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Paulo Fonseca: um treinador desnorteado

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Pronúncia do Norte

As declarações de Paulo Fonseca antes e depois do desafio diante do Eintracht Frankfurt para a Liga Europa, trocando o nome da equipa adversária, são o espelho da confusão que vai na cabeça do treinador azul e branco. Na antevisão do jogo, disse que o FC Porto ia jogar com o Borussia. Na flash interview depois do inesperado empate, teceu considerações sobre o Bayer(n) e garantiu que a equipa ia ganhar a Leverkusen. Evidentemente, estas palavras motivaram o escárnio dos rivais e deram azo à proliferação de vídeos, memes e anedotas sobre o sucedido nas redes sociais.

O FC Porto continua longe de praticar um futebol agradável, continua a evidenciar a ausência de um fio de jogo, continua a alternar bons e maus momentos ao longo dos noventa minutos, continua sem conseguir fazer dois ou três jogos consecutivos de grande nível, continua a revelar fragilidades inconcebíveis do ponto de vista anímico, continua a permitir recuperações no marcador ao adversário, continua sem ganhar em casa nas competições europeias, continua distante da liderança do campeonato, continua a milhas do que se lhe exige. Se há predicados que caracterizavam o FC Porto das últimas épocas, essas eram a força mental, a consistência e a dinâmica de vitórias. Infelizmente para os adeptos do Dragão, a equipa, hoje, não evidencia nada disso.

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A campanha europeia deste ano foi das piores da história do FC Porto
Fonte: JN

O desnorte da equipa é o reflexo do desnorte do seu treinador. Paulo Fonseca fez um percurso notável nas divisões inferiores até chegar ao Paços de Ferreira e, depois de alcançar uma fantástica qualificação para a Liga dos Campeões na capital do móvel na sua época de estreia no primeiro escalão, parecia ter todas as condições para chegar ao Porto e oferecer um upgrade a uma equipa bi-campeã. No entanto, desde muito cedo se percebeu que a equipa iria pagar o preço da sua inexperiência e imaturidade: nunca mostrou ter mão no balneário, nunca demonstrou convencer os jogadores de que as suas ideias eram as melhores para a equipa – nomeadamente no que diz respeito à reformulação do meio-campo que tentou implementar –, nunca foi capaz de estabelecer um onze-base que desse garantias durante vários jogos seguidos, nunca manteve um discurso realista e humilde – pelo contrário, mostrou-se demasiado arrogante, mesmo sem ter motivos para o ser em algumas circunstâncias – e nunca conseguiu esconder o nervosismo a partir do banco.

A qualidade de jogo tem sido fraca, os resultados têm sido fracos e a liderança de Paulo Fonseca vai-se enfraquecendo à medida que o tempo passa. O jogo de amanhã, frente ao Estoril, e o de Quinta-Feira, frente ao Eintracht Frankfurt, são duas autênticas finais: o FC Porto está proibido de perder pontos no campeonato e não pode ser eliminado tão precocemente da Liga Europa. Os próximos dias apresentam-se, por isso, fundamentais para a definição do futuro de Paulo Fonseca. Mesmo com “uma confiança cega” num bom final de temporada, um mau resultado pode representar o fim do seu tempo ao leme do FC Porto.

Bienvenido, Toto!

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Terceiro Anel

Eduardo Salvio, esse jogador que faz incendiar a massa benfiquista, está de regresso! Eduardo Salvio, esse futebolista que esboça sempre um sorriso encantador, está de regresso! Eduardo Salvio, esse homem que faz assistências atrás de assistências, que corre que nem um desalmado, que marca sempre muitos golos, está de regresso! Eduardo Salvio, o homem que mais “nós cegos” deu a adversários no Estádio da Luz, em 2010/2011 e 2012/2013, está de regresso! Eduardo Salvio, esse atleta que adora o Benfica, porque isso nota-se e sente-se, está de regresso!

Desculpem-me este entusiasmo inicial, mas não dá para fugir a isto. Eu idolatro Salvio. Acho-o um jogador de excepção. É, neste momento, e estando em forma, o melhor extremo do futebol português. Mas atenção, porque tenho de ser coerente: eu fui um daqueles adeptos que torceu o nariz à sua chegada a Lisboa, mesmo em finais de Agosto de 2010. E isto porque, na altura, Salvio vinha de uma experiência infeliz no Atlético de Madrid, então orientado por esse mago chamado Quique Flores, que veio cá buscar a Orsi e pouco mais fez que devesse ficar registado. E a minha desconfiança na altura também se deveu ao clima muito nebuloso que pairava na Luz, naqueles tempos, fruto de um início de temporada horripilante. E a verdade é que Salvio demorou algum tempo a afirmar-se no Benfica. E para isso também em muito contribuiu um Jorge Jesus completamente desorientado, que naqueles três primeiros meses da temporada 2010/2011 parecia estar sob o efeito de substâncias psicotrópicas.

Ou seja, parecia estar tudo conjugado para que Salvio não vingasse na passagem pelo maior de Portugal. Contudo, e a meu ver, foi no Benfica 4-3 Lyon, no dia 2 de Novembro de 2010 (sim, esse tal jogo em que o Benfica conseguiu sofrer três golos no último quarto de hora da partida), que se viu que o raio do Toto poderia dar espectáculo. Porém, dias depois desse estranho desafio, Salvio participou no FC Porto 5-0 Benfica (cada vez que me refiro a este jogo sinto uma ligeira indisposição…), alinhando de início, e não tendo, como toda a equipa do Benfica, qualquer lampejo positivo, ao longo daquela partida pavorosa. Apenas em Dezembro de 2010 este repentista argentino se afirmou de vez. Com uma actuação de sonho num Benfica 5-2 Rio Ave, Eduardo Salvio mostrou que era ele…e mais 10. E depois, pronto, aconteceu aquilo que toda a gente sabe: exibições de gala, muitos golos, variadas assistências, adversários com a cabeça em água (ai aquele Benfica 2-1 Sporting, das meias-finais da Taça da Liga 2010/2011, em que Evaldo se confundiu com o Túnel do Marquês, tal a quantidade de vezes que Salvio lhe colocou a bola por entre as pernas). O pior é que todos nós, adeptos benfiquistas, sabíamos que ele voltaria ao Atlético de Madrid no final dessa temporada, porque o empréstimo apenas se reportava àquela época, e claro que o clube colchonero, ao ver aquele artista, não quereria voltar a desperdiçar tão grande talento. Para nossa ainda maior desgraça, Salvio lesionou-se com gravidade em Eindhoven, no PSV-Benfica da 2ª mão dos quartos-de-final da Liga Europa desse ano. Esse infortúnio fez com que logo em meados de Abril de 2011 ficássemos a saber que muito provavelmente nunca mais voltaríamos a ver Salvio com a camisola do Benfica vestida, o que quase me levou a um estado de depressão.

Todavia, em 2011/2012, o Atlético de Madrid voltou a não aproveitar da melhor forma este portentoso jogador, o que em mim causou uma certa fúria, por estar ali a ver que um clube que para mim era inferior ao Benfica estava a desperdiçar pela segunda vez as potencialidades de Salvio. Por isso, foi com enorme felicidade (não, não me causou qualquer impressão o facto de ele ter sido bastante caro) que eu soube da notícia de que o Benfica havia adquirido, a título definitivo, Eduardo Salvio. É que era (e claro que foi!) daqueles jogadores que iriam pegar de estaca, lá está, ele e mais 10. E claro que isso se confirmou, com Salvio a realizar uma tremenda época 2012/2013 (não me obriguem a voltar a abordar o nosso final de temporada, há uns meses atrás).

O momento em que o argentino se viu obrigado a longa paragem Fonte: Record
O momento em que o argentino se viu obrigado a longa paragem
Fonte: Record

Temporada 2013/2014. Verão angustiante para os lados da Luz, tudo em polvorosa. Salvio era daqueles garantes de estabilidade, de rendimento elevado, mas eis que em Alvalade, no dia 31 de Agosto, Toto se lesiona com gravidade. No dia seguinte, em plena praia, sou confrontado com o seguinte facto: “Salvio só regressará em Março!”. Com o mar ali junto a mim, garanto-vos que umas certas ideias estranhas passaram pela minha cabeça.

E pronto, agora estou aqui, no dia 22 de Fevereiro de 2014, ainda antes de Março, e Salvio já está disponível. Até nas recuperações físicas…este homem é craque! E ainda bem que o é, porque, com um jogador desta estirpe de regresso, o Benfica só se poderá tornar mais forte.

Bienvenido, Toto!

Duas notas de rodapé: em primeiro lugar, estou confiante para esta eliminatória da Liga Europa frente ao Paok. Caramba, se vi o meu Benfica a vencer naquele inferno grego, na temporada 1999/2000, quando o plantel do maior de Portugal era pouco melhor do que o plantel do Tirsense em 1995, por que razão terei de estar receoso? Em segundo lugar, e não querendo entrar no domínio do agressivo, aproveito para lhe dizer, senhor Luís Filipe Vieira, que se tiver a brilhante ideia de vender Ezequiel Garay agora em Fevereiro, terá da minha parte chamadas telefónicas para a sua pessoa, com um teor ameaçador e algo indesejável.

Boa continuação para todos!

O Passado Também Chuta: Matateu

o passado tambem chuta

Matateu. Um mito. O irmão do Vicente, que se notabilizou no Mundial de Inglaterra. Matateu não teve essa sorte. Já ultrapassara o tempo; andava, então, pelo castiço e muito querido Atlético Clube de Portugal. Sebastião Lucas da Fonseca, liderando o Belenenses, é o traço de união no tempo entre duas equipas míticas, ainda que rivais do seu clube. Quando chegou a Lisboa, procedente do seu Maputo natal, apanhou pela frente o Sporting dos cinco violinos. Apanhou o Sporting do célebre Travassos. Quando se estava despedindo do seu Belenenses para começar a última caminhada, que acabou passados 50 anos no Canadá, tropeçou com o mítico Benfica do seu conterrâneo Eusébio. No meio, Matateu, temido e inquestionável. Os adeptos debatiam-se entre ele e Travassos, para adjudicar o pedestal do melhor jogador português de sempre.

Duas lendas do futebol português: Travassos e Matateu Fonte: Belematemorrer.blogspot.com
Duas lendas do futebol português: Travassos e Matateu
Fonte: Belematemorrer.blogspot.com

Veio o grande Eusébio e os adeptos mantiveram o mesmo dilema: Eusébio ou Matateu, Matateu ou Eusébio? Naqueles tempos, a perigosidade nos campos não passava do berro do ferrenho, por isso era natural a invasão depois de jogos importantes onde um ídolo se notabilizara. Matateu foi passeado a ombros dos adeptos do seu clube e da seleção muitas vezes. Marcou golos de todas as formas. Era um ponta-de-lança resolutivo, como só os grandes o são. O seu Belenenses era uma equipa temida, um grande. Não chegou a agarrar um campeonato pela misericórdia ou pelo azar de perder, perto do fim do jogo, o campeonato a favor do Benfica. Mas ganhou Taças de Portugal e de Honra, e os seus jogadores frequentavam as seleções nacionais A e B.

Matateu levado aos ombros Fonte: Belenensessempre.blogspot.com
Fonte: Belenensessempre.blogspot.com

Enfrentou-se jogadores míticos a nível mundial. Teve pela frente, quando disputou a Taça Latina, todo um Di Stéfano ou todo um Kopa. Matateu não era menos; habitava a mesma galáxia das estrelas do firmamento futebolístico. Foi respeitado e admirado. Hoje, possivelmente, seria um jogador cobiçado por meio mundo, seria milionário e conduziria Ferraris. No entanto, fez as delícias dos amantes do futebol durante a época em que o valor residia na camisola. Talvez por isso se viu obrigado a jogar no Canadá até perto da sua morte, aos 60 anos. Resumindo: este mito só viveu oito anos retirado do futebol. Matateu é bem o exemplo da diferença do mundo de ontem e de hoje. Ontem, as estrelas eram pagas com carinho e jogavam com carinho; hoje, as estrelas são pagas com tesouros insultantes e jogam com o chamado profissionalismo.

Durante o seu caminho (a partir de 1951), além de defender o Belenenses, defendeu o Atlético Clube de Portugal, o Amora e o Desportivo de Gouveia. Posteriormente, o Canadá sentiu os seus pontapés e a sua genialidade, até ao seu adeus efetivo. O Belenenses, sejam quais sejam as suas vicissitudes, tem um mito não inferior ao Benfica, e o Benfica, quando Matateu abandonou o Belenenses, deixou de ter o seu grande verdugo. Ganhou-lhe Taças e jogos. Quando o Matateu avançava, o Estádio da Luz tremia. O clube de Belém é um dos clubes simpáticos de Lisboa e de Portugal; o Belenenses merece ter um Matateu, e o Matateu mereceu  jogar num clube que emana simpatia.

É este ano?

cab desportos motorizados

É considerado por todos um dos mais promissores pilotos de motos do mundo, mas a verdade é que vai para o seu quarto ano no Moto3 e os resultados têm sido muito fracos para a sua qualidade.

A pré temporada já começou, e Miguel Oliveira continua a desenvolver a Mahindra com que vai correr nesta temporada. A moto indiana é totalmente nova para 2014, e o objetivo é que seja uma oponente de qualidade às KTM, que, para já, andam a dominar os testes realizados este ano, mantendo assim o domínio das duas temporadas anteriores.

Esta pode ser a temporada mais importante para o jovem de Almada, que, por ser dos pilotos com mais experiência e qualidade, pode conseguir obter a sua melhor classificação no mundial, que, para já, é o sexto posto alcançado o ano passado. Para demostrar o domínio da KTM, os cinco pilotos que ficaram à sua frente utilizaram motos da marca austríaca. Mas o facto de estar a desenvolver uma moto totalmente nova, para já, não o está a ajudar. Os tempos do piloto português estão distantes dos dos mais rápidos, nos vários treinos que têm acontecido, e podem demostrar que a mota não tem capacidade para lutar com as KTM e com as melhores Honda.

O novo modelo da Mahindra ainda precisa de muitas afinações. Fonte: Autosport.pt
O novo modelo da Mahindra ainda precisa de muitas afinações
Fonte: Autosport.pt

Numa categoria em que a moto é fundamental não ter uma que possa competir pode ser a morte do artista, pois não vai permitir a luta por vitórias e pódios, tão importantes para que se possa dar o passo para o Moto2. Por outro lado, o desenvolvimento de uma moto pode ser muito importante para o futuro, pois, se for piloto de uma equipa oficial, no futuro, vai ser muito importante o que está a aprender agora.

Será positivo este ano na Mahindra? Penso que ninguém sabe, para já, mas eu e penso que todos os portugueses assim o esperamos. Dia 23 de março teremos as primeiras respostas com o Grande Prémio do Qatar.

Académica numa situação delicada

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cab futsal

É com muita tristeza e amargura que escrevo este texto, que comprova, mais uma vez, o efeito nocivo que as gestões ruinosas têm nos clubes aparentemente estáveis. A Associação Académica de Académica (secção de Futsal) vive, nesta altura, uma situação muito complicada, não devido à falta de empenho dos elementos do plantel, mas por causa de uma gestão muito pobre, que conduziu a esta situação que tanto me revolta.

Clubismos à parte, a Académica é um clube diferente de todos os outros. Não sei o que é que a difere dos outros, mas sei que quem passa por esta terra e/ou por este clube não mais esquece esta instituição mágica. Pode não ser designado um dos “grandes” do futebol português, mas a sua maneira de estar no desporto, a envolvência com os estudantes locais, sempre fez com que a Briosa se destacasse dos demais clubes.

Falando agora da situação que me traz aqui, o futsal da Académica já viveu dias bem melhores. Após uma temporada de 2012/2013 muito positiva, que culminou no apuramento para os play-offs, era de esperar que o bom trabalho fosse mantido nesta época que agora decorre. No entanto, ocorreu um aparente menosprezo da AAC/OAF por esta secção, cuja gestão foi delegada a pessoas exteriores ao clube. Não poderia ter corrido pior esta decisão, pois nem as condições mínimas foram asseguradas aos jogadores, desde o início da época. Coisas tão básicas como água quente nos balneários, fatos de treino, refeições aquando dos treinos bidiários, entre outros, não eram garantidas pela direção.

Ex-jogadores da Académica, todos eles contestatários da atual Direção Fonte: Futsalglobal
Ex-jogadores da Académica, todos eles contestatários da atual Direção
Fonte: Futsalglobal

Claro que os jogadores não se sentiam satisfeitos, mas, por amor à camisola, foram dando o seu máximo todas as semanas. Esta situação arrastou-se até meados de janeiro, altura em que estalou definitivamente o verniz. Saída massiva de jogadores do plantel principal, uma autêntica razia que apenas deixou, no plantel de séniores, Nilmar. Foi necessário o recurso à equipa de juniores para colmatar esta série de ausências, e por isso não é de esperar que os resultados desportivos sejam os mais brilhantes até ao fim da época.

No entanto, isso não é o mais importante. Estes jovens têm um grande amor à camisola e dão sempre tudo por tudo para que a Associação Académica de Coimbra seja representada de uma forma digna e prestigiante. É uma fase complicada, é certo, mas estes jovens representam o futuro do futsal da instituição e espero que possam ajudar a inverter esta tendência muito negativa.

Como verdadeiro adepto da Briosa, cá estarei para apoiar incondicionalmente a equipa, nos bons e nos maus momentos. Poderemos descer de divisão e passar um mau momento, mas a Académica nunca vai cair nem desaparecer.

Controlo emocional, meus senhores!

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opinioesnaomarcamgolos

Finalmente vi um jogo do Porto onde o futebol foi praticado com entusiasmo e vontade, dando origem a um bom espectáculo! O único problema é que durou apenas 45 minutos.

O Frankfurt entrou a pressionar, sem medo e com um óptimo sentido de direcção: a baliza de Helton. Não inventou, não tentou jogar mais do que aquilo que pode ou consegue e, sobretudo, não se achou superior. O equilíbrio/controlo emocional em campo foi exemplar! São estas atitudes que definem equipas de ligas superiores… ou equipas que chegam longe na Europa. O Porto foi superior ao Frankfurt em futebol jogado, mas o controlo emocional influencia muito o resultado. Se não ajudou a ganhar, ajudou com certeza a empatar. E isso viu-se até nas declarações de Jackson Martinez, no final do jogo: “(…)o primeiro golo derrubou-nos um pouco e deu confiança ao adversário para chegar ao empate”.

A jogar em casa, e depois de uma primeira parte de grande nível por parte dos azuis e brancos, a confiança tinha de ser exponencialmente maior do nosso lado. Nem o primeiro golo sofrido nos podia abalar. A força, altura e resistência estavam do lado dos alemães, mas a qualidade de passe, o improviso e a presença de Jackson estavam do nosso. E, como já ando a dizer há algum tempo, com Jackson plantado na grande área e com Herrera solto a combinar com outro jogador ofensivo, o jogo é outro. O mexicano mostrou uma rapidez de decisão na primeira parte que raramente se vê, e a sua leitura de jogo esteve perto do perfeito.

Herrera fez mais um grande jogo Fonte: Zerozero.pt
Herrera fez mais um grande jogo
Fonte: Zerozero.pt

Os problemas apareceram na segunda parte. O Porto acalmou, muito devido à intensidade com que jogou na primeira metade da partida, e os alemães apostaram mais no contra-ataque e nas bolas aéreas. Sobre o primeiro golo, nada a acrescentar. Um remate forte e bem direccionado leva sempre cheiro de golo. O segundo foi mais um golpe de sorte acrescido de algum descontrolo da defesa portista. Mas é importante recordar que o Porto não foi o mesmo depois do 2-1, exactamente por causa desse controlo emocional. O Porto não o teve, e o Frankfurt não só manteve o seu como ainda aproveitou muito bem a falha do adversário.

E os jogadores fazem a diferença até nas declarações. Quaresma e Fernando não parecem ter dúvidas sobre aquilo que querem fazer na Alemanha: ganhar. Essa convicção não marca golos, mas ajuda a manter o equilíbrio da equipa. E os dragões, no meio de tantos problemas que têm revelado ao longo da época, precisam de um equilíbrio que pode ditar a diferença entre uma vitória e um empate.

Uma decisão vergonhosa

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Caro leitor,

Longe vão os tempos em que o futebol era um jogo nobre e que não se regia com base em jogos de bastidores. Mais longe ainda vai o tempo em que o desporto-rei se baseava num jogo disputado no terreno de jogo, entre 22 homens que partilhavam algo que, hoje em dia, parece ter desaparecido: o gosto pelo futebol e não pelo dinheiro. Paralelamente, esta situação é espelhada naquilo que são os interesses exteriores que, actualmente, existem no futebol.

A reflexão, que no primeiro parágrafo pensei fazer, tem um único e claro objectivo: introduzir aquilo que foi a decisão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, conhecida hoje. Segundo o órgão jurídico, o Porto, aquando do atraso de 3 minutos, não agiu com a intenção de prejudicar o Sporting, pelo que o clube do Invicta permanecerá na polémica Taça da Liga.

Após o adiamento da decisão para hoje, e dado o final já conhecido o adjectivo que, a meu ver, cai que nem uma estampa a este processo é só um: vergonhoso, por duas razões-capitais. Em primeiro pelo historial do Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, Herculano Lima, um confesso adepto do Futebol Clube do Porto. Ora, em uma decisão que se quer isenta, creio que esta última não foi, pela certa, cumprida. Surgem neste ponto os tais interesses de que falei no princípio da crónica.

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu que o Porto permanecerá na Taça da Liga, sendo multado, em apenas, 383 euros  Fonte: FPF
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu que o Porto permanecerá na Taça da Liga, sendo multado em apenas 383 euros
Fonte: FPF

Em segundo lugar urge abordar a temática dos regulamentos. À semelhança do que disse Bruno de Carvalho, na passada segunda-feira, no programa Dia Seguinte, se os regulamentos existem são para ser devidamente cumpridos. De outra forma, não faria sentido existirem regras e vivia-se num ambiente de total anarquia, onde cada um faria aquilo que queria. No que toca à Taça da Liga os regulamentos são bastante explícitos: quando existem duas equipas com possibilidade de passar à fase subsequente da prova, os jogos de ambas têm de começar à mesma hora. Tal, definitivamente, não aconteceu.

Porém, o CD da FPF decidiu de forma contrária àquilo que dita a lei. Esta é a segunda época consecutiva em que o FC Porto infringe as regras da Taça da Liga (recorde-se de que o ano passado a utilização de Sebá e Abdoulaye foi ilegal). Desta vez, a punição aplicada ao clube do norte é o pagamento de uma multa de 383 euros, uma quantia cómica. Ficou provado, mais uma vez, que existem interesses no mundo futebol. Ficou provado, mais uma vez, que em Portugal, infelizmente, não há justiça.

PAOK 0-1 Benfica: Lima arrefece inferno grego

Terceiro Anel

Ambiente escaldante no Estádio Toumba, reduto do PAOK de Salónica, com os adeptos helénicos a não se calarem durante um minuto. Contudo, a equipa do Benfica, mais experiente nestas andanças das competições europeias, não se deixou intimidar, provando que tem de facto um conjunto mais forte do que o PAOK.

Jorge Jesus, à imagem daquilo que fez na época passada, aproveitou esta partida referente à Liga Europa para rodar jogadores. Em comparação com o jogo em Paços de Ferreira do passado domingo, houve sete mexidas no onze inicial, sendo que duas delas foram provocadas pelas lesões de Garay e Gaitán. Sendo assim, Artur, Jardel, Sílvio, André Gomes, Sulejmani e Djuricic foram titulares, ao passo que o indiscutível Enzo Pérez regressou ao onze inicial, após ter cumprido suspensão de um jogo, na capital do móvel. Posto isto, há que referir que a equipa do Benfica, ao longo de todo o jogo, foi quase sempre competente a defender, nunca permitindo grandes veleidades ao PAOK.

A primeira parte do desafio foi pobre, quase sem lances de perigo, com o PAOK a surgir, surpreendentemente, sem chama e com pouca capacidade para desequilibrar. E para isso em muito contribuiu a actuação do quarteto defensivo do Benfica, em especial de Luisão (está num momento de forma impressionante) e Sílvio, sempre muito eficaz a defender e activo no ataque. Lá na frente, o Benfica já não conseguia ser tão forte, em virtude da pouca chama de André Gomes, que errou inúmeros passes e que revelou sempre alguma lentidão de processos, e de alguma inépcia de Djuricic, que tarda em mostrar por que razão a sua contratação foi tão badalada. De referir que Sulejmani voltou a dizer presente, já que demonstrou sempre vontade, desequilibrando algumas vezes através de incursões pela ala esquerda.

Festa do golo, no inferno de Salónica Fonte: TVI 24
Festa do golo, no inferno de Salónica
Fonte: TVI 24

No segundo tempo, quando se podia esperar um PAOK lançado em busca da vitória, eis que a apatia se manteve sob o conjunto helénico. A equipa da casa até teve uma excelente oportunidade de golo, com um remate em arco de Lazar que passou junto ao poste esquerdo da baliza de Artur, mas essa situação foi quase um oásis no deserto de ideias que foi o jogo do PAOK. O Benfica, nunca chegando a brilhar, jogando ao ritmo que mais lhe interessava, chegou à vantagem por intermédio de Lima, aos 59 minutos, num lance que deveria ter sido anulado pela equipa de arbitragem, já que o avançado brasileiro se encontrava em posição de fora-de-jogo. A partir daí, a partida ainda se tornou mais fácil para o Benfica, que com a entrada de Fejsa ainda fechou mais as portas do meio-campo, gerindo assim confortavelmente a partida. Apenas aos 86 minutos o PAOK voltou a criar perigo, num cabeceamento de Salpingidis defendido apenas à segunda por Artur, numa última meia-hora em que o Benfica também foi de quando em vez colocando em sentido a equipa grega, com ataques venenosos.

Em suma, triunfo justo do Benfica num terreno muito complicado, mas perante um PAOK que é claramente inferior à equipa portuguesa. Jorge Jesus conseguiu assim vencer, fazer rotação no plantel, e ainda dar minutos a Eduardo Salvio, que acabou por ser o grande “reforço de inverno” do Benfica, após uma ausência prolongada por lesão.

 

A Figura
Sílvio – Boa exibição deste polivalente jogador encarnado, que mais uma vez voltou a mostrar a Jorge Jesus que é uma excelente opção. Muito competente a defender, quase não falhando um único corte, e afoito a atacar, criando desequilíbrios na ala esquerda, combinando bem com Sulejmani. Os ares da Grécia parecem fazer-lhe bem, visto que já em Novembro do ano passado, no terreno do Olympiakos, havia estado bastante bem.

O Fora-de-jogo
André Gomes – Sim, é verdade que o jovem jogador do Benfica, que muito tem andado nas bocas do mundo, não jogou na posição onde pode render mais, mas isso não explica totalmente a sua apatia, má eficácia no passe e, acima de tudo, uma exagerada lentidão que fez com que quase passasse ao lado desta partida.

O pior Barça em muitos anos

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“Este é pior Barça em muitos, muitos anos”. Foi assim que José Mourinho descreveu a atual equipa catalã comanda por Tata Martino, na véspera do jogo da Liga dos Campeões entre o Manchester City e o Barcelona. Apesar de Mourinho ser um expert em mind-games e, como todos sabemos, raramente dizer algo em vão, acredito que o treinador português tenha sido honesto nas palavras que proferiu.

Ok, já sei que Mourinho matou dois coelhos com um só cajadada e consegui provocar na mesma frase toda a equipa do Barcelona e, também, Manuel Pellegrini, treinador dos citizens.  É de facto notável como numa simples e curta frase o técnico português “atacou” frontalmente o clube Catalão e ainda desvalorizou uma eventual vitória do Manchester City sobre o Barcelona. Mourinho a ser Mourinho, portanto.

Mas, deixemos os jogos psicológicos de lado e vamos ao fundo da questão: Mourinho tem ou não razão sobre o que disse?!

Na minha opinião, sim, tem! E são vários os fatores que o explicam.

Neste momento, o Barcelona tem 60 pontos e divide o topo da tabela classificativa com ambos os rivais de Madrid. À exceção do ano do título ganho por José Mourinho no Real Madrid, em 2011/2012, é necessário recuar até à época de 2008/2009 para encontrar um total de pontos tão baixo à entrada para a 25ª jornada da Liga espanhola – na altura, tinham, igualmente, 60 pontos.

O “pior Barcelona em muitos anos” saiu vitorioso de Manchester. Fonte: Static6.com
O “pior Barcelona em muitos anos” saiu vitorioso de Manchester
Fonte: Static6.com

Até no total de golos marcados e sofridos é possível verificar um ligeira quebra de rendimento: a equipa catalã tem atualmente 69 golos marcados e 17 sofridos. Ao retrocedermos novamente no tempo, apenas na temporada de 2009-2010 o Barcelona tinha um registo menor, com 59 golos marcados e 14 sofridos.

Continuando com as estatísticas, se analisarmos a fundo a equipa do Barcelona, verificamos que, no total dos 28 jogadores que compõem o plantel, a média de idades é de 25,72. É uma média bastante boa e perfeitamente admissível para um clube que aposta frequentemente em jovens da cantera. No entanto, alguns jogadores nucleares iniciam a fase descendente da carreira: Xavi (34 anos), Váldes (32 anos), Puyol (35 anos) e Daniel Alves (30 anos) são os casos mais evidentes de uma equipa em fim de ciclo.

Como os número muitas vezes não explicam tudo, em termos exibicionais é quase unânime que esta época o Barcelona tem estado abaixo das expetativas. Eu não sou tão linear na minha abordagem mas devo concordar com a ideia de que o futebol de “bola no pé” já não é o mesmo – ou se o é, é apenas a espaços.

O Barcelona salienta mais do que nunca algumas fragilidades defensivas. A equipa concede excessivamente espaços em transição e é frequente vermos as equipas adversárias a criar ocasiões de golo junto da baliza de Valdês – algo que não acontecia de forma tão regular no anos anteriores.

A idade avançada de Xavi e o mau momento que Iniesta atravessa não fornecem ao meio campo do Barcelona a capacidade de criar os processos ofensivos e, simultaneamente, ter robustez defensiva necessária para parar os contra ataques adversários. Na verdade, é o meio-campo –a grande virtude do mítico Barcelona de Pep Guardiola – que tem demonstrado uma estranha fraqueza.

No entanto, é injusto não sublinhar que este Barcelona continua a fazer excelentes exibições e a colecionar vitórias indiscutíveis – que o diga o Rayo Vallecano, que na última jornada saiu do Camp Nou com 6 golos no saco.

O que me parece óbvio e que, no fundo, foi aquilo que o técnico do Chelsea quis transmitir, é que este Barcelona é mais irregular e menos sólido que os anteriores.

Aquilo de que José Mourinho se esqueceu de dizer foi que até o pior Barça dos últimos anos é mais do que suficiente para se bater com todas as equipas de topo mundial – sem exceção.

Carta Aberta a: Maurício

cartaaberta

Caro Maurício,

Confesso que me surpreendeste!

Quando te vi chegar, oriundo de uma equipa que disputa a Série B brasileira, com 25 anos, senti uma desconfiança tremenda em relação à qualidade que porventura pudesses ter: “Mas por que carga de água foram buscar este brasileiro que ninguém conhece, tendo o Dier e o Nuno Reis prontos para se afirmarem de vez?!”, pensei eu. Pensei que serias mais um Marcos ou um Gladstone desta vida, para tirar o lugar aos nossos jovens da formação, pensei que serias um central nervoso e de erro fácil, para além da inexperiência inerente a alguém que nunca disputou partidas de alto nível. Enganei-me redondamente. É certo que as tuas primeiras exibições não foram entusiasmantes, o que me levou, inclusivamente, a criticar-te num artigo aqui do Bola na Rede, mas rapidamente te tornaste num defesa-central de alto nível: seguro, agressivo, duro q.b., incansável e, para além disso, com uma facilidade tremenda em ir lá acima fazer uns golinhos de cabeça! Penso que cresceste bastante com outro grande central, o Rojo, e juntos construíram uma das melhores duplas de centrais da Europa (os números falam por si).

Conseguiste transformar-te numa figura consensual no universo leonino e relegar para o banco um Eric Dier que todos pensavam que iria assumir o papel de patrão da defesa, durante a presente temporada. Porém, de um momento para o outro, certos papagaios (infelizmente muitos deles verde-e-brancos) parecem querer crucificar-te. Porquê? Porque bebeste duas cervejas na tua folga.

Todos nós gostamos de sair com os amigos e beber uns copos. Ter uma vida social minimamente activa contribui para o bem-estar de qualquer ser humano. Os jogadores de futebol não são excepção. Tens todo o direito de te divertires na tua folga! Em vez de beberes uma cerveja, bebeste duas, o que bastou para passares (por muito pouco) do limite de 0,49 de álcool no sangue. Com 0,54 não estarias embriagado com toda a certeza, e o facto de teres sido mandado parar numa operação stop fez-te ultrapassar (também por pouco) o limite horário imposto pelo Sporting para os atletas recolherem aos seus aposentos (23 horas). Tiveste a decência de, antes de qualquer coisa, ligares ao teu treinador a informá-lo do sucedido, logo após teres sido multado, e de pedires desculpa a todo o balneário, com toda a humildade que tens demonstrado ao longo da tua estada em Alvalade.

Foste multado porque assim o regulamento interno do Sporting o dita, mas, na minha opinião, não terás de sofrer qualquer consequência a nível desportivo. És importante em campo, és importante no balneário, sempre demonstraste profissionalismo e dedicação. Por conseguinte, não deves ser castigado por uma situação como esta. Rúben Semedo ser apanhado a conduzir sem carta de condução, às tantas da manhã, Carlos Martins ir treinar de directa, Fábio Rochemback parecer RP da discoteca HK, entre muitos outros casos realmente graves, não se comparam com este episódio que se passou contigo.

Tu vais calar os criticos Fonte: Abola.pt
Estou contigo, Maurício
Fonte: A Bola

Vais ser titular frente ao Rio Ave, ao lado do Eric. Tenho toda a certeza de que irão formar uma bela dupla e de que irás fazer uma grande exibição. E porque não um golo de cabeça para calar esses fala-baratos que por aí andam? Pensa nisso.

Para finalizar, gostaria de te agradecer por todo o teu empenho, por sentires esta camisola e por deixares tudo em campo em prol do sucesso de um clube que te acolheu e que te mostrou o que é jogar num grande do futebol mundial.

Grande abraço, Maurício.

 Atenciosamente,

Hugo Almeida Rebelo

 

PS: Quando tiveres folga, a ver se vamos aí beber umas geladas! Eu conduzo!