No passado domingo, tivemos o primeiro Grande Prémio (GP) da temporada, o GP da Austrália. Os motores Mercedes ocuparam os três lugares no pódio – para já, ainda só se pode dizer isto de forma provisória, devido ao recurso da Red Bull em relação à desclassificação de Ricciardo do segundo posto ganho em prova, algo a ser tratado mais à frente no texto. Em primeiro ficou Rosberg; o alemão da equipa da Mercedes fez uma excelente prova e teve uma vitória justa. Os dois Mclarem-Mercedes fecharam então o pódio, com Kevin Magnussen em segundo e Jason Button em terceiro. A prestação do dinamarquês é brilhante, pois este GP foi a sua estreia na F1, sendo uma das melhores prestações de sempre de um rookie, ficando apenas atrás de Giancarlo Baghetti, vencedor do GP de França de 1961 com um Ferrari, curiosamente a sua única vitória.
Alonso ficou em quarto, com o primeiro Ferrari, e a Williams, com Bottas, ficou em quinto. Destaque ainda para o russo que “roubou” o lugar a Félix da Costa, que terminou em nono. O GP ficou ainda marcado pelas desistências de Vettel e Hamilton logo nas primeiras voltas. Estes vão ser dois dos maiores animadores da temporada, ou pelo menos assim é esperado. Massa também desistiu logo na primeira curva, depois de ter sido abalroado por Kobayashi.
O lado positivo deste GP é que parece que a Red Bull não está morta. Ricciardo conseguiu terminar em segundo no GP do seu país, mas acabou desclassificado – o recurso está a decorrer – e viu assim perder o pódio. Tal aconteceu devido a uma nova regra que diz que não se pode exceder o fluxo de 100kg/hora de combustível. Uma regra negativa, pois não vai permitir aos pilotos andarem sempre ao ataque, para terem de controlar este fator.
Não podia falar sobre este GP sem falar do som dos carros. Quando vi pela primeira vez este vídeo, perguntei a mim próprio “que raio é isto?”. Sempre me lembro do som forte dos carros de F1. Este ano, este som parece muito abafado e fraco, aproximando-se muito dos carros de fórmulas de promoção. É um som mesmo muito mau. Não sei como mas espero que consigam mudar isto ainda durante esta temporada.
Tal como em todo o Universo, não há nenhuma estrela no futebol que um dia não se apague. Ok, talvez seja uma frase cliché. Ou, como diria um dos melhores professores que já tive, muito kitsch – forma sublime de dizer parolo. Mas, kitsch ou não, esta é uma verdade inquestionável.
Outra verdade, também ela inquestionável, é que Francisco Suárez, mais conhecido como Isco, há já algum tempo que deixou de brilhar. Ainda é uma estrela, claro está. Mas esse é um estatuto que se alcança simplesmente por jogar no Real Madrid. E se jogar no maior clube do mundo (maior não é sinónimo de melhor) tem os seus benefícios e vantagens, tem também alguns inconvenientes e problemas.
Voltando a ser kitsch, uma das maiores vantagens em jogar no Real Madrid é ter a oportunidade de brilhar como em nenhum outro lado. Digam o que disserem, jogar no Santiago Barnabéu ainda é o topo do futebol mundial. Há outros clubes que talvez se possam comparar mas nenhum ultrapassa o prestígio do colosso espanhol. As nove Ligas dos Campeões conquistadas pelos merengues pesam demasiado na história do futebol, e dificilmente encontrámos um jogador que não tenha, pelo menos, um certo guilty pleasure sobre o Real Madrid.
Mas, voltando ao cerne da questão, do outro lado da barricada, o das desvantagens, encontrámos um problema que já todos conhecemos: o excesso de estrelas.
Isco foi uma das contratações para a nova temporada. Fonte: lancenet.com.br
Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, Benzema, Di Maria, Sérgio Ramos, Modric, Pepe… a lista continua, como vocês sabem. No entanto, e mesmo tendo Cristiano Ronaldo como colega, todos os jogadores têm espaço e azo para brilhar. O dilema principal é que algumas das “estrelas” vão brilhar mais do que outras. O talento, o profissionalismo, os golos marcados, o futebol jogado, enfim, são vários os fatores que condicionam a intensidade e a duração com que brilham.
Então, por que razão deixou Isco de brilhar? É difícil responder quando todos lhe reconhecem um talento bem acima da média. O médio espanhol é dono de uma técnica apuradíssima, capaz de fazer magia em qualquer relvado. O pé direito do jogador, nascido em Benalmádena, é, tenho a certeza, um dos melhores da Europa. É difícil, de facto, entender porque não joga.
Recorrendo aos números, o virtuoso médio espanhol até teve um excelente início de época: foi titular nas primeiras nove jornadas da Liga Espanhola e faturou cinco golos.
Porém, a partir de dezembro, a produção do jogador caiu a pique. Em poucos meses passou de titular a jogador que entra nos minutos finais para refrescar a equipa. Lamentável, mas é a lei do futebol.
Curioso é que, desde que Ancelotti escolheu Di Maria em detrimento de Isco, a equipa melhorou muito a sua performance e qualidade futebolística. Não acredito que a culpa do futebol menos encantador do início da temporada, comparativamente ao atual, fosse culpa de Isco. Mas, no entanto, é incontestável que a equipa subiu de rendimento com o ex-benfiquista em campo.
No passado dia 15, frente ao Málaga, Isco foi novamente titular na equipa merengue. Algo que para a Liga não acontecia desde o dia 6 de janeiro, aquando da receção ao Celta de Vigo.
No jogo do La Rosaleda, que marcou o regresso de Isco ao clube que o tornou famoso, o médio do Real Madrid apresentou-se a um nível muito fraco. Longe do jogo, raramente teve a bola e, quando a teve, as decisões nem sempre foram as melhores. O jogo frente ao Málaga foi, tal como se esperava, de dificuldade elevada. Mas, mesmo assim, Isco deveria ter feito muito mais e muito melhor. Tenho a impressão de que Ancelotti deu a titularidade ao médio espanhol com esperança de que um confronto com a ex-equipa surtisse nele um efeito motivador e que originasse um boost extra de qualidade. Tal não aconteceu e a substituição, aos 63 minutos, pelo canterano Jesé Rodriguez não estranhou.
Faltam poucos meses para o final da temporada 2013/2014 e, com o Mundial do Brasil mesmo à porta, as perspetivas de Isco ser um dos 23 eleitos de Vicent del Bosque para representar a Espanha são, no mínimo, escassas. Contudo, até que a lista definitiva seja publicada, a porta mantem-se aberta. Será que Isco ainda vai a tempo de brilhar?
Ivan Lendl e Andy Murray encerraram a ligação de dois anos que levou o tenista britânico a uma medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Londres e à vitória do seu primeiro Grand Slam, o US Open e posteriormente Wimbledon.
Foi uma decisão que caiu que nem uma bomba no mundo do ténis profissional. A parceria entre Murray e Lendl foi uma das de maior sucesso nos últimos tempos no circuito profissional masculino e nada fazia prever uma decisão destas.
Andy Murray disse em comunicado no seu site oficial que vai estudar o futuro em conjunto com a restante equipa técnica de forma a não tomar decisões precipitadas. É uma atitude sensata e humilde de Murray, que entende certamente a importância que Ivan Lendl teve no seu jogo e sobretudo no seu desbloqueio psicológico.
A parte mental era a mais complicada do quotidiano de Andy Murray, e aquela cuja experiência ao mais alto nível de Ivan Lendl ajudou a “descomplicar”, permitindo-lhe assim alcançar os sonhados títulos do Grand Slam, calar os críticos e colocar o seu nome na história do ténis mundial, confirmando-se como um dos tenistas de topo desta geração.
Andy Murray e o titulo de Wimbledon Fonte: Huffingtonpost.com/
Entretanto, Roger Federer continua a somar sucessos nesta primeira fase de 2014, surpreendendo o mundo por estar a conseguir jogar de igual para igual com Djokovic, Nadal, entre outros. O tenista suíço admitiu que a idade é apenas um número e a verdade é que Roger Federer continua a estar ao mais alto nível, e embora não tendo ganho nenhum título em especial este ano, está a jogar a um nível que há muito não se via.
Em 2012 Federer venceu seis títulos e em 2013 apenas um, o que levou novamente os arautos da desgraça a vir a público dizer que o suíço estava acabado. Eu não posso dizer muito mais; já me mostrei um defensor indefectível de Roger Federer, apesar dos seus maus resultados.
Mais uma vez, teremos um Portugal Open com um excelente cartaz. Stanislas Wawrinka vem defender o título e é a melhor contratação que João Lagos podia fazer este ano. É um jogador em excelente forma, simpático e disponível. Raonic estará de regresso, e Tursonov é uma surpresa a observar. O talentoso e excêntrico Benoit Paire também vai desfilar pelo Jamor, embora as grandes esperanças recaiam sobre João Sousa, que aliás se deu a conhecer ao mundo no Estoril Open de 2008.
Em femininos, Roberta Vinci, Samantha Stosur e Suarez Navarro garantem a festa, numa lista que inclui ainda outras tenistas de qualidade, como Sorana Cirstea, Maria Kirilenko, Svetlana Kuznetsova, Shuai Peng e Francesca Schiavone, com um número considerável de atletas que venceram já torneios do Grand Slam.
Os dados estão lançados; agora é vender bilhetes, e vamos a isto!
Hoje vou falar de um acontecimento no mínimo estranho. Como sabem, na semana passada realizou-se o primeiro evento do circuito mundial na Austrália, o Quiksilver Pro Gold Coast, que foi ganho pelo jovem brasileiro Gabirel Medina. Nessa mesma prova aconteceu uma situação caricata, mas já lá vamos. Como em tudo na vida, existem regras para que haja justiça e se alcancem melhores resultados. Pois bem, o surf não é excepção. Entre inúmeras regras, há uma que começa a causar alguma polémica. Para ser mais explícito, essa regra consiste em que um surfista tenha prioridade em relação ao outro, sendo que essa prioridade está sempre a mudar conforme os surfistas vão apanhando ondas. Ou seja, o surfista que está à espera há mais tempo no pico é quem tem prioridade.
Por exemplo, estão dois surfistas dentro de água: se o surfista A apanhar uma onda, o surfista B passa a ter prioridade até apanhar uma onda, pois é o que está à espera há mais tempo. Quando o surfista B apanhar uma onda, a prioridade passa para o surfista A, pois agora é este que está à espera há mais tempo. Ainda assim, o surfista sem prioridade pode apanhar ondas à vontade, desde que não apanhe a onda que o surfista com prioridade está a apanhar. Complementando esta regra há surfistas que quando têm prioridade têm o bom senso de deixar o surfista que está mais perto do pico apanhar a onda. Mas bem, esta regra serve para o free surf em qualquer lugar do mundo como também para a competição, sendo que em competição se esta regra for quebrada há uma punição para o surfista que a quebrou. E foi aqui que aconteceu o improvável.
Jeremy Flores na primeira manobra antes do impacto com Adriano de Sousa Fonte: Grindtv.com
No heat 8 do round 3 disputado entre Jeremy Flores e Adriano “Mineirinho” de Sousa, Jeremy “roubou” uma onda ao surfista brasileiro, ou seja: Adriano de Sousa era quem tinha prioridade, mas quem foi na onda foi o surfista francês. Mas o que é facto é que Jeremy Flores estava mais no outside e mais perto do pico, enquanto Adriano se encontrava no inside, mais longe do pico. E ainda acrescentando a isto, Jeremy Flores ainda teve tempo de fazer uma manobra e, quando se ia preparar para a segunda, o surfista brasilerio chocou contra ele, ao tentar entrar na mesma onda. Pondo todas as cartas na mesa: primeiro, Adriano de Sousa tinha prioridade; segundo, quem estava mais do outside era Jeremy Flores; e terceiro, Adriano tentou apanhar a onda que o surfista francês já tinha apanhado no pico e estava a surfar. Portanto podemos constatar aqui três factos. Se o surfista brasileiro tivesse um pouco de bom senso, não teria apanhado a onda do francês, apesar da prioridade.
Momento do choque entre os dois surfistas. Fonte: Oglobo.globo.com
Mas a realidade é que isto é um jogo e cada um usa os seus trunfos e vantagens para poder ganhar. Conclusão da história: o surfista francês foi punido, perdendo assim uma das suas duas melhores notas e acabando o heat com um score de 5.33 pontos em 20 possíveis. Adriano de Sousa venceu com um score total de 14 pontos. No fim, Jeremy Flores frisou ainda numa entrevista que Mineirinho teve uma atitude ridícula e de anti desportivismo por ter apanhado a onda em que ele já estava.
Com raça, alma e determinação, o FC Porto conseguiu esta noite o apuramento para os quartos-de-final da Liga Europa, ao empatar a dois golos no Estádio San Paolo.
Com o título perdido e o apuramento direto para a Liga dos Campeões cada vez mais difícil, a Liga Europa aparecia esta noite como a tábua de salvação da época azul e branca. A tarefa não se adivinha ainda assim fácil, pois, apesar da vantagem de 1-0 trazida da primeira mão, os portistas defrontavam o Nápoles com muitas ausências na sua defesa: Hélton, Abdoulaye, Maicon e Alex Sandro não entravam nas contas de Luís Castro, que teve de improvisar, colocando Ricardo à esquerda e Reyes a jogar ao lado de Mangala. E não, não pense que me esqueci de Fabiano Freitas. Optei por colocá-lo em posição de destaque pois não chegam adjectivos para qualificar a exibição do brasileiro esta noite. A equipa napolitana entrou forte na partida, e, logo aos três minutos, Mertens ameaçou a baliza portista. Com uma pressão muito forte em todos os sectores do terreno, o Nápoles ia asfixiando o FC Porto, que ia tentando acalmar o jogo como podia, apesar de raramente incomodar Reina. Aos 21 minutos, e depois de algumas ameaças, Goran Pandev fez o golo do empate na eliminatória para o Nápoles, ao aproveitar um passe a rasgar de Gonzalo Higuaín. Até ao final do primeiro tempo, os portistas tentaram pegar na partida e traçar o seu próprio destino, mas esbarraram sempre numa defensiva bem montada por Rafael Benítez.
Na segunda parte, o filme repetiu-se. O Nápoles, com a eliminatória empatada, voltou a entrar bem e a dominar o jogo. Perante várias ameaças, Fabiano começava a rubricar uma exibição de sonho. O FC Porto não conseguia controlar as investidas italianas e apenas num cabeceamento de Carlos Eduardo o perigo rondou a baliza de Reina.
Com tudo empatado na eliminatória, Luís Castro decidiu trocar Carlos Eduardo por Josué e Varela por Ghilas e… não poderia ter tido melhor resposta. Aos 69 minutos, após excelente assistência de Fernando, Ghilas empatou o jogo e calou o San Paolo. Com o 1-1 no marcador, o FC Porto estava com tudo no bolso. O golo abalou a equipa napolitana e, sete minutos depois, Ricardo Quaresma tirou um verdadeiro coelho da cartola e, com um forte remate de pé esquerdo que não deu qualquer hipótese ao guarda-redes Pepe Reina, fez um golaço. O FC Porto tinha dado a volta no resultado e os quartos-de-final estavam a pouco mais de 15 minutos de distância.
Esta é uma vitória dedicada a Hélton Fonte: Esportes.r7.com
Antes do final da partida, quando já só se esperava pelo apito final, o Nápoles ainda empatou aos 92 minutos por Dúvan Zapata. Pouco depois, o apito final de Martin Atkinson fez despoletar a alegria azul e branca pelo apuramento para os quartos-de-final. Com garra, determinação e uma exibição “à Porto”, os portistas escreveram o seu próprio destino e saíram de Nápoles com o sonho de voltar a vencer a Liga Europa bem vivo. Pelo que fizeram hoje, merecem sonhar. E tudo com um destinatário: para ti, capitão!
Citando o célebre “Diácono Remédios”, uma das personagens mais marcantes da carreira de Herman José, podemos afirmar o seguinte, em relação a este Benfica vs Tottenham: “não havia necessidade…”. E de facto, não havia mesmo qualquer necessidade de o Benfica ter passado por tanto calafrio na recta final da partida, quase colocando em xeque a passagem aos quartos-de-final da Liga Europa, quando este jogo parecia estar destinado a ser uma mera formalidade.
Jorge Jesus, tal como vinha fazendo em todos os outros jogos da Liga Europa, aproveitou para rodar jogadores. Desta feita as alterações verificaram-se inteiramente do meio-campo para a frente, com destaque para os regressos à titularidade de André Gomes, Sulejmani, Salvio, Djuricic e Cardozo. E a verdade é que durante o primeiro tempo, o Benfica quase não criou perigo junto da baliza da equipa londrina, apesar de quase sempre controlar o jogo. Com posse de bola, alguma dinâmica e entrosamento, o Benfica desde cedo deu mostras de que muito dificilmente iria passar por sustos. E se as coisas já estavam bem facilitadas, ainda mais ficaram quando aos 34 minutos Ezequiel Garay (que época inacreditável que este jogador está a fazer!) inaugurou o marcador para a equipa da casa.
Chegou-se assim ao intervalo com um ambiente calmo nas hostes encarnadas, ficando mesmo a ideia de que a tendência seria para que o Benfica voltasse a marcar, ainda para mais defronte de um Tottenham decepcionante, sem chama, lento, quase derrotado. Já na etapa complementar, até aos 78 minutos, o Benfica controlou como quis o jogo, com excelentes trocas de bola, acelerações repentinas, muita coesão. Com um excelente ambiente nas bancadas (os adeptos estão claramente com a equipa), o Benfica parecia respirar confiança, e ter os quartos-de-final no bolso. Mas eis que, do nada, se voltou a provar o porquê do futebol ser um desporto apaixonante: num remate de fora da área, bem colocado, Chadli empatou o jogo para a formação inglesa, mas mesmo assim tudo não parecia passar de um mero “acidente”. Até que apenas dois minutos depois, o impensável aconteceu: Chadli bisou, voltou a colocar o Tottenham na luta pelo apuramento, e o Estádio da Luz gelou.
Ezequiel Garay a festejar mais um golo, já um momento clássico Fonte: Dailymail.co.uk
A partir desse momento, assistiu-se a um enorme tremelicar do Benfica, que acusou (e de que forma!) os dois golos da equipa britânica. Com a habitual crença que costuma acompanhar os conjuntos ingleses, o Tottenham acreditou que podia levar a eliminatória para prolongamento e ainda causou uma grande oportunidade de golo, por intermédio de Sigurdssen, para grande defesa de Oblak. Mas esse também seria um desfecho demasiado cruel para um Benfica que mesmo na partida de hoje, demonstrou que é claramente melhor do que o Tottenham. E talvez por isso, os deuses mostraram que ainda estavam com a águia, ao ser uma grande penalidade marcada a favor do Benfica, no último suspiro do jogo, após derrube sobre Lima. O avançado brasileiro, com a frieza do costume, empatou o jogo e fez descansar os milhares de adeptos encarnados.
Contas feitas, o Benfica está nos quartos-de-final da Liga Europa, ficando a aguardar pelo sorteio de amanhã. Apesar do susto vivido na partida desta quinta-feira, há claramente a noção de que este Benfica tem capacidade para chegar longe na prova, tal como o fez na época passada. Para isso, a equipa portuguesa só tem de continuar a mostrar competência, segurança, expressar a qualidade que tem em muitos dos seus jogadores, e evitar minutos de sofrimento escusado como aqueles por que passou hoje.
A Figura Ezequiel Garay – É impressionante o momento de forma deste soberbo defesa-central. Defende com uma classe ímpar, não erra um passe, entende-se de olhos fechados com Luisão, marca golos em série. Um autêntico craque, que só por um qualquer milagre não deixará o futebol português, no próximo Verão.
O Fora-de-Jogo
Óscar Cardozo – É um grande ponta-de-lança, com um notável faro pelo golo, mas a verdade é que nunca mais voltou a ser o mesmo depois da terrível lesão nas costas, que o apoquentou durante meses. Esforçado, mas sem fazer um único remate, Cardozo voltou a provar que ainda está muito longe do seu melhor, ainda para mais numa fase em que Rodrigo e Lima se encontram num grande momento.
O Brasileirão está prestes a começar e entre os primodivisionários há um nome que se destaca. E esse é o da Sociedade Esportiva Palmeiras. Para quem não sabe (e até poderá ficar um pouco intrigado) é o clube com mais títulos do Brasil.
Foi fundado ainda no início do século XX, nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, e curiosamente nascido com o nome de Palestra Itália, criado que foi por imigrantes daquele país latino, radicados na já imensa cidade de São Paulo. E é vencedora a história do Palmeiras. É verdade. Falta dizer que entretanto o Palestra Itália mudou de nome para Palmeiras. E deu-se pelo meio a outra Grande Guerra. Desta vez, a Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o Clube dos italianos era já um dos mais populares do Brasil. Vejamos.
Em 1960 as grandes equipas do Brasil eram, sem dúvida, o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha. Mas o Verdão pegou nas armas e partiu para cima do favoritismo dos adversários, conquistando quatro títulos nessa década, ou seja, antes do modelo tradicional que hoje conhecemos (que só foi iniciado em 1971). Assim, depois desse ano o Palmeiras venceu mais quatro campeonatos brasileiros: 1973, 1974, 1993 e 1994. Rima e é fácil de decorar. Octocampeão brasileiro. Copas do Brasil? Sim, claro, são duas. E ainda uma Taça dos Libertadores da América ganha pela sábia mão de Scolari, em 1999.
Mosaico alusivo à conquista da Libertadores de 1999 Fonte: imortaisdofutebol.com
O Palmeiras está mesmo de volta. Com o sonho, quem sabe, de se sagrar novamente campeão do Brasil. Ele, que passou um ano penoso na Série B. O Porco – a anafada mascote do alviverde – está de cara lavada. Vai ter um estádio novo, com novas comodidades, como um bicho de natureza tão asseada merece. São 45 mil almas a apoiar o clube com mais títulos de terras de Vera Cruz. Com um grito em uníssono de sonho: “Vai Verdão, a cor da nossa esperança… a cor do nosso amor!”
Creio que não é disparatado assumir que, excetuando naturalmente aquilo que sucede no desporto-rei, a maior rivalidade entre os dois grandes de Lisboa estende-se para outra modalidade em pleno crescimento no nosso país: o futsal. E este fim de semana, essa “guerra” vai conhecer mais uma batalha, agora no Pavilhão da Luz. É de esperar um jogo fantástico, imprevisível até ao último segundo e muito bem disputado (como qualquer embate que se preze entre estas duas formações).
Benfica e Sporting entram em campo separados por três pontos, com vantagem para a formação verde e branca. Contudo, o Benfica espera repetir a façanha da primeira volta, quando derrotou o seu rival numa deslocação a Loures, por 8-7. Não digo que este próximo jogo vá ter tantos golos como o anterior, mas pelo menos a emoção não vai faltar.
Águias festejam vitória frente ao seu rival. Será que a imagem irá repetir-se? Fonte: Agentedesportivo.com
É certo que este jogo nada vai decidir, até porque depois ainda será necessário discutir play-offs, mas qualquer uma das formações sabe perfeitamente que o 1º lugar no fim da fase regular transmite uma vantagem bastante relevante. Na final do play-off, o 1º classificado tem direito a três jogos em casa e apenas dois fora. A luta pela liderança inclui também o Braga, mas neste momento as equipas lisboetas levam ligeira vantagem.
Não faltam estrelas para rechear um jogo já à partida escaldante. Do lado do Sporting, os nomes mais sonantes são o guarda-redes João Benedito, um dos melhores do mundo, João Matos, Deo, Divanei ou Pedro Cary, entre muitos outros, não esquecendo o técnico Nuno Dias, que tem feito um trabalho notável ao serviço dos Leões. Já do lado das águias, é de destacar no plantel a presença do guarda-redes Marcão, e também de Gonçalo Alves, Rafael Hemni, Joel Queiroz e Ricardo Fernandes.
João Benedito, figura incontornável do futsal português Fonte: Record
É já neste fim de semana que este tão aguardado duelo irá decorrer, mas não é o único. O Braga, que em caso de vitória se aproxima de pelo menos um dos seus rivais, desloca-se a Coimbra, para defrontar a equipa da Académica, que se vai apresentando em campo com uma formação jovem, e que joga para manter o prestígio e a reputação que a AAC bem merece e justifica.
De resto, destaque para a visita dos LPS ao Porto, para jogar com o Boavista; a receção do SL Olivais ao Belenenses; o interessante duelo entre Fundão e Dramático de Cascais; a visita do Rio Ave à Povoa de Varzim, para jogar com o clube local; e, finalmente, o confronto entre o Modicus e o lanterna-vermelha Vila Verde, que se irá disputar em Sandim.
Como bom adepto do futebol português que sou, faço os possíveis para acompanhar só e somente…o meu Benfica. Com ironia o digo e com razão o reforço: é cada vez mais difícil, senão impossível, gostar da bola que rola neste país. Primeiro, porque está gasta. Segundo, porque já a furaram inúmeras vezes. Terceiro, porque a câmara de ar insiste em invadir o espaço das costuras. Quarto, porque o(s) dono(s) da bola chateia(m)-se se os outros jogadores também quiserem dar uns pontapés.
E pela linha nada doutrinária do pontapé é que vamos. Desde que este Sporting emergiu, comparticipado pelo surgimento e pela insurgência de Bruno de Carvalho – cavaleiro desejado no seio verde e branco, inútil no panorama global –, que a ordem natural das coisas ganhou novos contrastes. Não me queixo. Pelo contrário. Acho saudável que o Sporting queira voltar à Europa. Ao terceiro ou ao segundo lugar. Até mesmo aos campeonatos. Falamos de uma das instituições com mais história em Portugal, portanto compreende-se que os seus dirigentes – pelo menos um, desde Dias da Cunha – queiram reforçar a importância que os Leões têm no futebol nacional. Não querem é ficar por aí.
O cavaleiro Bruno de Carvalho e seus verdes paladinos anseiam hoje pela queda violenta e definitiva dos seus directos rivais. Legítimo, mais uma vez. Mas perigoso. E ridiculamente mal orquestrado desde o primeiro dia. Repito-me: hei-de estar mesmo muito, muito, muito enganado se, mais tarde ou mais cedo, os adeptos sportinguistas não se vierem a arrepender da Dinastia Carvalhista. É que este homem tomou conta de um clube quase morto, desistente em todas as suas práticas, até nos seus adeptos adormecido, e quer, de um dia para o outro, cumprir um sem número de objectivos que nem um grande colosso nacional e europeu conseguiria se tivesse uma direcção decente: matar o Porto e acabar com o tempo de Pinto da Costa, mostrar as debilidades de um Benfica a cargo de Luís Filipe Vieira, afirmar-se como o clube a seguir entre a esfera dirigente, manipular os árbitros e sua estrutura organizacional para “não errarem tanto”, ou para, pelo menos, errarem mais vezes para o lado que – admita-se – vai sendo menos beneficiado. E o tiro há-de sair pela culatra. Se é que já não saiu.
Actualmente em segundo lugar, com mais cinco pontos do que o Porto, os Leões reclamam ainda mais sete pontos – que lhes dariam o primeiro lugar, a par com o Benfica – e sustentam que o clube encarnado devia ter um ponto a menos. Já o Porto foi beneficiado em dois pontos, eventualmente quatro. Contas feitas e o Sporting ocuparia o primeiro lugar, com um ponto de avanço sobre o Benfica e 11, que poderiam até ser 13, sobre o Porto. É a matemática divina. É a matemática dos justos e dos iluminados, que vêem, em campo e fora dele, o que os outros não-omniscientes não conseguem descortinar. Porque a arrogância vale tudo.
Mais tarde ou mais cedo o plano cai por terra… Fonte: Maisfutebol
E tudo já vimos. Logo no princípio do campeonato, um Sporting que, inflamado pelas suas recentes conquistas e vitórias, quis fazer peito ao rival do Norte. Legítimo. Mas despropositado. Sem quês nem porquês, Bruno de Carvalho auto-intitulou-se persona non grata no reduto dos Dragões e quase exigiu ser mal recebido, isto de forma a provar que o Sporting já tinha pêlos no peito. E aconteceu. Depois queixou-se.
Assim como se queixou de um atraso de três minutos para justificar a sua continuidade na Taça da Liga. Arrastou mundos e fundos para afastar o rival da tal competição que não interessa a ninguém e que é apelidada de “Taça Benfica” ou “Taça da Cerveja”. Simplesmente paradoxal, até porque todos sabemos que dirigentes e adeptos verdes preferem antes um Chivas Regal com 18 anos.
Num último acesso de loucura, presenteou ainda a actualidade futebolística com ameaças legais e em tudo muito justificadas aos árbitros e seus dirigentes. Meteu a Liga ao barulho, atirou para a equação Porto e Benfica e exigiu não só pontos como avultadas quantias em dinheiro. Tudo como forma de compensar o imerecido segundo lugar que ocupam.
Passamos agora para o outro, mas igual, lado da moeda. O triste Porto. Se soube lidar com as acusações relativas à Taça da Liga e distanciar-se de grandes polémicas, não soube, por outro lado, censurar as atitudes dos seus adeptos na recepção aos Leões, ajudando ainda à festa com condições deploráveis e estratégias de backstage que todos nós conhecemos e reconhecemos como habituais no seio de tal instituição. Bonito.
Pinto da Costa já há muito que perdeu a força e a compostura Fonte: Record
Mas o mais grave surgiu há uns dias. O Porto, clube suspeito de presentear os árbitros com cabazes de fruta madura, veio a palco condenar não as decisões (pouco ou nada) desastrosas de Pedro Proença, mas a forma como o Sporting pressionou violentamente – através da conferência de imprensa de Bruno de Carvalho e do tal movimento “Basta”, que bastou para ajudar na vitória ao rival directo pelo segundo lugar – os órgãos de decisão da arbitragem, tendo ainda possivelmente condicionado Proença e o seu apito no decorrer do encontro. Se eu até vejo alguma razão nas palavras da estrutura portista, vejo ainda mais hipocrisia e falta de bom senso em tal manobra. Como é que é possível que tal instituição venha a público exigir que se retire entre cinco a oito pontos ao clube leonino? Como?! Mas anda tudo maluco?
Não bastando, saiu há pouco do forno um nada incendiário (e aziado) comunicado azul que acusa o Sporting de não ter recebido com pompa e circunstância a comitiva nortenha. Sim…depois de tudo o que aconteceu no Porto, é de facto uma pena que não tenham preparado canapés e café com leite. Já ter havido escolta policial deveria ser motivo de regozijo. Vejo-me obrigado a concordar com Bruno de Carvalho nesta: haja “senilidade”.
Contudo, concordo ainda mais com Jorge Jesus. Nós, Benfica, deixamos o que temos a dizer em campo. Até porque já não temos paciência para falar fora dele. E assim vos garanto que, este ano, o Benfica será campeão. Passei meses e meses sem abrir a boca ou o coração a tal possibilidade. Agora asseguro-a. Que se matem pelo vosso segundo ou terceiro lugar, que nós, cá no topo, temos outra conquista europeia para preparar, uma Taça de Portugal para oferecer ao pai do nosso mister e a tal “Taça da Cerveja” para irmos aproveitar a noite leiriense. Com isto dito, não estamos do lado de ninguém (ouviste, nada-faccioso-jornal-Record?). E nem vamos deixar que nos arrastem para tal contenda. O tempo do Benfica está a chegar. E isso percebe-se. Portanto, não é o crescendo do Sporting nem o diminuendo do Porto que incomodam…é o papel de protagonista do Benfica.
“BASTA”! Palavra mais utilizada antes e após clássico… Pois eu também a utilizarei: “BASTA” de choramingar! 6 golos em fora de jogo numa época parecem não chegar para reconhecer, tão e somente, que o Benfica está melhor e que este ano merece (realmente) ser campeão! Um Porto inexistente e um Sporting renascido das cinzas que, ainda assim, não tem estofo para andar lá em cima (em cima mesmo, não onde anda o Porto agora…). Este Sporting, que fez das tripas coração com todo o mérito, tem o demérito de, numa época fantástica de “renascimento”, usar a arbitragem como factor de impedimento para não ser campeão – um campeão que nunca seria merecido.
Quando Bruno de Carvalho assumiu o Sporting, eu disse, sem medos, que seria alguém que iria dar que falar. Mas só pensava que seria por bons motivos (desportivamente falando). Bruno de Carvalho dá que falar por isso mas também pelo seu sucessivo choramingar sobre árbitros, até cair no ridículo. Dizer que o lance do clássico (que objectivamente “roubou” o segundo lugar ao Porto) é de difícil análise, recorrendo a imagens totalmente fora de tempo quando toda a gente viu a “olho nu” que André Martins estava “acampado e a tomar café” na zona de conforto dos Dragões…
O fora-de-jogo no lance do golo é evidente Fonte: Record
Vamos mas é abraçar aquilo que é a verdade desportiva e reconhecer 3 coisas:
1) Benfica merece ser campeão pelo futebol que pratica;
2) Porto está a léguas daquilo que é (daí o Benfica ser campeão com tamanha facilidade);
3) GRANDE SPORTING em campo, pela vontade que demonstra, mas horríveis as desculpas usadas para justificar cada “não vitória”, assim como horrível foi este “movimento BASTA”, que condicionou (e de que forma) o clássico. Foi ganho, primeiramente, fora das quatro linhas. Feio também a imagem de Pinto da Costa nas notas que circularam por Alvalade: atitude de adeptos ignorantes e que não sabem que qualquer pessoa, até prova em contrário, é inocente. E que eu saiba Pinto da Costa foi absolvido de TUDO pelos tribunais judiciais. Bem tentaram, mas as “jogadas de bastidores” não foram suficientes para fazer (in)justiça… Veremos no que dá o processo movido pelo Porto ao Sporting, pela vergonha que foi o pré-clássico…
Nas últimas décadas, o número de troféus conquistados pelo FC Porto multiplicou-se a olhos vistos Fonte: fcporto1986.blogspot.com
Por fim, o tão falado “fim de ciclo” dos Dragões. Acho piada a quem acha que o Porto está em “fim de ciclo”. Definam “fim de ciclo”, por favor! É que oiço que Pinto da Costa está a chegar ao fim vai para 14 anos, quando Sporting e Boavista foram campeões! E nesses 14 anos, querem que relembre quantos títulos mais ganhámos? Mais do que a concorrência nos últimos… 30? Somos tri-campeões nacionais, temos domínio total nacional (comprovado internacionalmente!) e, por uma má época, estamos em “fim de ciclo”? Mais facilmente estaríamos em “fim de ciclo” na fatídica época em que fomos “comandados” pelo agricultor Octávio Machado (com todo o respeito pelos agricultores, é só mesmo a profissão do senhor) ou naquela em que tivemos três treinadores que, juntos, não faziam um (Del Neri, Luis Fernandéz e José Couceiro).
Não acredito nesse tal “fim de ciclo”, apenas acredito que existem mais equipas competentes e que fazem o possível para tirar o Porto da rota das (justas) vitórias e dos títulos. E essa equipa, este ano, foi o Benfica. Como sempre disse, um campeonato é difícil de “forjar”: são 30 jogos, não 10! Nunca me irei queixar de, no final do campeonato, não ter ficado em segundo pelo roubo de igreja que aconteceu em Alvalade ou até mesmo pela “brincadeira” que se viu na Luz, com dois penalties claros (e respectivas expulsões) por marcar e um fora-de-jogo assinalado. Porquê? Porque falamos aí de 2 jogos. E os outros 28? Sejamos justos e não tentemos tapar um grande buraco com um pouquinho de areia.
Voltaremos a ter no próximo ano um Porto forte e na luta pelo título, ao que tudo indica sob o comando de Marco Silva – as dúvidas quanto ao regresso de André Villas-Boas, que assinou pelo Zenit e levou com ele o “nosso” treinador de guarda redes, Will Coort, estão dissipadas. Sendo campeão, dificilmente Jorge Jesus abandonará a Luz.
Para finalizar este “desabafo”, espero que ganhemos ao Nápoles e assim possamos alimentar o sonho da Liga Europa! Saudações!