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Arouca 0–2 Benfica: Nas asas de Gaitán para o título

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Na recta da meta para a conquista do título, o Benfica subiu ao Municipal de Aveiro pintado de vermelho sem Luisão e Fejsa no onze inicial. Fejsa regressara de lesão frente ao AZ na passada quinta-feira e foi novamente substituído por André Almeida e Luisão é o jogador com mais minutos nas pernas e Jorge Jesus terá optado por poupar o capitão, dando lugar a Jardel.

Sem se deixar levar pela euforia que paira à volta da equipa, o Benfica está a uma vitória de se tornar campeão. Os fantasmas do passado estão completamente mortos e sem grande pompa e circunstância – que valeram a amargura do passado -, o caminho para o título está quase completo. O Benfica iniciou a partida em ritmo baixo e trocando a bola em redor da super-defensiva, mas bem organizada, defesa do Arouca. Nada que surpreendesse ou fosse suficiente para deixar a equipa instável. Na primeira meia-hora, apenas fica para o registo um bom remate de Rodrigo para defesa atenta de Cássio (melhor jogador da equipa da casa), logo aos 5 minutos. Apenas nos últimos 15 minutos do primeiro tempo a equipa de Jorge Jesus colocou o pé no acelerador. E foi suficiente. Não sem antes Lima atirar para excelente defesa de Cássio e Maxi Pereira tirar, em cima da linha, uma bola com selo de golo de Bruno Amaro após um erro de Oblak. No último lance da primeira parte, eis o golo que acalmava os mais impacientes benfiquistas: cruzamento tenso do lado direito de Lima, Cássio fica mal na fotografia, à qual se junta Balliu, e Rodrigo, oportunista, finaliza para a baliza deserta. 11º golo do espanhol no campeonato, dedicatória merecida para Sílvio.

União do plantel numa mensagem de força para Sílvio Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
União do plantel numa mensagem de força para Sílvio
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

No segundo tempo, e ao contrário do que se poderia imaginar pelo passado mais recente, o Benfica não geriu a vantagem mas procurou aumentá-la. Aos 55 minutos, após slalom com marca registada de Markovic, a classe de Nico Gaitán fez o resto, com um chapéu perfeito à saída do guardião do Arouca. Com o resultado controlado, foi tempo para Jesus pensar na Taça e fazer descansar Rodrigo, que deu lugar a Salvio. Substituição que se arrastou por largos minutos graças à nota negativa da tarde. Oblak chocou violentamente com Roberto e teve de ser substituído por Artur. Mais oportunidades de golo surgiriam mas Cássio negava sempre com qualidade os intentos encarnados. Para lá das variadas oportunidades de golo criadas, de destacar o bom jogo no plano defensivo por parte do Benfica. O primeiro remate do Arouca na segunda parte surgiu de bola parada, aos 85 minutos. A reacção imediata à perda da posse de bola trouxe coesão e segurança como nunca se vira na era de Jorge Jesus. Para bem da equipa, para bem dos adeptos.

Sem muito espalhafato, podemos começar a pensar na festa. Festa que será justa e merecida, de um líder incontestável. Décima vitória seguida no campeonato, o melhor ataque com 54 golos marcados e a melhor defesa com 15 sofridos. Não são “números para inglês ver”, mas que comprovam o mérito e a justiça de quem vai acabar na frente.

A alegria do golo do melhor jogador do campeonato 2013/14 Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
A alegria do golo do melhor jogador do campeonato 2013/14
Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

A Figura
Nico Gaitán – Expoente máximo do Benfica 2013/14, o argentino leva a equipa ao colo. Calcanhares, trivelas, chapéus…o melhor jogador do campeonato.

O Fora-de-Jogo
André Almeida – Não conseguiu manter o nível que apresentou frente ao Rio Ave e acabou por cometer algumas falhas técnicas e de posicionamento. Esperemos que Fejsa recupere rapidamente, porque André Almeida é curto.

Sporting vence ABC (34-29) e conquista Taça

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Apesar de o ABC ocupar nesta altura o primeiro lugar do campeonato com todo o mérito, poucos duvidarão que o Sporting tem um sete base superior. Contudo, para além de as finais serem um caso à parte, os bracarenses teriam, à partida, outras vantagens face aos leões. Desde logo o facto de terem um plantel com mais opções e de não estarem sobrecarregados com os jogos europeus – facto que, na altura decisiva da época, talvez tenha contribuído para a ligeira quebra do Sporting no campeonato. Há menos de um mês, os leões saíram mesmo derrotados (24-23) do Pavilhão Flávio Sá Leite, reduto onde o ABC é fortíssimo.

Com efeito, a equipa de Carlos Resende tem vindo a exibir-se a um nível muito interessante (4 vitórias seguidas na fase final do campeonato, a última das quais em pleno Dragão Caixa por 20-25), e estudou atentamente a equipa do Sporting. O objectivo seria tentar colocar um freio no bom ímpeto atacante que os leões têm vindo a demonstrar nos últimos tempos, com vários resultados acima dos 30 golos marcados. Num pavilhão a deitar por fora, as equipas que ontem derrotaram o Benfica (SCP 23-22 SLB) e o Xico Andebol (ABC 31-27 Xico) deram um espectáculo de muito bom nível.

Apesar de a ponta final ter sido algo desequilibrada, o jogo começou taco a taco e assim se desenrolou até ao intervalo. Neste período, destaque para o guarda-redes leonino Ricardo Candeias, a impedir por várias vezes que o jogo tomasse um rumo desfavorável à sua equipa. O Sporting, com as suas reposições rápidas, conseguiu construir uma vantagem um pouco mais folgada, mas uma exclusão a pouco tempo do intervalo permitiu que o ABC fosse para o descanso a perder por apenas um golo (14-13).

O Sporting conquistou a sua 15ª Taça de Portugal, a terceira de forma consecutiva. Os leões são a equipa mais vitoriosa na competição Fonte: ABola TV
O Sporting conquistou a sua 15ª Taça de Portugal, a terceira de forma consecutiva. Os leões são a equipa mais vitoriosa na competição
Fonte: ABola TV

Na segunda parte, o Sporting conseguiu superiorizar-se. O ritmo intenso que o clube de Alvalade impôs na partida começou a dar frutos, e em pouco tempo a equipa chegou aos 4 golos de vantagem. Apesar de o ABC ainda ter conseguido bater-se nos primeiros minutos, a fantástica exibição de Pedro Portela, secundada pela boa meia-distância de Frankis Carol e pelos desequilíbrios causados por Pedro Solha e Rui Silva, permitiu ao Sporting construir uma vantagem confortável que foi sendo gerida até final. Do lado do ABC, o ex-benfiquista David Tavares veio emprestar qualidade e experiência à equipa e esteve bastante eficaz na ponta-direita, constituindo talvez o principal destaque. Pedro Seabra, Carlos Siqueira e Fábio Antunes também rubricaram boas exibições. Contudo, a eficácia defensiva do ABC esteve longe de um nível brilhante, ainda que o Sporting também tenha tido muito mérito nesse aspecto.

O emblema leonino conquistou assim a 15ª Taça de Portugal da sua História, e a terceira de forma consecutiva. O ABC, segundo clube mais titulado nesta competição, falhou o triunfo e manteve as 10 Taças já alcançadas. As duas equipas ainda se defrontarão uma última vez, no dia 10 de Maio, desta feita para o campeonato.

Liverpool 3-2 Manchester City: A tarde mágica dos reds

Já não há palavras para elogiar Brendan Rodgers e o Liverpool. Num típico jogo do futebol inglês – com intensidade, emoção e incerteza no resultado até ao fim – os reds venceram em casa o Manchester City por 3-2. Rodgers conseguiu revitalizar o clube, retirando o melhor de cada jogador à sua disposição. Numa primeira parte bastante diferente da segunda, os reds apresentam um futebol fluido, apoiado, com a bola sempre jogada no pé e muitas trocas de posição para dificultar as marcações. O ataque, entregue a Sterling, Sturridge e Suárez, é ágil, fantasista e mortífero como há muito não se via em Anfield. Mas tanto o meio-campo como a defesa se mostraram bastante compactos, não permitindo que o City se apoderasse da bola com facilidade.

O jogo começou praticamente com o golo de Sterling – que, após grande lançamento de Suárez, conseguiu tirar todos os adversários do caminho com duas simulações, numa altura em que já parecia ter perdido tempo e espaço. Os reds conseguiam assim chegar rapidamente ao tão ansiado golo num dos jogos mais importantes do ano, e a verdade é que, ao contrário do City, a equipa entrou tranquila e com uma enorme vontade de ir para cima do adversário. Ao contrário, os forasteiros raramente conseguiram esticar o seu jogo, e o Liverpool controlava as operações sempre em busca de brechas na defesa contrária. A equipa da casa insistiu mais algumas vezes nos passes diagonais em profundidade, e numa dessas ocasiões Sturridge teve nos pés a oportunidade de aumentar a vantagem.

Com um meio-campo bem organizado, ligado ao ataque por Phillipe Coutinho (que nunca deixou de ser rigoroso em termos tácticos) e onde Jordan Henderson continua a corresponder à prova de confiança de Rodgers, foi o capitão Gerrard quem quase chegava ao 2-0, num cabeceamento livre de marcação após um canto. Joe Hart correspondeu com uma boa defesa mas, no novo canto que se seguiu, Martin Skrtel ampliou a vantagem com um remate cruzado de cabeça, aproveitando um centro do capitão. Perante os dois golos e a saída prematura de Yaya Touré, o City tornou-se uma equipa desnorteada e praticamente inofensiva, onde apenas David Silva parecia querer rumar contra a maré. O remate de Fernandinho (boa estirada de Mignolet a defender) e uma bola tirada em cima da linha pela defesa do Liverpool foram as excepções à regra. Dzeko ainda reclamou um penalti, e até podia tê-lo ganho se tivesse sido mais “rato”. Mas a repetição mostra que Sakho não faz falta.

Na segunda parte as coisas foram diferentes. O City tinha de fazer pela vida, e Pellegrini tirou cedo Jesús Navas para colocar James Milner. Após um cruzamento do inglês recém-entrado, Silva ainda conseguiu introduzir a bola na baliza de Mignolet, mas o árbitro anulou (bem) o lance porque a bola já estava fora aquando do centro. No entanto, poucos minutos depois, Milner voltou a assistir e Silva marcou de novo, desta vez a contar. O jogo estava diferente, o City tinha-se conseguido instalar no meio-campo adversário. Numa jogada bem tricotada e com muita sorte à mistura, Silva conseguiu fazer o empate com a ajuda do calcanhar de Glen Johnson. O City marcava dois golos em 5 minutos, e o Liverpool pagava o preço de ter recuado em demasia.

Segurança defensiva, solidez no meio-campo e um ataque mortífero: muito do sucesso do Liverpool deve-se ao trabalho fantástico de Brendan Rodgers Fonte: AFP
Segurança defensiva, solidez no meio-campo e um ataque mortífero: muito do sucesso do Liverpool deve-se ao trabalho fantástico de Brendan Rodgers
Fonte: AFP

Com cerca de meia hora para disputar, o jogo ficou mais vivo e, na resposta, Suárez foi agarrado dentro da área por Kompany. O uruguaio continua a pagar a factura das suas simulações, uma vez que parece ter havido falta mas o árbitro assim não entendeu. Dzeko teve um remate perigoso antes de dar o lugar a Sergio Agüero, na última cartada jogada por Pellegrini. Rodgers, pressentindo uma reviravolta no jogo, tinha trocado Sturridge por Allen minutos antes, numa tentativa de recuperar a supremacia no meio-campo. Mas agora era o City quem dominava. Numa incursão de Agüero pela esquerda, a defensiva da casa foi apanhada em contrapé e por pouco a emenda de Silva não encontrou o alvo certo. Com 15 minutos para jogar, o City mandava no jogo e o Liverpool limitava-se a tentar respirar e sair em contra-ataque. Mas, se o futebol é um desporto apaixonante, a Liga Inglesa é sem dúvida um dos melhores espectáculos de entretenimento que o mundo tem para oferecer. O Liverpool ganhou um lançamento junto à área adversária e, quando nada o fazia prever, Kompany – que nem sequer estava pressionado – fez um corte defeituoso e não conseguiu afastar a bola. Coutinho não hesitou e desferiu um fantástico pontapé rasteiro, de primeira e em arco para o fundo das redes de Hart, inflamando as bancadas de Anfield. Numa altura em que o City começava a justificar a vantagem, era o Liverpool quem a alcançava.

Os visitantes voltaram à carga e Demichelis quase marcava num canto. A toada mantinha-se, com os reds expectantes e os citizens a carregar. Skrtel mostrava-se seguro no eixo defensivo, dando o mote à equipa para aguentar a pressão nos minutos finais. O ataque do Liverpool já se mostrava algo desgastado, e o treinador fez entrar Moses para o lugar de Coutinho. O nigeriano adiantou a bola em demasia num contra-ataque, Henderson fez o mesmo na sobra e entrou duro sobre um adversário, vendo o vermelho directo. Mas faltava pouco tempo, e o ímpeto do City já parecia estar desvanecer-se. Rodgers tinha guardado as substituições para o fim, conseguindo ganhar mais alguns segundos com a entrada de Lucas aos 94 minutos.

As bancadas pressentiam a vitória iminente e entoavam o arrepiante You’ll Never Walk Alone. A confirmação do triunfo veio logo depois, para emoção de Steven Gerrard. Quase a completar 34 anos, o capitão já conquistou quase tudo, excepto o tão ambicionado campeonato. Da última vez que o Liverpool venceu o título, o emblemático jogador tinha apenas 10 anos. Hoje, na fase terminal da sua carreira, Gerrard talvez já não contasse conquistá-lo, mas o excelente trabalho de Brendan Rodgers obriga-o a repensar esse facto. 24 anos é demasiado tempo para um clube como o Liverpool estar sem ganhar o campeonato. Pelo que a equipa demonstrou hoje, o longo período de seca pode estar perto do fim. E, mais do que ninguém, Gerrard tem consciência disso. Talvez tenha sido por isso que foi tão rápido e incisivo a reunir as tropas assim que soou o apito final. Já ninguém pode ignorar que o Liverpool está de volta, e os adeptos merecem voltar a sentir o sabor da glória. Afinal de contas, ao longo destes 24 anos, eles nunca deixaram o clube caminhar sozinho.

Melhor era impossível

cab desportos motorizadosPaulo Gonçalves teve um Dakar difícil, já que desistiu e viu a sua moto arder, mas a defesa do título de campeão do mundo de TT começou da melhor maneira. O piloto de Esposende ganhou o Abu Dhabi Desert Challenge e começou assim, com muito sucesso, a defesa do título.

Foi apenas no último dia que Gonçalves chegou à liderança da prova dos Emirados Árabes Unidos, derrotando, por apenas 20 segundos, Marc Coma. O espanhol da KTM esteve na liderança quase sempre, durante os cinco dias de competição.

Gonçalves contou com a preciosa ajuda do seu colega na equipa Honda, Hélder Rodrigues, para obter este importante triunfo na luta pela revalidação do título obtido no ano passado.

A alegria voltou a Paulo Gonçalves depois do grande azar no Dakar Fonte: Motorcycle-usa.com/
A alegria voltou a Paulo Gonçalves depois do grande azar no Dakar
Fonte: Motorcycle-usa.com

Estes resultados mostram que a Honda continua forte, apesar do mau resultado alcançado no Dakar deste ano – o quinto lugar de Hélder Rodrigues foi o melhor resultado da marca japonesa. A fiabilidade da marca talvez ainda não esteja totalmente desenvolvida para provas tão longas como o Dakar, daí os resultados não tão positivos, mas, para provas de uma semana, é capaz de já estar muito próxima disso, apesar dos problemas que Hélder Rodrigues teve no primeiro dia da prova do Médio Oriente.

A próxima prova do calendário é no Qatar. O Sealine Cross-County Rally começa já no próximo dia 20, terminando no dia 25.

Sporting 2-0 Gil Vicente: Devagarinho até aos milhões

Foi devagar, devagarinho que o Sporting alcançou hoje a vitória frente a um Gil Vicente amorfo e com pouca vontade de levar algo melhor do que levou de Alvalade. Slimani marcou logo no segundo minuto de jogo, Héldon sentenciou a partida a um do fim. Pelo meio mais três pontos e… nas últimas seis épocas, só em 2008/2009 o Sporting fez mais do que os 63 pontos actuais. Convém ter em conta que ainda faltam três jornadas.

No que ao jogo diz respeito, Leonardo Jardim acabou a admitir que o Sporting jogou a um ritmo excessivamente baixo. O golo madrugador foi, por certo, um dos factores que influenciaram essa lentidão evidenciada praticamente durante todo o jogo. Seja como for, a pouca agressividade e predisposição do Gil Vicente para lutar por algo mais do que a desvantagem por um golo e o 2º lugar praticamente consumado acabaram por originar um sentimento de comodidade.

Foi assim durante a maior parte do jogo, mas não foi assim logo após o apito inicial. Cédric e Carrillo – os dois melhores em campo – combinaram muito bem no flanco direito e o peruano acabou a assistir Slimani para o 1-0. Pensaram os mais optimistas numa possível goleada, mas não foi assim. Desde aí, o Sporting optou por gerir os ritmos do jogo guardando a bola e atacando pela certa. Carrillo foi uma dor de cabeça constante para a defesa do Gil, mas os seus sucessivos cruzamentos acabaram quase sempre sem correspondência.

Slimani marcou o seu 8º golo no campeonato  Fonte: Zerozero
Slimani marcou o seu 8º golo no campeonato
Fonte: Zerozero

Do lado contrário houve muito pouca iniciativa, razão por que Rui Patrício não teve de efectuar uma única defesa durante os 90 minutos. Ainda no primeiro tempo, Carlos Mané esteve pertíssimo do golo, na sequência de um canto, mas acabou por atirar ao lado. O jovem português voltou a jogar no meio-campo mas, desta feita, a exibição não foi a mais positiva.

Na segunda parte a partida pouco mudou. Marcos Rojo, depois de tirar um da frente, atirou para aquele que seria o golo da noite (e da jornada, porventura), mas a bola acabou por embater no poste. O Sporting ia desequilibrando nas alas mas a ligação com o corredor central nunca se mostrou correctamente articulada. Slimani, embora tenha feita um golo, acabou por não ter a sua noite mais feliz. Neste jogo, falando a posteriori, é fácil ver que as características de Fredy Montero encaixavam melhor neste tipo de jogo que o Sporting foi praticando, dada a sua maior mobilidade e conforto com a bola nos pés.

Acabou por ser numa altura em que se ia gerando em Alvalade alguma apreensão com a vantagem mínima que a equipa da casa detinha que o Sporting matou o jogo. Com Montero a descobrir muito bem Carrillo em velocidade e com o nº 18 dos leões a assistir de bandeja Héldon, este último só teve de encostar para o seu primeiro golo de leão ao peito. Terminou a apreensão e a esperança dos encarnados em poder festejar já neste fim-de-semana o título nacional.

A Figura
André Carrillo – O internacional peruano tem sido bastante irregular mas hoje foi, a par de Cédric, o melhor em campo. Fortíssimo no 1×1 e nos cruzamentos, acaba o jogo com duas assistências e com uma mão cheia de pormenores reveladores de todo o seu potencial. É deste Carrillo que o Sporting precisa.

O Fora-de-Jogo
Gil Vicente
– A equipa gilista nunca foi suficientemente esclarecida para forçar o Sporting a descer as suas linhas nem capaz de roubar a bola de forma a evitar a gestão tranquila que a equipa de Leonardo Jardim foi fazendo durante o encontro.

O Passado Também Chuta: Bella Gutman

Bella Gutman não era único; simplesmente era sublime. Tinha o costume de ser campeão e transformar o futebol numa festa. O golo aparecia porque as suas equipas não jogavam para reter; jogavam para atacar. “Marquem três golos e depois já se verá…”, frase que determina uma filosofia e fotografa a sua visão do futebol. Na sua época emergiram grandes treinadores; só temos de recordar Helénio Herrera ou Matt Busby – todos inovaram e criaram equipas que fizeram época, mas só Gutman venceu por onde passou. A Holanda rendeu-se. Treinou em Itália; treinou o Milão e ganhou. Treinou no Brasil e venceu. Treinou no Uruguai e foi campeão. Treinou na Hungria e é escusado dizer o resultado; treinou o FC do Porto e foi campeão nacional. Orientou o Sport Lisboa e Benfica e transformou o clube para sempre.

Deixando a lenda de parte e a sua parte anedótica, o dito de Bella Gutman, quando afirma que o Benfica jamais conquistaria a Europa, tem mais de lógica do que de adivinhação. Era uma equipa jovem e portanto ainda em formação, apesar de arrasar na Europa. Sabia o que queria e sabia ver e captar jogadores. Com ele entraram de rompante na primeira equipa craques como o mítico Simões e também um dos melhores defesas-esquerdos de sempre do Benfica: Fernando Cruz. O Benfica tinha uma excelente escola e aproveitou-a. Não é um treinador vulgar que mete na equipa dois, praticamente, juniores. Conhecia a equipa e a sua idade. O Mário João e o José Augusto rondavam os vinte e três anos. O Coluna e o Cavém não ultrapassavam muito essa idade; tinha apenas quatro veteranos: Costa Pereira, Germano, Ângelo e José Águas. Eusébio chega ao Benfica depois da supervisão realizada por um homem da sua confiança. É escusado dizer que o grande Eusébio estava na casa dos dezoitos anos. Estamos no mundo das estatísticas, por isso gostaria de saber se alguma equipa tão pouco veterana triunfou na Europa como triunfou o Benfica. Se existe uma equipa similar neste aspeto, chama-se Ajax.

Foram duas...  Fonte: http://soberanosoficial.files.wordpress.com
Foram duas…
Fonte: soberanosoficial.files.wordpress.com

Mas, fundamentalmente, Bella Gutman era espetáculo. Os seus extremos brilhavam mais além da sua qualidade porque, quer pela velocidade quer pela finta, praticava um futebol de vertigem onde os goleadores eram a síntese orgástica. A bola só era tocada com pausa quando um senhor chamado Germano iniciava a jogada. No entanto, pode-se dizer que o treinador e a idiossincrasia do Benfica formaram um matrimónio perfeito. Por onde passavam, a aura de mística ficava cimentada. Possivelmente, só o Peñrol do Uruguai encaixou também no Ser de Bella Gutman.

Hoje fala-se de José Mourinho como um triunfador, inovador e portador do dom da mística; no entanto, comparado com Bella Gutman, está aquém tanto na variedade de campeonatos que experimentou como na natureza destes campeonatos tão diferentes. Na década de 1950 saltar da Holanda para a Itália; da Itália para o Uruguai; de Uruguai para o Brasil e do Brasil para o Porto não era tão fácil e não existiam as novas tecnologias. Mas com isto não pretendo desvalorizar José Mourinho, antes pelo contrário; Mourinho acaba de meter o seu Chelsea na ronda da semifinal tendo como elementos criativos três jogadores jovens. Bella Gutman não admite biografias porque ultrapassou o tempo e a História. Por isso, pouco importa onde e quando nasceu e onde e quando faleceu. O Benfica é e será sempre o clube glorioso que arquitetou um treinador mágico: Bella Gutman.

O pé esquerdo do Minho – Entrevista a Amílcar Gomes

entrevistas bola na rede

Perto de completar 28 anos, Amílcar Gomes é um valor seguro do futsal nacional. Ala do SC Braga/AAUM, o seu pé esquerdo tem ajudado a formação do Minho a tornar-se numa das mais respeitadas equipas do futsal português. Depois de passagens pela Fundação Jorge Antunes e Modicus (com quem venceu a 2ª Divisão Nacional de Futsal), depois de se ter sagrado Campeão Nacional e Mundial Universitário e de ser eleito Atleta Masculino do Ano 2012 pela FADU, depois de ter chegado à Selecção Nacional, e com novos projectos (como a sua Escolinha) e desafios pela frente, Amílcar está no Bola na Rede para nos falar sobre uma das modalidades que mais tem evoluído em Portugal.

Gala da Federação Académica do Desporto Universitário, onde foi distinguido com o prémio de Atleta Masculino do Ano (2012)
Gala da Federação Académica do Desporto Universitário, onde foi distinguido com o prémio de Atleta Masculino do Ano (2012) 

Bola na Rede: O SC Braga/AAUM está a fazer um excelente campeonato, ocupando, neste momento, o 3.º lugar. Qual é o vosso objectivo, agora que faltam duas jornadas para terminar a fase regular?

Amílcar: No início da época, o objectivo traçado era o de repetir a classificação da anterior. No entanto, com o decorrer do campeonato pareceu-nos possível fazer melhor e neste momento queremos terminar a fase regular na terceira posição da tabela.

BnR: A possibilidade de disputar o play-off está há muito garantida. Partem para ele com que ambição? Até onde é que o SC Braga/AAUM pode sonhar?

A.: No início da época traçámos o objectivo de superar o que realizámos a época passada. Assim, independentemente da posição em que terminarmos a fase regular, a ambição é chegar à meia-final do play-off. Cumprido este objectivo, logo se verá. Damos sempre o melhor de nós em cada jogo e vai continuar a ser assim até ao último, seja ele quando for.

BnR: Nas últimas semanas, o SC Braga/AAUM defrontou os dois principais candidatos ao título, Sporting e Benfica. O que falhou para a equipa ter sido derrotada de forma tão clara? Estes dois resultados vieram provar que a equipa ainda está uns furos abaixo de Sporting e Benfica?

A.: Entrámos mal em ambas as partidas. Pecámos pela falta de controlo emocional, especialmente no início do jogo, onde abordamos alguns lances de forma errada, que nos custaram golos. Sabíamos que quer o Benfica, quer o Sporting entram muito fortes no jogo, tentando sempre resolvê-lo o mais cedo possível. Sabíamos que era importante não sofrer golos nos primeiros minutos de cada parte, mas não fomos capazes de corresponder a isso. Apesar disso, os jogos foram diferentes. Contra o Sporting pecámos na organização defensiva, cometendo erros, que não são habituais quando não temos posse de bola, que eles souberam aproveitar para converter em golos. Já contra o Benfica melhorámos neste capítulo e funcionámos bem melhor como equipa defensivamente, mas não estivemos bem ofensivamente: perdemos muitas bolas em zonas baixas e o Benfica aproveitou todos os nossos erros para marcar golos. Independentemente destes resultados, temos consciência do nosso valor e das diferenças que existem entre nós e eles. É algo repetitivo dizê-lo, mas é a verdade: Benfica e Sporting são os dois únicos clubes da Liga Sport Zone que são profissionais, e, a esta altura do campeonato, as diferenças entre estas equipas e todas as outras são mais notórias, particularmente na preparação dos jogos, visto que as unidades de treino são em número muito superior.

O seu pé esquerdo ajudou os 'Guerreiros do Minho' a chegarem ao pódio da fase regular esta temporada
O seu pé esquerdo ajudou os ‘Guerreiros do Minho’ a chegarem ao pódio da fase regular

BnR: Os dois jogos seguintes, que redundaram em vitórias obtidas de forma clara, diante do SL Olivais e da Académica, foram encarados com que sentimento?

A.: O sentimento é sempre o mesmo: lutar sempre pela vitória, seja contra quem for. Claro que depois de dois resultados negativos quisemos voltar as vitórias e às boas exibições. Felizmente conseguimos.

BnR: O SC Braga/AAUM tem tido uma ascensão meteórica (em 2010/2011 estava na 2ª Divisão, pelo meio chegou a finais da Taça e da Supertaça e hoje está no pódio do Campeonato). Qual é o segredo para este crescimento e para resultados tão sólidos?

A.: Penso que o principal segredo deste crescimento foi a definição de objectivos que se coadunavam com a realidade do clube, mas sempre tendo em vista o crescimento sustentado do projecto SC Braga/AAUM. Esses objectivos, com o comprometimento de todos, tornaram-se a realidade do clube actualmente. A época 2011/2012 foi importante. Tínhamos subido ao principal escalão, e, apesar do arranque menos feliz desse campeonato, conseguimos a manutenção, que foi crucial para a evolução do projecto. Houve um esforço de todas as partes para nos adaptarmos à realidade da primeira divisão e essa mudança de mentalidades foi fundamental para a evolução verificada nas épocas seguintes.

Em acção pelo SC Braga/AAUM, na sua época de estreia com a camisola arsenalista (2011/2012)
Em acção pelo SC Braga/AAUM, na sua época de estreia com a camisola arsenalista (2011/2012)

BnR: Já aqui o disseste: a verdade é que Benfica e Sporting são as únicas duas equipas profissionais no contexto do futsal português. Apesar disso, e até tendo em conta este sustentado crescimento do SC Braga/AAUM, achas que é possível o clube, a médio prazo, lutar de forma sistemática por títulos?

A.: As equipas profissionais serão sempre as candidatas a vencer as competições. Acredito que projectos como o do SC Braga/AAUM, e outros, têm vindo a acrescentar qualidade e competitividade ao nosso campeonato e a tentar contrariar a supremacia das equipas profissionais. Penso que é benéfico para a modalidade que existam projectos a crescer de forma sustentada e que se caminhe no sentido de multiplicar o número de candidatos aos títulos. Mas é importante voltar a frisar que, independentemente do desempenho na fase regular, à entrada para os play off as equipas profissionais têm o dobro, ou mais, de unidades de treino da maioria das outras equipas, já para não falar no resto das discrepâncias. E isto vai sempre fazer a diferença, quer se goste, quer não. Para uma equipa lutar por títulos de forma sistemática é preciso que se conjuguem uma série de (muitos) factores, de índoles diferentes, e que estes se mantenham de época para época. Este é um desafio grande para qualquer projecto. Esperemos que aconteça, porque todos desejamos que o nosso campeonato se torne mais competitivo, mas é preciso ter noção do que isso acarreta.

BnR: Actualmente, o SC Braga/AAUM tem uma parceria com a Associação Académica da Universidade do Minho. Em que medida é que essa ligação tem sido proveitosa para o futsal do clube?

A.: Este clube resulta de uma parceria entre o Sporting Clube de Braga, a Associação Académica da Universidade do Minho e a própria Universidade do Minho, sendo que as três instituições têm um papel fulcral no projecto, pois suportam-no de formas diferentes mas complementares.

BnR: Explorando um pouco todo esse contexto que envolve o clube, em que é que ele seria diferente se essa parceria não existisse?

A.: É difícil falar sobre isso, porque é pura especulação. Mas creio que é seguro afirmar que sem a parceria entre as instituições as equipas não beneficiariam da versatilidade de competições (federada e universitária) e das mais-valias que daí advém.

BnR: Falando sobre a Selecção Nacional, qual é a sensação de jogar com as quinas ao peito? É realmente diferente de envergar a camisola de um clube?

A.: Sim. Vestir a camisola da Selecção Nacional é uma honra e um orgulho para qualquer atleta. Além de estarmos a representar o nosso país, é também o reconhecimento do nosso trabalho, por integrarmos um grupo restrito de jogadores, e isso também nos dá uma motivação extra para trabalhar ainda mais.

Equipa que representou Portugal nos Jogos da Lusofonia, e de que Amílcar fez parte (2009)
Equipa que representou Portugal nos Jogos da Lusofonia, e de que Amílcar fez parte (2009)

BnR: Foi uma desilusão teres ficado fora dos eleitos para o Europeu de 2014?

A.: Desilusão não é o termo. Tinha consciência de que era difícil integrar o lote final, mas tinha essa expectativa. Representar Portugal numa fase final de uma grande competição é um objectivo que tenho e que ainda não consegui alcançar. Resta-me continuar a trabalhar para lá chegar.

BnR: Enquanto vias os jogos do Europeu, sentias que podias lá estar?

A.: A partir do momento em que a Selecção chegou à Bélgica o importante era apoiar e acreditar no trabalho dos colegas que estavam a representar o nosso país. Assisti aos jogos do Europeu como português e adepto da modalidade, não como atleta.

BnR: A nossa Selecção, invariavelmente, fica à porta das grandes conquistas. O que achas que continua a faltar e o que nos impede de levantar um importante troféu?

A.: A Selecção tem evoluído de forma positiva nos últimos anos, mas é verdade que continuamos a falhar em detalhes e que temos que colmatar essas falhas no futuro. No entanto, como tem sido referido, e foi muito debatido aquando do Europeu deste ano, também não nos podemos esquecer que o nível competitivo do nosso campeonato é menor, quando comparado com as grandes potências que têm vencido as grandes provas.

BnR: A nível de Selecção, segue-se o Mundial de 2016. É um objectivo estar na lista final de convocados para a competição?

A.: É. Como já referi, tracei para mim mesmo o objectivo de representar Portugal na fase final de uma grande prova, e espero que possa ser em 2016.

Com a camisola da Selecção, durante os Jogos da Lusofonia (2009)
Com a camisola da Selecção, durante os Jogos da Lusofonia (2009)

BnR: Há já algum tempo que se especula sobre uma possível entrada do FC Porto no futsal. A acontecer, o que é que isso significaria para a modalidade?

A.: Em condições normais, a entrada do FC Porto teria um impacto positivo na modalidade, porque é um clube com tradição no desporto nacional e com uma estrutura que permitiria que houvesse uma terceira equipa profissional na Liga Sport Zone. Isto significaria um aumento do nível competitivo do nosso campeonato, de que todos beneficiariam.

BnR: A Liga Portuguesa é um dos bons campeonatos de futsal a nível europeu. Apesar disso, gostarias de experimentar outros campeonatos? Quais seriam as tuas preferências?

A.: Sim. Gostaria de poder jogar num campeonato mais competitivo, em particular em Espanha. A liga espanhola é a que sempre me atraiu mais, até porque, na minha opinião, é a melhor liga do mundo.

BnR: Normalmente, para ser considerado um desporto olímpico, é necessário que este seja universal, aberto, espectacular e compreensível. Estamos a dois anos das Olimpíadas do Rio de Janeiro e o futsal, mais uma vez, não figurará como uma das modalidades do Programa. Achas que algum dia será possível isso acontecer?

A.: O futsal é uma modalidade que tem crescido muito um pouco por todo o mundo, de há uns anos a esta parte. Tem cada vez mais praticantes e espectadores que lhe reconhecem a espectacularidade. Se compararmos as últimas edições de Campeonatos do Mundo, por exemplo, percebemos que há uma evolução positiva da modalidade, em termos quantitativos e qualitativos. Acredito que esta evolução irá acentuar-se nos próximos anos e que o futsal acabará por ser inserido no calendário dos Jogos Olímpicos.

BnR: Estiveste muito ligado ao Desporto Universitário, tendo inclusive ajudado a Selecção Nacional a vencer o Campeonato Mundial Universitário, em 2008, na Eslovénia. Daquilo que conheces, como avalias o estado actual do Desporto Universitário no nosso país? Achas que os clubes deveriam olhar com outra atenção para as competições universitárias, por forma a, aí, encontrarem potenciais atletas?

A.: As competições nacionais e internacionais universitárias têm cada vez mais jogos e jogos cada vez mais competitivos. A qualidade está a aumentar e é bom para o desporto federado poder contar com atletas universitários, pois estes desenvolvem competências fora da quadra que são essenciais dentro dela. Penso que o SC Braga/AAUM espelha bem as potencialidades do Desporto Universitário. Temos atletas, nos quais eu me incluo, que já foram atletas universitários, outros que vão disputar em breve as fases finais dos CNUs (*), e esta interação constante entre a equipa federada e a equipa universitária tem dado frutos, como se vê pelos resultados em ambos os campos.

Em Koper, na Eslovénia, onde se sagrou Campeão Mundial Universitário (2008)
Em Koper, na Eslovénia, onde se sagrou Campeão Mundial Universitário (2008)

BnR: Recentemente criaste uma escolinha de futsal, em parceria com a AD Leões Cabanenses, de Gondomar, – a Escolinha de Futsal Amílcar 12. Fala-nos um pouco sobre esse projecto.

A.: O projecto não foi criado por mim. A AD Leões Cabanenses, que é o clube da minha terra, do qual sou sócio, e pelo qual já participei em competições de futsal e de ténis de mesa quando era miúdo, apresentou-me o projecto, no sentido de eu me associar e apoiar, desafio que prontamente aceitei. A Escolinha surgiu com o intuito de proporcionar às crianças a oportunidade, que de outra forma não teriam, de começarem a praticar futsal desde cedo, especialmente agora que a modalidade está em crescendo. Nesta fase do projecto estamos a preparar uma equipa para integrar as competições distritais já no início da próxima época. Estamos a ultimar uns detalhes para fazer a apresentação oficial da Escolinha, que ocorrerá muito brevemente.

Logo da Escolinha de Futsal 'Amílcar 12'
Logo da Escolinha de Futsal ‘Amílcar 12’

BnR: Quais são as vantagens para uma criança de 8 anos em se inscrever numa escolinha como a tua (ou outras que já existam)?

A.: A inscrição de uma criança numa escolinha traz vantagens ao nível do seu desenvolvimento enquanto pessoa. Quer pela questão da saúde, pois incute-se o hábito da prática de exercício de forma regular, promovendo o reconhecimento da importância de um estilo de vida saudável; quer pelo desenvolvimento de competências interpessoais através do desporto, como o trabalho em equipa, o respeito pelo outro, a sociabilidade, entre outras. No caso da Escolinha da AD Leões Cabanenses, firmámos uma parceria com um Centro de Estudos que se situa a 20m da nossa sede, e, desta forma, proporcionamos aos miúdos todas as condições para o seu desenvolvimento integral enquanto pessoa. Acredito nas mais-valias de um projecto como este, e espero que continuemos a levá-lo a bom porto.

BnR: Actualmente já será mais comum mas há 15/20 anos não se ouvia uma criança dizer “quando for grande quero ser jogador de futsal”. O que é que pensavas ser quando tinhas 8/10 anos?

A.: Jogador de futebol. Eu joguei futebol desde cedo, e, até aos 16 anos, era essa a minha ambição.

BnR: Qual é a tua maior referência ao nível do futsal? E do desporto em geral?

A.: O Arnaldo e o Pedro Costa foram as minhas primeiras referências quando comecei a jogar futsal. Além deles, o Ricardinho também é uma referência para mim, pelo percurso que trilhou até se tornar o que é hoje em dia. Na minha opinião, é o melhor jogador do mundo. Do desporto em geral há várias referências. Admiro muito o Cristiano Ronaldo, por exemplo.

BnR: Estás perto de completar 28 anos, pelo que tens ainda mais uns anos pela frente ao mais alto nível. Que sonhos tens por realizar no que ao futsal diz respeito?

A.: Tenho o sonho de ganhar títulos, quer num clube quer pela Selecção. É por isso que me dedico à modalidade.

BnR: De qualquer forma, já pensas no teu futuro pós-jogador? Quais são as tuas perspectivas?

A.: O desporto sempre esteve presente na minha vida, e sempre soube que, de uma forma ou de outra, quero estar ligado a essa área. Foi por isso que decidi fazer toda a minha formação superior nesse âmbito. Neste momento concilio o futsal com a minha actividade profissional. Não sei o que o futuro me reserva, mas adaptar-me-ei da melhor forma, como tenho feito até aqui.

BnR: Como é o dia-a-dia de um jogador semi-profissional, como é o teu caso?

A.: Eu acho que cada caso é um caso, e em alguns o desafio para conciliar a actividade profissional com a prática do futsal é grande. Felizmente para mim, consigo articular ambas de forma relativamente simples e sem esforços de maior. Não é a mesma coisa do que se me dedicasse em exclusivo à modalidade, obviamente, porque, por vezes, depois de um dia de trabalho, mesmo que o crer seja muito, o cansaço, e outros factores derivados do trabalho, influenciam o rendimento no treino, que é sempre ao final do dia. Mas tudo se supera, com esforço e dedicação.

BnR: Para finalizar, onde te vês daqui a 10 anos?

A.: É difícil imaginar um cenário concreto, mas vejo-me a continuar a praticar desporto, ainda que como hobbie. Profissionalmente espero estar a trabalhar também na área do desporto.

 

Se quiser acompanhar e saber mais sobre a carreira de Amílcar Gomes, aceda à sua página de Facebook.

(*) – Os CNU’s já terminaram.

Tau-tau nestes alunos!

opinioesnaomarcamgolos

Luís Castro disse na passada quarta-feira que quando os alunos são bons o professor aparece. O problema é que em Sevilha não apareceu ninguém!

Sem rodeios: o jogo de Sevilha foi, em grande parte, aquilo a que o Porto nos habituou durante a presente época. Com Paulo Fonseca no comando foi tudo muito mau, e agora com Luís Castro só está mau. Este último jogo contra o Sevilha não foi um tropeção… foi algo inevitável. E é fácil explicar porquê. Se se lembram do segundo jogo contra o Nápoles, em que empatámos a duas bolas, a primeira meia hora podia muito bem apresentar o mesmo resultado que vimos esta quinta-feira passada no Rámon Sanchéz Pizjuán. O Porto não tem jogado “à Porto” para depois, pontualmente, jogar mal aqui ou ali. É exactamente o contrário! O Porto tem jogado mal para depois, pontualmente, jogar bem aqui ou ali! Em Nápoles viu-se isso. Podíamos estar a perder por mais do que 1-0 só na primeira parte. Vá lá que depois encaixámos um pouco o nosso jogo, mas a verdade é que nunca fomos consistentes. Em jogos grandes ou pequenos, o Porto tem fraquejado muito. Agora, assumo perfeitamente o meu exagero quando digo que o Porto é por hábito muito fraco. A realidade não é bem essa, mas também não anda longe… Quaresma disse no final do jogo que tínhamos equipa para ganhar ao Sevilha. Concordo, mas só nos tais casos pontuais!

A turma de Luís Castro voltou a desiludir esta época  Fonte: ASP / Getty Images
A turma de Luís Castro voltou a desiludir esta época
Fonte: ASP / Getty Images

No meu último artigo falei de seis problemas que o Porto precisa de resolver o quanto antes. Contra o Sevilha notaram-se muito bem três deles. Herrera na primeira parte esteve muito lento a decidir o que fazer à bola, se bem que na segunda melhorou imenso. Ora aí está: o potencial existe, só é preciso uma ajudinha. O rapaz quando decide, decide bem. As bolas paradas continuam uma nulidade e Quaresma mantém-nas mal batidas. E, por fim, quem não chuta não marca! Os remates de meia distância são uma arma importantíssima no arsenal de qualquer equipa. O que vimos na quinta-feira passada foi um exemplo das dificuldades por que passamos quando não oleamos essa arma. O Sevilha, a ganhar 3-0, viu um jogador seu ser expulso e recuou as linhas todas, fechando-se muito bem na defesa. O Porto ficou sem espaços para criar desequilíbrios e acampou no início do último terço do campo, sem saber como penetrar a defesa espanhola. Já com Quintero, Kelvin e Ricardo em campo, nada parecia assustar o Sevilha. Nas poucas situações de remate de meia distância a bola nunca passou muito longe da baliza de Beto. Quaresma lá conseguiu reduzir a diferença mas já foi tarde.

Perdemos e fomos eliminados. Para mim não foi nenhuma surpresa… Acredito que temos um bom professor e alguns bons alunos, da mesma forma que acreditei que podíamos ganhar a Liga Europa porque somos Porto. Porque quando jogamos “à Porto” somos capazes de ganhar tudo e mais alguma coisa, independentemente dos alunos e do professor, mas a verdade é que temos uma equipa com fragilidades criadas durante meia época e que não podem ser melhoradas em algumas semanas. O facto de termos jogado “à Porto”, uma vez ou outra, só serviu para nos iludirmos. Porque não adianta muito ter um espírito de guerreiro imbatível se o corpo que o acompanha está doente.

Inglaterra dos pequeninos

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Se o meu colega João Martins escrevia ainda esta semana sobre a “guerra dos tronos”, fazendo alusão à luta renhida pela glória final no campeonato Inglês, eu, por outro lado,  aproveito para referir a luta dos “pequeninos”. Fulham, Cardiff e Sunderland batalham pelo direito de continuar na, considerada por muitos, melhor liga do mundo. E, por favor, desenganem-se se pensam que qualquer uma destas equipas já não tem hipótese de assegurar a manutenção. Se há coisa que aprendi a ver a Premier League é que não há impossíveis; depois do título do Manchester City nos últimos segundos, quando no campo do rival já se festejava, eu acredito em tudo.

E acredito, até porque já vi acontecer, que as equipas do fundo da tabela podem perfeitamente ganhar às equipas que estão no topo. Aliás, todos podem ganhar a todos. Talvez seja essa a maior atracção, pelo menos para mim, do escalão principal das terras de Sua Majestade. Portanto, os cinco, seis e sete pontos que separam o Fulham, Cardiff e Sunderland, respectivamente, da linha de água não significam nada quando ainda há cinco jornadas por disputar, sendo que o Sunderland ainda tem três jogos em atraso.

É certo que, como já referi, qualquer um pode ganhar a uma equipa que luta pelos lugares cimeiros. No entanto, convém ter em mente que o Norwich – equipa que milita o 17º lugar – não tem um calendário nada simpático para as últimas jornadas. Vai jogar no terreno do Fulham num jogo que poderá ser decisivo para a equipa londrina, de seguida recebe o Liverpool, depois joga fora contra o Manchester United, volta a Londres para jogar em Stamford Bridge e finaliza a campanha a receber o Arsenal. Ou seja… o futuro não se agoira nada risonho para a equipa do ex-Sporting Wolfswinkel – que teve uma campanha excepcional, com 22 jogos e um golo.

Resta-nos apenas esperar para ver o que se vai passar na recta final deste sempre emocionante campeonato. Será que os três “patinhos feios” desta edição vão conseguir atingir a manutenção? Ou será que a equipa do Norwich vai dar uma de David e derrubar um, ou vários, Golias?

Turim antes de Turim

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Ainda na ressaca dos festejos pela passagem às meias-finais da Liga Europa – que podiam e deviam ter sido maiores, não fosse a infelicidade que encontrou Sílvio – o Benfica conheceu hoje de manhã aquele que é o último obstáculo antes da final de Turim. Ou, por outro lado, recebeu a notícia de que vai poder experimentar o palco da final antes mesmo de esta acontecer – uma espécie de adaptação ao terreno. Apesar de me ter sempre mostrado cauteloso em relação ao campeonato, olho para as competições europeias – neste caso, a Liga Europa – de outra forma, especialmente a partir das fases a eliminar. A responsabilidade é outra, a prioridade é outra, a disposição é outra, a atitude é outra. Se o Benfica eventualmente cair aos pés da Juventus, a campanha encarnada na Liga Europa não vai nunca ser má. Mas analisemos o que nos “calhou na rifa”.

A Juventus não é menos do que um gigante europeu. Com um “currículo” que inclui Taças dos Campeões Europeus, Taças UEFA, Supertaças Europeias, uma Taça das Taças e até Taças Intercontinentais, dúvidas não restam quanto à potência futebolística que é a equipa de Turim. Em Itália, com oito pontos a mais do que o segundo classificado, o AS Roma, preparam-se para ser campeões e reforçar a condição de equipa com mais títulos ganhos na Série A. Mas as “armas” que fazem com que a Juventus seja a equipa que tem sido apontada como favorita para ganhar a Liga Europa não ficam por aqui. Basta olharmos para o plantel e vermos a quantidade de jogadores de luxo que compõe a equipa das riscas pretas e brancas – Buffon, Bonucci, Chiellini, Pirlo, Tévez, Llorente – e a qualidade de jogadores como Asamoah ou Vidal para percebermos que o colectivo italiano não será um adversário fácil. Esta é uma Juventus diferente daquela que em 2006 desceu à Série B como consequência do escândalo de futebol que assaltou a Liga Italiana nesse ano. Apesar de manter o “código” italiano, é uma equipa renovada e está de volta a uma fase de excelência desde há dois anos para cá.

A última vez que Benfica e Juventus se defrontaram para a Europa aconteceu na Taça UEFA de 1992/1993. O Benfica ganhou o primeiro jogo (2-1) e perdeu o segundo (3-0). A Juventus viria a ganhar a Taça UEFA nesse ano
A última vez que Benfica e Juventus se defrontaram para a Europa foi na Taça UEFA de 92/93. O Benfica ganhou o primeiro jogo (2-1) e perdeu o segundo (3-0). A Juventus viria a vencer a competição nesse ano

Quanto à meia-final, existem vantagens de parte a parte. Por um lado, se era preferível “antecipar” o jogo, uma vez que seria muito difícil jogar contra a Juventus em casa na final e ter a oportunidade de disputar metade da eliminatória na Luz, por outro lado ter de fazer as contas finais em Itália, na segunda-mão, não será, de todo, “pêra doce”. Para além disso, a Juventus é uma equipa super motivada para jogar a final em casa, como é natural. Por outro lado, caso o Benfica consiga não sofrer golos em casa, ou eventualmente sair de Lisboa com uma vantagem e souber geri-la em Itália, decerto que a final contra Sevilha ou Valência será mais apetecível do que se o sorteio assim não o tivesse ditado. Para todos os efeitos, acredito que a maior batalha que vai existir será no meio-campo, e aqui a Juventus pode ter vantagem caso Jesus não desenhe uma estratégia específica. É que para além de um “miolo” de qualidade e competência assinaláveis com Pirlo, Pogba e Vidal, as surpresas podem aparecer também das alas, através de Asamoah e Lichtsteiner. Por outro lado, a Juventus não é equipa de golear, de ter um jogo ofensivo mais estendido ou que jogue recorrentemente com espaços largos, o que vai exigir do Benfica uma grande concentração e capacidade de esperar pela oportunidade. Ainda assim, o poderio ofensivo do Benfica ou a pressão alta com que encara os jogos pode também inibir a progressão da Juventus. Em jeito de prognóstico, acredito que esta será uma eliminatória com poucos golos e provavelmente com um empate numa das mãos. No entanto, tudo dependerá da forma como as equipas se encaixarem a defender e a atacar e da margem que for dada para desequilíbrios. Ambas as formações têm uma boa circulação e capacidade de manutenção de bola, o que pode acabar por ser fulcral na hora de arranjar caminho para o golo. Se a batalha do meio-campo se anular, Markovic, Salvio ou Gaitán podem ser cruciais para conseguir fazer o Benfica chegar ao último terço do campo.

Seja como for, em teoria, o campeão é o mais forte e aquele que não caiu aos pés de nenhuma equipa ao longo de toda a competição. Nessa medida, à semelhança de PAOK, Tottenham e AZ Alkmaar, também a Juventus vai ter de ficar pelo caminho se o Benfica quiser prosseguir com o sonho europeu.