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É bola, mas não é a mesma coisa

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cab futsal

O Futsal é uma paixão. Para jogar não há melhor – e apresento depois umas pequenas justificações para isso -, e para ver também não. Talvez, e digo talvez porque, de facto, não estou decidido nesse ponto, seja tão bom ver um jogo de Futsal como um jogo de Futebol. Mas para jogar, não há comparações.

O Futsal é um desporto com muita história e muitas estórias, ao contrário do que muita gente pensa. Há quem diga que surgiu no Uruguai por volta dos anos 30, há quem defenda que surgiu no Brasil na década de 40… No fundo, pouco importa. Importante mesmo é que continue a nascer no coração de cada praticante, que se continue a difundir, a profissionalizar-se e a dar as emoções que dá.

Futsal é ataque contra ataque. E isto diz tudo: envolve táctica e técnica como poucos desportos e implica uma intensidade estrondosa por parte dos intervenientes. Basta um segundo para perder um jogo e é impressionante como uma equipa pode estar a perder por vários golos e ainda assim não desanimar. Porquê? Porque Futsal é ataque contra ataque e dois minutos num jogo dá para muita coisa, acreditem.

E isto é simplesmente mágico.

Fora clubismos, fora doenças (sim, doenças, porque há gente que não tem clube, é simplesmente doente, e tudo o que cai no fanatismo torna-se simplesmente deprimente), o Futsal é o desporto pelo qual me apaixonei.

É exigente; há jogadas ensaiadas para um canto, para um fora (lançamento lateral), para uma saída de bola do guarda-redes, para livres, para jogo corrido; há saídas de pressão (quando temos a bola e a equipa adversária se encontra a jogar em pressão alta); há uma panóplia de ensaios que teriam tudo para tornar o jogo mecanizado. E não tornam.

O Futsal é um desporto onde os chamados ‘grandes’ não desiludem, um jogo onde a nossa selecção é de facto uma potência, um jogo onde temos um Bola d’Ouro (Ricardinho – o mágico), um jogo que, pela velocidade, dinâmica e troca de bola, se torna, para mim, um desporto de eleição.

https://www.google.pt/search?q=futsal&espv=210&es_sm=93&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=vEdcUrnCMqrB7Aa-8ICYAw&ved=0CAkQ_AUoAQ&biw=1366&bih=643&dpr=1#facrc=_&imgdii=_&imgrc=0fey5azDQ_eNJM%3A%3B8e58qdu6Iz10wM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.gepeffs.com.br%252Fwp-content%252Fuploads%252FEspanha-Portug-futsal1.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.gepeffs.com.br%252F2010%252F10%252F26%252Fartigo-sobre-a-distancia-e-a-intensidade-dos-deslocmentos-no-jogo-de-futsal%252F%3B400%3B333
O Futsal é um desporto que não desilude 

Só há uma coisa que me irrita, uma coisinha pequenina que me enerva no que toca ao Futsal: os falsos fãs. Aqueles que, se for preciso, até vão ver um jogo a um pavilhão, mas apostam constantemente na descredibilização da modalidade numa comparação incessante com o Futebol – situação que me faz saltar a veia da testa, que me iriça os pelos do braço, que me dá um nó na garganta. Porquê? Porque é injusto. Se é verdade que um jogador de Futsal se sente ‘perdido’ num campo de Futebol, também não é menos verdade que um jogador de Futebol não rende o mesmo num jogo de Futsal.

Parem com essas comparações. Não é verdade que os jogadores de Futsal, no fundo, queriam ser todos jogadores de Futebol. Não é verdade. Não é verdade que quem joga Futebol sabe jogar Futsal. Não é verdade, lamento. E, para que conste, muitos dos jogadores de Futebol começaram a jogar precisamente Futsal, algo que acontece principalmente no Brasil.

Em defesa dos jogadores de Futsal – sim, porque os de Futebol não precisam, uma vez que recebem muito mais, são muito mais conhecidos, acarinhados, apoiados, valorizados, entre muitas outras coisas -, eu digo que essa comparação é injusta. Como dizia, em defesa do Futsal e dos seus jogadores, o Futsal desenvolve muito mais a técnica de um jogador. Quem joga Futsal sabe dominar a bola no pé, em espaço curto, sair em finta curta, passar de forma precisa, decidir em pouco espaço (e tempo), rematar de forma fácil… E acreditem que tudo isto não é fácil. Futsal é ataque contra ataque.

Não quero desvalorizar o Futebol, os seus praticantes e apaixonados, até porque não iria conseguir fazê-lo. Quero apenas valorizar o Futsal, porque é um desporto que merece respeito. Um desporto com uma exigência cada vez mais elevada, onde um jogador ficar em campo toda a partida é praticamente impensável, dados o desgaste físico e a intensidade que o jogo impõe; um desporto que, tal como o Futebol, obriga a muita dedicação, muito trabalho e, obviamente, muita qualidade.

Se praticam ou já praticaram Futsal, continuem a fazê-lo. Se assistem ou já assistiram a partidas profissionais, continuem a fazê-lo. Se nunca o fizeram, tanto jogar como assistir, façam-no!

Ganham todos. Vocês, os intervenientes, os clubes, as audiências e, acima de tudo, o Futsal, o desporto.

Futebol é Futebol; feliz ou infelizmente, é rei. Mas sem misturas ou comparações, dêem uma oportunidade ao Futsal, não se vão arrepender…

Agradeçam ao Visconde

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Verde e Branco à Risca

Portugal jogou na sexta-feira. Empatou com Israel quando tinha, obrigatoriamente, de vencer para manter viva a esperança de evitar os play-offs. Porém, e postas de lado todas as críticas (ingratas) a Rui Patrício e à selecção nacional propriamente dita, certo é que temos estado sempre presentes nas fases finais das competições internacionais, e para lá caminhamos, de novo. Penso que qualquer português crê na vitória frente ao Luxemburgo e na consequente vitória no play-off de apuramento para o Mundial. Estou certo de que todos nós acreditamos que vamos estar presentes no Brasil para mostrar, novamente, o poderio da selecção das quinas nas fases finais de campeonatos europeus e mundiais. Mas… e se o Sporting nunca tivesse existido? Teríamos toda esta confiança na qualidade da nossa selecção? Confuso? Passo a explicar:

Comecemos pelo jogo de sexta-feira. Se o Sporting nunca tivesse existido, o nosso onze inicial (tendo por base a convocatória para este encontro) teria sido composto por: Anthony Lopes na baliza; na defesa com Pepe, Ricardo Costa a centrais, Sereno a lateral direito e Antunes a lateral esquerdo; no meio-campo teríamos Rúben Micael, Josué e Danny (provavelmente a “10”); no ataque contaríamos com Hugo Almeida, Nélson Oliveira e Éder. Teríamos empatado? Tenho muitas dúvidas. Teríamos vencido? Tenho mais dúvidas ainda. Mas porque é que Portugal alinharia com este onze inicial? Pela simples razão de que Rui Patrício, Beto, Cédric Soares, André Almeida (sim, pesquisem), Miguel Veloso, João Moutinho, Custódio, André Martins, Nani, Cristiano Ronaldo e Varela são produtos da formação do Sporting Clube de Portugal. Onze jogadores saídos da “cantera” de Alcochete! Poderão dizer-me que, não estando disponíveis estes jogadores que referi, seriam certamente chamados outros. Certo. Mas quem? William Carvalho? Adrien Silva? Bruma? Ricardo Quaresma? Wilson Eduardo? Pois é… as soluções naturais seriam também produto da Academia Sporting/Puma… Nada feito.

Cristiano Ronaldo e Nani / Fonte: Rádio Renascença Online
Cristiano Ronaldo e Nani / Fonte: Rádio Renascença Online

Olhemos agora para a convocatória de Portugal para o último campeonato europeu, no qual tivemos uma brilhante prestação, apenas travada por uma ingrata derrota frente a “nuestros hermanos”. Se o Sporting nunca tivesse existido, o nosso onze base no Euro 2012 seria composto por: Eduardo; João Pereira, Ricardo Costa, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Pepe, Raúl Meireles e Rúben Micael; Hélder Postiga, Hugo Almeida e Nélson Oliveira. Como? Simples: Rui Patrício, Beto, Miguel Veloso, Custódio, João Moutinho, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, Nani e Silvestre Varela são produtos da formação leonina. Pois bem, com um onze sem todos estes craques teríamos chegado às meias-finais? Teríamos sequer conseguido o apuramento para o Euro 2012? Tenho sérias dúvidas. Sim… poderão contra-argumentar afirmando que sem estes jogadores teriam sido convocadas outras opções, mas se são boas opções porque não fizeram parte da convocatória? Obviamente porque não possuem metade da qualidade futebolística que todos estes “meninos de Alcochete” detêm.

Poderão dizer-me que se o Sporting nunca tivesse existido, os outros dois grandes clubes de Portugal teriam formado outros grandes craques portugueses. Ok… então porque não o fazem?! Com toda a sinceridade, depois de Rui Costa não me lembro de nenhum super-jogador nacional (daqueles que levam o público a pagar bilhete para ir à bola) que tenha sido formado fora de Alvalade…

Poderão dizer-me que se o Sporting nunca tivesse existido, outros clubes iriam pegar em todos estes talentos que tenho referido ao longo do meu discurso. No que toca a alguns deles, estou convicto de que não jogariam futebol hoje em dia (caso de Miguel Veloso, dispensado do Benfica por ser demasiado “rechonchudo”, ou de Bruma, descoberto nos confins da Guiné-Bissau); quanto a outros rapazes, acredito que pudessem ser futebolistas nos dias de hoje – porém, com toda a certeza, sem metade da qualidade com que foram revestidos pela única, e mundialmente reconhecida, excelência da formação Sporting. Naturalmente, viveriam na sombra de um sérvio ou colombiano desta vida…

Não me deixam alternativa senão tornar a bater na mesma tecla: e se o Sporting nunca tivesse existido? E se os eternos “Cinco Violinos”, os craques Jordão, Futre, Figo ou Cristiano Ronaldo nunca tivessem existido? E se os dez/onze jogadores “made in Alcochete”, que habitualmente compõem a convocatória portuguesa, nunca tivessem sido formados como foram? Que Selecção Nacional teríamos? Quantos lugares abaixo estaríamos no ranking Fifa? Em quantas fases finais de competições internacionais teríamos estado presentes? Dá que pensar. Epá, olha… agradeçam ao Visconde.

José Fonte – Uma solução a ter em conta

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Visto que a má prestação da Seleção Nacional é um tema em voga, decidi escrever-vos sobre José Fonte. O defesa-central, que tem brilhado nas “terras de Sua Majestade” pelo Southampton, merece já a chamada à Seleção. Porém, Paulo Bento ateima em não o convocar.

A minha “revolta” perante esta situação resulta da boa forma em que se encontra Fonte. Um jogador que se tem destacado na melhor Liga do mundo, inclusive com um golo na segunda jornada, merece, sem qualquer dúvida, a chamada à seleção. Ainda para mais quando no banco de suplentes se encontra um jogador como Sereno, comparativamente bem mais fraco e “perdido” na liga turca. Mas esta história não acaba aqui, pois Rolando foi chamado a substituir Pepe (devido a lesão).

José Fonte / Fonte: SportsMole
José Fonte / Fonte: SportsMole

Será que Paulo Bento inclui na sua pré-convocatória jogadores só para dar a ideia de que convoca com base no rendimento? Não é um caso novo, e o facto de Rúben Micael ou Custódio (que nem é titular no seu clube) serem constantemente convocados causa muitas dúvidas. Ainda pior, quando pelo menos 8 dos 11 titulares em Alvalade são agenciados por Jorge Mendes. Isto é algo que me causa algum transtorno.

Enfim, não estou aqui para falar sobre a influência de todos os intervenientes à volta do futebol, mas sim de José Fonte. Formado nas escolas do Sporting, não teve dificuldades em afirmar-se como jogador de topo. Foi contratado pelo Benfica, onde acabou por não vingar, uma vez que se trata de um clube em que a aposta em portugueses é nula, ou perto disso.

Recebida a proposta de Inglaterra, José Fonte não mais olhou para trás, acabando por se destacar no Crystal Palace e vendido aos Saints. Na época 2012/2013 atingiu um ponto alto na sua carreira, com a estreia na Premier League, assinando, à sétima jornada, dois golos frente ao Fulham, garantindo o empate à sua equipa.

Contudo, nem tudo foram rosas para José Fonte na sua época de estreia na Premier League. O Southampton foi criticado por ter uma das defesas mais batidas no campeonato e a mudança de treinador (Pochettino substituiu Adkins) a meio da época foi bastante questionada. Ainda assim esta “chicotada” foi benéfica para o clube, que garantiu o 14º lugar no final da época.

A nova época trouxe poucas mas sonantes caras novas para o plantel, dando a José Fonte um novo parceiro no eixo da defesa, o experiente Dejan Lovren. À sétima jornada, o Southampton leva já 14 pontos, a apenas 2 do 1º lugar, dando-lhes o estatuto de grande surpresa do campeonato, com a defesa menos batida.

Não são já razões suficientes para merecer a convocatória, mister Paulo Bento? A mim parece-me que sim. Todavia ainda lhe dou mais. Afinal, não só dá garantias na defesa, como contabiliza 720 minutos ao mais alto nível (esta época), tendo ainda características mortíferas nos lances de bola parada.

Paulo Bento, Selecionador Nacional / Fonte: Público
Paulo Bento, Selecionador Nacional / Fonte: Público

Parece-me, claramente, que José Fonte é neste momento uma aposta mais segura que Sereno, ou Rolando, ou mesmo Ricardo Costa. São já 29 anos, o que lhe confere experiência. Pela sua carreira, a falta de ambição não é um problema.

Quando é que vamos realmente convocar os jogadores pelo que fazem em campo? Vamos continuar a zelar por uma seleção sem ambição, garra e determinação? Não será isto o que tem caraterizado Portugal nos últimos 10 anos? Qualificações à última da hora e sempre à “rasquinha”?

Está na hora de mudar a mentalidade e a forma de funcionar das coisas. Está na hora de convocar José Fonte pelo que tem feito. Se não é contra Israel, ou contra o Luxemburgo, será contra quem?

O Futuro

cab hoquei

Hoje não é o meu dia habitual de escrever, mas a ocasião assim o manda. E escrevo com um grande sorriso. Portugal sagrou-se campeão no Mundial de sub-20, quebrando o enguiço que já durava desde 2003.

Da última vez que falei aqui da prova, Portugal tinha passado a fase de grupo com um registo de 3 vitórias em 3 jogos e com um ataque avassalador. Nos jogos a eliminar a tendência manteve-se. Portugal derrotou a selecção da casa, a Colômbia, por 5-3 e a França por 6-0, chegando à final por mérito próprio.

Aí, na final, defrontava outra grande potência do hóquei e a grande favorita à vitória, a Espanha. E numa exibição fantástica, Portugal não deu hipóteses aos nuestros hermanos vencendo por 4-1, com o golo espanhol a acontecer já na recta final, quando os portugueses já festejavam.

Ainda com a eliminação no Mundial de seniores na memória, e pela forma como foi, esta vitória vem deixar-nos esperançosos sobre o futuro da modalidade. A qualidade continua assegurada e estes jovens podem, um dia, defender e bem as cores de Portugal ao mais alto nível. Falta saber se vão deixar os rapazes fazer grandes coisas quando forem mais velhos ou se, como em outras ocasiões, o “azar” volta a bater à porta.

Parecem bandos de pardais à solta, os putos

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lanternavermelha

Benfica, Benfica, Benfica. Por onde começar? Não é  fácil, dada a tua dimensão, a panóplia de desportos que ofereces e a quantidade de títulos que tens no teu palmarés (ninguém quer saber se tem mais do que este e menos do que aquele, tem e acabou – não me comecem já a chatear). Tens muitas coisas boas para abordar mas, infelizmente, más também.

Podia cair no facilitismo de falar de algo como o ‘momento actual do Benfica’, mas deixo isso para os intervenientes dos programas televisivos de desporto, profissionais do levantamento do copo, doutores de profissão e peixeiros amadores, cada um defendendo a sua cor, e cujo objectivo parece ser ver quem fala mais alto e consegue esbracejar com mais veemência. E deve mesmo ser esse o objectivo, porque muda-se de canal e a situação repete-se, mudando apenas os intervenientes. É assim que se fala de desporto em Portugal? Enfim. Mas voltando ao meu Benfica, e sem mais rodeios… A formação, pá?

Sim, a formação. A formação do Sporting é fortíssima e é-lhe reconhecida uma qualidade e competência a uma escala global; a do Porto, pronto, já está falada; e as restantes lá vão mostrando ao mundo um jogador num período temporal semelhante a algo como ‘de dez em dez anos’. Para mim, é triste. Portugal é um país que tem sofrido muito com a conjuntura actual mundial e isso tem repercussões em todos os mercados, incluindo no futebolístico. Não podemos, enquanto país, rivalizar com Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália, por exemplo. Não temos fundos para contratações que fazem mexer o mercado, e as transferências portuguesas que fazem, de facto, mexer o mercado são sempre vendas e nunca compras. Já sabemos isso, é um dado adquirido, estamos todos cientes da situação. Então vamos perceber qual é o problema e vamos atacá-lo. Vamos resolvê-lo.

Peço desculpa por trazer a minha formação para aqui, mas, de facto, o Marketing está em todo o lado. Já te ocorreu, Jesus (levas por tabela por seres o meu treinador, tendo eu obviamente a noção de que isto não passa por ti, ou pelo menos só por ti), fazer uma SWOT só para teres uma maior percepção da coisa? Desculpa tratar-te assim, por tu, mas no meu Benfica não há caganças.

Geração Benfica / Fonte: http://benficasempre.blogspot.pt/
Geração Benfica
Fonte: benficasempre.blogspot.pt

Pois bem, SWOT, ou em Português, FOFA – adoro esta designação e tinha de utilizá-la um dia – é uma análise que nos permite perceber quais as nossas forças e fraquezas, analisar as ameaças existentes no mercado e também as oportunidades que podemos eventualmente explorar. Posto isto, diz-me, Jesus, se uma das nossas grandes  ameaças não é a crise geral que se vive no mundo e em particular no futebol (sim, o Porto também)? É! Diz-me também se uma enorme oportunidade não seria a aposta séria e competente na formação? Seria! Diz-me ainda se uma fraqueza nossa não é ter na pessoa do André Almeida apenas o vigésimo terceiro benfiquista a representar a selecção nacional A este século? Sim, é uma fraqueza. Sobre os pontos fortes não vou falar porque, de facto, são muitos, enquanto clube e estrutura que o Benfica é e tem.

Analisando isto de forma rudimentar e salientando apenas um ponto básico em cada quadrante, podemos perceber que, de facto, a aposta na formação seria uma enorme mais-valia.

Eu acho que é frustrante ser jogador do Benfica nas camadas jovens, hoje em dia. Um jogador, para chegar a sê-lo, tem de ter motivação para estar bem, confiança, atitude, irreverência… Como podemos exigir confiança aos nossos miúdos quando eles estão anos a lutar para chegar ao último ano de júniores e serem emprestados? Melhor, para fazerem a pré-época com o plantel principal e depois, quando é ‘a sério’, serem emprestados. É simplesmente frustrante. E basta olhar para jogadores formados no Benfica e ver por onde andam para concluir que são um bando de pardais à solta, os putos.

E depois é óbvio e legítimo que adeptos de clubes alheios digam que aqui (leia-se Benfica) não se fazem jogadores, que aqui só se contratam estrangeiros, que aqui não se fala português, que aqui não sabemos o que é ter jogadores na selecção. E nós argumentamos, quais papagaios, tentando arranjar desculpas para o indesculpável.

O Benfica é um grande clube – neste momento não é o melhor em Portugal, mas é o maior. O Benfica faz-me vibrar, faz-me gritar, sorrir e, por vezes, chorar. O Benfica pode até ser campeão este ano, pode até ganhar tudo, mas, a manter-se assim, continuará a ser campeão nos anos de intervalo dos filhos do dragão. Continuaremos a ser campeões com mérito, mas sem sustentação. Com presente, mas sem futuro. Não pode ser.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-8q6bxXBGwho/UXQr3w0yKJI/AAAAAAAABlc/fwpO4QX2nrw/s1600/148835_476318202408283_495844392_n.jpg
As nossas crianças, o nosso futuro
Fonte: Site oficial do Sport Lisboa e Benfica

O meu Benfica é um clube com óptimas condições para os seus atletas, com excelentes adeptos e com excelentes condições para uma aposta séria e estruturada na formação, e é honestamente isso que espero que aconteça. O caminho para responder à crise é a formação. O caminho para termos mais portugueses no plantel (para jogar e não para dizer apenas que é português)  é a formação. O caminho para termos, no futuro, uma selecção com vários jogadores encarnados é a formação.

A minha questão é simples. Já tentámos muita coisa, muitas mudanças de técnicos, de jogadores, de políticas de contratações (este ano é na ‘Sérviolandia’)… Tudo bem. Eu estive sempre cá. Não está a resultar.

Vamos apostar na formação?  É que já estou farto de ver os jogadores formados no Benfica como um bando de pardais a solta, qual canção do Carlos do Carmo. São putos, sim. Mas são putos com valor.

A carta que nunca te escreveram

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Escolhi díficil. O fácil é de todos

“Como português, do Paulo espero independência, capacidade de decisão (…) e, naturalmente, coerência na construção de um modelo de equipa adaptada às características dos portugueses ”. Quem o disse, através de uma carta, foi José Mourinho, aquando da entrada de Paulo Bento para o comando da Selecção Nacional.

Neste espaço não vou discutir todas as variáveis necessárias para avaliar o desempenho do ex-treinador do Sporting e actual Seleccionador Português – porque não é o suposto –, mas antes centrar-me nas causas e efeitos das decisões de Paulo Bento em relação aos jogadores do clube de que falo, ou seja, o Sporting. O treinador Português tem sido, como esperava José Mourinho, independente, coerente e capaz de decidir o melhor para o Futebol Nacional?

Na minha opinião, a resposta não se pode cingir a sim ou não. Paulo Bento, das duas uma: ou é independente mas não tem a capacidade de decisão que se exige, ou não é independente, e, assim, admito que possa ter capacidade de decisão, embora sem a estar a colocar ao dispor do país, como é suposto.

Paulo Bento ao serviço do Sporting / Fonte: leaodaestrela.blogspot.com
Paulo Bento ao serviço do Sporting / Fonte: leaodaestrela.blogspot.com

Quem, num jogo com a necessidade de vencer, em casa e com Israel, justifica a presença de um lateral direito com a capacidade no jogo aéreo em detrimento de um maior envolvimento em todo o flanco direito, de uma maior competência no cruzamento e no remate, não pode ter a capacidade de decisão ajustada às necessidades que o cargo em questão exige. Alguém me diz quantas bolas André Almeida precisou de ganhar no ar no último jogo da Selecção, e o quão relevantes foram? Cédric, do Sporting, deveria ter sido titular.

Quem, durante toda uma época, vê jogadores como Licá e Josué exibirem-se ao mais alto nível em clubes “pequenos”, e mesmo assim não os convoca, mas assim que os vê fazerem meia dúzia de jogos pelo FC Porto os convoca de imediato, não pode ter a coerência necessária para unir os portugueses – adeptos, dirigentes, mas também os próprios jogadores –, tal como é preciso em alturas difíceis. Adrien, Wilson Eduardo e André Martins também precisarão de se transferir para o Porto ou Benfica de forma a serem convocados e utilizados, tal qual aconteceu com João Moutinho no Mundial de 2010?

Mas pior ainda do que não ter coerência ou não ter capacidade de decisão será não ter independência. José Mourinho, na acima citada carta que endereçou aos portugueses, colocou a independência antes de qualquer outra característica; não ao acaso, mas porque é a virtude essencial de qualquer homem que se comprometa a assumir o poder de tentar melhorar um grupo de trabalho. Paulo Bento, que tão bons sinais me tinha deixado quanto à sua personalidade durante a passagem pelo Sporting, parece esquecido dos ideais pelos quais dizia reger-se quando criticava aqueles que hoje o apoiam e o escolheram para assumir o cargo máximo do Futebol Nacional. E desta forma saímos todos prejudicados. Todos, claro, excepto as entidades responsáveis pela tal falta de independência, já típica do nosso Futebol. Esta foi a carta que nunca te escreveram, Paulo, mas deviam.

 

Jogadores que Admiro #1 – Fabio Cannavaro

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No futebol, tal como na maioria das modalidades, existem figuras que nos inspiram e com as quais nos procuramos identificar. Eu confesso que sempre tive uma particular apetência para idolatrar certo tipo de jogadores que passam despercebidos para a maioria das pessoas. Uma espécie de hipster do desporto. Se entrasse por aí e começasse a enumerar alguns dos jogadores pelos quais desenvolvi alguma admiração, provavelmente deixariam de me levar a sério e paravam de ler o texto neste preciso momento.

Com o passar do tempo, fui começando a olhar de outra forma para o desporto e para os seus intervenientes. As minhas referências foram-se alterando, a admiração por alguns jogadores aumentou e por outros, claro, diminuiu. No entanto, desde criança, sempre houve um jogador que me encheu as medidas. Talvez pelo facto de ser a posição onde gosto de jogar e por saber, precisamente, as responsabilidades dela para todo o futebol coletivo da equipa. Não sei bem ao certo. Mas o facto é que Fabio Cannavaro é o defesa-central que melhor vi jogar futebol.

Perdoem-me os grandes centrais do último século como Nesta, Ricardo Carvalho, Thuram, Laurent Blanc ou Jaap Stam, mas este era mesmo O fora de série. O especial. Vencedor da Bola de Ouro em 2006, Cannavaro conseguiu a proeza de ter sido considerado o melhor do mundo para a FIFA num ano em que havia Zidane e Ronaldinho em grande momento de forma. Questione-se ou não a justiça do prémio, é quase unânime que Cannavaro merecia um prémio assim.

Numa altura em que tanto se questiona a importância dos defesas-centrais mais altos no futebol moderno, Fabio Cannavaro é o exemplo máximo de que essa teoria é uma das maiores parvoíces (desculpem-me a expressão) alguma vez criada. Sabe-se que, por exemplo, Jorge Jesus, treinador do Benfica, é um forte defensor desta ideia. Já o disse por diversas ocasiões e não perde uma oportunidade para reforçar essa ideia. Talvez por aí se justifiquem muitas das suas opções. Mas isso são outras conversas.

Cannavaro é um dos melhores centrais da história do futebol Fonte: Muhammad Ghafari (Flickr)
Cannavaro é um dos melhores centrais da história do futebol
Fonte: Muhammad Ghafari (Flickr)

Facto concreto é que os 176 centímetros de Cannavaro nunca foram impeditivos de se ter afirmado como um dos melhores de sempre na sua posição. A enorme capacidade posicional e também de impulsão conseguiam facilmente anular todas as desvantagens que poderia ter com oponentes de maior envergadura física. Isto tudo aliado a uma tremenda capacidade de liderança, que lhe valeu uma série de conquistas importantes ao longo da sua carreira, das quais se destaca o Mundial de 2006, ao serviço da Itália.

Para os portugueses que não têm tão presente algumas das exibições deste jogador italiano, deixo aqui a minha sugestão: temporada 2003/2004. Benfica-Inter de Milão. O encontro ficou 0-0. E uma das primeiras vezes em que digo que foi o defesa-central, e não o guarda-redes, o principal responsável pelo nulo no marcador. Uma exibição notável a todos os níveis. E, provavelmente, foi nesse jogo que a minha admiração por Cannavaro cresceu ainda mais. Para o leitor que acaba agora de ler este meu artigo, deixo apenas o meu apelo: se tiver uma camisola dele em casa e não lhe estiver a dar uso, contacte-me. Eu agradeço e disponibilizo-me a ficar com ela.

NBA Preview – Conferência Oeste | Pacific Division

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cab nba

A Pacific Division é a divisão que mais alterações sofreu na época passada, mas nem por isso deixa de ser uma das principais divisões da National Basketball Association. A tradicional potência da Pacific Division, os LA Lakers, está em profunda reestruturação e as incógnitas são maiores que as vitórias. Já os Golden State Warriors e os Los Angeles Clippers obtiveram em 2012 o maior número de vitórias das suas histórias, e este ano a tendência será para melhorarem e lutarem até ao final pelo título desta divisão. A Pacific Division é ainda constituída pelos Sacramento Kings e pelos Phoenix Suns, que não devem conseguir muito mais do que cumprir calendário e continuar a reconstrução das suas equipas.

Golden State Warriors: A equipa de San Francisco parece destinada a repetir a boa prestação do ano passado, onde alcançaram a final de Conferência. Stephen Curry promete continuar os seus fantásticos desempenhos, conquistando o seu lugar na história da NBA como um dos melhores lançadores de sempre. A jovem equipa dos Warriors soube aproveitar bem a off-season e reforçou-se com o all-star e internacional norte-americano Andre Iguodala, e ainda fortaleceu as opções de jogo interiores com as aquisições do veterano Jermaine O’Neal e de Marreese Speights. Uma equipa a acompanhar que irá com certeza conseguir um lugar no top 5 dos playoffs na Conferência Oeste, causando muitas dificuldades a todos os que visitem a Oracle Arena.

Principais Entradas: Toney Douglas (Sacramento), Andre Iguodala (Denver), Jermaine O’Neal (Phoenix) e Marreese Speights (Cleveland).

Golden State Warriors
@NBA Photos Getty Images

Los Angeles Clippers: Novo treinador, ambições renovadas! Doc Rivers deixou Boston para viajar para LA e colocar os Clippers na rota do título. Após a eliminação na 2ºronda dos playoffs, os Clippers procuraram reforçar o seu banco e acertaram em cheio! Collison parece ser um bom apoio para Chris Paul, enquanto Jared Dudley e JJ Redick prometem tornar letal o lançamento triplo desta equipa. Na minha opinião, são um dos favoritos ao título deste ano, garantindo um lugar no top 3 da Conferência Oeste e ganhando a Pacific Division. O Stapples Center parece, pela primeira vez, ter-se tornado a casa dos Clippers e não dos Lakers, como era anteriormente; o espetáculo para os fãs desta equipa está garantido, com os afundanços espetaculares de Blake Griffin, os crossovers irreverentes de Jamal Crawford – que prometem “partir” muitos tornozelos dos adversários – e as fantásticas assistências do base all-star e capitão de equipa, Chris Paul. A entrada de Doc Rivers deve trazer mais disciplina tática e maior agressividade a esta equipa, sem dúvida um dos franchisings favoritos ao título da NBA.

Principais Entradas: Darren Collison (Dallas), Jared Dudley (Phoenix), Byron Mullens (Charlotte), J.J. Redick (Milwaukee), Antawn Jamison (LA Lakers).

LA Clippers
@NBA Photos Getty Images

Los Angeles Lakers: Depois de um ano desastroso para as hostes dos Lakers, este ano parece não ser muito melhor… Dwight Howard saiu para os Rockets; o desmedido Kobe Bryant continua a recuperar da grave lesão no seu joelho direito e não sabemos em que estado irá regressar. Paul Gasol e Steve Nash serão os líderes da equipa no início da época e a fraca profundidade do banco dos LA Lakers poderá ditar algumas derrotas inesperadas. São, sem dúvida, uma das grandes dúvidas desta época, pois todas as suas esperanças estão depositadas no veterano Kobe Bryant. Prevejo que tenham um desempenho semelhante ao do ano passado, lutando até aos últimos jogos pela última vaga de acesso aos playoffs. Contudo, já são muitos os rumores que dão certo este ano como um ano de transição para o franchising, pois o mercado de transferências de 2014-2015 promete ser o mais agitado dos últimos anos e os Lakers não querem perder a oportunidade de revitalizar a sua equipa, adquirindo novas superstars.

Principais Entradas: Jordan Farmar (Anadolu Efes – Turquia), Wesley Johnson (Phoenix), Chris Kaman (Dallas), Ryan Kelly (Rookie), Nick Young (Philadelphia).

LA Lakers
@NBA Photos Getty Images

Phoenix Suns: Prometem ser uma das equipas que mais irão evoluir este ano. Os Suns atacaram em força o draft deste ano com o extremo de Kentucky, Archie Goodwin, e com o poste de Maryland, Alex Len. Mas a grande novidade em Phoenix é a contratação do irreverente base Eric Bledsoe, oriundo dos Clippers, que promete formar uma possante dupla com o esloveno Goran Dragic. É um ano de transição, mas é um ano em que prometem melhorar o resultado da época passada (25V-57D), embora não seja expectável que atinjam os playoffs. Desde que sigam este rumo e continuem a trabalhar para amadurecer a equipa, dentro de um a dois anos têm tudo para ser novamente uma das melhores equipas do Oeste, onde sempre estiveram habituados a estar com as míticas equipas dos anos 90, comandadas por Charles Barkley e mais recentemente com Steve Nash e Amare Stoudamire.

Principais Entradas: Eric Bledsoe (Clippers), Archie Goodwin (Rookie), Gerald Green (Indiana), Alex Len (Rookie), Miles Plumlee (Indiana), Viacheslav Kravtsov (Milwaukee).

Phoenix Suns
@NBA Photos Getty Images

Sacramento Kings: Comandados pelo irreverente e instável poste norte-americano DeMarcus Cousin, os Kings, que, por enquanto, continuam na cidade californiana de Sacramento, reforçaram-se bem com as entradas de Landry, Mbah a Moute, Greivis Vasquez e do rookie de Kansas McLemore. Infelizmente, parecem confinados a ficar uma vez mais pelos últimos lugares da Conferência Oeste e da Liga, e sinceramente vejo muita instabilidade, tanto dos jogadores como dos proprietários, que destabiliza este franchising e que afasta as pessoas de Sacramento da Sleep Train Arena.

Principais Entradas: Carl Landry (Golden State), Luc Mbah a Moute (Milwaukee), Ben McLemore (Rookie) e Greivis Vasquez (New Orleans)

Sacramento Kings
@NBA Photos Getty Images

Um Fim de Semana de Milhões

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cantoazulbranco

Fim de semana de selecções onde os dragões ganham milhões. Uma rima básica para uma introdução milionária. Esta sexta-feira passada, os azuis e brancos receberam uma “pequena” grande boa nova: a SAD do Futebol Clube do Porto registou um lucro de 20,356 milhões de euros referentes à época passada, 2012/2013.

Pois é, parece que as vendas de jogadores, ou melhor, de estrelas como João Moutinho e James Rodriguez ao Mónaco renderam ao Porto mais de 76 milhões de euros. 29 milhões a mais do que na época anterior. Apesar de ser um período em que registou um prejuízo de mais de 35 milhões de euros, a SAD azul e branca voltou a lucrar em 2012/13, em que o seu passivo baixou mais de 3 milhões. O Porto tem a “fama”, boa fama na minha opinião, de comprar promessas a um preço muito acessível e conseguir lucrar imenso com as suas vendas e a época passada não foi diferente. As vendas destes dois talentos possibilitaram ao Porto um ano de lucro que poderá marcar a diferença entre momentos mais difíceis ao longo deste campeonato ou até mesmo de outros no futuro. Este tipo de negócios é algo a que o Porto está habituado, sabendo sempre em quem investir e por quanto investir de modo a conseguir sempre lucro quando os jogadores ou o próprio clube decidem pôr fim ao seu acordo mútuo.

João Moutinho e James Rodríguez / Fonte: http://imgs.cmjornal.xl.pt/
João Moutinho e James Rodríguez / Fonte: http://imgs.cmjornal.xl.pt/

Uma questão que fica é a utilidade que se irá dar a esta notícia: será que Paulo Fonseca lhe irá dar uso já no mercado de inverno para fortificar o meio-campo portista, uma questão que tem sido alvo de várias críticas dos adeptos azuis e brancos tendo em conta o futebol praticado pelos dragões e os consequentes resultados sofríveis neste início de época. No entanto, num fim de semana em que só as selecções brilham, esta é uma óptima notícia para um Porto desapaixonado, sendo que estes milhões poderão servir como um novo balão de oxigénio para a época que se avizinha.

No princípio era Sport Lisboa e Benfica

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benficaabenfica

Às vezes, a meio de algum dos 3489 jogos que já vi na Luz, enquanto os jogadores suam (Maxi e Enzo, esta é para vocês) e os colegas de bancada vociferam sobre a mãe do árbitro, sou traído pela (in)consciência e vou em busca do Sport Lisboa e Benfica. Não reconheço este Benfica naquele que me foi explicado e ensinado.

Nasci e cresci Benfica na pior fase da história do clube, é verdade. Mas muito para lá do Damásio, do Pembridge, do Bossio e do Uribe, havia militância, indignação, ambição de algo mais e melhor. Não tínhamos o Matic, o Salvio, a Benfica TV e as cadeiras almofadadas, mas orgulhosamente tínhamos o Estádio da Luz com cento e vinte mil cadeiras vermelhas com tantos outros golos e goleadas para contar. Havia arraial, havia cumplicidade, havia camisas pintadas a vinho, havia odor a Benfica que proliferava de todo aquele calor humano em redor de uma panela com sobras do almoço. O pré-jogo era feito ali mesmo, ensinando e bebendo e comendo Benfica. Não havia “especial antevisão”, comentadores com o cabelo perfeitamente aprumado para o directo. O fora-de-jogo milimétrico, a chuva de dados estatísticos e a previsão dos 22 jogadores que dali por algumas horas dariam cor ao relvado da Luz (os 11 do adepto-treinador-árbitro-dirigente-quase jogador e os 11 do treinador), davam lugar aos fumos e charutos e às cervejas e à Orangina (para tortos, chegavam os pais).

Antigo Estádio da Luz Fonte: vivaobenfica.wordpress.com
Antigo Estádio da Luz
Fonte: vivaobenfica.wordpress.com

Isto desapareceu, emigrou, morreu. Deve estar no quarto anel à espera de acolher o Coluna e o Eusébio e o Águas e o Chalana. Foi-se a aura emuita da mística. Não deixámos de festejar os golos nem sequer o honroso feito das Taças da Liga, claro que não. Muito menos de chorar copiosas derrotas no país vizinho ou facadas aos 92 minutos. Mas não sabe ao mesmo. Hoje, 2013, onde está o benfiquista bêbado e labrego, que deixava o galhardete no espelho do carro e o cachecol na traseira? Só passaram (quase) duas décadas mas parece que foi uma vida. O cabelo arranjado e brilhante dos comentadores passou a embelezar o piso 1 e 2 do Estádio, repleto de humanos que ali vão ficando e bocejando durante os 90 minutos. Quase mortos-vivos sem que ninguém os tenha avisado, dão tanta importância ao jogo como a uma ida à mercearia comprar o açúcar que falta. Apertam-se mãos, dão-se abraços (não, não foi golo do Cardozo) e fecha-se aquele negócio. Os corredores da Luz ostentam douradas placas, gloriosa obra da empresa do cunhado do filho do director X e Y, “Benfica Corporate” e “Benfica Business” e outros que tais. O Sport Lisboa e Benfica virou negócio, interesse e palmadinhas nas costas. Ao que chegámos.

Tragam-me de volta o bêbado, o taxista, a filinha pirilau para a espécie de casa-de-banho e o Gullit pendurado nas grades, de megafone com mil vidas para contar na mão. Quando é que vais voltar a ser Sport Lisboa e Benfica, Benfica?