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Que planeamento está a ser feito para o Futebol do Sporting?

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a norte de alvalade

Existe um projecto para o futebol do Sporting? Quais são as suas linhas orientadoras? Que tipo de planeamento é feito? Atende-se apenas ao imediato, cujo horizonte é a época a decorrer ou procura-se fazer uma projecção a curto/médio-prazo?

Estas são algumas das muitas questões que por vezes ocorrem a um adepto que, de longe, vai observando as decisões tomadas, procurando percebê-las, em particular as motivações que as regem e os resultados que com elas se pretende obter.

Antes de escrever este post estive a reler algumas das comunicações mais recentes do presidente Bruno de Carvalho, nomeadamente as que foram proferidas por ocasião do segundo ano de mandato, não tendo encontrado nelas linhas orientadoras que respondessem a este tipo de perguntas. Nada é dito sobre questões estruturantes como, por exemplo, o número de jogadores nos plantéis, a escolha das equipas técnicas, respectivos critérios e objectivos, etc, etc.

Assim, procurei fazer a minha própria interpretação, deixando para a caixa de comentários a possibilidade de cada um aduzir os seus argumentos à discussão. Nela incluirei os temas que me parecem ser os mais importantes para esta análise, feita de forma breve e não tão aprofundada como deveria ocorrer: O treinador, o plantel e a formação.

O treinador

A escolha do treinador não é apenas a escolha de um homem só, mas de uma equipa técnica multidisciplinar, bem como das respectivas ideias, organização e metodologia. Por isso considero uma questão estruturante.

Tendo esse aspecto em conta, bem como “politização” que a questão atingiu, é difícil que o tema não se arraste pela próxima época, especialmente se a decisão for a do afastamento e a este não sucedam melhorias evidentes na performance desportiva. Assim, considerada a importância do cargo e o facto acrescido da próxima época ter inicio cedo e aparentar particular exigência, é muito mau sinal se os rumores da decisão estar a ser protelada forem verdadeiros.

Ora só o facto de se começar a discutir a permanência do treinador, que foi contratado por quatro anos, ao fim de quase o mesmo número de meses de permanência, é razão suficiente para questionar  o planeamento feito. É também importante saber se, no momento da celebração do contrato, a permanência do treinador ficou indexada a algum “serviço mínimo” que não está a ser cumprido, como por exemplo a conquista de um troféu ou uma determinada posição na tabela.

Considerando, para avaliação do trabalho do treinador, três parâmetros – resultados/classificação nas competições, performance exibicional e liderança – a minha avaliação é favorável. É sempre possível melhorar mesmo até quando se triunfa mas, numa avaliação genérica, e atendendo a todas as circunstâncias e limitações que nos são próprias, não só me parece que o trabalho desenvolvido está a ser aceitável, como não me parece haver razões que demonstrem ou indiciem que evoluir para nível superior não é possível.

Quanto aos resultados/classificação nas competições considero que se cumprirão os objectivos mínimos. Na Champions League foram vários os factores a oporem-se a melhor destino, o que, de certa forma, também se aplicará à Liga Europa. Neste capítulo, não me parece que não tenhamos feito melhor por culpa do treinador. No campeonato, apesar de considerar que podíamos ter conquistado mais pontos, parece-me que estamos demasiado dependentes das falhas alheias, quase tanto como obrigados a performances irrepreensíveis para alcançar melhor. Isto é o mesmo que dizer que fazer melhor é possível mas, nas actuais circunstâncias, terá carácter excepcional.

A conquista da Taça merece tratamento próprio. Dadas as características da competição, não me parece que a sua conquista ou perda devessem ser determinantes para a continuidade do treinador. Olhe-se para o exemplo de Sá Pinto, quando perdeu a Taça com a Académica, levando um voto de confiança, para depois se verificar a hecatombe que se seguiu. Na outra face da moeda o exemplo de JJ, numa época em que perdeu tudo, para no ano seguinte ganhar com relativa facilidade o campeonato.

O trabalho de um treinador deve ser avaliado de forma muito mais abrangente que o resultado de um jogo de uma final de uma competição como a Taça de Portugal.

qualidade das exibições deixa-me sentimentos mistos. Não sendo de estranhar numa época longa, foi precisamente com os adversários tidos como mais fracos que coleccionamos reveses mais difíceis de suportar. Mas nem por isso mais difícil de percepcionar. Ser campeão em Portugal tem a ver precisamente precisamente com a capacidade de somar o maior número de pontos com os não-candidatos ao título, que por norma joga com blocos muito baixos ou genericamente em acentuada posição defensiva.

Quanto à liderança do treinador, parece-me a adequada, como parecem indicar quer a ausência de casos de indisciplina – O caso Jefferson não é da sua esfera – quer mesmo, de uma forma geral, as indicações dadas pelos jogadores.

marco silva autorizado
Marco Silva ajudou a garantir o acesso do Sporting à final da Taça de Portugal
Fonte: Sporting CP

O plantel

O trabalho de um treinador está dependente da qualidade dos jogadores que compõem um plantel. A responsabilidade da sua formação tem estado a cargo da SAD, pelo que esta não se pode excluir das responsabilidades nos êxitos ou dos fracassos.

É meu entendimento, como anteriormente aqui afirmei, que a composição do plantel principal deveria estar sempre articulada com o da equipa B. E que o número devia ser reduzido, de forma a que os jogadores não estejam privados de competir por largos períodos. A dispensa de vários jogadores a meio da época é a admissão tácita desse facto e poderia ter ido até mais longe.

Ao número excessivo de jogadores que potencie uma maior rotação, acresce ainda um número considerável de jogadores cujo valor e mérito para fazerem parte dos quadros de um clube com as ambições e estatuto do Sporting é muito duvidoso. Nesse sentido, o planeamento da próxima época constitui um enorme desafio, atendendo ao número de excedentes que vai ser necessário colocar, aos que são importante manter, bem como a quantidade e valor dos jogadores a ingressar. Será determinante não cometer os mesmos género de erros que se observaram nas duas épocas anteriores.

A formação

Não tem sido um ano bom para a formação. Não tem sido bom quer pelos resultados, onde parece muito difícil a possibilidade de alcançar títulos, quer pelo nível das exibições. E as prestações internacionais foram deprimentes, em contraste com o passado recente e com o que os nossos adversários/rivais alcançaram.

Ao contrário do que parece agora ser conveniente dizer, o Sporting não tem tido resultados apenas na formação de jogadores. O Sporting construiu também uma hegemonia de títulos sobre os seus rivais, como testemunham quinze títulos na “era Academia”. O FCP alcançou nove e o SLB oito. Há vários sinais perturbadores a indiciar a perda de competitividade, quando a hegemonia recente parece já uma miragem. Dois exemplos aleatórios:

1- Na recente convocatória para a selecção sub-19 o Sporting contou apenas com três convocados, mas este número ascenderia a nove se jogadores que recentemente faziam parte dos nossos quadros – Alexandre Silva (Guimarães), Flávio Silva (SLB), Gilson Costa (SLB), Dálcio (CFB), Gil Dias (Mónaco) José Turbo (Inter Milão) –  ainda estivessem entre nós. Se se aceita com naturalidade que alguns optem por seguir as suas carreiras noutros clubes, já se torna mais difícil de entender como tantos o fazem quase em simultâneo, especialmente considerando o estatuto que tanto se invoca para a nossa formação.

2- Os resultados comparativos de alguns escalões, mais nuns que noutros, indiciam uma abrupta perda de competitividade face ao que conseguiam ainda recentemente face aos mesmos adversários, a que se soma uma inédita ausência de uma fase final.

Um ano é muito pouco para deliberar sobre fim dessa hegemonia, mas os sinais são no mínimo inquietantes.

Os finalistas da Taça de Portugal

cab futebol feminino

Gostava de ter tido oportunidade de fazer uma experiência no dia de ontem: sair à rua e abordar algumas pessoas sobre a Taça de Portugal feminina. Não querendo cair no erro da estereotipagem, acredito que seriam poucas – para não dizer raras – aquelas que me saberiam dizer quais as duas equipas que se qualificaram para a final da competição.

Para os menos entendidos no assunto, o Clube Futebol Benfica e o Clube de Albergaria garantiram o acesso ao derradeiro jogo que, à semelhança do que acontece com as equipas masculinas, irá ser realizado no Jamor.

Valadares Gaia vs Clube Futebol Benfica

Depois do empate a um golo no jogo da primeira-mão, que decorreu em Lisboa, a partida disputada em Gaia seria decisiva para ambas as equipas. Por um lado, e com a conquista do campeonato praticamente perdida, o Valadares-Gaia procurava apostar tudo nesta competição. Manter ou alargar a vantagem proporcionada pelo golo marcado no terreno do Clube Futebol Benfica era o principal objectivo da formação de Fernando Santos. Pelo contrário, o “Fófó” aspirava a uma vitória que o colocasse na final e cada vez mais perto de fazer a dobradinha esta época.

No final dos 90 minutos, a equipa lisboeta acabou por ser a mais feliz. Apesar das diversas oportunidades do Valadares, o Clube Futebol Benfica conseguiu superiorizar-se – fazendo-se valer igualmente da grande exibição de Elsa Santos – e tornar o sonho numa realidade. A partida acabou empatada com dois golos para cada lado, resultado que demonstra o grande equilíbrio que existe sempre que estas duas equipas se encontram.

Em declarações ao jornal Abola, o treinador do Clube Futebol Benfica, Pedro Bouças, considerou que as suas jogadoras foram inteligentes e que merecem estar na final. Já Fernando Santos classifica o resultado do encontro como injusto, dadas as diversas oportunidades que a sua equipa conseguiu criar.

A felicidade das jogadoras do Clube Futebol Benfica depois de garantir a presença na final do Jamor pelo segundo ano consecutivo Fonte: FPF
A felicidade das jogadoras do Clube Futebol Benfica depois de garantir a presença na final do Jamor pelo segundo ano consecutivo
Fonte: FPF

Clube de Albergaria vs A-dos-Francos

A meia final entre estas duas equipas teve um único sentido. Se na primeira-mão a formação de Albergaria-a-Velha conseguiu uma vitória com uma larga vantagem (1-5), bastava-lhe gerir o resultado para garantir a presença na final da Taça de Portugal. No entanto, e apesar de a sua qualificação ser dada como certa, o Albergaria não adormeceu e continuou a mostrar o porquê de ser um forte adversário no campeonato feminino: nova vitória e novamente com uma goleada, desta feita por 4-1. O A-dos-Francos pouco ou nada pôde fazer quanto à maior maturidade e organização do seu adversário.

O Clube de Albergaria volta a pisar o palco do Jamor, depois de o ter conseguido na época 2011/12 Fonte: Grupo do Facebook “Amo a minha terra”
O Clube de Albergaria volta a pisar o palco do Jamor, depois de o ter conseguido na época 2011/12
Fonte: Grupo do Facebook “Amo a minha terra”

A partida entre o Clube Futebol Benfica e o Clube de Albergaria está agendada para dia 6 de Junho, pelas 17h.

Percurso até à final

Oitavos-de final:

Clube Futebol Benfica 4 – 1 Pico de Regalados
Clube de Albergaria 3 – 0 Fundação Laura Santos

Quartos-de-final:

Clube Futebol Benfica 2 – 0 Boavista

Clube de Albergaria 1 – 0 Vilaverdense FC

Meias-finais:

Futebol Benfica 3 – 3* Valadares Gaia

A-dos Francos 3 – 9** Clube de Albergaria

*1.ª mão: 1-1/2.ª mão 2-2

** 1.ª mão: 1-5/ 2.ª mão: 1-4

Foto de Capa: FPF

Pensamentos do Clássico e um Porto sem ganas

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tinta azul em fundo brando pedro nuno silva

Dois dias depois do clássico, friamente, já se pode dizer que o Porto tornou quase impossível a tarefa de chegar ao título. No dia 1 de Abril , escrevi que este mês era o mês do tudo ou nada; tudo indica que será o do nada. O Porto que jogou domingo, na Luz, foi o mesmo Porto que hipotecou a possibilidade de conquistar títulos quando se deslocou à Ilha da Madeira – até a Taça da Liga, que se afigurava como a competição mais ao alcance dos Dragões, foi lá perdida. Focando no clássico, exporei alguns pensamentos que me ficaram deste jogo.

A abordagem táctica de Lopetegui

A notícia chegou com surpresa – Lopetegui optara por mudar a equipa habitual. Entraram para o onze Ruben Neves e Evandro e saíram Herrera e Quaresma. Confesso que não desgostei destas opções mas fiquei curioso sobre como se iriam encaixar as peças em campo e o que mudaria em relação ao esquema habitual. Acho normal os treinadores abordarem de forma diferente jogos diferentes – não é o mesmo disputar diante do Benfica o jogo do título ou jogar contra uma equipa qualquer de meio da tabela. A única dúvida que fica sempre antes dos jogos nestas situações é “Será que a equipa está rotinada o suficiente para jogar de forma diferente?”. Se o treinador levar a equipa à vitória, é um sucesso tremendo; se não, é um falhanço monumental.

Penso que Lopetegui respeitou em demasia as águias mas a ideia de jogo talvez tenha sido outra que não simplesmente a de conter o Benfica. Acho que o treinador do Porto quis ter a posse de bola (já que Jesus daria o controlo de jogo ao Porto) e quis ter no banco um jogador que desequilibrasse (Quaresma) caso o jogo estivesse numa encruzilhada. O problema é que o Benfica jogou com a defesa subida e nunca o Porto teve espaço para ter uma posse de bola eficaz e asfixiante – jogou-se sempre num espaço muito curto. Sem Tello, o Porto não tem tanta profundidade mesmo que jogue com Quaresma, e Jesus percebeu bem isso.

Outros pormenores que não compreendi foram como se joga com quatro médios e não se escolhe o que dá mais profundidade – Herrera – ou como se joga com quatro médios de posse sem ser num esquema de 4-4-2. Na minha qualidade de treinador de bancada, parece-me óbvio que, com um esquema com um meio campo povoado e sem extremos, têm que ser os laterias a dar profundidade, sendo que nunca se viu isso eficazmente no Porto. A rotina podia ser a “desculpa” mas o que se viu foi o Porto num 4-3-3 com quatro médios, em que o único extremo (Brahimi) ia buscar a bola ao meio-campo defensivo e o outro extremo era, na verdade, Óliver, um jogador que não tem características para jogar na ala! Ou seja, tornou-se um Porto bastante, muito, imensamente curto, que se viu preso numa jaula formada pela bloco (agressivo) dos jogadores benfiquistas.

O Porto, com melhores jogadores, teve, claro, mais posse de bola mas só por duas vezes causou perigo à baliza de Júlio César. Foi, por isso, uma posse de bola inconsequente. Muitas foram as vezes em que Maicon, com os caminhos todos tapados, fez passes longos ou os médios solicitaram a corrida dos “extremos” que, na verdade, ficaram parados à espera de receber uma bola directa no pé. A ideia do treinador basco podia ser uma boa ideia mas, por má escolha dos jogadores (ou da táctica) ficou-se por uma boa ideia no papel e uma má ideia no campo.

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Na Luz, o FC Porto voltou a ter imenso apoio nas bancadas
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

O atrito entre os treinadores

Lopetegui e Jójus são dois treinadores que vivem o jogo com muita paixão. O primeiro não tem papas na língua e o segundo, além de uma arrogância excessiva, tem uma certa imunidade no futebol português. O basco, de cabeça quente, dirigiu-se ao português e, acreditando nos media, pediu-lhe explicações sobre a troca do nome… e o caldo ficou entornado. Se quisermos distribuir a culpa, é óbvio que esta pertence ao treinador portista – agiu mal, sem dúvida. A maneira como Jebus se dirigiu a Lopetegui ao longo da época é a maneira arrogante como se dirige a muitos outros treinadores e equipas – não é defeito, é feitio. A troca de nomes, propositada ou não – acredito que apesar do tom não foi propositada –, é só mais uma prova disso mesmo, e o treinador espanhol não gostou, como qualquer outra pessoa não gostaria!

A última coca-cola do deserto já acumulou diversos erros ao longo da sua carreira no Benfica mas como é português, como dá uns pontapés na língua (e uns murros à policia) e como tem uma arrogância que chega a ser divertida, tudo lhe é perdoado, ao contrário do espanhol. Não tiro mérito a Jasus – é, sem dúvida, um grande treinador, com qualidade suficiente para treinar as grandes equipas do futebol mundial. Mas a demonização de Lopetegui é exagerada e acontece porque foi o único que ao longo da época foi pondo o dedo na ferida quanto às arbitragens.  De resto, e neste ponto, a arbitragem não esteve mal e a presente inépcia portista fez com que se deixasse passar a mão na cara de Jackson dentro da área benfiquista.

A falta de raça

O último ponto é o que me preocupa mais: a falta de raça da equipa. Não sei se a estrutura não tem passado o que é ser Porto, se os adeptos não andam a mostrar a atitude guerreira, se é o treinador que não passa esta mensagem à equipa ou se é, simplesmente, a atitude natural destes jogadores. O que se vê é uma equipa sem a fúria que sempre caracterizou o Porto, um querer que vai para lá do cumprir a obrigação e que assume contornos de orgulho pessoal e colectivo. Neste jogo, os dragões pareciam que estavam a disputar mais uma partida para cumprir calendário. Organizados e eficazes a defender, sem dúvida, mas com poucas ganas no ataque – eramos nós que tínhamos um jogo para ganhar! Uma época sem ganhar um título, deixando escapar novamente o campeonato, é um desastre desportivo. Se calhar, para estes jogadores, não é nada de mais; alguns até devem voltar para os clubes a que pertencem no final da época e até já se mostraram na Liga dos Campeões. Mas o Porto sempre foi mais do que isto.

Não sou apologista da violência mas já vi jogadores estrangeiros disputarem, dentro de campo (parece-me importante o pleonasmo aqui), um clássico como se fosse uma questão de vida ou de morte. Agora saem de campo a rir-se, a abraçar treinadores ou em amena cavaqueira – tudo aquilo que é a antítese do que devia ser a atitude de alguém que provavelmente deixou escapar o campeonato. Talvez os jogadores já não acreditassem mesmo em caso de vitória…

À chegada houve palmas de duas dezenas de adeptos. Não são uma amostra significativa mas, sinceramente, fiquei incrédulo, assim como o comum portista. Atitude exige-se para o que resta do campeonato e para o próximo que se avizinha; tenemos que ter huevos, hostia!

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

Millennium Estoril Open: Elias e Sousa ficam pelo caminho

cab ténis

O Millennium Estoril Open viu hoje alguns dos seus protagonistas ficarem pelo caminho: João Sousa perdeu para Rui Machado pelos parciais de 7-6 e 6-3, e Gastão Elias não conseguiu superiorizar-se ao francês Kenny De Schepper (6-2;2-6 e 6-3).

Gastão Elias, que vinha de jogar os quartos de final em Savannah, torneio de categoria Challenger, foi o primeiro dos portugueses a entrar em ação. Perante um court 2 com as bancadas a rebentar pelas costuras, Gastão entrou bastante mal na partida e rapidamente perdeu o primeiro set. Contudo, o português não deitou a toalha ao chão e subiu bastante o nível do seu jogo. Assim, e com alguns pontos de excelente qualidade, o encontro encaminhou-se naturalmente para uma terceira e decisiva partida. Gastão Elias, que até dispôs de dois break points no início do set, voltou novamente a baixar o nível do seu jogo, talvez um pouco cansado devido à viagem que foi “obrigado” a realizar, e acabou mesmo por não conseguir derrotar o francês. Será importante também referir que Kenny De Schepper, jogador que no ano passado alcançou a 64ª posição do ranking, apresentou um excelente ténis.

Para o encontro mais esperado do dia, que opunha João Sousa a Rui Machado, estava reservada a grande surpresa do dia. O vimaranense até chegou a liderar o primeiro set por 3-1, no entanto, Rui Machado, que se exibiu durante toda a partida a um excelente nível, conseguiu recuperar o break de atraso e vencer o primeiro set num renhido tie break (8-6). Sousa, que pareceu acusar a pressão de ser o favorito do público, nunca foi capaz de se exibir como lhe é habitual. Foi desta forma que, naturalmente, o algarvio acabou mesmo por levar de vencida João Sousa.

No que aos outros encontros diz respeito, Richard Gasquet, que regressou à competição após ausência devido a lesão, bateu o australiano Marinko Matosevic pelos parciais de 7-6 (9-7 no tie-break) e 6-1; o francês teve ainda de salvar dois set points no primeiro set. A armada espanhola, composta por Almagro, Garcia-Lopez, Carreno Busta, Montanes, Carballes Baena e ainda Albert Ramos, teve um dia bastante positivo. Almagro derrotou Stephane Robert sem grandes dificuldades (6-3 e 7-6, 7-4 no tie-break); Garcia-Lopez venceu o embate 100% espanhol frente a Carballes Baena, oriundo da fase de qualificação, por dois sets a zero; Montanes e Carreno Busta também carimbaram o passaporte para a segunda ronda, ambos com vitórias em apenas dois sets.

Albert Ramos, naquele que foi, na minha opinião, o melhor encontro do dia, saiu derrotado pela jovem promessa do ténis australiano, Nick Kyrgios. O australiano até poderia ter fechado o encontro em apenas dois sets visto que liderou o tie-break por 5-3; no entanto, o espanhol conseguiu recuperar a desvantagem e fechar o segundo set. Na terceira partida, Albert Ramos chegou mesmo a dispor do seu serviço para fechar o encontro, mas Kyrgios, sempre com a irreverência que lhe é característica, anulou o break de vantagem do espanhol e levou a decisão do set e, consequentemente, do jogo para novo tie-break.

"Tive muita sorte em não ser desqualificado" declarações de Nick Kyrgios Fonte: Millennium Estoril Open
“Tive muita sorte em não ser desqualificado” – declarações de Nick Kyrgios
Fonte: Millennium Estoril Open

Nesse mesmo tie-break, Kyrgios, que já tinha dois warnings (abuso de linguagem e raquete), demonstrou a sua insatisfação e atirou a bola para fora do estádio. Ora, as regras prevêem que ao terceiro warning o jogador perca o encontro. O árbitro, Fergus Murphy, de forma inexplicável, nada fez aquando deste incidente. Albert Ramos ainda pediu explicações junto do árbitro irlandês, mas de nada lhe valeu. Desta forma, e visto que Nick Kyrgios acabaria mesmo por vencer o encontro, a verdade desportiva não imperou.

Resta ainda dizer que Pedro Sousa e João Domingues foram derrotados por Huey e Lipsky, segunda dupla pré-designada, pelos parciais de 6-3 e 6-0.

Foi assim mais um dia cheio de emoções no Millennium Estoril Open. O grande destaque do dia vai para a eliminação de João Sousa perante Rui Machado; o melhor tenista português de sempre, João Sousa, voltou a não confirmar as expectativas que lhe eram depositadas. De realçar ainda a eliminação de Gastão Elias. As esperanças lusitanas estão agora depositadas apenas num tenista: Rui Machado. O adversário que se segue, Borna Coric, não será tarefa nada fácil para o algarvio.

Melhor encontro do dia: Nick Kyrgios – Albert Ramos

Maior surpresa do dia: Vitória de Rui Machado frente a João Sousa

Foto de Capa: Millennium Estoril Open

Uma semana perfeita

cab bundesliga liga alema

Demolidor. Foi desta maneira que todos adjectivámos o Bayern desta terça-feira. A goleada nos quartos-de-final da Champions, perante o Porto, foi o início de uma semana de sonho para o campeão alemão.

Depois dessa eliminatória extenuante, da qual o Bayern saiu recarregado de confiança, Pep Guardiola decidiu deixar descansar alguns dos habituais titulares e pôs em campo um onze alternativo. Acertadamente, como se veio a confirmar. O Bayern Munique não jogava com nove alemães no onze inicial desde 1999, e foi um desses novatos, Weiser, que desenhou um lance de génio e ofereceu um verdadeiro penálti a Schweinsteiger. No regresso à titularidade, o criativo não vacilou e garantiu a vitória na recepção ao perigoso Hertha. Apesar da apática exibição, os campeões em título souberam gerir a partida e levá-la a bom porto. E assim, o Bayern só precisava de esperar que o Wolfsburgo não ganhasse no reduto do Borussia Monchengladbach, colectivo que venceu os próprios bávaros, para ser campeão no sofá.

Schweinsteiger marcou o golo do título Fonte: Facebook do Bayern
Schweinsteiger marcou o golo do título
Fonte: Facebook do Bayern

O Wolfsburgo vinha cansado, esgotado e animicamente em baixo da eliminatória desastrosa frente ao Nápoles, para a Liga Europa. Apresentou-se perante o Borussia como uma equipa aborrecida e sem iniciativa, desprovida de Dost, mortífero avançado que neutralizou o Sporting. Nem os esporádicos rasgos de genialidade de De Bruyne chegaram para evitar o antecipado título do Bayern. O Wolfsburgo foi conseguindo adiar o golo da derrota quase até ao fim, muito graças a Diego Benaglio, mas não evitou o tento da vitória do Monchengladbach, aos 89 minutos. O Bayern é tricampeão alemão, com 15 pontos de avanço a quatro jornadas do fim.

E agora, com o campeonato no bolso e apenas a Taça da Alemanha como distracção, Guardiola pode dedicar-se quase por completo à Liga dos Campeões. O sorteio ditou uma final antecipada, frente ao Barcellona, equipa que não se pode gabar de já ter as competições caseiras resolvidas; o campeonato está ainda muito instável, com o Real Madrid à perna, apesar da vantagem catalã. O Bayern pode tomar partido desta possível superioridade e apresentar-se com os jogadores mais fortes física e psicologicamente, e desfrutar de mais tempo para preparar o embate.

É claro que é uma vantagem teórica, mas, tal como o próprio Guardiola afirmou, a equipa “tem sido magnífica”. Vamos esperar para ver; vão ser umas meias-finais que poderiam perfeitamente tratar-se da própria final.

Foto de Capa: Facebook do Bayern

Millennium Estoril Open: portugueses morrem na praia

cab ténis

O quadro principal do Millennium Estoril Open teve ontem o seu arranque, contudo, ainda houve lugar à realização dos últimos 4 encontros relativos ao qualifying, onde ainda estavam envolvidos 2 portugueses, Frederico Gil e Pedro Sousa.

Primeiro, foi a vez de Pedro Sousa, que acabou por ser derrotado pelo francês Constant Lestienne em 2 renhidos sets com os parciais de 7-5/7-6 (com 7-3 no tie-break). Por sua vez, Frederico Gil, que vinha de uma excelente vitória frente ao terceiro cabeça de série da fase de qualificação, Niels Desein, acabou por não conseguir contrariar o maior favoritismo de Martin Fischer acabando por ceder pelos parciais de 4-6;6-3 e 6-4.

Por último, e num encontro relativo ao quadro principal, Frederico Silva defrontou Gilles Muller, 8.º pré-designado. O luxemburguês começou melhor e conquistou com bastante facilidade a primeira partida. No entanto, e quando nada o fazia antever, o português equilibrou a partida e conseguiu mesmo arrecadar o segundo set por 6-4. No terceiro set, e talvez fruto da inexperiência nestes palcos por parte de “Kiko”, que até dispôs de break point logo no início da terceira e decisiva partida, Muller conseguiu superiorizar-se e qualificou-se, assim, para a segunda ronda do torneio português.

No que aos restantes encontros diz respeito, destaque para a vitória de Borna Coric, a nova coqueluche do ténis Croata, sobre Jeremy Chardy (6-2 e 6-4). Coric aguarda agora pelo vencedor do encontro entre Rui Machado e João Sousa.

Para hoje, e num dia onde estarão nada mais, nada menos do que 5 portugueses em ação, destaque para Gastão Elias, que vai defrontar Kenny de Schepper, e João Sousa que, como foi anteriormente referido, defronta Rui Machado. Na variante de pares, Pedro Sousa e João Domingues fecham o dia no court central; a dupla portuguesa defronta os segundos cabeças-de-série, Scott Lipsky e Treat Huey.

Foto de Capa: Millenium Estoril Open

‘Podcast’ Bola na Rede – 86.º Programa

O Clássico entre o Benfica e o FC Porto (0-0) é o foco do programa radiofónico, desta semana, do Bola na Rede. Mário Cagica Oliveira é o moderador e terá como comentadores convidados Francisco Manuel Reis (FC Porto), João Almeida Rosa (Sporting) e João Rodrigues (Benfica). A não perder!

Bola na Rede – 86.º Programa by Bola Na Rede on Mixcloud

Millennium Estoril Open: Previsão

cab ténis

O quadro principal do Millennium Estoril Open, apesar de não contar com nenhum jogador do top10 mundial, pauta pelo equilíbrio e a incerteza sobre quem vai sair vencedor na final do próximo domingo; João Sousa, o melhor jogador português de sempre, defronta Rui Machado na primeira ronda do torneio português

O sorteio, realizado no passado dia 25 de Abril, foi bastante caprichoso; comecemos pelos mais jovens. Frederico Silva, que faz hoje a sua estreia em torneios ATP, vai defrontar o experiente luxemburguês Gilles Muller (8.º pré designado). O mais jovem dos portugueses presentes no quadro principal não terá tarefa nada fácil perante Muller. No entanto, Kiko terá as suas hipóteses e deve sobretudo desfrutar da oportunidade que lhe foi concedida, apenas desta forma poderá eventualmente seguir em frente.

Gastão Elias, que por duas vezes já alcançou os Quartos-de-final em solo português, terá, pelo menos em teoria, uma tarefa bastante mais facilidade visto que jogará contra um tenista oriundo da fase de qualificação. Por último, e infelizmente para os tenistas portugueses, o sorteio quis que Rui Machado, que beneficiou de um convite por parte da organização, defrontasse João Sousa. O Vimaranense, que, contrariamente ao ano transato, não foi cabeça de série, não deverá ter grandes dificuldades em bater o algarvio. Todavia, qualquer que seja o vencedoro, a tarefa não se adivinha nada fácil; Jeremy Chardy, 6.º cabeça-de-série, ou Borna Coric, que recentemente bateu Andy Murray, são jogadores que irão certamente causar grandes dificuldades.

Fonte: Facebook oficial do Millennium Estoril Open
Fonte: Facebook oficial do Millennium Estoril Open

Posto isto, e como já foi anteriormente referido, o quadro encontra-se bastante aberto e é difícil prever um vencedor. Contudo, e tendo em conta o atual momento de forma, na minha opinião o grande favorito à conquista do titulo é o espanhol Tommy Robredo; relativamente a João Sousa, o tenista português terá de saber lidar com a pressão e, utilizando uma expressão futebolística, pensar jogo a jogo. Espera-nos um torneio bastante atrativo e pautado pelo espetaculo. Deixo-vos com algumas das minhas previsões para o torneio português:

Vencedor – Tommy Robredo

Maior “surpresa” – Nicolas Almagro/Gastão Elias

Maior desilusão – Nick Kyrgios

O dérbi eterno e os problemas do Futebol Sérvio

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internacional cabeçalho

Chamam-lhe Večiti derbi (o dérbi eterno) e opõe dois históricos do futebol do leste da Europa e dois nomes incontornáveis na prática da modalidade no velho Continente. Estrela Vermelha (FK Crvena zvezda) e Partizan Belgrado (FK Partizan) mediram forças no passado Sábado no mítico Maracanã sérvio (Stadion Rajko Mitic) num jogo a contar para a 24ª jornada da SuperLiga daquele país dos Balcãs, que terminou empatado a zero. O jogo que deveria ser recordado pelo futebol praticado dentro das quatro linhas vai antes ser lembrado pelos graves incidentes que o antecederam e que obrigaram o árbitro e a federação sérvia a adiar o início da partida 45 minutos.

Os adeptos, com especial destaque para os da equipa da casa, envolveram-se em violentos confrontos com a polícia antimotim, lançando foguetes e cadeiras às forças de autoridade, que se viram obrigadas a retirar por alguns momentos à espera de mais um destacamento policial. O início do jogo, muito depois da hora marcada, não significou contudo o fim das hostilidades, uma vez que durante a segunda metade a partida teve de ser interrompida novamente, até que o fumo proveniente dos foguetes e das tochas que ardiam nas bancadas onde estavam os Delije e os Grobari se dissipasse totalmente.

Resultado final de mais um Dérbi Eterno na mítica cidade de Belgrado Fonte: FK Partizan
Resultado final de mais um Dérbi Eterno na mítica cidade de Belgrado
Fonte: FK Partizan

No que ao futebol diz respeito, foi na verdade um jogo pouco emocionante com apenas duas oportunidades dignas desse nome durante os primeiros 45 minutos. Foi de Darko Lazovic a melhor oportunidade para os homens da casa, à qual respondeu Stefan Babovic também com uma boa possibilidade para marcar. Após o reatamento, o Partizan conseguiu de certa forma controlar as operações e teve várias oportunidades para sentenciar o jogo, mas todas as tentativas esbarraram num inspirado Pedraj Rajkovic, que defendeu com bravura as redes do Estrela Vermelha.

As épocas de glória destas duas equipas e do futebol da antiga Jugoslávia estão já bem enterradas no passado e o desmembramento daquela antiga potência do leste da Europa fez com que o futebol, também ele, pagasse a pesada factura de uma sangrenta guerra civil e de uma crise económica e social que devastou o país.

Da nossa memória colectiva faz seguramente parte aquela majestosa equipa do Estrela Vermelha, que venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus (Liga dos Campeões) em 1991, após bater o poderoso Marselha por 5-3 nas grandes penalidades. Robert Prosinecki, Darko Pancev, Dejan Savicevic, Vladimir Jugovic e Sinisa Mihajlovic são nomes que, seguramente, aqueles que amam o futebol nunca irão esquecer. Pela mão do lendário Ljupko Petrovic, o Estrela Vermelha surpreendeu a Europa deixando pelo caminho equipas como o grande Bayern Munique e Dynamo Dresden, entre outras.

Stefan Babovic fica a centímetros de bater o GR do Estrela Vermelha Predrag Rajkovic Fonte: FK Partizan
Stefan Babovic fica a centímetros de bater o GR do Estrela Vermelha Predrag Rajkovic
Fonte: FK Partizan

Os seus rivais de Belgrado, o Partizan, não têm o mesmo palmarés internacional dos seus detestados vizinhos, mas os seus fervorosos adeptos não esquecem seguramente a poderosa equipa que chegou à final das Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1966, caindo apenas no confronto com o Real Madrid do grande Miguel Muñoz.

A realidade actual é bem diferente para ambas as equipas, mas tem sido curiosamente o Partizan Belgrado que melhor se tem adaptado às mudanças pelas quais aquele país dos Balcãs tem passado. Os Crno-Beli ganharam 12 títulos nacionais nos últimos 20 anos contra apenas 7 do Estrela Vermelha, que, após ter vencido a SuperLiga na época passada, viu este Sábado a renovação desse mesmo título fugir-lhe por entre os dedos.

O país que foi em tempos apelidado de Brasil da Europa (de tão belo e sumptuoso que era o seu futebol) vê-se agora a braços com uma cultura de violência arrepiante que, acompanhada de uma forte crise financeira e social, não só impede o desporto rei de voltar a atingir os patamares de outrora, como também faz com que o Dérbi Eterno seja apenas notícia pelos motivos errados.

Foto de Capa: FK Partizan

Benfica 0-0 FC Porto: Todos queriam ganhar e ninguém quis perder

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«O empate é um resultado que pode deixar os adeptos algo desiludidos. Mas eu, como treinador, já perdi muitos jogos porque jogando ao ataque e a outra equipa em contra-ataque marca e ganha. (…) Podíamos não ganhar, mas era muito importante não perder.»

(Mário Cagica Oliveira) As ideias são de Giovanni Trapattoni, último treinador campeão no Benfica, antes de Jorge Jesus. Quem me conhece (ou já leu o que escrevi noutras ocasiões) sabe que sempre fui muito crítico com determinadas decisões do treinador português. Hoje, porém, creio que o treinador do Benfica pensou bem o jogo. Soube ser pragmático e cedo percebeu que as circunstâncias de jogo poderiam não lhe ser favoráveis, caso tivesse tomado riscos desmedidos. Ao contrário dos jogos em Paços de Ferreira e no terreno do Rio Ave, Jesus percebeu que um ponto poderia ser um mal menor no jogo em questão. Já diz o velho ditado: «mais vale um pássaro na mão do que dois a voar».

(Francisco Vaz Miranda) Foi ligado ao facto de o empate lhe ser suficiente – pelo menos visto à luz de Jesus – que a equipa do Benfica se apresentou ao longo de todo o encontro. Por demais visível em toda a primeira parte esta retracção e contenção do Benfica – pouco costume na Luz – e que acabaria por tornar a primeira metade num verdadeiro marasmo. A média de uma falta a cada dois minutos neste tempo de jogo é suficiente para se ter a noção do tão pouco e pobre futebol que se jogou.

Surpreendeu Lopetegui ao reforçar o meio-campo (porventura já prevendo um jogo extremamente físico e de contacto) com as entradas de Rúben Neves e Evandro, empurrando Oliver para perto de Eliseu na extrema-direita do ataque portista e Herrera para o banco. Já Jorge Jesus apostou, e uma vez mais incompreensivelmente, em Talisca para o lugar de Salvio. Depois da nulidade que foi em Vila do Conde a jogar na mesma posição, o baiano voltou a rubricar uma exibição tão boa quanto o jogo no seu todo: nula.

As amarras do jogo de título começaram, pois, a construir-se na primeira parte, em que só ficou um remate de Jackson Martínez por cima da baliza para contar em termos de oportunidades de golo. De resto, faltas, passes perdidos, contactos físicos e bolas pelo ar era tudo aquilo que se via na Luz.  Em certa medida fez, até, lembrar os derbys de Madrid entre o Real e o Atlético. Um Benfica demasiado expectante e sabendo que o empate lhe servia os interesses deixava o Porto ter a bola. Mas longe, sempre bem longe de Júlio César. É esta uma das grandes qualidades deste Benfica e que salta à vista em jogos deste tipo: mesmo sem a posse da bola, o Benfica não se deixa incomodar por isso e, impedindo o adversário de se aproximar com perigo, consegue controlar o jogo a seu gosto.

Jardel fez uma exibição fantástica no clássico Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Jardel fez uma exibição fantástica no clássico
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

(Mário Cagica Oliveira) No segundo tempo, a tendência inverteu-se. O Benfica melhorou e quis procurar com maior vontade a baliza de Helton. Lopetegui percebeu isso e tentou lançar Quaresma para agitar o jogo dos dragões, mas a decisão foi infeliz. O internacional português passou ao lado do jogo e, tal como Hernâni que também entrou no segundo tempo, não conseguiu criar desequilíbrios, nem tão pouco provocar a expulsão do sempre imprevisível Eliseu (já tinha um cartão amarelo).

Já o Benfica, que no primeiro tempo não tinha conseguido exercer domínio no centro do terreno, melhorou substancialmente com a entrada de Fejsa para o lugar do apagadíssimo Talisca. Mais uma exibição miserável do médio/avançado brasileiro, que teima em regredir no seu processo de integração no futebol europeu. No sentido oposto, Fejsa entrou para modificar o jogo encarnado. O trinco sérvio é um dos jogadores mais inteligentes do nosso campeonato e voltou a comprová-lo no encontro de hoje. Irrepreensível no posicionamento, fortíssimo na recuperação de bolas e quase perfeito a ler o jogo. O amarelo que leva hoje – fruto da lógica falta de ritmo de jogo – é um bom exemplo disso mesmo. De resto, pertenceu mesmo o médio sérvio a melhor oportunidade do jogo, com um remate por cima da baliza, muito semelhante ao de Jackson Martínez no primeiro tempo.

O empate neste clássico acaba por se ajustar ao que ambas as equipas procuram produzir durante os 90 minutos. Os dragões foram melhores no primeiro tempo e os encarnados no segundo, sendo que as duas melhores ocasiões de golo foram repartidas por ambas as equipas. Tendo em conta a classificação atual e os jogos que faltam até final, parece-me claro que o Benfica tem, neste momento, 85% de possibilidades de renovar o título de campeão nacional.  Para o FC Porto, caso se confirme mais uma época a zeros em termos de títulos, é um enorme rombo no investimento e expectativas criadas para esta temporada 2014/15.

A Figura:

Jardel –  Um jogo perfeito do defesa-central do Benfica. Nem um erro e sempre muito certinho nas abordagens aos lances do adversário. É um guerreiro, um jogador com excelentes atributos físicos e, acima de tudo, um verdadeiro jogador de equipa. Hoje, depois do amarelo a Eliseu, fartou-se de dar indicações e fazer dobras ao colega do lado esquerdo da defesa encarnada. Quem o viu e quem o vê. Está feito um senhor central. Menções honrosas também para Samaris, Maxi Pereira e Fejsa. Quatro patinhos feios que demonstram bem que o futebol é muito mais do que apenas talento individual. (Mário Cagica Oliveira) 

O Fora-de-jogo:

Abordagem de Jorge Jesus ao jogo – Não consigo encaixar a filosofia de Trapattoni neste jogo. Um Porto combalido da humilhação de Munique não podia, de maneira alguma, ser temido da maneira como foi. O Benfica podia ter acabado com o campeonato hoje e não o fez por demérito próprio. Não obstante isto, é notável a organização defensiva de nível mundial do Benfica que Jesus construiu. (Francisco Vaz Miranda) 

Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica