SL Benfica | Um 11 feito de novelas de mercado

    PONTA DE LANÇA

    Sigurd Rushfeldt – Era a figura daquele Rosenborg, presença assídua na fase de grupos da Liga dos Campeões. Rushfeldt tinha sido o melhor marcador das duas edições anteriores da Eliteserien e procurava provar habilidades noutro futebol mais técnico. Jupp Heynckes pedia a José Capristano um ponta de lança de área, fulcral para o seu 4-2-3-1, e a aproximação deu-se naturalmente.

    Noticiado por Record a 27 de junho, da Noruega pedia-se 750 mil contos pelo passe – e é neste valor que começa a história rocambolesca. O acordo parece ter sido alcançado pouco antes do dia 12 de julho, dia em que Sigurd chega a Lisboa e é anunciado como jogador do SL Benfica. Veste a camisola entregue por Vale e Azevedo e vai com o presidente ao relvado, dar os habituais toques na bola perante centenas de adeptos. Logo a seguir, parte para a Áustria, onde já estagiava com a equipa principal.

    Uma semana depois, o escândalo – o Rosenborg tinha ido a Viena buscar o avançado, alegando não existirem garantias bancárias. Ao que parece, os responsáveis encarnados tinham adiado os pagamentos relativos à transferência do jogador, ignorando os prazos impostos e, portanto, os direitos desportivos mantinham-se na posse do clube norueguês. O caso chegou à FIFA, arrastou-se por semanas e acabou numa sequência de atitudes incompreensíveis dos responsáveis encarnados, que tentavam a todo o custo disfarçar o calote.

    O dinheiro nunca tinha chegado aos cofres noruegueses, claro. Primeiro, a de José Capristano, que contextualizaria a situação de forma caricata, alegando que afinal tinha sido o SL Benfica a desistir da transferência.

    O SL Benfica, supostamente, tinha enviado um fax ao Rosenborg a informar isso mesmo, no dia 13 de agosto, às 12h30: “Devido às burocracias, a verba não chegaria ao Rosenborg antes das 14h30. O dinheiro ia via Nova Iorque e demoraria dois ou três dias a chegar à Noruega. Mas o Rosenborg foi irredutível, pressionou e o meu presidente é radical neste tipo de situações. Foi isto que aconteceu. Se fosse ao contrário, preferia receber em ‘cash’ daqui a dois dias do que esperar pelas garantias bancárias. Para mim, era suficiente saber que o montante estava depositado. Foi falta de confiança deles. Não estou a dizer que foi combinado, mas é de um rigor…”

    Segundo, aquela tomada por Vale e Azevedo, de forma a responsabilizar o jogador pelo fracasso: organizou uma conferência de imprensa onde afirmou, sem qualquer pudor, que todas as complicações se tinham originado no momento em que Rushfeldt, nervoso com a dimensão do clube, tinha feito “chichi nas calças” em plena apresentação!

    “O Benfica não ficou com o jogador não por não haver garantias bancárias, que as havia. Mas por outra razão, que revelo agora pela primeira vez: dois ou três dias antes da partida para o estágio da equipa, o Rushfeldt é apresentado na Luz. Passa pelo campo número três e, pela pressão de ver três mil espectadores à frente, faz chichi pelas pernas abaixo. Antes da apresentação, na sala de imprensa, chorou que nem uma madalena”.

    Sigurd acabaria por assinar pelo Racing Santander, onde não foi feliz. Ao serviço da seleção seriam 38 jogos e 7 golos marcados.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.