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Académica numa situação delicada

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cab futsal

É com muita tristeza e amargura que escrevo este texto, que comprova, mais uma vez, o efeito nocivo que as gestões ruinosas têm nos clubes aparentemente estáveis. A Associação Académica de Académica (secção de Futsal) vive, nesta altura, uma situação muito complicada, não devido à falta de empenho dos elementos do plantel, mas por causa de uma gestão muito pobre, que conduziu a esta situação que tanto me revolta.

Clubismos à parte, a Académica é um clube diferente de todos os outros. Não sei o que é que a difere dos outros, mas sei que quem passa por esta terra e/ou por este clube não mais esquece esta instituição mágica. Pode não ser designado um dos “grandes” do futebol português, mas a sua maneira de estar no desporto, a envolvência com os estudantes locais, sempre fez com que a Briosa se destacasse dos demais clubes.

Falando agora da situação que me traz aqui, o futsal da Académica já viveu dias bem melhores. Após uma temporada de 2012/2013 muito positiva, que culminou no apuramento para os play-offs, era de esperar que o bom trabalho fosse mantido nesta época que agora decorre. No entanto, ocorreu um aparente menosprezo da AAC/OAF por esta secção, cuja gestão foi delegada a pessoas exteriores ao clube. Não poderia ter corrido pior esta decisão, pois nem as condições mínimas foram asseguradas aos jogadores, desde o início da época. Coisas tão básicas como água quente nos balneários, fatos de treino, refeições aquando dos treinos bidiários, entre outros, não eram garantidas pela direção.

Ex-jogadores da Académica, todos eles contestatários da atual Direção Fonte: Futsalglobal
Ex-jogadores da Académica, todos eles contestatários da atual Direção
Fonte: Futsalglobal

Claro que os jogadores não se sentiam satisfeitos, mas, por amor à camisola, foram dando o seu máximo todas as semanas. Esta situação arrastou-se até meados de janeiro, altura em que estalou definitivamente o verniz. Saída massiva de jogadores do plantel principal, uma autêntica razia que apenas deixou, no plantel de séniores, Nilmar. Foi necessário o recurso à equipa de juniores para colmatar esta série de ausências, e por isso não é de esperar que os resultados desportivos sejam os mais brilhantes até ao fim da época.

No entanto, isso não é o mais importante. Estes jovens têm um grande amor à camisola e dão sempre tudo por tudo para que a Associação Académica de Coimbra seja representada de uma forma digna e prestigiante. É uma fase complicada, é certo, mas estes jovens representam o futuro do futsal da instituição e espero que possam ajudar a inverter esta tendência muito negativa.

Como verdadeiro adepto da Briosa, cá estarei para apoiar incondicionalmente a equipa, nos bons e nos maus momentos. Poderemos descer de divisão e passar um mau momento, mas a Académica nunca vai cair nem desaparecer.

Controlo emocional, meus senhores!

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opinioesnaomarcamgolos

Finalmente vi um jogo do Porto onde o futebol foi praticado com entusiasmo e vontade, dando origem a um bom espectáculo! O único problema é que durou apenas 45 minutos.

O Frankfurt entrou a pressionar, sem medo e com um óptimo sentido de direcção: a baliza de Helton. Não inventou, não tentou jogar mais do que aquilo que pode ou consegue e, sobretudo, não se achou superior. O equilíbrio/controlo emocional em campo foi exemplar! São estas atitudes que definem equipas de ligas superiores… ou equipas que chegam longe na Europa. O Porto foi superior ao Frankfurt em futebol jogado, mas o controlo emocional influencia muito o resultado. Se não ajudou a ganhar, ajudou com certeza a empatar. E isso viu-se até nas declarações de Jackson Martinez, no final do jogo: “(…)o primeiro golo derrubou-nos um pouco e deu confiança ao adversário para chegar ao empate”.

A jogar em casa, e depois de uma primeira parte de grande nível por parte dos azuis e brancos, a confiança tinha de ser exponencialmente maior do nosso lado. Nem o primeiro golo sofrido nos podia abalar. A força, altura e resistência estavam do lado dos alemães, mas a qualidade de passe, o improviso e a presença de Jackson estavam do nosso. E, como já ando a dizer há algum tempo, com Jackson plantado na grande área e com Herrera solto a combinar com outro jogador ofensivo, o jogo é outro. O mexicano mostrou uma rapidez de decisão na primeira parte que raramente se vê, e a sua leitura de jogo esteve perto do perfeito.

Herrera fez mais um grande jogo Fonte: Zerozero.pt
Herrera fez mais um grande jogo
Fonte: Zerozero.pt

Os problemas apareceram na segunda parte. O Porto acalmou, muito devido à intensidade com que jogou na primeira metade da partida, e os alemães apostaram mais no contra-ataque e nas bolas aéreas. Sobre o primeiro golo, nada a acrescentar. Um remate forte e bem direccionado leva sempre cheiro de golo. O segundo foi mais um golpe de sorte acrescido de algum descontrolo da defesa portista. Mas é importante recordar que o Porto não foi o mesmo depois do 2-1, exactamente por causa desse controlo emocional. O Porto não o teve, e o Frankfurt não só manteve o seu como ainda aproveitou muito bem a falha do adversário.

E os jogadores fazem a diferença até nas declarações. Quaresma e Fernando não parecem ter dúvidas sobre aquilo que querem fazer na Alemanha: ganhar. Essa convicção não marca golos, mas ajuda a manter o equilíbrio da equipa. E os dragões, no meio de tantos problemas que têm revelado ao longo da época, precisam de um equilíbrio que pode ditar a diferença entre uma vitória e um empate.

Uma decisão vergonhosa

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Caro leitor,

Longe vão os tempos em que o futebol era um jogo nobre e que não se regia com base em jogos de bastidores. Mais longe ainda vai o tempo em que o desporto-rei se baseava num jogo disputado no terreno de jogo, entre 22 homens que partilhavam algo que, hoje em dia, parece ter desaparecido: o gosto pelo futebol e não pelo dinheiro. Paralelamente, esta situação é espelhada naquilo que são os interesses exteriores que, actualmente, existem no futebol.

A reflexão, que no primeiro parágrafo pensei fazer, tem um único e claro objectivo: introduzir aquilo que foi a decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, conhecida hoje. Segundo o órgão jurídico, o Porto, aquando do atraso de 3 minutos, não agiu com a intenção de prejudicar o Sporting, pelo que o clube do Invicta permanecerá na polémica Taça da Liga.

Após o adiamento da decisão para hoje, e dado o final já conhecido o adjectivo que, a meu ver, cai que nem uma estampa a este processo é só um: vergonhoso, por duas razões-capitais. Em primeiro pelo historial do Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, Herculano Lima, um confesso adepto do Futebol Clube do Porto. Ora, em uma decisão que se quer isenta, creio que esta última não foi, pela certa, cumprida. Surgem neste ponto os tais interesses de que falei no princípio da crónica.

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu que o Porto permanecerá na Taça da Liga, sendo multado, em apenas, 383 euros  Fonte: FPF
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu que o Porto permanecerá na Taça da Liga, sendo multado em apenas 383 euros
Fonte: FPF

Em segundo lugar urge abordar a temática dos regulamentos. À semelhança do que disse Bruno de Carvalho, na passada segunda-feira, no programa Dia Seguinte, se os regulamentos existem são para ser devidamente cumpridos. De outra forma, não faria sentido existirem regras e vivia-se num ambiente de total anarquia, onde cada um faria aquilo que queria. No que toca à Taça da Liga os regulamentos são bastante explícitos: quando existem duas equipas com possibilidade de passar à fase subsequente da prova, os jogos de ambas têm de começar à mesma hora. Tal, definitivamente, não aconteceu.

Porém, o CD da FPF decidiu de forma contrária àquilo que dita a lei. Esta é a segunda época consecutiva em que o FC Porto infringe as regras da Taça da Liga (recorde-se de que o ano passado a utilização de Sebá e Abdoulaye foi ilegal). Desta vez, a punição aplicada ao clube do norte é o pagamento de uma multa de 383 euros, uma quantia cómica. Ficou provado, mais uma vez, que existem interesses no mundo futebol. Ficou provado, mais uma vez, que em Portugal, infelizmente, não há justiça.

PAOK 0-1 Benfica: Lima arrefece inferno grego

Terceiro Anel

Ambiente escaldante no Estádio Toumba, reduto do PAOK de Salónica, com os adeptos helénicos a não se calarem durante um minuto. Contudo, a equipa do Benfica, mais experiente nestas andanças das competições europeias, não se deixou intimidar, provando que tem de facto um conjunto mais forte do que o PAOK.

Jorge Jesus, à imagem daquilo que fez na época passada, aproveitou esta partida referente à Liga Europa para rodar jogadores. Em comparação com o jogo em Paços de Ferreira do passado domingo, houve sete mexidas no onze inicial, sendo que duas delas foram provocadas pelas lesões de Garay e Gaitán. Sendo assim, Artur, Jardel, Sílvio, André Gomes, Sulejmani e Djuricic foram titulares, ao passo que o indiscutível Enzo Pérez regressou ao onze inicial, após ter cumprido suspensão de um jogo, na capital do móvel. Posto isto, há que referir que a equipa do Benfica, ao longo de todo o jogo, foi quase sempre competente a defender, nunca permitindo grandes veleidades ao PAOK.

A primeira parte do desafio foi pobre, quase sem lances de perigo, com o PAOK a surgir, surpreendentemente, sem chama e com pouca capacidade para desequilibrar. E para isso em muito contribuiu a actuação do quarteto defensivo do Benfica, em especial de Luisão (está num momento de forma impressionante) e Sílvio, sempre muito eficaz a defender e activo no ataque. Lá na frente, o Benfica já não conseguia ser tão forte, em virtude da pouca chama de André Gomes, que errou inúmeros passes e que revelou sempre alguma lentidão de processos, e de alguma inépcia de Djuricic, que tarda em mostrar por que razão a sua contratação foi tão badalada. De referir que Sulejmani voltou a dizer presente, já que demonstrou sempre vontade, desequilibrando algumas vezes através de incursões pela ala esquerda.

Festa do golo, no inferno de Salónica Fonte: TVI 24
Festa do golo, no inferno de Salónica
Fonte: TVI 24

No segundo tempo, quando se podia esperar um PAOK lançado em busca da vitória, eis que a apatia se manteve sob o conjunto helénico. A equipa da casa até teve uma excelente oportunidade de golo, com um remate em arco de Lazar que passou junto ao poste esquerdo da baliza de Artur, mas essa situação foi quase um oásis no deserto de ideias que foi o jogo do PAOK. O Benfica, nunca chegando a brilhar, jogando ao ritmo que mais lhe interessava, chegou à vantagem por intermédio de Lima, aos 59 minutos, num lance que deveria ter sido anulado pela equipa de arbitragem, já que o avançado brasileiro se encontrava em posição de fora-de-jogo. A partir daí, a partida ainda se tornou mais fácil para o Benfica, que com a entrada de Fejsa ainda fechou mais as portas do meio-campo, gerindo assim confortavelmente a partida. Apenas aos 86 minutos o PAOK voltou a criar perigo, num cabeceamento de Salpingidis defendido apenas à segunda por Artur, numa última meia-hora em que o Benfica também foi de quando em vez colocando em sentido a equipa grega, com ataques venenosos.

Em suma, triunfo justo do Benfica num terreno muito complicado, mas perante um PAOK que é claramente inferior à equipa portuguesa. Jorge Jesus conseguiu assim vencer, fazer rotação no plantel, e ainda dar minutos a Eduardo Salvio, que acabou por ser o grande “reforço de inverno” do Benfica, após uma ausência prolongada por lesão.

 

A Figura
Sílvio – Boa exibição deste polivalente jogador encarnado, que mais uma vez voltou a mostrar a Jorge Jesus que é uma excelente opção. Muito competente a defender, quase não falhando um único corte, e afoito a atacar, criando desequilíbrios na ala esquerda, combinando bem com Sulejmani. Os ares da Grécia parecem fazer-lhe bem, visto que já em Novembro do ano passado, no terreno do Olympiakos, havia estado bastante bem.

O Fora-de-jogo
André Gomes – Sim, é verdade que o jovem jogador do Benfica, que muito tem andado nas bocas do mundo, não jogou na posição onde pode render mais, mas isso não explica totalmente a sua apatia, má eficácia no passe e, acima de tudo, uma exagerada lentidão que fez com que quase passasse ao lado desta partida.

O pior Barça em muitos anos

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“Este é pior Barça em muitos, muitos anos”. Foi assim que José Mourinho descreveu a atual equipa catalã comanda por Tata Martino, na véspera do jogo da Liga dos Campeões entre o Manchester City e o Barcelona. Apesar de Mourinho ser um expert em mind-games e, como todos sabemos, raramente dizer algo em vão, acredito que o treinador português tenha sido honesto nas palavras que proferiu.

Ok, já sei que Mourinho matou dois coelhos com um só cajadada e consegui provocar na mesma frase toda a equipa do Barcelona e, também, Manuel Pellegrini, treinador dos citizens.  É de facto notável como numa simples e curta frase o técnico português “atacou” frontalmente o clube Catalão e ainda desvalorizou uma eventual vitória do Manchester City sobre o Barcelona. Mourinho a ser Mourinho, portanto.

Mas, deixemos os jogos psicológicos de lado e vamos ao fundo da questão: Mourinho tem ou não razão sobre o que disse?!

Na minha opinião, sim, tem! E são vários os fatores que o explicam.

Neste momento, o Barcelona tem 60 pontos e divide o topo da tabela classificativa com ambos os rivais de Madrid. À exceção do ano do título ganho por José Mourinho no Real Madrid, em 2011/2012, é necessário recuar até à época de 2008/2009 para encontrar um total de pontos tão baixo à entrada para a 25ª jornada da Liga espanhola – na altura, tinham, igualmente, 60 pontos.

O “pior Barcelona em muitos anos” saiu vitorioso de Manchester. Fonte: Static6.com
O “pior Barcelona em muitos anos” saiu vitorioso de Manchester
Fonte: Static6.com

Até no total de golos marcados e sofridos é possível verificar um ligeira quebra de rendimento: a equipa catalã tem atualmente 69 golos marcados e 17 sofridos. Ao retrocedermos novamente no tempo, apenas na temporada de 2009-2010 o Barcelona tinha um registo menor, com 59 golos marcados e 14 sofridos.

Continuando com as estatísticas, se analisarmos a fundo a equipa do Barcelona, verificamos que, no total dos 28 jogadores que compõem o plantel, a média de idades é de 25,72. É uma média bastante boa e perfeitamente admissível para um clube que aposta frequentemente em jovens da cantera. No entanto, alguns jogadores nucleares iniciam a fase descendente da carreira: Xavi (34 anos), Váldes (32 anos), Puyol (35 anos) e Daniel Alves (30 anos) são os casos mais evidentes de uma equipa em fim de ciclo.

Como os número muitas vezes não explicam tudo, em termos exibicionais é quase unânime que esta época o Barcelona tem estado abaixo das expetativas. Eu não sou tão linear na minha abordagem mas devo concordar com a ideia de que o futebol de “bola no pé” já não é o mesmo – ou se o é, é apenas a espaços.

O Barcelona salienta mais do que nunca algumas fragilidades defensivas. A equipa concede excessivamente espaços em transição e é frequente vermos as equipas adversárias a criar ocasiões de golo junto da baliza de Valdês – algo que não acontecia de forma tão regular no anos anteriores.

A idade avançada de Xavi e o mau momento que Iniesta atravessa não fornecem ao meio campo do Barcelona a capacidade de criar os processos ofensivos e, simultaneamente, ter robustez defensiva necessária para parar os contra ataques adversários. Na verdade, é o meio-campo –a grande virtude do mítico Barcelona de Pep Guardiola – que tem demonstrado uma estranha fraqueza.

No entanto, é injusto não sublinhar que este Barcelona continua a fazer excelentes exibições e a colecionar vitórias indiscutíveis – que o diga o Rayo Vallecano, que na última jornada saiu do Camp Nou com 6 golos no saco.

O que me parece óbvio e que, no fundo, foi aquilo que o técnico do Chelsea quis transmitir, é que este Barcelona é mais irregular e menos sólido que os anteriores.

Aquilo de que José Mourinho se esqueceu de dizer foi que até o pior Barça dos últimos anos é mais do que suficiente para se bater com todas as equipas de topo mundial – sem exceção.

Carta Aberta a: Maurício

cartaaberta

Caro Maurício,

Confesso que me surpreendeste!

Quando te vi chegar, oriundo de uma equipa que disputa a Série B brasileira, com 25 anos, senti uma desconfiança tremenda em relação à qualidade que porventura pudesses ter: “Mas por que carga de água foram buscar este brasileiro que ninguém conhece, tendo o Dier e o Nuno Reis prontos para se afirmarem de vez?!”, pensei eu. Pensei que serias mais um Marcos ou um Gladstone desta vida, para tirar o lugar aos nossos jovens da formação, pensei que serias um central nervoso e de erro fácil, para além da inexperiência inerente a alguém que nunca disputou partidas de alto nível. Enganei-me redondamente. É certo que as tuas primeiras exibições não foram entusiasmantes, o que me levou, inclusivamente, a criticar-te num artigo aqui do Bola na Rede, mas rapidamente te tornaste num defesa-central de alto nível: seguro, agressivo, duro q.b., incansável e, para além disso, com uma facilidade tremenda em ir lá acima fazer uns golinhos de cabeça! Penso que cresceste bastante com outro grande central, o Rojo, e juntos construíram uma das melhores duplas de centrais da Europa (os números falam por si).

Conseguiste transformar-te numa figura consensual no universo leonino e relegar para o banco um Eric Dier que todos pensavam que iria assumir o papel de patrão da defesa, durante a presente temporada. Porém, de um momento para o outro, certos papagaios (infelizmente muitos deles verde-e-brancos) parecem querer crucificar-te. Porquê? Porque bebeste duas cervejas na tua folga.

Todos nós gostamos de sair com os amigos e beber uns copos. Ter uma vida social minimamente activa contribui para o bem-estar de qualquer ser humano. Os jogadores de futebol não são excepção. Tens todo o direito de te divertires na tua folga! Em vez de beberes uma cerveja, bebeste duas, o que bastou para passares (por muito pouco) do limite de 0,49 de álcool no sangue. Com 0,54 não estarias embriagado com toda a certeza, e o facto de teres sido mandado parar numa operação stop fez-te ultrapassar (também por pouco) o limite horário imposto pelo Sporting para os atletas recolherem aos seus aposentos (23 horas). Tiveste a decência de, antes de qualquer coisa, ligares ao teu treinador a informá-lo do sucedido, logo após teres sido multado, e de pedires desculpa a todo o balneário, com toda a humildade que tens demonstrado ao longo da tua estada em Alvalade.

Foste multado porque assim o regulamento interno do Sporting o dita, mas, na minha opinião, não terás de sofrer qualquer consequência a nível desportivo. És importante em campo, és importante no balneário, sempre demonstraste profissionalismo e dedicação. Por conseguinte, não deves ser castigado por uma situação como esta. Rúben Semedo ser apanhado a conduzir sem carta de condução, às tantas da manhã, Carlos Martins ir treinar de directa, Fábio Rochemback parecer RP da discoteca HK, entre muitos outros casos realmente graves, não se comparam com este episódio que se passou contigo.

Tu vais calar os criticos Fonte: Abola.pt
Estou contigo, Maurício
Fonte: A Bola

Vais ser titular frente ao Rio Ave, ao lado do Eric. Tenho toda a certeza de que irão formar uma bela dupla e de que irás fazer uma grande exibição. E porque não um golo de cabeça para calar esses fala-baratos que por aí andam? Pensa nisso.

Para finalizar, gostaria de te agradecer por todo o teu empenho, por sentires esta camisola e por deixares tudo em campo em prol do sucesso de um clube que te acolheu e que te mostrou o que é jogar num grande do futebol mundial.

Grande abraço, Maurício.

 Atenciosamente,

Hugo Almeida Rebelo

 

PS: Quando tiveres folga, a ver se vamos aí beber umas geladas! Eu conduzo!

FC Porto 2-2 Eintracht Frankfurt: um filme já visto

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Fruto da despromoção à Liga Europa, o FC Porto recebeu o Eintracht Frankfurt, equipa alemã, na primeira mão dos dezasseis-avos de final da competição. Paulo Fonseca apenas mexeu no eixo central da defesa, devido à impossibilidade de Abdoulaye alinhar no conjunto azul-e-branco, entrando Maicon para o seu lugar.

O FC Porto entrou no jogo com uma atitude semelhante à testemunhada em Barcelos, com um jogo mais rápido e fluido e pressionando mais à frente do que em momentos anteriores da época, aproveitando ainda o facto de o Frankfurt se ter revelado uma equipa a jogar em todo o campo, abrindo espaços na sua defensiva (muitas foram as vezes em que Alex Sandro e Josué dispuseram de imensos metros à sua frente para explorar).

Em oito minutos – dos 8’ aos 16’ – o FC Porto ameaçou e poderia ter concretizado, se o nível de decisão e o poder de concretização tivessem sido outros – primeiro uma transição comandada por Herrera, com a contribuição de Fernando e com Jackson, dentro da área, a atrapalhar-se (8’); de seguida, uma bomba de Josué, junto à meia-lua mas sobre a barra (10’); depois, de novo o ‘8’ do FC Porto a caminhar com o esférico e a desferir um remate frouxo, sem perigo, quando dispunha de melhor opções (13’); a seguir, um cruzamento de Alex Sandro com Jackson a emendar ao primeiro poste e com Herrera a surgir ao segundo, atrapalhando o defesa contrário e gerando o primeiro ‘bruá’ nas bancadas (14’); seguidamente, um remate de Quaresma no lado esquerdo do ataque, para fora (15’); por fim, Jackson, com um belo remate à meia-volta defendido pelo keeper alemão, depois de uma iniciativa de Danilo (16’).

O Frankfurt, dispondo-se num 4-2-3-1, com o seu jogo sempre à procura de Joselu, subia as suas linhas mas raramente apresentava capacidade para gerir a posse de bola de forma consolidada. Pelo contrário, perdendo o esférico, era uma equipa que revelava dificuldades na transição defensiva, possibilitando ao Dragão sair em contra-ataque ou transição rápida. Neste capítulo, Josué assumiu, por inúmeras ocasiões, o domínio das operações, ainda que nem sempre de forma tão rápida e esclarecida quanto seria desejável. Era nestas bases que o jogo se desenrolava, com ascendente do FC Porto (score de 12-2 em ataques, aos 22’) mas sem a materialização em golos. Já depois de alguma réplica da equipa alemã (situações de relativo perigo aos 25’ e 30’) e de um excelente lance de Jackson culminado num remate que, por centímetros, não redundou em golo, haveria de ser Quaresma – talvez no momento menos bom do FC Porto na primeira parte – a pegar na sua varinha mágica ainda repleta de pó e a assinar a obra-prima da noite num remate fantástico desde o lado esquerdo da área, com a bola a descrever um arco perfeito e a beijar as redes alemãs (44’).

Com o apito para o intervalo, sobrava a sensação de justiça que o golo do ‘Harry Potter’ consigo tinha trazido. Para além da diferença abissal em termos de remates (11-3 a favor do Dragão), o FC Porto afirmava-se como a equipa mais capaz dentro do terreno do jogo, ainda que nem sempre decidindo da melhor forma – e só isso justificava a vantagem mínima no marcador.

O reatar do jogo trouxe um Frankfurt mais atrevido e a colocar mais unidades na frente. Por entre livres e cantos ganhos, começou a surgir Joselu como o elemento mais perigoso (boa defesa de Helton, aos 50’, após um cabeceamento do espanhol). O meio-campo do FC Porto parecia um pouco amorfo e sem nervo na recuperação de bola, sendo que Alex Sandro e Danilo não se afirmavam tão aventureiros na saída para o ataque. O tónico para uma alteração de postura foi uma jogada de envolvimento entre Herrera, Fernando, Varela e Jackson, com o colombiano a desperdiçar à boca da baliza, ao minuto 59.

A partir daqui, vimos um FC Porto mais seguro de si, a assumir o jogo e a tentar construir mas sempre de forma lenta e previsível, sem rasgo e sem, inerentemente, criar perigo. Percebendo isso, Paulo Fonseca trocou o desgastado (e nem sempre bem-sucedido) Josué e lançou Carlos Eduardo, ao minuto 67. O ex-estorilista entrou para poder assistir de perto ao dilatar da vantagem portista: livre do lado direito batido por Quaresma, Jackson a emendar de cabeça, Maicon a assistir e Varela, à boca da baliza, a não perdoar e a fazer o 2-0.

Ricardo Quaresma. Por um momento resgatou a sua versão Harry Potter  Fonte: Zero Zero
Ricardo Quaresma. Por um momento resgatou a sua versão Harry Potter
Fonte: Zero Zero

Numa altura em que se julgava ser mais natural surgir o 3-0 do que o 2-1, acabou por ser o Frankfurt a diminuir, por intermédio de um remate cruzado, de ressaca, à entrada da área de Joselu (73’). A partir deste momento, o jogo virou! O FC Porto não mais se encontrou, não demonstrando capacidade para organizar jogo e pressionar o adversário, ou até para fazer uma gestão da bola mais controlada; pelo contrário, o Frankfurt começou a acreditar que seria possível chegar ao empate, muito fruto da forma como o Dragão se demonstrava tão adormecido e passivo, defendendo de forma deficiente. Em suma, um Dragão sem chama, tantas vezes já visto e revisto esta época.

A equipa alemã, mesmo não demonstrando argumentos que pudessem justificar um FC Porto tão incapaz de comandar o jogo, chegou mesmo ao 2-2, fruto de uma má abordagem defensiva por parte de Alex Sandro, com o brasileiro a assinar um auto-golo. Antevendo mais um jogo sem vencer em casa na Europa esta época, o FC Porto tentou pegar no jogo mas jamais o fez de forma minimamente organizada e expedita; ao invés, a substituição de Ghilas por Fernando (82’) não acrescentou nada de substancial: o argelino fixou-se na área e, à excepção de um lance ao cair do pano, não dispôs de nenhuma oportunidade de perigo. Porque, no fundo, o problema situava-se a montante: o meio-campo (apenas com Carlos Eduardo e Herrera) não conseguiu produzir jogo ofensivo e os extremos (Quaresma e Varela), já muito fatigados, desapareceram do jogo. Se a ideia era ter mais gente na área para empurrar a bola para a baliza, Paulo Fonseca esqueceu-se de que era preciso alguém para a levar até lá.

O jogo terminou com um 2-2 profundamente amargo para as hostes azuis e brancas mas que acaba por se justificar. Primeiro, pela incapacidade da equipa de gerir o resultado e o esforço quando dispunha de uma vantagem de 2-0; depois, pelos erros defensivos cometidos mais uma vez esta época; por fim, pela ineptidão que a equipa demonstrou para pegar no jogo e dar a volta ao texto assim que se viu empatada. Segue-se a segunda mão na Alemanha, com a certeza de que o FC Porto parte em desvantagem mas com a convicção de que, em condições normais, é melhor equipa do que este Frankfurt. Agora, como na Champions, é preciso demonstrá-lo em campo. E isso é o que continua a amedrontar qualquer adepto portista.

Figura: Ricardo Quaresma

Longe de fazer um jogo excepcional, acabou por ter duas ou três arrancadas e outros tantos remates que deixaram os alemães desconfiados. Mais do que isso, resgatou a sua varinha mágica para assinar a única obra de arte da noite, a fazer lembrar o Mustang de outros tempos, que correrá essa Europa fora.

Fora de jogo: Alex Sandro

O lateral esquerdo brasileiro tem quilómetros e quilómetros nas pernas esta época. Vítima da (ausente) gestão de Paulo Fonseca, a verdade é que os lançamentos nas suas costas continuam a acontecer e a criar problemas ao FC Porto. Mais do que isso, em termos ofensivos, está muito longe da preponderância que tinha na temporada passada, e acabou por estar ligado ao lance do 2-2, em que aliviou desastrada e precipitadamente uma bola para dentro da sua baliza.

Nicolau Von Rup volta a provar que é um excelente tubo rider

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cab Surf

Já não é a primeira vez e certamente não será a última que Nic Von Rup é destaque nesta rubrica semanal. O surfista da Praia Grande foi o grande vencedor do 3º Moche Capítulo Perfeito. Depois de no ano passado ter saído vencedor na praia dos Super Tubos, em Peniche, Nic volta a repetir a proeza, desta vez na Praia de Carcavelos. Com ondas a rondar os dois metros de altura, os 16 surfistas em prova proporcionaram um grande espetáculo pelos monstruosos tubos que “Poseidon” enviou para a praia da linha.

O luso-germânico que se destacou durante toda a prova pelos seus scores chegou à final com facilidade, final essa onde iria encontrar Ruben Gonzalez, António Silva e Marlon Lipke. Qualquer um se podia tornar o novo campeão do Moche Capítulo Perfeito, apesar de as grandes expectativas estarem viradas para Von Rup, devido à excelente forma que tem apresentado neste início de ano.

Chegada a final, a organização decidiu aumentar o tempo desta de 30 para 40 minutos devido à força das ondas. Com pontuações um pouco mais baixas do que aquilo que era esperado, Nicolau saiu vencedor, com um total de 10.50 em 20 pontos possíveis. Logo de seguida ficou Ruben Gonzalez, apenas com uma diferença de 0.25 pontos para o primeiro lugar. Marlon Lipke e António Silva acabaram com 5.65 e 4.70, respectivamente. Importante ainda lembrar que Ruben Gonzalez partiu uma prancha já no fim do heat e teve de nadar até terra para ir buscar outra prancha, ficando assim com pouco tempo para melhorar a sua pontuação.

Nic a festejar a sua vitória na Praia de Carcavelos junto com os amigos. Fonte: Surftotal.com
Nic a festejar a sua vitória na Praia de Carcavelos junto com os amigos
Fonte: Surftotal.com

Vasco Ribeiro, tal como Nicolau, está de parabéns. Depois de ter sido o último português ainda em prova e de ter eliminado grandes surfistas, como Mitch Crews, Dayyan Neve ou Kai Otton, o surfista da praia do Estoril voltou a fazer história ao chegar à ronda de 24 – ronda esta em que encontrou Patrick Gudauskas (USA) e Santiago Muniz (ARG), conseguindo um excelente segundo lugar e uma passagem à fase seguinte do Australian Open of surfing. Vasquinho estava então, portanto, nos 16 melhores surfistas do evento, mas tinha agora pela frente Bede Durbidge, surfista que percorre o WCT há já 10 anos. O único português em prova começou da melhor maneira, ao conseguir fazer a melhor onda do heat, mas infelizmente não foi suficiente, uma vez que Bede somou um 8.33 ao seu 7.50. Deste modo, Vasco não conseguiu superar o surfista australiano, mas ainda assim ficou com um excelente nono lugar. Vasco acumulou 920 pontos, entrando assim para o TOP 100 Mundial.

Vasco Ribeiro a descolar em mar australiano. Fonte: Aspworldtour.com
Vasco Ribeiro a descolar em mar australiano
Fonte: Aspworldtour.com

Arena

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brasileirao

Arena, s. do latim arena (areia, de que é divergente).

Apresentações feitas? É esta a magia da etimologia. Ir buscar à raiz de cada palavra as determinações que lhes dão sentido. Como a raiz de uma planta, que suga carinhosamente a água em volta.

Mas está aqui algo de estranho… não é? Vejamos. Areia? Tudo bem, gladiadores, que faziam do terreno solo sagrado nas suas infinitas batalhas travadas. Mas agora a nova moda é chamar aos estádios de futebol, arenas. Porquê? Há batalhas sangrentas no relvado? Não, apenas lutas por vencer com uma bola dentro da baliza. A multidão é insaciável? Sim! Caramba, mas com tamanho espetáculo quem não é?

Porém, o sentido conotativo e denotativo que tal vocábulo evoca é o de luta física. Com sangue e pior do que isso… a morte brutal e cruel para deleite doentio.

A nova “Arena Amazônia”, em Manuas, capital do Amazonas, está pronta. Morreu um operário português durante a sua construção. Luto. Agora mais do que nunca seria preciso trocar o tão infeliz nome tendo em vista o triste curso dos acontecimentos. Ninguém quer uma morte destas. Se há duas coisas certas na vida (a morte e os impostos) o certo é que ao segundo dá para escapar por subterfúgios, mas quanto ao primeiro todos iremos parar a um sobretudo de madeira. É que esta história de se estar vivo um dia ainda acaba mal! Só que, sinceramente, nenhum ser humano desejaria ir para o outro mundo durante a construção de um monumento edificante.

Nem dez estádios desta envergadura dariam para repor a vida que se perdeu Fonte: copamundial2014brasil.com.br
Nem dez estádios desta envergadura dariam para repor a vida que se perdeu
Fonte: copamundial2014brasil.com.br

Será a oportunidade para a Seleção “vingar” o que aconteceu. Como se pudesse ser possível fazer alguma coisa para apaziguar a dor da família do operário.

Arena Pantanal, Arena de São Paulo, Arena da Baixada… enfim. Com tanta areia não sei como não será um campeonato de futebol de praia, em vez de futebol (de relva). Felizmente o Maracanã ficou com o mesmo nome.

Em Portugal, estes nomes começam a invadir-se-nos e nós nem nos damos conta disso. Pavilhão Atlântico? Nada. Passa a Meo Arena. E as coisas vão acontecendo, vão criando raízes, como falamos em cima, e o caule fortifica e fica cada vez mais independente até se instalar. E depois… olha, depois adeus.

Peço desculpa, mais uma vez e como faço regularmente nas peças que tenho o prazer de escrever para vós, mas este assunto teria de ser tratado. Não quero estar a ser pedante, pois que isso é uma característica dos fracos. Mas é preciso chamar a atenção e corrigir algumas imprecisões tanto do lado de cá, como da outra margem do Atlântico. A língua é mutável, claro. E o futebol é o princípio de uma bela conversa.

Voleibol universitário – que futuro, passado, presente?

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cab Volei

Ainda antes da década de sessenta, António Cavaco, engenheiro natural da ilha açoriana de São Miguel, foi um elemento importantíssimo na divulgação da modalidade continente fora – isto depois de o voleibol ter sido trazido aos Açores pelos militares americanos.

Tendo vindo cursar engenharia na Universidade Técnica, em Lisboa, Cavaco foi um elemento preponderante neste desporto e na Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico, tendo esta equipa vindo a ser a mais importante marca da fase inicial da competição no país; no primeiro campeonato nacional oficial, em 1947, sagrou-se a AEIS Técnico como primeira equipa detentora do título nacional.

No mundo da competição nacional – não só no voleibol –, várias instâncias da competição foram criadas. Campeonatos especificamente universitários foram um exemplo de competição específica criada, que fomentou o espírito académico e a inclusão do desporto nas associações académicas e união entre pólos universitários de várias áreas e zonas do país.

E hoje? Pleno ano de 2014. Como está a competição do voleibol dito ‘académico’? É uma porção muito pequena do desporto académico atualmente, e é maioritariamente composto por equipas femininas.

Vitória SC - Exemplo de uma equipa com raízes não inteiramente ligadas à academia. Fonte: Vitoriasempre.net
Vitória SC – Exemplo de uma equipa com raízes não inteiramente ligadas à academia
Fonte: Vitoriasempre.net

Felizmente, o leque de opções que as associações do país inteiro têm ao dispor através de vários clubes e em relação aos escalões de formação é elevado. Ou seja, desde bem pequenos há uma porção elevada de pessoas a praticar a modalidade e um conjunto de bons atletas que têm vindo a mostrar boas aptidões para ingressar futuras congéneres profissionais.

Porque é que o voleibol na universidade tem esta quebra? Será a falta de divulgação? A falta de interesse no desporto assim que os estudantes ingressam no ensino superior?

É pena, porque existem muitos casos de pessoas que após iniciarem a vida no ensino superior – e que por vários motivos não conseguiram ingressar em equipas federadas mas, mesmo assim, não chegam sequer a informar-se de grupos académicos – que poderiam vir a disputar interessantes torneios universitários e, quem sabe, dar asas a outros rumos em equipas profissionais no futuro.