e o seu rendimento é superior quando actua no último terço do terreno. Sergi Roberto é um jovem com imenso potencial, mas, para além de não parecer preparado para substituir Xavi, é um médio com características diferentes.

Será interessante perceber como o Barcelona vai ultrapassar as dificuldades que se adivinham na preparação da próxima época. Já sem Valdés (em princípio não vai renovar) e Puyol (termina a carreira no final da temporada), os catalães vão tentar manter o plantel actual e potenciar ao máximo os jovens da formação. É previsível que os catalães farão regressar Rafinha e Deulofeu, podendo promover as subidas de Denis Suárez, de Adama Traoré e, quem sabe, do marroquino Munir El-Haddadi (melhor jogador da UEFA Youth League) à equipa principal. Contudo, uma coisa é certa: Xavi, que não está a ficar mais novo, continuará sem um substituto à altura. Faltou paciência a Thiago – queria mais minutos – e inteligência aos dirigentes do Barcelona.

Luz ao fundinho do túnel para o snooker em Portugal?

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cab Snooker

Boas notícias! Muito boas notícias!

Até domingo, o Casino Estoril acolheu uma fantástica produção que privilegiou a divulgação do snooker (finalmente deixa de ser só futebol). Com o tão aguardado Campeonato do Mundo à porta – tem início no sábado (19) e o campeão será decidido no dia 5 de maio no Crucible Theatre, em Sheffield –, houve demonstrações ao vivo e algumas aulas de iniciação à modalidade. Um primeiro contacto com uma mesa oficial e umas boas tacadas.

Muito infelizmente não me foi mesmo possível ir a este evento, o que me suscitou uma grande depressão que foi curada com quantidades de chocolate exorbitantes e muitas fotografias do Judd Trump. O que também contribui para a minha melhoria foi de facto chegar à conclusão de que este evento aconteceu! Gosto de futebol, sim. Adoro o meu Sporting! Mas desporto não se resume apenas a dez jogadores a correr atrás de uma bola. São precisas mais iniciativas destas! Tenho a certeza de que despertou um bichinho dentro das pessoas que puderam ver, tocar e sentir a grandiosidade de uma mesa oficial; a dificuldade que é controlar a bola branca e ter uma postura correta.

Pedro Fernandes e Luís Filipe Borges, apresentadores do “5 Para a Meia-Noite”, competiram num encontro intitulado de Snooker Vip Challenge. E, claro … a faculdade tomou conta dos meus dias, roubando-me a oportunidade de ver estas duas personagens dar umas tacadas (técnicas?). Sinto-me com vontade de reclamar junto do Sr. Presidente da ESCS.

Como uma boa companhia nunca pode faltar, o “Estoril Snooker Challenge” esteve acompanhado pelos comentadores do Eurosport, Miguel Sancho e Nuno Miguel Santos.

O primeiro treinador nacional reconhecido pela European Billiards and Snooker Association (EBSA), Nélson Baptista, esteve à disposição do público para dicas e conselhos.

Um amuse-bouche enquanto se faz uma contagem decrescente para o Dafabet World Championship. No Campeonato do Mundo só se pode esperar grandes jogadas. Ronnie O’Sullivan tentará o seu sexto título (e terceiro seguido).

Pode igualar a vedeta Steve Davis. Neil Robertson, Ding Junhui, Judd Trump, Mark Selby e Shaun Murphy são alguns dos nomes com que o Rocket vai ter de se preocupar.

Stephen Hendry ainda é o detentor do recorde do snooker da era moderna, com sete títulos de campeão do Mundo, mas o Rocket, aos 38 anos, ameaça pulverizar as marcas do escocês. Esperar para ver!

Os 16 melhores do mundo e mais 16 jogadores provenientes das eliminatórias de qualificação irão competir por um dos troféus mais famosos no desporto, bem como por um prémio recorde de £ 300.000.

O evento de 17 dias vai ser transmitido em mais de 70 países espalhados pelo mundo e contará com uma audiência de mais de 300 milhões telespectadores.

Assista ao vídeo d’A Bola sobre o ‘Estoril Snooker Challenge’:

Orgulho, personalidade e…tanto talento

Topo Sul

Qualquer que fosse o resultado do jogo de hoje, os jogadores da equipa de sub-19 do Benfica teriam sempre de ser vangloriados pela extraordinária prestação que tiveram na Uefa Youth League – a mais prestigiada competição europeia de clubes entre os mais jovens. Os excelentes resultados da equipa de juniores do Benfica são motivo para orgulhar os benfiquistas e, acima de tudo, para descansar os portugueses quanto ao futuro das nossas selecções nacionais. Personalidade, maturidade e qualidade técnica são traços que caracterizam uma equipa recheada que valores que encantou, ao longo desta campanha europeia, adeptos de futebol por toda a Europa.

Depois de uma fase de grupos tranquila, os pupilos (muito bem) orientados pelo técnico João Tralhão encontraram um Áustria de Viena que se tinha apurado num grupo que contava com F.C.Porto ou Atlético Madrid e esmagaram os austríacos com um contundente 4-1. O sonho das jovens águias ganhavas asas à medida que a confiança se apoderava da equipa, e a vitória perante o poderoso Manchester City, nos quartos-de-final da prova, fez aumentar os índices motivacionais no seio do grupo. Seguiu-se o Real Madrid nas meias-finais. Era o último obstáculo até à grande final e os encarnados não vacilaram e golearam os merengues com um expressivo 4-0. Goleada, exibição de alto nível e o sonho ali tão perto.

Apesar das muitas oportunidades criadas, o Benfica não conseguiu marcar Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica
Apesar das muitas oportunidades criadas, o Benfica não conseguiu marcar
Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica

Ontem foi o dia da grande final. Benfica e Barcelona, dois históricos do futebol mundial, encontraram-se para decidir o vencedor da primeira Champions League sub-19. Num jogo sem favoritos, imperou a eficácia de um Barça que nunca dominou o jogo e que apenas ganhou porque foi mais eficiente no capítulo da finalização. E como no futebol ganha quem marca mais golos e não quem joga melhor, foi a equipa blaugrana que se sagrou campeã europeia sub-19. Para quem viu o que se passou hoje em Nyon, Suíça, o resultado de 3-0 a favor do Barcelona é claramente exagerado e enganador. Parece que foi a equipa espanhola quem praticou melhor futebol e criou mais oportunidades, mas não foi isso que se passou.

No relvado do Estádio Colovray, disputou-se um fantástico jogo entre miúdos cheios de talento que apenas se preocuparam em praticar o futebol puro e genuíno que têm nos pés. O facto de se tratar de uma final de uma recente, mas consagrada, competição não amedrontou os jogadores encarnados, que apenas se preocuparam em impor o seu jogo fluído e tricotado. A personalidade com que a equipa do Benfica entrou na partida foi a mesma durante os noventa minutos e as melhores oportunidades de golo pertenceram aos meninos da Luz. Desde penaltys a lances isolados, os jovens encarnados construíram um leque de oportunidades de golo suficiente para saírem da Suíça com o troféu, mas o desacerto da finalização foi demasiado cruel.

Nem o facto de o Barcelona ter entrado praticamente a ganhar, com um golo antes dos dez minutos, abalou o Benfica, que reagiu de forma muito positiva à desvantagem. A confiança que a equipa respirava permitia-lhe encostar o Barcelona às cordas e colocar em sentido a defesa adversária. A verdade é que as ocasiões de golo não eram concretizadas – nem mesmo de grande penalidade – e o resultado ia-se mantendo favorável ao conjunto espanhol. A primeira e a segunda parte tiveram praticamente o mesmo filme: Benfica a jogar e Barcelona a marcar. Aproveitando a velocidade e apurada técnica dos três avançados, a formação blaugrana jogou quase sempre em transições e tentou explorar todo o talento desse trio composto por El Ourachi, El Haddadi e Traoré. O segundo, um jogador de altíssimo nível, apontou dois dos golos do Barcelona, e Traoré, atleta que já se estreou na equipa principal, foi sempre uma seta apontada à baliza encarnada. Tirando esses rasgos individuais, pouco mais se viu deste Barcelona, quase sempre diminuído perante a pressão encarnada.

Ao Benfica não se pode apontar falta de dinâmica, fluidez ou agressividade; apenas falta de eficácia. A exibição dos pupilos de João Tralhão foi de um nível fantástico, não só a nível táctico como também técnico. A qualidade de jogo desta equipa é algo que fascina qualquer adepto de futebol e ver jogar jovens como Gonçalo Guedes, Romário Baldé ou Nuno Santos é um regalo para a vista. Quem, como eu, acompanha com especial atenção a evolução desta equipa que tem vindo a amealhar títulos nacionais há já alguns anos, não se surpreende com a categoria destes jovens, mas estou certo de que, depois desta campanha, estes meninos vão ser mais valorizados e vistos como o futuro da nossa selecção.

Olhando para os jogadores que compõem este plantel, são poucas as dúvidas que existem quanto ao futuro destes atletas. Se continuarem a exibir-se a este nível, terão um futuro risonho pela frente. Theirry Graça é um guardião forte e muito seguro; os centrais João Nunes e Alexandre Alfaiate são altos, rápidos e fortes no capítulo do passe; os laterais Rafael Ramos e Pedro Rebocho exploram o flanco como poucos e possuem uma qualidade técnica admirável; no meio campo, Estrela é um poço de força que não falha um passe e Rochinha e Guzzo são donos de uma qualidade de passe acima da média e de uma inteligência notável; na frente de ataque, há pérolas que encantam qualquer fã de futebol. Nuno Santos, Guedes e Baldé são virtuosos, rápidos e tratam a bola como ninguém.

Romário Baldé e Nuno Santos são duas das unidades mais influentes nesta equipa Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica
Romário Baldé e Nuno Santos são duas das unidades mais influentes nesta equipa
Fonte: Facebook oficial do Sport Lisboa e Benfica

Depois de uma quase perfeita prestação na competição de clubes mais importante do futebol jovem na Europa, várias questões se levantam sobre a forma como estes prodígios vão ser aproveitados pela estrutura do Benfica. Na verdade, os resultados obtidos neste percurso só vêm confirmar que a formação encarnada possui atletas de um infindável talento e que a política de aproveitamento destes jovens tem de ser repensada. Por aquilo que vejo enquanto fanático por futebol, tenho a certeza de que quatro ou cinco jogadores que brilharam nesta Youth League vão ser jogadores de excelência do futebol nacional. Estou também convicto de que a direcção encarnada não será inconsciente ao ponto de ignorar tanto talento e de não incluir, a curto prazo, estes meninos nos quadros do plantel principal. Como disse Luís Filipe Vieira após a final de hoje, estes jovens “têm um futuro cheio de vitórias pela frente”.

O presidente do SLB, Luis Filipe Vieira, mostrou-se orgulhoso com a campanha dos Benfica sub-19 na Uefa Youth League Fonte: ASF (Miguel Nunes)
O presidente do SLB, Luis Filipe Vieira, mostrou-se orgulhoso com a campanha dos Benfica sub-19 na Uefa Youth League
Fonte: ASF (Miguel Nunes)

Porque os tempos são de crise e sobretudo porque (meu deus!) estes rapazes são tão bons jogadores, o Benfica não pode continuar a cometer barbaridades e desperdiçar estes produtos da formação. Estas gerações de 94, 95 e 96 estão recheadas de valores seguros e isso, como benfiquista e português, deixa-me totalmente descansado.

Parabéns, miúdos. Foram grandes!

Porque um mal nunca vem só

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camisolasberrantes

A profecia está perto de se concretizar. Depois das muitas promessas é hora de dar. De deixar cair o pano. De coroar o(s) rei(s). Fazer jus à fantástica época que pintou de encarnado o universo do futebol português, qual amor de arrebatar que nos torna cegos ou invisuais a outra qualquer cor que não aquela que é só nossa…sendo agora de todo o mundo. É isto o Benfica. E este ano foi à Benfica. Mais e melhores virão.

Enquanto pensamos neste presente e nesses futuros é hora de lembrar aqueles que nos acompanharam nesta caminhada, lembrando, acima de tudo, os seus eternos e incomensuráveis esforços. Tenhamos, ainda assim, o atrevimento de poupar no papel porque ainda que o Benfica seja o nosso grande amor, a (triste) vida a sério obriga-nos a economizar também no tempo. Dessa forma, os pequenos mas deliciosos minutos que aqui vos cozinho servirão para tirar o chapéu e fazer a vénia a uma das revelações deste plantel. Um homem que chegou sem grandes esperanças. Um português que vinha mais para fazer número do que para jogar à bola. Um emprestado sem grandes perspectivas que precisava de provar o seu valor. Um reforço para o lugar mais contestado do Benfica nas últimas épocas.

Falo-vos de Sílvio. Hoje, depois das muitas euforias vividas desde o terceiro minuto contra o AZ Alkmaar, é dia de honrar a ausência e de agradecer a presença do “nosso” incansável miúdo de 26 anos. Sílvio foi uma das pedras basilares para este esquema táctico e organizacional de Jesus. Tanto dentro de campo, como fora dele. Permitiu a rotação do plantel e a continuação das boas exibições. Ele e outros como ele. No entanto, é do português que falamos porque é impossível não sentir um aperto no coração ao pensar que, logo quando atravessava um excelente momento de forma, acaba por cair numa longa e dolorosa fase de recuperação depois de partir a perna num choque acidental com o “Girafa”.

O internacional português já foi operado e parece estar a saber lidar saudavelmente com este contratempo, mas vê-lo longe dos relvados é um tiro no pé para as aspirações do Benfica…mas não só. Sílvio servia essencialmente para encher o campo em jogos em que o caudal ofensivo adversário ameaçava inundar o meio-campo encarnado, sufocando assim o trabalho de Fejsa e limitando em consequência a reposição de bola de Enzo. Siqueira é um óptimo jogador – nunca pensei vir a dizer isto, pelos apontamentos do princípio da época –, mas não dá a maior das tranquilidades ao processo defensivo do Benfica. Aí, Sílvio surgia como uma lufada de ar fresco e um activo plenamente capaz de dar (não só) ao lado esquerdo uma estabilidade de movimentos e de constante recuperação ao ponto de nem ser necessário meter a jogar à sua frente um génio como Gaitán. Contudo, sendo justo, falta ao português o atrevimento para subir com pompa e circunstância no terreno. Precisa de mais pulmão. Mais pernas. Mais jogo. Os cruzamentos são precários e o jogo criativo é algo previsível. É um fantástico lateral à antiga num jogo que é demasiado moderno. Não deixa, ainda assim, de ser um fantástico lateral. Um fantástico lateral que nos dava um fantástico jeito.

Uma bonita mensagem de apoio dos companheiros colchoneros Fonte: Site oficial do Atlético de Madrid
Uma bonita mensagem de apoio dos companheiros colchoneros
Fonte: Site oficial do Atlético de Madrid

Vamos sentir a sua falta, tanto na esquerda como na direita. A falta dessa polivalência que não é para todos. A necessidade de o ter nos confrontos europeus, como aconteceu na Liga dos Campeões e na Liga Europa, em que nos presenteou com exibições de luxo contra PAOK e Tottenham. Seria mais um trunfo na deslocação a Turim, mas agora há que saber lidar com o seu afastamento…não esquecendo a sua possível permanência. O Benfica deve apostar nos portugueses que têm valor e, ainda que Sílvio tenha rumado à Luz por empréstimo sem opção de compra, é, para mim, fundamental contactar o Atlético de Madrid na tentativa de garantir o lateral para os anos vindouros. Os números não são conhecidos, mas visto que os colchoneros mantêm uma relação de proximidade com o Benfica, graças às benesses que Luís Filipe Vieira lhes tem oferecido ao longo dos anos – Simão Sabrosa a preço de saldo; Reyes “reconstruído” e relançado no Benfica para voltar depois a casa; e toda a negociata de milhões em volta do guarda-redes Roberto –, talvez não seja impossível sonhar com um Sílvio por menos de cinco milhões de euros. Até porque o brasileiro Filipe Luís tem-se afirmado como insubstituível no lado esquerdo da defesa do Atlético – veja-se o enorme jogo contra o Barcelona, para a Liga dos Campeões.

Com tudo isto dito, uma última reflexão: e o Mundial? Não serei com certeza o único a querer ver Sílvio substituir João Pereira. É mais do que merecido (e/ou necessário). Mas tal como o Benfica terá de fazer das tripas coração para sobreviver a este desaire, assim terá Paulo Bento de fingir que o lateral português até nem atravessava o melhor período da sua carreira. Lei de Murphy, para que te quero…